Querer paz.
A curva
19.9.25
Mentir com quantos dentes tem na boca
12.9.25
Revolução
Correm em mim dois rios no universo revolucionário. Se ouço a pouca sabedoria que a idade me trouxe, sei que é melhor deixar as explosões e dramas maiores para os vulcões e outras forças. Optar pela diplomacia, debates racionais e com respeito pelo outro e pelas sua liberdades de expressão-acção-abjectas. Mas só posso confessar, queridos leitores anónimos, que algo em mim se anima quando os oprimidos e injustiçados se insurgem. O grito! Mesmo quando a violência aparece e ganha forma por cima. Afinal o que são carros queimados contra vidas e famílias destruídas? Como reclamar com jeitinho quando nunca ninguém os ouviu? O que é um grito pontual contra uma vida amordaçada?
Sacrifícios humanos, lava que se projecta no ar entre nuvens e pedras mortais. tsunamis e furacões, assim se cortou a natureza humana e não-humana. Estamos neste planeta e dele fazemos parte. Com ele aprendemos e Somos. Dele viemos, para ele iremos.
A inteligência humana ou a artificial. A paixão versus a razão. Cravos vermelhos ou opressão. Terra. Lava. Morrer para renascer. Nestas veias corre sangue: Esta lava. Esta esperança de algo melhor. Mais justo. Mais inclusivo. A loucura das nossas boas intenções.
Que algo se anime ! Já vai sendo tempo.
Pode-se aprofundar sobre Revolução noutros espaços membros do colectivo Largo :
Mariana Leite Braga
Maria João Caetano
Rita Maria
8.8.25
Nenhures
Quis que o mundo parasse.
Não estou a conseguir acompanhar, já não estou a tentar, já não quero participar. Quero só que cesse.
Escrevemos semanalmente à volta do mesmo tema, à volta do mesmo dia :
Marisa Maurício
Joana Valente
Mariana Leite Braga
Maria João Caetano
Rita Maria
Helena Araújo
1.8.25
Tenho sítios para ir
Tenho sempre sítios para ir, por vezes vários ao mesmo tempo. Tem dias em que gostaria de estar em 3 países diferentes à mesma hora.
Entendo perfeitamente a escolha de Deus. Podendo, eu também seria omnipresente.
Isto parece-me um estilo de vida perfeitamente normal, mesmo para uma mera mortal. Aliás, especialmente para uma mera mortal, com os dias contados. Com as horas a passar. Os minutos a fugir.
Olho para o último ano, por exemplo, ano particularmente inútil, e fico feliz por todas as viagens e festas que vivi. Todas as gargalhadas e leviandade.
Mas depois vejo aqueles livros de auto ajuda, - desta vez não vou ser irónica em relação a este tipo de literatura, das outras vezes, fui, tudo bem. Mas desta, não - e penso se eles não têm a sua razão. Do que é que eu estou a fugir?
E que festa deveria ter recusado para ficar em casa e fazer trabalho espiritual, aulas de pilates ou escrever textos com mais profundidade ? E que pessoa seria se tivesse lido mais livros, tivesse feito mais meditação, tomado mais ayahuasca e menos ecstasy ?
Gosto de pensar que há tempo para tudo e pessoas para algumas coisas. Já tive muitas vidas nesta vida. Já fiquei dias sem sair de casa a ler livro atrás de livro, e muito do que sou devo-o a esses livros, que só eu sei que não se aprende nada com festas e drogas.
Mas a vida não é só aprender e melhorar. Por vezes, não queremos ser mais do que já somos e já estamos contentes com o que há e o que foi possível sermos.
Ser assim-assim assenta-me como uma luva.
Peço desculpa a quem desiludi, as minhas intenções foram quase sempre boas.
Escrevemos semanalmente à volta do mesmo tema, à volta do mesmo dia :
Marisa Maurício
Joana Valente
Mariana Leite Braga
Maria João Caetano
Rita Maria
Helena Araújo
31.7.25
Pandora
Assim, sei quem sou.
18.7.25
Pôr o pé em ramo verde
13.7.25
Terapia
Há 19 anos comecou uma tradição familiar de uma fora insuspeita, como deviam começar todas as tradições. Uma vez por ano passamos, a minha grande família e eu, uma semana no sul. Três gerações, a minha no meio, entre cuidar e ser cuidada. Não tenho jeito para nenhuma dessas funções, mas faço o que posso, como a grande maioria de nós. Nāo nos equeçamos disto.
5.7.25
Salvação
Recomendo contenção homeopática com estas questões das salvações. Uma boa salvação, por norma, transforma-se numa próxima perdição. Não vislumbro uma excepção à regra, e caso o faça, será isso mesmo, a excepção.
20.6.25
Caramelo
Toda a cidade tem a cor do caramelo. De um açúcar que já foi branco e novo. Ardeu. Queimou, em certos lugares, agora é caramelo. As raizes das árvores rasgaram os passeios. A areia cor de laranja aparece nos buracos das estradas. Os chapas, os inúmeros chapas, transporte informal, geram uma confusão desgraçada que tem a graça de estar viva e ser funcional, grita-se o nome das cidades ou das zonas das cidades onde vão acabar a viagem "Anjo Voador", "Xipamanine". Entopem o trânsito, acumulam-se pessoas nos passeios, gritaria, passos apressados, carros parados no meio das estradas.
13.6.25
Não somos iguais
Não somos iguais.