30.11.12

A loucura da normalidade


E porque não pagar-se para se estudar no ensino obrigatório ? E porque não tirar a ajuda, já de si miserável, a quem já está no limite e com dificuldades em sobreviver ? E porque não continuar a aceitar que crianças passem fome ? Que adolescentes desmaiem nas escolas ? Que abandonem os estudos para ir sustentar a família ? E porque não cortar na saúde ? Afinal não pode chegar para todos. Cultura ? Ah ? E porque não continuar-se com os tachos e com a corrupção e com as mordomias, num país em extrema austeridade ? E porque não continuar-se numa política de cortes e desinvestimento que vai afundar ainda mais a economia ?  A população. Os nossos vizinhos. A nossa casa. Porque não andar à bastonada a quem ousa dizer que isto assim não me parece lá muito bem ?
...
Começa a ser cada vez mais incomodativo viver um dia depois do outro. E não assumir a nossa quota parte de responsabilidade, neste mau  filme português.
Refilar no facebook ou no café, já não conta, conta ?
Não é este post que vai fazer a diferença, vai ?
Não chegou a altura de lavar as mãos, chegou?
...
O papel de cúmplice está-nos a ser colado às costas.
Serão elas suficientemente largas ?
...
O meu cappuccino está particularmente amargo hoje. Fiquei sem açucar. Que arrelia ! Queres ver que vou ter que me levantar ?

12 comentários:

  1. Tento desesperadamente proteger a minha bolha (mas a minha bolha tem crescido de dia para dia!). Não é por aversão às bastonadas, é mesmo por desorientação. Por onde iremos?

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    1. Podemos sempre acumular bolhas, quem é que nos vai impedir ? Uma bolha para a familia Gingle bells, gingle bells. Outra para o nosso aquilibrio : mojitos, caipirinhas, musica alta, dançar, rir, saltar - à escolha.
      E outra a que nos permite ouvir o mundo, e é essa que tem mesmo que rebentar. Mais uma vez aqui me repito : uma dose de esquizofrenia por dia e nem sabes o bem que te fazia.

      Agora, queres alternativas para rebentar a bolha ?
      Ha muitas, apresento-te este leque, mas a escolha é infinita :
      - Acções concretas (esta foi a Calita que se lembrou, esse cérebro amigo : http://www.imdb.com/title/tt0408777/);
      - http://www.bbc.co.uk/news/magazine-19625542 (a ver se em Portugal também é legal)(ou não);
      - Havia um outro protesto muito interessante, mas infelizmente, tu não podes aderir, que consistia em expor em publico corpos flacidamente agressivos;
      - Deixar uma faixa com um slogan da nossa autoria algures na Assembleia da Republica;
      - Afixar - desta gosto muito - varios cenarios em paredes chave e propor ao maior numero possivel de pessoas para irem la, quando quisessem e fotografar-se com um cartaz a reclamar qualquer coisa, depois faziamos um blogue e quando o colocassemos no ar era uma espécie de manifestação publica, todos assumiam a cara, a entidade, a opinião, o protesto. Se forem muito era giro;
      - etc ...

      Qualquer ideia é boa, qualquer ideia é possivel de ser ridicularizada, mas quem tem medo do ridiculo, quando é a cumplicidade deste tipo de politica que esta em jogo ?

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    2. É pá, é pá! Adorei a dos cenários para o manifestablogue! Já registei no blogspot, pelo sim, pelo não :)

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    3. Sempre à frente ! Boa, "camarada" ! (olha, temos temos que arranjar um outro nome para nos chamarmos...)

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  2. eu estou no mesmo estado que a gralha... num transido de receios e angústias e sempre com duas perguntas em modo repeat: "o que mais se vão lembrar?" e "quando é que isto tem fim?"

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  3. O cappuccino está ou ficou tão amargo como anda este país e o coração de quem por cá tem de viver e tentar fazer algo para ajudar, mas que ajuda, não tem. Eu, "virei" amarga ao pensar, em mim, mas principalmente nas minhas filhas que não sei que lhes irá acontecer amanhã.

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    1. Não amargues, separa as aguas. Uma coisa é não concordar com o que se faz, outra é não ser facil viver com o que se anda a impor e outra muito diferente é não perder por nada a doçura ! Por ti, pelas tuas filhas e por mais quem vier por bem ! :)

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    2. A doçura verdadeiramente, não perco. Por mim e por elas. Foi utilizada a palavra em sentido figurado. Mas que isto anda uma tristeza, isso anda.

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