6.6.12

A ver se recupero o balanço


Quando deixei de trabalhar pensei que iria ficar em casa durante um ano, 15 meses, 16, o que fosse preciso para estabilizar, ter a maternidade controlada*, voltar a ser uma coisa durante o dia, outra ao final do dia e, se ainda restassem forças, outra à noite, depois de os adormecer. Huummm.
Entretanto, tal como quando os meus filhos pintam com aguarelas, não consigo separar as cores. Cinco anos depois e acaba sempre tudo misturado. Tudo misturado numa refrescante cor castanha com água a mais.
E dou por mim a suspirar, a procurar a minha vida debaixo da cama, enquanto que aspiro o que por lá anda, e a fazer textos onde a metáfora para a minha existência são as limpezas ou as actividades dos meus filhos. Não sei se Freud explicaria. Até porque neste momento, nem sequer me está a apetecer um éclair au chocolat. O que é raro.
E este até podia ser um texto negativo, não tivesse hoje sido o primeiro dia do meu filho no judo e eu não tivesse podido ter estado lá a assistir a como ele, é de facto, magnífico. O adjectivo não é exagerado e não há aqui lugar para parcialidades maternais. Ou ainda : não tivesse eu, sido convencida pela minha manipuladora mais velha, a oferecer uma festa surpresa às amigas dela, na próxima quarta feira.
Esta também é a minha vida. E esta também é a parte de que não quero abdicar.
Resta-me saber que parte de determinação, financiamento e jogo de cintura é que tenho que acrescentar à minha imaginação, para que a minha vida se situe exactamente lá onde eu gostava de a ver. Relativamente alto.
Brindemos hoje ao que ainda vai ser possível.
De preferência sem usarmos o que está naquele gobelet.

maternidade controlada : este é o momento de hoje dedicado ao humor fácil

3 comentários:

  1. Poderia ter sido escrito por mim, tal a semelhança de sentimentos... e sim foi muito bom ontem assistir também, não à primeira aula de judo, mas à primeira de natação da minha filha. Ter esse tempo, essa disponibilidade...E no entanto... há um equilibrio que falta...

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  2. Umas desiquilibradas, é isso que somos...

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