7.2.14

Um dia organizo isto 2

Evidentemente. O ritual do valentim não tem que ser no dia marcado. Forçosamente. Também não tem que ser como os rituais dos outros. Não pode. O (meu) amor é único. Como todo [o amor] o que se preze. Tenho que reflectir sobre o que é, afinal, o amor. O meu. E como o celebrar. Mais um item na minha to do list.
Não faço ideia de como se chegou a um acto comum. Uniforme. Os humanos são absurdos.
Gostava tanto que fossem apenas loucos.

Fui correr, outra vez. Quando sai de casa apetecia-me. Depois, menos. Queria dançar e ouvir musica alta, mas desde que me apercebi que um vizinho me espreitava, quando dava o meu melhor ao som de B.W.O.J. algo se quebrou. Então passei a ir para o mato correr. Ninguém quer saber. E assim é preferível. Cruzei-me com um amigo. Um jovem quadro dinâmico que corre com os colegas à hora do almoço. Estranhou-me. Não te estava a reconhecer. Nem eu, meu caro, nem eu.
Choveu outra vez. Mas desta vez não me senti o Rambo. Senti-me a apanhar uma gripe. A vida é como um rio, podemos sentar-nos num mesmo e exacto lugar e vê-lo passar, nunca será o mesmo. Nunca veremos o mesmo. Isto não é sabedoria minha, claro, é lá dos orientais. Eles lá sabem destas coisas. Pensam muito. Já devem ter visto muitos rios. Muita coisa.

A minha existência é cada vez e mais profundamente banal. Para grande pena minha. Parece-me que sou incapaz de um acto maior. Da próxima vez que vir uma manifestação para todos, menos para uns, vou formar uma manifestação contra esta manifestação. Jamais ! Jamais !  Eles. Toujours ! Toujours ! Eu. Cartazes e tudo. Uma pessoa tem que viver com a época que lhe dão. Não há cá muito espaço para originais. São comidos. Crus.

Os meus filhos. Deviam-nos deixar em paz. Eles orientam-se. Em sei, eu sei. O perigo da ignorância. Mas mesmo assim. Custa-me. Quantas mais vezes na vida vão ter cinco e sete anos ? Todos os dias quando os chamo para jantar me dizem que não tiveram tempo para brincar, que tinham acabado de começar. Bem sei, que a noção de tempo é relativa, mas mesmo assim. 3 horas não chegam, como poderiam chegar. Onde anda o infinito, quando faz tanta falta ? O infinito ou as férias grandes. Perpétuais.
Que corram no campo, que trepem árvores, que roubem fruta sem pesticida. Que cantem como a Julie Andrews. Braços abertos. O que mais pode uma mãe ambicionar?
Faz muito frio nos Alpes por estes dias.

E depois, devia exigir mais de mim. Focar-me. Prioridades. Trabalhar o meu corpo. Juntar-me a uma religião. Arranjar uma profissão. Fazer de mim uma mulher. Já vai sendo tempo. Eu às vezes preocupo-me comigo. O que vai ser de mim, mulher ?

4 comentários:

  1. Mas está a dar-te alguma resoluçonitedeanonovo aguda, ou assim? Sossega lá (e corre no mato, vais ver que não adoeces, é à confiança).
    Quanto aos miúdos, os meus também nunca tiveram tempo para brincar, todos os dias. Tens de perguntar aos teus amigos sábios orientais se têm algum ditado para explicar esta relatividade do tempo passado a brincar (por oposição ao tempo passado a trabalhar, por exemplo).

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    1. Não, não posso sossegar agora. Mais tarde, mais tarde, agora não me apetece mesmo nada. Tens razão, não adoeci, mas tenho que arranjar algo impermeavel sem demora.

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  2. Isto ainda tudo ligado, agora deparo-me com este artigo: http://www.paisefilhos.pt/index.php/destaque/6891?start=1.
    Desculpa insistir na questão filhos mas penso que quando apaziguamos essas ansiedades temos a cabeça mais disponível para tratarmos de nós, seja lá o que isso for. E essa coisa de correr, custa muito? Se calhar devia experimentar.

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    1. Por aqui (em casa, na escola e até nas casas das vizinhas) , vai-se muito pela Françoise Dolto, que alinha um bocado (grande) nessa filosofia e foi nessa base que parti.
      Experimenta, sim. Leva boa musica, bons ténis, escolhe um bom itinerario e corre até onde te apetecer.

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