Isto vai correr mal

Nas semanas passadas andava feliz da vida a atentar nas pequenas coisas do dia a dia. As gotas de orvalho pela manhã, os passarinhos a chilrear, o meu filho a acompanhar-me de mãos dadas à padaria e a contar-me como gosta de se levantar cedo para partilharmos este momento, chegar a casa e ouvir a minha filha a tocar piano a rir, com o pai ao lado a dar-lhe dicas. Uma boa onda sem fim aparente. Um tom cor de rosa piroso que não se podia. Poupei-vos disso, num acto de rebeldia cibernáutica sem antecedentes. Têm nada que agradecer.
Hoje, tudo mudou, blogosfera ínfima que ainda passa por aqui.
O pai foi passar uma semana na Malásia, abandonando-nos sem dó nem piedade por superficiais questões carreirísticas, estou nesta altura do mês, a casa ainda não se recuperou das festas que por aqui passaram, várias partes do meu corpo também não, tenho inúmeros sacos de roupa antiga das crianças para separar e decidir o rumo, vender, dar, reciclar, a circulação entre o meu quarto e a casa de banho encontra-se, por isso mesmo, dificultada, estou a falhar com pelo menos 5 amigos meus, e não gosto disto, estou com uma dor de cabeça deste tamanho, ontem à noite foram os dois dormir na minha cama, porque tenho saudades do papá, porque não quero dormir sozinha, porque isto e porque aquilo e chega para lá, comecei a ler o Arlington Park com a esperança de sentir algum reconforto na solidariedade doméstica com as inglesas suburbanas e não está a correr como previsto, ah, pois não, e, como se tudo o resto não bastasse, no supermercado, havia uma mega promoção daquela mistela de chocolate e nozes para barrar no pão, mas que eu como às colheradas, versão frasco gigante.
Este é claramente um blogue depressivo, pelo que, vão brotar posts como se fosse primavera.
Fiquem por perto, cheira-me que chegou o tempo da abundância.