17.10.13

Não tenho condições para continuar

Lamento imenso.
Estava disposta a animar os vossos serões com desgraças pessoais, juro que sim. Mesmo motivada, para vos dar uma imagem negra e deslavada da minha existência, que se reflectiria por oposição, numa visão rosa da vossa. Eu sei que é essa a minha missão nesta vida virtual. Aceito-a e acarinho-a. Mas, independentemente da minha vontade, a transmissão foi interrompida.
Quatro razões, a tal me obrigam.

Ontem à noite, uma amiguinha da minha filha veio cá a casa para brincar, supostamente durante uma hora, o tempo da mãe fugir de uma reunião de trabalho. Lanchamos, brincaram, tomou banho o meu filho, tomei eu, fiz o jantar, jantamos, falamos sobre o dia que passou e como foi memorável a festa de sábado, viram um filme e já bastante depois da hora de dormir desta nova geração, chegou a mãe cheia de vergonha das horas, e completamente de rastos.
E eu, quase com vergonha do meu ar fresco, da minha vida, da minha disponibilidade, dos meus ricos filhinhos.
Fiquei à procura da razão a que me refiro múltiplas vezes, quando digo que quero a minha vida de volta. Quando trabalhava, este tipo de situações acontecia pelo menos umas 5 vezes por mês, em dias menos ou mais previstos. E aquela ideia que me divertia no inicio do século como o Pete Doherty, também, convenhamos é algo fantasista. Começo a encarar o passado com frontalidade, por muito romance que, entretanto, lhe tenha acrescentado. A querer, quero uma vida futura. Que, inevitalmente, virei a ter. Que, muito provavelmente até comecei já a viver.

No próprio dia, em que me disponho a escrever o quanto e como sou infeliz e abandonada, escrevem-me um texto com a palavra "inacreditável" imbutida e tudo. Uma das minhas preferidas. Tudo, e mais alguma coisa, contra mim.

O que mais este meu sádico destino me vai reservar ? Muitas cartadas na manga.
Soube ontem de manhã que a vencedora do Leya deste ano, já leu e deixou, inclusivamente, comentários neste mesmo blogue que vos apresento. Se isto é puxar galões não puxáveis - até é - não quero saber, que os puxo, mesmo assim, para mim.
Eu fui lida por uma Leya. Não é para todos, desculpai-me qualquer coisinha.

O colega que foi com o pai dos meus filhos, para o outro lado do mundo, queixa-se que este não o deixa em paz, que quer sempre ir a algum lado e ver mais qualquer coisa. Que não sabe, depois destes anos todos, o que é jet lag ou o peso da idade ou as recomendações de segurança do Ministério dos Negocios Estrangeiros.
Ah, pois é, verdade. Verdade, não são só os meus filhos que me cansam. Nota mental : Nunca escolher alguém mais novo para partilhar a vida, muito menos alguém que vai e vem todos os dias do escritório de bicicleta - é que parecendo que não, eu tenho quase quarenta anos, tudo bem que ainda estou para as curvas. Mas há limites. A curva do Mónaco, por exemplo. Aguentem-no uma semanita, que por acaso até esta quase a acabar, que também não vos faz mal nenhum.
Ainda por cima, note-se que os miúdos são bastante sensíveis ao argumento : estou sozinha aqui, preciso da vossa colaboração. Uns homenzinhos. Umas mulherzinhas.

Esta semana vai ser o máximo.
Para grande pena minha.

22 comentários:

  1. Eu acho isso injusto. Eu venho aqui à procura de uma certa identificação e deparo-me com isto, com uma vida perfeita, invejável até, se eu fosse dessas. Diz-me que ao menos continuas a ter sacos de roupa a impedir a passagem, por favor!

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    1. Descansai, a casa encontra-se num caos. Acabei de matar um bicho e até estou com medo de ir ao Google descobrir o que é que era.
      Mais : com a humidade, o meu cabelo ficou completamente ridiculo. Era para dizer que pareço uma bruxa, mas esse nivel foi ultrapassado na terça feira. O filme que vimos ontem à noite foi o Harry Potter e a câmara dos segredos e a minha filha teve pesadelos, muito provavelmente a amiguinha também. Cheguei agora das compras cheia de fome, achei que ja devia ser tarde e em vez de ir fazer o almoço para mim, decidi passar imediatamente para asobremesa, afinal ainda é apenas meio dia e encontro-me, neste momento, com uma pratada deste tamanho de arroz doce em cima - não me consigo mexer.
      Esta caixa de comentarios nunca desilude, ja devias saber disso.

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  2. fan-tás-ti-co! e ter a honra de estar representada no post e ao lado, ou melhor em frente a uma galardoada é sem dúvida o auge da minha "carreira" pelos mundos virtuais. Já me fizeste o dia e a noite de amanhã .
    *

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    1. E é exactamente para isso que eu aqui estou. Quando precisares que te faça mais alguma coisa, uma semanita, ou assim, é apitar.

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  3. Carla, eu ia escrever-te a dizer algo assim, sem saber bem como, mas tu foste mais rápida e ainda bem. :) um abraço!

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    1. Eu sou o Lucky Luke das reviravoltas de humores ! ;)
      Mas fico-te com o abraço na mesma, que é coisa que me faz sempre jeito. Beijinhos.

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  4. Isto está a ficar com mais emoção do que o Downton Abbey. É só começares a escrever num tom anasalado e mudares de roupa antes de cada refeição e escuso de andar a fazer descarregamentos ilegais. Obrigada.

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    1. Sabes bem que eu falo com um tom anasalado, mas é por causa da sinusite. Olha que é muito feio gozar com o mal dos outros !

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    1. Dizes isso porque não coloquei fotos. Nem da casa, nem de mim. Esperta.

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  6. Este post é só a brincar, certo? Não vais fechar o estaminé pois não??

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    1. Fechar o estaminé ? E depois o que fazia com os meus dias ? Não, credo.
      Simplesmente não vou fazer o que tinha prometido no post anterior : abundância de posts a dizer cobras e lagartos da minha supostamente miseravel vidinha. Tudo na mesma. No panic. No champagne.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Por vezes só mesmo olhando para o lado podemos perceber o que temos que agradecer. Também eu tenho que fazer esse exercício muitas vezes, para relembrar.
    Gostei do que li e tenciono voltar.

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    1. Não costumo fazer comparações com a vida dos outros, até porque nunca as conheço realmente. Neste caso, e apenas naquela noite, senti-me assim. Mas não vou fazer generalizações, nem agradecer pelo que tenho, apenas porque naquela noite pareceu-me ter uma vida mais facil. Sou muito ingrata.
      O exercicio que prefiro fazer para me relembrar onde estou, é pensar o que devo mudar e como o fazer, em vez de me lamentar. Que, feliz ou infelizmente,ainda é uma pratica que vai dando conforto e inércia.

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  8. Por momentos assustei-me e pensei que o blog ia acabar! Continua a queixar-te e a pensar... e a partilhar tudo isso! Não és a única, como vês! E que bom que é saber isso! Continua a escrever!

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    1. Eu continuo a escrever, se me continuarem a ler. E a comentar. Nestas coisas sou muito condicional, receio bem.

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  9. LOL de vez em quando ainda ando por ca'... ja' ca' nao vinha ha' um tempo, e' um facto.
    E aproveito para te agradecer as mensagens de parabens, que no meio de tanta mensagem acabei por nao agradecer a algumas pessoas. Beijos!

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    1. :) Caraças, eu é que agradeço. Nem imaginas, andei uns dias a pensar nisto que te aconteceu, como se fosses uma amigalhaça muito proxima, uma vizinha, uma irmã. Fiquei mesmo feliz, tão estranho.
      Quando sair o livro vou andar a fazer trinta por uma linha para te arrancar um autografo personalizado. Mas por essa altura, ja deves estar blindada contra os paparazzi e os interesseiros da fama alheia. Estou feita. Mas continuo optimista.

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    2. Blindada contra paparazzis e demais sim, mas contra amigos nao :) podes contar, claro! A gente ha-de arranjar-se :)

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