Lamento imenso.
Estava disposta a animar os vossos serões com desgraças pessoais, juro que sim. Mesmo motivada, para vos dar uma imagem negra e deslavada da minha existência, que se reflectiria por oposição, numa visão rosa da vossa. Eu sei que é essa a minha missão nesta vida virtual. Aceito-a e acarinho-a. Mas, independentemente da minha vontade, a transmissão foi interrompida.
Quatro razões, a tal me obrigam.
Ontem à noite, uma amiguinha da minha filha veio cá a casa para brincar, supostamente durante uma hora, o tempo da mãe fugir de uma reunião de trabalho. Lanchamos, brincaram, tomou banho o meu filho, tomei eu, fiz o jantar, jantamos, falamos sobre o dia que passou e como foi memorável a festa de sábado, viram um filme e já bastante depois da hora de dormir desta nova geração, chegou a mãe cheia de vergonha das horas, e completamente de rastos.
E eu, quase com vergonha do meu ar fresco, da minha vida, da minha disponibilidade, dos meus ricos filhinhos.
Fiquei à procura da razão a que me refiro múltiplas vezes, quando digo que quero a minha vida de volta. Quando trabalhava, este tipo de situações acontecia pelo menos umas 5 vezes por mês, em dias menos ou mais previstos. E aquela ideia que me divertia no inicio do século como o Pete Doherty, também, convenhamos é algo fantasista. Começo a encarar o passado com frontalidade, por muito romance que, entretanto, lhe tenha acrescentado. A querer, quero uma vida futura. Que, inevitalmente, virei a ter. Que, muito provavelmente até comecei já a viver.
No próprio dia, em que me disponho a escrever o quanto e como sou infeliz e abandonada, escrevem-me um texto com a palavra "inacreditável" imbutida e tudo. Uma das minhas preferidas. Tudo, e mais alguma coisa, contra mim.
O que mais este meu sádico destino me vai reservar ? Muitas cartadas na manga.
Soube ontem de manhã que a vencedora do Leya deste ano, já leu e deixou, inclusivamente, comentários neste mesmo blogue que vos apresento. Se isto é puxar galões não puxáveis - até é - não quero saber, que os puxo, mesmo assim, para mim.
Eu fui lida por uma Leya. Não é para todos, desculpai-me qualquer coisinha.
O colega que foi com o pai dos meus filhos, para o outro lado do mundo, queixa-se que este não o deixa em paz, que quer sempre ir a algum lado e ver mais qualquer coisa. Que não sabe, depois destes anos todos, o que é jet lag ou o peso da idade ou as recomendações de segurança do Ministério dos Negocios Estrangeiros.
Ah, pois é, verdade. Verdade, não são só os meus filhos que me cansam. Nota mental : Nunca escolher alguém mais novo para partilhar a vida, muito menos alguém que vai e vem todos os dias do escritório de bicicleta - é que parecendo que não, eu tenho quase quarenta anos, tudo bem que ainda estou para as curvas. Mas há limites. A curva do Mónaco, por exemplo. Aguentem-no uma semanita, que por acaso até esta quase a acabar, que também não vos faz mal nenhum.
Ainda por cima, note-se que os miúdos são bastante sensíveis ao argumento : estou sozinha aqui, preciso da vossa colaboração. Uns homenzinhos. Umas mulherzinhas.
Esta semana vai ser o máximo.
Para grande pena minha.
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Eu acho isso injusto. Eu venho aqui à procura de uma certa identificação e deparo-me com isto, com uma vida perfeita, invejável até, se eu fosse dessas. Diz-me que ao menos continuas a ter sacos de roupa a impedir a passagem, por favor!
ResponderEliminarDescansai, a casa encontra-se num caos. Acabei de matar um bicho e até estou com medo de ir ao Google descobrir o que é que era.
EliminarMais : com a humidade, o meu cabelo ficou completamente ridiculo. Era para dizer que pareço uma bruxa, mas esse nivel foi ultrapassado na terça feira. O filme que vimos ontem à noite foi o Harry Potter e a câmara dos segredos e a minha filha teve pesadelos, muito provavelmente a amiguinha também. Cheguei agora das compras cheia de fome, achei que ja devia ser tarde e em vez de ir fazer o almoço para mim, decidi passar imediatamente para asobremesa, afinal ainda é apenas meio dia e encontro-me, neste momento, com uma pratada deste tamanho de arroz doce em cima - não me consigo mexer.
Esta caixa de comentarios nunca desilude, ja devias saber disso.
fan-tás-ti-co! e ter a honra de estar representada no post e ao lado, ou melhor em frente a uma galardoada é sem dúvida o auge da minha "carreira" pelos mundos virtuais. Já me fizeste o dia e a noite de amanhã .
ResponderEliminar*
E é exactamente para isso que eu aqui estou. Quando precisares que te faça mais alguma coisa, uma semanita, ou assim, é apitar.
EliminarCarla, eu ia escrever-te a dizer algo assim, sem saber bem como, mas tu foste mais rápida e ainda bem. :) um abraço!
ResponderEliminarEu sou o Lucky Luke das reviravoltas de humores ! ;)
EliminarMas fico-te com o abraço na mesma, que é coisa que me faz sempre jeito. Beijinhos.
Isto está a ficar com mais emoção do que o Downton Abbey. É só começares a escrever num tom anasalado e mudares de roupa antes de cada refeição e escuso de andar a fazer descarregamentos ilegais. Obrigada.
ResponderEliminarSabes bem que eu falo com um tom anasalado, mas é por causa da sinusite. Olha que é muito feio gozar com o mal dos outros !
Eliminarestás o máximo, sempre.
ResponderEliminarDizes isso porque não coloquei fotos. Nem da casa, nem de mim. Esperta.
EliminarEste post é só a brincar, certo? Não vais fechar o estaminé pois não??
ResponderEliminarFechar o estaminé ? E depois o que fazia com os meus dias ? Não, credo.
EliminarSimplesmente não vou fazer o que tinha prometido no post anterior : abundância de posts a dizer cobras e lagartos da minha supostamente miseravel vidinha. Tudo na mesma. No panic. No champagne.
Este comentário foi removido pelo autor.
EliminarFico mais descansada...
EliminarPor vezes só mesmo olhando para o lado podemos perceber o que temos que agradecer. Também eu tenho que fazer esse exercício muitas vezes, para relembrar.
ResponderEliminarGostei do que li e tenciono voltar.
Não costumo fazer comparações com a vida dos outros, até porque nunca as conheço realmente. Neste caso, e apenas naquela noite, senti-me assim. Mas não vou fazer generalizações, nem agradecer pelo que tenho, apenas porque naquela noite pareceu-me ter uma vida mais facil. Sou muito ingrata.
EliminarO exercicio que prefiro fazer para me relembrar onde estou, é pensar o que devo mudar e como o fazer, em vez de me lamentar. Que, feliz ou infelizmente,ainda é uma pratica que vai dando conforto e inércia.
Por momentos assustei-me e pensei que o blog ia acabar! Continua a queixar-te e a pensar... e a partilhar tudo isso! Não és a única, como vês! E que bom que é saber isso! Continua a escrever!
ResponderEliminarEu continuo a escrever, se me continuarem a ler. E a comentar. Nestas coisas sou muito condicional, receio bem.
EliminarLOL de vez em quando ainda ando por ca'... ja' ca' nao vinha ha' um tempo, e' um facto.
ResponderEliminarE aproveito para te agradecer as mensagens de parabens, que no meio de tanta mensagem acabei por nao agradecer a algumas pessoas. Beijos!
:) Caraças, eu é que agradeço. Nem imaginas, andei uns dias a pensar nisto que te aconteceu, como se fosses uma amigalhaça muito proxima, uma vizinha, uma irmã. Fiquei mesmo feliz, tão estranho.
EliminarQuando sair o livro vou andar a fazer trinta por uma linha para te arrancar um autografo personalizado. Mas por essa altura, ja deves estar blindada contra os paparazzi e os interesseiros da fama alheia. Estou feita. Mas continuo optimista.
Blindada contra paparazzis e demais sim, mas contra amigos nao :) podes contar, claro! A gente ha-de arranjar-se :)
EliminarQue bom, obrigada. :)
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