26.5.11

Um babypost. Desculpem, não volta a acontecer. Juro.

Nada podia prever o que se passou ontem, às 18:34 no vão de escada do prédio onde habito há mais de 3 anos. Estavamos a chegar perto da porta de casa, depois de uma tarde de bicicleta e de um pequeno acidente relacionado com questões fisiológicas, que nada acrescenta ao que pretendo relatar neste post que têm à vossa frente.
Iam, os meus respectivos minúsculos, à frente, cada um com a sua respectiva bicla, cada uma com as suas respectivas rodinhas, em amena cavaqueira. Um deles afasta-se para acender a luz, assim, como se nada fosse. E não fui eu que a acendi porque não chegavam lá e estavam aos berros porque estava escuro. E não houve ninguém a linchar um outro porque chegou primeiro ao interruptor. Nada. Foi tudo muito casual.
A "amenitude" da cavaqueira continuou. Quase que parecia que éramos uma família civilizada. Domesticada.
E é nesse preciso momento, esse exacto que vos transmito aqui, dedos tremelitantes, que tive a vertigem da maternidade. Ali mesmo, trau ! 4 anos e meio depois de ter dado à luz de uma maneira diferente da EDP. Com os meus filhos autónomos, inteligentes, mundanos, ao pé. Foi aí que ao meu sistema neurólogico lhe apeteceu apelar para a Prima Donna que há em mim. E nada pude fazer. Lágrima no olho imediata e sem direito a negociações. Isto pode mesmo ser ridículo. Os joelhos a quererem, porque queriam, ajoelhar-se e eu a querer abraçá-los. Não aos joelhos.
Sou mãe, sou mãe, dizia eu, não muito dignamente.
Nos antipodas de uma Greta Garbo a preto e branco e com a iluminação certa.
Mãe, Mãe ! continuava. Nas escadas há sempre eco. E há sempre um vizinho a passar. Que não, não se passa nada, não, não me magoei, não muito obrigada, juro que não preciso de um copo de água com açucar. Bem que podem dizer adeus à reputação de latinos racionais aqui nas redondezas. Completamente manchada.
Mas, vocês acreditam ? Sou mãe !!!
E sim, eu sei que existe quem saiba disso ainda grávida, mas isso são as mais rápidas. E sim, eu sei que há quem se aperceba no dia do parto, mas eu estava ocupada com outras coisas, que não vou relatar aqui, mas envolvem sangue e lágrimas. E sim, durante os primeiros 4 anos, há casos de mães que se dão conta que são mães, mas eu andei numa roda viva e estou farta de vos dizer que não sou multi-tarefa. Agora, que a minha vida até me chega para blogues e passeios com direito a ler duas páginas e tudo, sempre as mesmas duas, mas duas mesmo assim, a vertigem conseguiu um espaço para chegar até mim. Bolas, sou Mãe !
E vou ter 2 presentes hand-made no dia da mãe, que aqui é no domingo, mas isso eu não sei que é surpresa.
Mãe !
Eu !

10 comentários:

  1. Ainda estou a rir com o teu relato. Escreves de uma forma deliciosa. Pois isto de ser mãe é mesmo como dizes, é perceber que se é mãe, é olharmos para nós e percebermos a dizerença que as 3 letrinhas fazem na nossa vida.

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  2. :) (eu sei, é um bocado ridículo deixar assim só um sorriso, mas estar de joelhos nas escadas também, por isso estamos quites. Ah, delicioso este post.)

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  3. Olhem... (suspiro) nem sei o que vos diga...

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  4. Esses momentos de epifania maternal fazem-me ponderar o terceiro - e depois dou muitas vergastadas nas costas e repito: não podes, não podes, isto é a natureza a enganar-te, essa malvada!
    Goza a tua epifania e bom dia da mãe amanhã :)
    gralha

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  5. Que baque tão delicioso, M~ããããããeeeeee!!!!
    :)

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  6. Galha undercover - Isto é uma artiminha clara dessa malvada, ou como é que te pensavas que ela faz rodar as coisas ? Olho atento, nunca relaxar.

    SofiAlgarvia - ;)

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  7. Que descoberta fantástica, e que enquadramento lindo! Goza muito essa nova descoberta!

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  8. Carla
    Continuo a trazer um café para ler o teu blog. Continuo a rever-me no que escreves, a rir com o que dizes e até a comover-me com o que nem chegas a dizer.
    Sinto-me a maior fraude de todos os tempos por não acompanhar um projecto que devia ser O meu. Neste momento não consigo dar a contribuição justa e merecida, nem com todo o leite condensado (aqui ainda não vi bisnagas à venda, mas se calhar até as há). Vou ficar-me por isso pelos serviços minimos garantidos, ou seja, mero mensageiro da corte.
    beijos

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