Comecei a fazer o luto desta condição de vida, um mês antes do fim. Num acto de grande disparate, tomei as dores de uma viajante de longa duração, que conheci numa praia, e que estava prestes a regressar a casa. Aproximei-me tanto, que me transformei. E sofri com ela o final do que se quer permanente. Disse-lhe adeus quando subiu ao barco e recomendei-lhe que comesse muitos gelados, uma das compensações a que iria recorrer, tinha-me confessado.
Ao jantar, o meu filho disse-me que queria muito comer queijo quando voltasse a casa, a minha filha queria beber agua da torneira, o Francês suspirou por um copo de tinto e eu suspirei por Africa, completamente fora de contexto.
Depois o tempo passou, e tivémos um ultimo mês de viagem muito grande e muito cheio, esqueci-me de casa e das dores da chegada. O tempo, esse, não se esqueceu de nada, e agora estou aqui. Chove, ainda por cima, os meus filhos vieram com duas baguettes e meia saidas do forno. Enchemos tudo com manteiga da Bretanha, que se derreteu e as baguettes estalaram quando as mordemos. Foi bom.
E eu agora escrevo.
Ontem, quando fomos à cave buscar os cartões do que resta da nossa vida anterior, encontrei um livro solto. Na contracapa amarela estava escrita uma frase tão a proposito com o que estou a viver que quase tenho pudor daqui a transcrever. Mentira, não tenho : "é preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta ja."
Parece coisa de filme, esta coincidência, este ano que vivi.
Na rua, perguntam-me como é que foi. Como é que se conta um ano inteiro cheio de tudo ?
Voltei para casa, sem ter percebido onde é que a minha casa era.
E agora estou aqui. Que recomece o jogo.
Ao jantar, o meu filho disse-me que queria muito comer queijo quando voltasse a casa, a minha filha queria beber agua da torneira, o Francês suspirou por um copo de tinto e eu suspirei por Africa, completamente fora de contexto.
Depois o tempo passou, e tivémos um ultimo mês de viagem muito grande e muito cheio, esqueci-me de casa e das dores da chegada. O tempo, esse, não se esqueceu de nada, e agora estou aqui. Chove, ainda por cima, os meus filhos vieram com duas baguettes e meia saidas do forno. Enchemos tudo com manteiga da Bretanha, que se derreteu e as baguettes estalaram quando as mordemos. Foi bom.
E eu agora escrevo.
Ontem, quando fomos à cave buscar os cartões do que resta da nossa vida anterior, encontrei um livro solto. Na contracapa amarela estava escrita uma frase tão a proposito com o que estou a viver que quase tenho pudor daqui a transcrever. Mentira, não tenho : "é preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta ja."
Parece coisa de filme, esta coincidência, este ano que vivi.
Na rua, perguntam-me como é que foi. Como é que se conta um ano inteiro cheio de tudo ?
Voltei para casa, sem ter percebido onde é que a minha casa era.
E agora estou aqui. Que recomece o jogo.
Estou mesmo solidária contigo... Como sou uma lamechas não te direi nada mais , aliás porque tenho a certeza que irás resolver tudo muito melhor do que imagino. Um beijo enorme por agora e só uma pergunta : quando vens a Lisboa ?
ResponderEliminarCaramba, como é que se regressa depois de um ano desses? há que continuar, não pares! :) um abraço.
ResponderEliminarAi... agora senta-te, organiza as fotos, os textos, as ideias, os amigos. A parte mais gira está por vir, agora que tens bagagem para aguentar um mundo inteiro. E vem a Barcelona.
ResponderEliminardepois de acompanhar esse teu ano por aqui, também eu, carrego uma ponta de tristeza.
ResponderEliminarque a viagem recomece... muitas vezes!
e p.s.: me encanta a forma como escreves... näo sairia dessa viagem um livro?
Adoro recomeços :)
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarA viagem maior ainda não acabou e esperemos que continue por muitos anos. : )
ResponderEliminarObrigada pela partilha e pela inspiração :) Vou começar a cultivar o sonho aqui por casa.
ResponderEliminarBom regresso, sim, porque o regresso pode ser bom :)
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