Bossa nova

Estou a viver uma fase feliz da minha vida. Neste momento, já não tenho dúvidas. É assim mesmo. Claro cristalino.
É tão desconfortável.

No outro dia, estava numa fila para um detalhe burocrático, percebi a dada altura que estava na fila 3, quando devia estar na fila 5, ainda por cima não tinha dinheiro e não aceitavam nem cheques, nem cartão, por razões diversas, estava com os meus dois filhos, no meio do processo perderam os meus papeis e acredito que a pessoa que estava à frente do guichet não percebia muito bem francês, porque insistia em fazer o oposto do que lhe pedia.
Demorou.
E, no meio disto tudo, estava feliz.
Dei por mim feliz.
Não sei como é que isto me foi acontecer. Foi tudo tão inesperado.
Dantes, não era assim. Aplicava-me. Ouvia a canção certa, usava a boa cor - preto, preferia os dias de chuva e lia livros melancólicos. Depois, com o rame rame da vida, vocês sabem como é que é, deixei-me ir. Fui-me desleixando.
Não foi por falta de aviso. Ainda no outro mês, uma amiga alertou-me que me achava uma pessoa que puxava as coisas para cima, deve ter usado termos mais sofisticados, de certeza, mas a sangria era tão, mas tão péssima, que agora apenas me lembro da ideia geral. E do gosto da sangria, para grande pena minha. Não tive a presença de espírito para contestar, mas aquilo ficou-me a matutar. Tinha que vir aqui prestar esclarecimentos : mudei.
E o pior é que não dei por isso.
Num estranho desencadear de raciocíonios alheio, um amigo no facebook, partilhou este link, o qual não hesitei em gostar.
Afinal é tudo bossa nova, tudo muito natural.

Concluiu outro senhor, este inglês, algo informal, um tanto atraente, que um dia no futuro vão haver muitas pessoas, uma delas sou eu. Mas não sabe, nem podemos saber, o que vai fazer dessa pessoa, eu.