24.1.11

Mentir ou não mentir, eis a questão !

E lança-se, finalmente, hoje o workshop "Atirem-me tomates com jeitinho !".
O tema foi escolhido com base na democracia e tendo em conta os votos de quem não se absteve. A caixa de sugestões continua aberta aqui.

Primeiras ! Primeiras !
Se durante grande parte da minha vida arranjei muitos problemas por dizer o que pensava e sentia - talvez nem sempre da melhor maneira - confesso, sem muita mia culpa (inconsciência ? incoerência?), utilizar mentiras e omissões com alguma fartura enquanto mãe.
A "desculpa" é a idade, que são muito pequenos (2 e 4 anos) e têm que se protegidos ou que há outras informações prioritárias a passar.
Não tenho nenhum gráfico excel com o agendamento dos lançamentos das bombas ... ando a viver sem rede...
Evito tantos e tão variados temas como a morte - a mãe da Branca de Neve é uma espécie de Bela Adormecida que ainda não acordou - o dinheiro não existe - vamos "buscar" apenas o que precisamos e deixamos o necessário para os outros meninos - o Pai Natal está neste momento de férias porque trabalhou muito para trazer presentes a todos, porque no fundo todos merecem, e (claro!) não há meninos maus, dois chocolates já dão dores de barriga, deve-se poupar água para sobrar para os peixinhos, o pai vai falar com os pandas de cada vez que viaja em trabalho à China e às vezes vem de lá com conselhos úteis, como técnicas tirar os nós dos cabelos com jeitinho, por exemplo e etc, etc, etc.
As mentiras/omissões que faço não são feitas com base em princípios racionais ou controlados... para dizer a verdade (que palavra tão bonita e tão feia) tenho receio de assuntos como a morte, tanto receio, que nunca consegui pensar a sério nela, ando a evitá-la há anos e quando me bater à porta planeio mesmo fingir que não a ouvi.
Lido muito mal com o sistema capitalista em que vivemos, não o consegui  ainda encaixar de forma não absurda com o sentido de partilha e generosidade que gosto de pensar que ando a incutir aos meus filhos.
O Pai Natal, a fada dos dentes e o coelhinho da Pascoa existirão até serem questionados.

Agora há verdades que digo (não julguem...), como explicar à minúscula porque é que este sábado teve que fazer uma análise de sangue e dizer-lhe ao que íamos, dizer que ía doer um bocadinho.
Disse porque não podia adiar e tinha que ir preparada...
Outra, já falei sobre a reprodução, dei-lhe detalhes que julguei serem adaptados para 4 anos, mas isso é fácil porque há muito tempo que já não é tabu, se calhar não conta... conta ?
Se calhar vou ter que crescer depressa, para poder prepará-los a tempo para outras situações...
Bolas, e eu que andei a evitar crescer todos estes anos.

34 comentários:

  1. Ora bem: é certo que todos nós fugimos a assuntos delicados: a morte parece contudo ser aquele que mais receio nos causa... é culturalmente intríseco que é um assunto tabu, pelo menos para nós latinos! Já os nórdicos não têm esses pruridos e a morte faz parte de todas as coisas naturais da vida. Cá por casa tenho 2 meninas (8 e 4 anos, respectivamente) e as 2 vivenciam o assunto de forma distinta. Durante anos também fugi ao assunto até ao dia em que tive que dizer à mais velha que a sua gatinha linda já não se encontrava entre nós! Confesso que acho que sofri mais eu que ela! No fundo e após algumas semanas de ausência da gatinha (que eufemisticamente se encontrava no veterinário) ela própria chegou à conclusão do inevitável... disse-o de forma sentida e magoada com a vida, mas aceitou a realidade ao fim de pouco tempo. Isto apesar de ser um assunto que ela recusa falar e ao qual manifesta até algum receio. Já a mais nova, curiosamente, teve essa percepção mais cedo um pouco sem ter a noção do que isso realmente implicava... e fala da morte com natural à vontade: tão à vontade que desconcerta a irmã! Esta vivência distinta tem origens remotas, creio eu: também eu omiti a morte da mãe do Nemo ou do pai do Rei Leão à mais velha mas, por uma razão ou por outra, não fiz o mesmo à mais nova! Creio que se olharmos estes assuntos como naturais, as crianças assim o farão também!
    Quanto ao Pai Natal e afins estou como tu: existem até elas acharem que sim! Quem sou eu para limitar a sua imaginação???
    Um abraço,

    mundo.a.cores
    www.worldincolors.blogspot.com

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  2. Com 4 filhos a mais nova com 6 anos ,o Pai Natal o coelhinho da Páscoa e a Fada dos dentes ainda vivem cá em casa. De morte não falo (o cão da tia é agora uma estrela no céu).
    Não vale a pena complicar para o nosso lado porque lhes vão ensinar tudo na escola...As situações vão aparecendo e eles vão aprendendo a lidar com elas... Mentiras piedosas como essas não fazem mossa e todos eles sabem distinguir a verdade da mentira (mesmo a Mais nova com o normal "não fui eu"). Não vale a pena crescer muito depressa mas ir crescendo com eles... Agora aos 41 tenho os 14 do meu filho mais velho... Nada mau!
    Parabéns pelo blog.
    Rita

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  3. Os vossos comentarios (mesmo que não seja essa a vossa primeira intenção) levam-me a achar que afinal, faço mal em esconder/omitir/menti para proteger.

    mundo-a-cores - Dizes que não omitiste com a mais nova e que como resultado ela aceita melhor os assuntos "dificeis".

    Rita - Falas ainda de um receio meu, o aprenderem estas coisas com outras pessoas/crianças em vez de ser por mim... ou seja, quero tanto proteger e depois sujeito-os a aprender uma maneira qualquer. Eu poderia fazê-lo com jeitinho ...
    E agora aos 14 anos ? O que é que ainda omites/mentes ?

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  4. Não te aflijas tanto! Tudo está no bom senso e isso eu acho que todas passamos a ter, a partir do momento em que parimos! ;) Se não omiti com a mais nova foi porque reconheci nela um sentido prático que não vi na mais velha, deveras mais sensível para estas coisas... quando somos mães de 1ª viagem acabamos por protegê-los + do que devemos e depois pagamos isso todo o resto das nossas existências... os + velhos são sempre mais mimados, menos independentes e mais exigentes que os segundos (não sei se vai dimiuindo com os 3ºs, 4ºs ...) e isso deve-se ao nosso papel de mães galinha. É claro que estou a generalizar um pouco: mas acho que tens que procurar nos traços definidores das suas personalidades se deves ou não contar/omitir/mentir... só para teres melhor a noção eu tenho em casa uma sensível artista (dança, música, escrita, desenho, ginástica ritmica... you name it!)e depois tenho uma pequena desenrascada, assertiva e multifacetada que adora desapertar parafusos, mexer em ferramentas, cortar fios de microfones pra ver como funciona e dançar rock, enfim, uma engenheira em potência com queda ritmica ;) As suas formas de estar na vida são diferentes e as abordagens tem que ser igualmente diferentes: se eu digo não à mais nova ela contraria e faz aquilo que lhe disse para não fazer; a mais velha acata o não (pese embora refile sempre!) Ou seja se eu quiser convencer a mais nova a fazer certa coisa, basta utilizar a palavra não! Para a mais velha isso não funciona de todo! E os argumentos têm de ser de peso, principalmente se não lhe agradar ;) Por isso, e conhecendo os teus pimpolhos, o teu coraç
    ao vai saber quando e como abordar os temas difíceis. A tónica deverá estar sempre na naturalidade com que os expões. Se se aperceberem que o tema te é apreensivo, também eles serão apreensivos ao mesmo...
    Por outro lado, concordo contigo: acho sempre melhor sermos nós a abordar certos temas e não terceiros. Vou partilhar + uma experiência para ilustrar esta parte: A minha I. (a mais velha) está no 3º ano. Estudo do meio é a sua disciplina favorita. No programa da disciplina, entre os mais variadíssimos assuntos comuns ao curso dos tempos, uma novidade: as dependências! Nunca tínhamos abordado o tema em casa: aliás cá em casa não se fuma, não se bebe e falar em drogas não é, claro se vê, habitué. Eis senão quando a minha I. me revela o seu "drama" no cumprimento de um TPC - "Oh mãe tenho que desenhar uma droga para ilustrar o meu TPC, mas tenho um problema: eu não sei o que é uma droga?" Ou seja, o tema já tinha sido tratado na escola sem que nós o tivéssemos introduzido. A nossa não abordagem do tema colocou-nos em desvantagem para com a escola e nestes assuntos acho que não devemos permitir isso, pois é a 1ª abordagem do tema que define as traves mestras do seu entendimento. Espero ter contribuído para aliviar o teu stress quanto ao assunto!
    O resto de uma boa semana para ti e para os pequenotes ;)

    mundo.a.cores

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  5. Pois é cara amiga, a tarefa de educar minorcas é lixada. Por isso, alguns pais, preferem endossa-la para as mães, e ir para a China, conversar com os panda.
    Mas prontes, issagora tamém não intressa nada.
    Mazólhe que a melhor maneira de gerir a coisa, é conseguir manter-se gaiata, durante o maior número de anos possível, vai ver que eles até vão achar graça.
    Quanto à explicação da morte... tem uma forma simplicíssima de o fazer, se chegar a ver-se obrigada a isso. Basta-lhe pegar numa folha de papel, num lápis e desenhar uma caverna e um casal de homo-sápiens à entrada, cobertos por peles de animais. Depois, mostra-lhes o desenho e faz somentes duas perguntas: - 1ª Sabem quem são estes?
    - 2ª Sabem onde estão estes?
    Ficará surpreendida com a prontidão com que responderão... - São nossos antepassados! - Já morreram!
    Bingooooo!!!!

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  6. Olá mãe capotada,

    Eu sou muito pela verdade, por quatro motivos:
    - não sou suficientemente esperta para aguentar uma mentira de pé durante muito tempo
    - os miúdos, em compensação, são muito finos e percebem logo quando as coisas não batem certo
    - os miúdos têm umas antenas muito afinadas, e topam-nos à distância
    - dizer-lhes a verdade (nem que a verdade seja "olha, por enquanto ainda não estou capaz de falar contigo sobre isso porque me faz chorar") dá-lhes muita segurança.

    Oferecer-lhes um mundo de fantasia não é propriamente mentir. E se eles gostam, e pedem (a minha filha obrigou-nos a adoptar o "menino Jesus que dá prendinhas", recusou-se a aceitar a verdade que lhe queríamos oferecer), não vejo mal nenhum em embarcar com eles no jogo.

    Outra coisa é mentir-lhes para nos facilitar a vida. Armarmo-nos em omnipotentes e omniscientes (a gente quer criá-los para adultos autoconfiantes e críticos, e não para paus mandados), ou arranjar subterfúgios para não ter de os enfrentar - por exemplo, sair de casa às escondidas, quando eles estão distraídos, só para não termos de aturar a angústia da despedida. É mais fácil para eles aceitarem que é assim (porque tem de ser assim, ou porque é assim que eu decidi) do que serem aldrabados com historietas e truques. E é preciso pensar sempre nas consequências: como é que eu fico no dia em que eles descobrirem que comer mais que dois chocolates não dá dores de barriga? Ou que fulanita afinal não é filha do tio?(a minha sogra queria que a gente mentisse sobre esse aspecto essencial da identidade da filha da namorada do tio)

    Acho que dizes uma coisa importantíssima no teu post: mentir para fugir às coisas que te incomodam.
    Quanto às coisas que me embaraçam: dei uma vista de olhos, e não encontrei. Não me lembro de ter tido necessidade de mentir por embaraço. Por exemplo: o dia em que a minha filha de três anos perguntou o que é que todas aquelas mulheres (prostitutas) estavam a fazer no passeio. A amiga que ia comigo ficou sem pingo de sangue. Eu disse: "estão à espera que passe algum homem que as leve no seu carro. Mas é uma grande asneira, porque não se deve entrar no carro de homens estranhos". Aos oito anos, ela quis saber que lojas eram aquelas (num bairro de marinheiros) chamadas "kiss kiss" e assim - bordéis, claro. "É um sítio onde se vendem beijos". (e toca de dar uma lição de moral sobre gente que vende e compra beijos, que coisa tão feia)

    Quanto à morte: sempre esteve presente na minha infância, e nunca me assustou. Fazia parte da vida. De tal maneira é uma questão resolvida, que os meus filhos nem perguntam. Também sempre os levámos aos funerais, e chorámos à frente deles, e explicámos porquê.

    Em suma: penso que mentir é a solução mais fácil para tornearmos as nossas próprias dificuldades - e isso não ajuda os nossos filhos.

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  7. Quanto à morte, nem sei o que te diga, eu é que não sei lidar com ela... não são as minhas filhas (12 e 9). A minha mãe morreu quando eu tinha 21, pelo que elas nunca a conheceram. O problema é que sempre que falo nela, não consigo controlar as lágrimas. Este ano voltámos a perder duas pessoas muito próximas e tanto elas, como os meus enteados (ele com 12 e ela com 8) lidaram com a situação de uma forma muito natural: a doença foi minando e acaba por tomar do corpo, perdemos as forças e vamos para o céu tomar conta de quem cá fica - simples não é?

    Já o dinheiro, como te disse, no anterior comentário, é uma situação muito presente nas conversas diárias. Tentámos até agora transmitir preços de bens que eles gostam, brinquedos, ténis e por aí, contudo sempre que possível eram comprados sob a forma de presentes de aniversário ou de Natal. Mas de repente o tema ganhou outros contornos e a preocupação agora é explicar que os gastos tem que ser mais controlados, pois os "cortes salariais" espreitam-nos, de perto.

    Mas ainda há fada dos dentes, para as mais pequenas, claro!

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  8. Eu tento sempre responder à pergunta quando esta surge, na medida certa e mais nada. Por isso já falei de reprodução, da morte, do afastamento das pessoas... Mas é maravilhoso contribuir para a imaginação de qualquer pessoa, muito mais de uma criança. Fantasia não é mentir, é um presente que lhes oferecemos e que demora alguns anos a ser completamente desembrulhado.

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  9. Olá!
    Há aqui claramente duas categorias: factos da vida real que podemos ou não tentar esconder / suavizar com as tais mentiras piedosas, e o mundo da fantasia em que os levamos a ou pelo menos deixamos acreditar.
    Quanto aos primeiros, aqui em casa lidamos com a naturalidade possível com o assunto. Achamos aceitável que as crianças (6 e 3 anos) saibam que os pais não sabem tudo e que também não têm respostas exactas para perguntas como "para onde vão as pessoas depois de morrer?", mas que aceitam, e que é duro, mas faz parte da vida, que as pessoas que já são muito velhinhas nos vão deixar.
    O mais velho já vivenciou mais ou menos de perto a morte de duas pessoas, duas tias que conheceu e das quais ainda se lembra, felizmente pela razão da morte natural por velhice. Andou durante algum tempo a pensar no assunto mas, às tantas, e depois de muitas perguntas e conversas, organizou-se, convenceu-se que nem o pai nem a mãe nem sequer os avós são assim muito velhos, isto é, relativizou a coisa, e siga. Acho que correu bem.
    Quanto ao maravilhoso mundo dos seres da fantasia, estou neste momento com a dificuldade de não saber como se vai dar a passagem do acreditar para o deixar de acreditar sem que a mãe e o pai caiam em desgraça enquanto mentirosos infames.
    Vejamos o seguinte exemplo: a fada dos dentes passou por aqui numa noite destas e presenteou o recém-desdentado com um pequeno brinquedo debaixo da almofada, brinquedo esse que ele levou para a escola no dia seguinte. Às tantas surgiu a pergunta: "Onde é que a tua mãe comprou isso?"
    E a resposta: "Não foi a mãe, foi a fada dos dentes."
    Desenganem-se os que pensam que os meninos do 4º ano consideram isto uma frase encantadora de tão inocente. A frase "A fada dos dentes não existe" dita em tom de troça também não é propriamente um eufemismo. Ao que a minha criança, mesmo perante os mais crescidos, defendeu o que aprendeu em casa, defendeu a mãe e defendeu a fada dos dentes, não sabendo que as duas são uma e a mesma mulher/pessoa/ser maravilhoso.
    Ao chegar a casa, contou-me o sucedido, e aqui sim, fiquei sem saber como reagir. Se me ponho do lado da fada, quase consigo sentir o nariz a crescer. Por outro lado, um "É verdade filho, afinal era tudo mentira" também não é apropriado. Só me ocorreu um "Sabes, alguns meninos mais crescidos já não acreditam em fadas." Ao que ele respondeu "Eu vou sempre acreditar."
    ...
    Help!

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  10. tinha um comentário já feito e esta treta foi abaixo...vai outra vez mas de forma sintética:

    morte - desde a morte do meu pai, tinha o diogo 3 anos, que se fala sobre esse bicho cá em casa. resultado: o diogo fala naturalmente do assunto chegando a ser um bocado insensível com a irmã: quando ela diz que tem medo de morrer (dá-lhe, às vezes) ele responde "olha, mas vais morrer porque todos vamos morrer!". Quando o meu pai morreu disse ao diogo que ele estava numa estrelinha e durante anos andámos a mandar beijinhos às estrelas. Há uns meses chegou a casa e perguntou-me: "uns senhores enterraram o avô, mãe? ele não está numa estrelinha?" - morri, renasci e aprendi que é em casa que eles têm que aprender a verdade das coisas...porque se não alguém, lá fora, os ensinará.

    reprodução - vou falando à medida que perguntam, sem tabus mas sem ser demasiado gráfica :p

    Pai natal - acreditam enquanto acreditam. assim que começam com muitas perguntas faço-os pensar e...plim!

    nós crescemos com eles, quer queiramos quer não queiramos ;)

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  11. Olá, acho que nunca comentei, mas desta vez, cá vai: Tenho uma menina de 6 anos e dois rapazes, um de 4 anos e o outro com 18 meses. A mais velha viveu numa borbulha muito mais tempo, claro. Durante muito tempo contei-lhe as versões light das histórias. Na do Capuchinho vermelho o lobo não comia a Avó e o caçador não abria a barriga ao lobo com uma faca e a Bruxa má não mandava matar a Branca de Neve. Até que um dia descobri que na escola contavam as versões mais sanguinolentas destes contos. E não lhe fazia impressão. Pouco a pouco, talvez com 3 anos, comecei a responder a perguntas sobre a morte, como se fazem os bebés, etc com a verdade nua e crua.
    O do meio, agora com 4 anos, aprendeu tudo mais depressa e sem fazer perguntas. Vai ouvindo e aprendendo.
    Em relação ao tema da morte em concreto, ultimamente perguntam muito. Principalmente o de 4 anos. Há uns meses o Pai de uma colega da turma dele morreu a escalar e como alguns dos miúdos fizeram perguntas na sala, a professora decidiu falar do tema. E quando falou connosco explicou que muitos dos miúdos falavam em dormir para sempre e ela achava importante que não se confundisse nunca a morte com o dormir. Desde então o meu filho fala muito da morte. Às vezes pergunta se vamos morrer como o pai da M. E este Natal, depois de estar com as duas bisavós que já estão muito velhinhas, fala ainda mais. E eu respondo o melhor que posso. Quando as perguntas são muito concretas, tipo “o que é que acontece ao corpo?” perguntado pela mais velha, é impossível escapar. O que é que eu hei-de dizer? O resto já ela sabe, o céu, a alma... Agora quando me pergunta: “ e depois da tua alma ir para o céu posso ficar com o teu corpo cá em casa para sempre?”...
    Enfim... em conclusão. Eu acho que o melhor é explicar as coisas como elas são, dentro dos limites da capacidade de entender de cada idade. Pela minha experiência eles entendem e encaram com naturalidade todos estes temas difíceis para nós.
    E depois há tantas outras coisas onde podemos manter a inocência. Há tantas coisas que eles não sabem e nem precisam de saber. Os meus filhos não vêm televisão “de grandes”. O que eles vêem é escolhido a dedo por nós e é limitadíssimo. Passam-lhes ao lado todos os programas-lixo, toda a gente “famosa”. Nestas coisas sim, quanto mais tarde aprenderem melhor.

    Helena

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  12. Que vergonha, tantos comentarios e eu sem vir aqui para moderar, impedindo-vos de debater.
    O minusculo anda com febre e fui com ele ao médico. Vou-vos apresentar um atestado médico. Continuem um bocadinho sem mim, ja ca venho à hora de sesta, ainda em hora de expediente.

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  13. mundo-a-cores - Realmente é verdade que cada filho é um filho e que também aqui em casa parecem ter escolhidos maneiras opostas de ser. Mas ja não acredito que todas temos bom senso a partir do momento em que somos mães, a minha adolescência é disso prova, a minha mãe é apologista de se contar toda a verdade e soube de muita coisa sobre, por exemplo, sexo, que tive que explicar a muitas amiguinhas na altura que andavam completamente às aranhas e poderiam ter arranjado grandes problemas por falta de informação...

    Helena - é realmente importante separarmos as aguas : de um lado o mundo da fantasia outro a realidade (se bem que às vezes não sei muito bem onde acaba, mas isso ou eu mais o meus sonho de um mundo onde o dinheiro não existe e isso ja é outra historia, ou esquizofrenia).
    A mentira para facilitar-nos a vida também concodo que tem vida curta e mais cedo ou mais tarde, vai-nos cair em cima e deles também, pelo que deve ser evitada. A minha questão-problema é mesmo falar sobre o que eu não consigo conceber e a morte continua a ser o grande tabu. Nunca perdi ninguém importante, felizmente, mas isso não devera ser desculpa para não conseguir encarar. Eu sei que isto assim é uma treta de um debate e eu devia dar mais luta, mas a verdade é que na base concordo contigo e estou aqui a ver se ganho força para contar a treta da historia da Branca de Neve como deve ser ser traumatizar a criança (nem a mim...).

    Gralha- Concordo contigo. Parece tudo tão facil no teu comentario...

    C - Não me lembro de ter deixado de acreditar em nada dessa gente, mas tenho uma prima que ficou profundamente aborrecida com a mãe quando ela lhe confessou que o Pai Natal não existia - isto depois de uma cena na escola igual à que tu descreves... "Como é que me podeste mentir ??!!" ... GLUP.

    InêsN - Exacto, também acho que é melhor que saibam em casa a verdade. E que devemos adaptar a verdade ha maturidade de cada filhote. E a ver se eles me ajudam a crescer... Mas a morte... confesso que a minha vida seria muito mais simples (e longa) se ela não existisse...

    L (Helena) - Pois é, e essa professora tem razão (acho...) ao tentarmos suavizar as coisas, acabamos por criar ainda mais confusão, nesta historia, por exemplo, morte e sono realmente é uma mistura complicada de gerir...

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  14. Bartolomeu - Calma ! Interpretaste a viagem aos Pandas depressa demais, a viagem é em trabalho e acontece raramente, este pai esta tão implicado como esta mãe na resolução destes problemas bicudos. E essa experiência... sera que pode ser assim tão simples ? Sera esclarecedora ?

    SofiAlgarvia - Ah-ah ! Pois é... estava a ver se me escapava a este outro probleminha meu - o dinheiro... é que não gosto mesmo de falar nisto. Nunca tenho comigo dinheiro fisico, uso sempre cartão, nunca sei muito bem quanto tenho ao certo (que o meu bancario não saiba disto), sou poupadinha, não sou consumista, não gosto da importância exagerada que se da às coisas, não dou muitos presentes aos minusculos sem razão, e nunca expliquei que não dou porque é caro, explico que não dou porque eles não precisam, porque ja têm suficiente, ou que se calhar vão receber nos anos, ou noutra ocasião especial. Mas, mais uma vez é um problema meu, não gosto, por isso até aqui nunca lidei. Devia ter tido uma terapia antes de engravidar...

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  15. Aos 14 e (quase ) 12 não minto nem omito. A verdade pode ser dita sem ser nua e crua.Sem magoar nem ofender. O meu filho recusava-se a falar de morte ou da eventualidade de um dos pais morrer até ao ano passado.(!2/13 anos) Mas com a Madalena (quase 12) o problema nem se pôe não está nem aí nem é assunto que a preocupe . As mais novas não o abordam...Depende da sensibilade de cada um dos miudos...

    O dinheiro é uma coisa chata de se falar mas a partis de certa altura passaram a gerir eles próprios as moedas que os avós lhes iam dando... Se querem "porcarias" levam o dinheiro e vão comprá-las. Os mais velhos já dão valor ao dinheiro,e não gostam nada quando têm de gastar do deles .Por exemplo se querem roupa ( e não precisam) juntam e compram, jogos e musicas também...
    MAs o meu mundo é um mundo à parte os meus filhos são todos mais velhos que os minusculos...

    Rita

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  16. As idades são muito diferentes, é verdade e não se pode comparar, para mim 10 anos de diferença é uma eternidade inimaginavel...

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  17. Rita, os meus "filhos" estão mais na casa dos teus, e é verdade as diferenças de idade, nestes temas são enormes.
    Continuo na minha (teimosia), nós é que transmitimos o medo, os problemas, a ansiedade na voz... e eles sentem.
    Faço um esforço diário por não passar os meus receios e temores para a geração seguinte, o que faz com que por vezes tenha mesmo que omitir certas ideias ou acontecimentos. Outras vezes, tal não foi a contenção anterior, que sai tudo, o que se quer dizer e o que não se quer. O meio-termo é um pico tão alto nesta montanha da vida... (é pá, esta foi poética, não sou nada destas coisas, desculpa, mãe que capotou!)

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  18. As idades são muito diferentes, é verdade, mas o princípio de dizer a verdade mantém-se inalterado. A questão é escolher as palavras certas para cada idade.

    Há um livro do Gérard Sévérin muito bom sobre isso. Queres que to empreste?
    Chama-se "Papa, Maman, dites-moi pour de vrai" (em português: Papá, Mamã, digam-me a verdade").

    Da contra-capa:
    "A criança torna-se homem pela verdade". "Falar-lhe verdade", "falar-lhe a sério" deveria ser um princípio de todos aqueles que cuidam dela e se preocupam em torná-la autónoma. Assim, estabelecem com ela uma relação de prazer e de palavra. No seguimento das questões surgidas em reuniões de pais, Gérard Sévérin fala das etapas deste despertar e desta vida, partilhadas entre pais e filhos: o deixar de mamar, os choros, o asseio, o ser capaz de andar, bem como a relação mãe-filho ou pai-filho, a agressividade e o ciúme, os avós à guarda de quem deixar a criança, a vida sexual e as questões sobre vida e morte, sobre aquilo que nos ultrapassa... Com este livro apercebemo-nos que cada um pode conseguir encontrar as suas próprias palavras para dissipar as angústias, dizer à criança a verdade da sua história, e comunicar-lhe o desejo de crescer em alegria.

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  19. Desse livro, sobre a morte:
    Os adultos angustiam-se de tal forma em relação à morte que a sua angústia assusta a criança. Ela lê-a nos olhos... E faz calar em si o que queria dizer. No entanto, se o adulto permite que a criança o interrogue, quantas perguntas! "Papá, quando morremos, para onde vai o corpo?" (subentende-se: em que se transforma, que é feito dele?)
    Perante a morte, as crianças têm em si as mesmas interrogações, têm a mesma atitude que os adultos. A pouco e pouco tomam consciência da morte, descobrindo a diferença entre o que era animado e se torna inanimado, e também adquirido um certo sentido do tempo, da duração. Ou seja, quando chegam mais ou menos aos dois anos de idade, as crianças sentem o carácter definitivo da morte: as flores murchas nunca mais voltarão a ficar viçosas, o passarinho nunca mais vai voar, o avô nunca mais vai falar.
    Simultaneamente a esta realidade, é necessário situar a criança numa dinâmica: "não foste tu que morreste, foi o avô, ou o gato da vizinha... tu estás bem vivo, o teu tempo é de vida".

    São mais duas páginas. Vou começar a abreviar:

    (...)
    Muitas vezes as pessoas crescidas tentam evitar à criança a visão da morte de um seu familiar ou de amigos. Crendo que ela sentirá o mesmo que elas, querem poupá-la a isso. Mas apenas a criança sabe se quer e pode ver o defunto.
    (...)
    Este encontro deverá ser acompanhado de palavras que dêem sentido a esse momento e esse acto: "Vês, a tua avó morreu mas tu estás vivo".
    (...)
    É preciso repetir-lhe que este defunto amado, insubstituível, nunca morrerá verdadeiramente para ela: "o avô vai ficar guardado no teu coração... podes falar com a tua mãe, que está aqui, guardada no teu coração..."
    A vida com aqueles que nos deixaram chama-se lembrança. Eles já não podem ter o mesmo papel que tinham, mas continuam a viver no nosso coração e continuam, assim, a amar-nos.
    (...)
    O adulto que fala assim, permite à criança viver e separa-a do defunto amado. Uma criança que perdeu o pai tem a impressão de ter perdido qualquer coisa de si próprio, de ter perdido de vista o seu modelo. Se um adulto lhe diz e rediz "não foste tu que morreste, tu podes viver", estará a dar-lhe o direito de se tornar autónomo, isto é, pai de si próprio: ele tem futuro.
    (...) Alguns adultos, desejando aliviar a dor da criança, dizem-lhe que o defunto partiu para uma longa viagem, que irá voltar dali a muito tempo. Contam-lhe histórias... mas ela sabe perfeitamente que lhe mentem. Esta solidão será aliviada se a criança encontrar um adulto que lhe fale de uma forma positiva do desaparecido (...). O adulto deve permitir-lhe a sua dor e chamar o defunto, deve acompanhá-la na sua dor. A criança guardará, assim, no seu coração e no seu espírito, a imagem, o amor, as palavras do ser amado. Poderá, apesar do sofrimento e da separação, viver e crescer.

    Ufff.

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  20. Ainda está aqui alguém?
    Era só mais uma palavrinha, sobre o momento em que somos confrontados com a mentira do Pai Natal ou da Fadinha dos Dentes. A verdade é que nós fizemos esse jogo porque acreditávamos que dava prazer aos nossos filhos. Eu diria aos meus filhos: "Pensei que tu gostavas de acreditar nisso. Mas se achas que foi uma asneira, peço-te desculpa. Não foi para me rir de ti, foi porque achei que te estava a dar uma coisa boa, tanto mais que os outros pais também contam o mesmo aos seus filhos. Queres que te diga agora tudo o que inventámos para as crianças? Mas não contes aos outros meninos, eles talvez prefiram continuar a acreditar mais alguns anos."

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  21. E esqueci-me do mais importante: o minúsculo já está outra vez como novo?

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  22. Helena - Antes de mais queres quantos scones ? Cha Kusmi ? O minusculo esta a melhorar, obrigado, contamos ir a uma festa esta tarde e tudo, ah, a bela vida das mães a tempo inteiro...

    Acho que percebi onde é que esse livro quer chegar, e percebi também um erro recorrente que faço, não apenas com os minusculos, mas com toda a gente em geral, eu transfiro o que sinto nos outros constantemente e isso origina erros de comunicação, interpretação e existenciais enormes. Vou respirar fundo nesta tisana de limão verde e vou tentar libertar-me desta mania corrosiva.
    Mais cedo do que tu pensas vou começar a ler os livros para crianças com a morte incluida e vou explica-la. Ainda por cima, como são ainda pequeno (acho que ainda vou a tempo, obrigada comentadoras !) nem vou ter que entrar em grandes detalhes no inicio.
    Mais tarde, talvez na adolescência vou mostrar o Principe Carlos e explicar-lhes que o Walt Disney nunca estudou a monarquia.

    PS: Não precisava de ter deparado com isto (http://www.slate.fr/lien/33173/immortel-scientifique-possible) esta manhã ao querer aceder aos meus e-mails. Bom, vou-me dizer que não é uma publicação séria.

    Helena, esse livro fala da relação com o dinheiro e o capitalismo, ou do egoismo ou da alienação em relação ao sofrimento dos outros ? Ainda estou com problemas em "aceitar" e explicar isto.

    SofiAlgarvia - Acredito que seja uma boa "teimosia" e a poesia é bem-vinda, estou tão capotada, que so podera fazer bem.

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  23. Vou anotar num post-it esse argumento sobre as historias fantasticas e o seu fim. Boa ! Assim tenho a certeza de ter a resposta na ponta da lingua.
    Helena, uma pergunta, como te sentes, sabendo que estas a tomar uma parte activa na educação dos meus minusculos ?

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  24. Scones? Uma batelada deles!
    Levo compota de mango.

    Acho que os miúdos gostam tanto dos contos tradicionais infantis justamente porque eles tocam questões existenciais (olha só Hansel e Gretel: o pai que abandona os filhos, a bruxa que os quer comer!) com toda a frontalidade. Falar é sempre muito melhor que silenciar, e ler aos miúdos esses contos permite-lhes falar sobre as suas próprias angústias.
    Nós temos livros infantis sobre a própria morte. Acho um deles delicioso: A Viagem para Ugri- La- Brek de Thomas Tidholm e Anna-Clara Tidholm (em alemão). Conta a história de dois miúdos cujo avô desapareceu, e os pais não querem falar sobre isso. Os miúdos põem-se a caminho - e o texto é completamente irreal: primeiro têm de comer um milhão de ervilhas, e isso dura séculos, depois andam milhares de anos na floresta atrás da casa deles - e chegam a um sítio muito pacífico onde o avô está calmamente sentado a jogar cartas com amigos. "Trouxemos-te os teus óculos", diz a neta. "Obrigado", diz o avô, "mas aqui não preciso deles". Ao longe ouve-se a voz da mãe, que os chama para jantar. Os miúdos regressam a casa, e agora sabem tudo sobre o avô. Apesar de os pais continuarem mudos.

    Tema seguinte: qual é o teu problema com o dinheiro e o capitalismo? No meu livro acho que não fala sobre isso, mas tenho por aqui uns Marx e uns Engels para folhear.

    Quanto ao egoísmo e à alienação: suspeito que quanto mais for permitido a uma pessoa falar de si própria e ser escutada com verdade e atenção, mais facilmente ela está livre para se interessar pelos outros.

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  25. Eu não tenho culpa! Eu não fiz nada! Não me responsabilizes!
    ;-)

    Olha: obrigada por essa confiança e simplicidade. Este mundo anda tão cheio de mães que sabem tudo (a começar por mim, como se vê nos comentários anteriores...) que faz bem haver alguém capaz de assumir que não tem certezas, alguém capaz de escutar.

    Eu tive muita sorte: houve várias pessoas na minha vida capazes de me oferecerem as palavras certas que me ajudaram a encontrar o meu rumo. Este livro do Sévérin foi-me oferecido durante a minha primeira gravidez. Acho que me ajudou imenso a alargar os horizontes.

    Mas atenção: sobre mentir, tenho ideias claras. Sobre outras coisas, aimêdês a minha vida! Não penses que sou infalível e que tenho sempre resposta para tudo. Pergunta aos meus filhos: gostam muito de mim, mas preferiam ter outra mãe.

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  26. ora bem... eu vou recuar até à data que ficou por ler e começo a partir daí com jeitinho e muita calma. Diz que tenho aqui um verdadeiro romance para me entreter :)

    beijos

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  27. Eu sei, eu sei, esses contos são boas feramentas para se falar e exorcisar assuntos complicados, mas um dia li um livro dos irmãos Grimm, tal como tinha sido escrito e aquilo pareceu-me mais sanguinolento do que o pesadelo em Elm Street 3 e fuji a sete pés, tinha "apenas" 24 anos... acho que vou ter que retomar essas leituras pesadas. Mas não me interpretes mal, também não gosto dos contos demasiado rosinhas...que tanto mal me fizeram mais o meu amr platoinico dos meus 15 anos... Joãozinho, tão querido que ele era...

    Nem sempre sou assim também, tãão encapotada, às vezes também tenho certezas e intuições fortes. Mesmo sobre este tema das mentiras também tinha, teoricamente falando, também era pela verdade, mas às tantas, com esta mania de proteger... baralhei tudo. Acho que ainda é possivel re-encarrilhar-me. Sim, estou no bom caminho.

    O meu problema com o dinheiro vem de ha muito tempo e penso que preciso mesmo de ajuda profissional. Tudo começou com um pai economista, explicações furadas de calculo financeiro, certificados de aforro que foram à vida na minha primeira viagem em Paris, Marx lido aos 14 anos, um emprego demasiado bem pago (sim, isto existe, e aconteceu comigo) para alguém com alma de proletaria, sensações de agorofobia nos centros comerciaiis, um outro emprego trocado quase sem pensar por uma maternidade e um blogue duvidoso... devo continuar ?

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  28. Costinhas - Bem-vinda ! Não faças isso, por amor da Santa padroeira das neves e das quedas sem ossos partidos ! Com tantos bons livros a ler por ai ...
    Para a proxima segunda/terça feira havera novo workshop.
    Não esquece, admito que gostava de conhecer a tua posição maternal nesta quaestão das mentiras/protecções/omissões.
    Depois, logo a seguir podes ir à tua vida.

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  29. Continua, continua.
    Se achas que tens dinheiro a mais, mando-te já o meu NIB. Eu não tenho esses pruridos... ;-)
    Se achas que ganhas mais dinheiro do que é justo, talvez o mais simples seja dares a parte excedente a quem precise mesmo.
    Bem sei que o melhor era mudar o mundo, mas não temos maneira de o fazer de um momento para o outro. Mais nos vale pegar por uma pequena ponta, e mudar aí.

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  30. O emprego que me dava dinheiro a mais do que eu precisava, mandei-o à fava para vir viver uma historia de amor em Paris, com o actual pai dos meus filhos, se isto não é ter lido historias-de-princesas-com-mães-que-não morrem a mais, não sei o que podera ser.
    Não dei o $, que nessa altura andava a pensar fazer uma volta ao mundo que nunca se concretizou (grande snif!), mas é verdade que me possibilitou ir viver durante 1 ano em Paris sem emprego, o que ja não é mau.
    Quanto a mudar o mundo, as intenções até estão aqui, mas ainda não passei à pratica. Mentira, ja passei, mas a uma pequena escala. Deve ser o tal começo...

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  31. isto pode parecer um bocado parvo, mas aos 17 meses da leonor a verdade e a mentira surgem no seguinte contexto simples:

    > o pai sai para ir jogar futebol com os amigos perto da hora do jantar e já só volta quando ela dorme

    ele sai...
    ela: o papá?
    eu: o papá saiu.

    saiu, neste contexto é significado de uma ausência muuuuuito prolongada e ela já percebe isso.
    outro dia ele foi por o lixo...

    ele sai...
    ela: o papá?
    eu: o papá já vem.
    passados uns minutinhos ele regressou.

    ela agora acredita na minha palavra e eu tive que explicar à minha mãe e à minha sogra que ela não pode ser enganada nestas matérias, que são coisas simples. assim já a preparamos para os assuntos mais "barra pesada" que virão no futuro.

    curiosamente eu e o rui já debatemos o assunto da morte. outro dia estava ele no futebol e eu ainda brincava com ela quando me deu uma dor de barriga. eu fiquei durante uns instante imóvel e ele nem deu conta, nao percebeu. a primeira coisa que me ocorreu foi: e se eu morresse aqui e agora? continuei imóvel, mas depois fiquei perturbada com a possibiliade dela se assustar naquele momento ou num futuro mais ou menos próximo. foi uma experiência tola, mas senti agora a necessidade de a partilhar :(

    tanto a verdade como a mentira fazem parte de nós. usamos a mentira para proteger alguém, e isso não tem nada de errado, no entanto ão há nada mais interessante como arranjar a melhor maneira de contar a verdade.

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  32. **SOFIA** - Concluiste bem, com inteligência e sensibilidade tudo pode ser aceite. A mentira acaba por ser o caminho mais facil do momento, mas ja dizia o ditado "tem pernas curtas" até a que vem carregada de boas intenções...

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  33. Desculpa vir muito tarde -posso responder mesmo sem direito ao scone?
    adorei os testemunhos de facto aprende-se nesta troca de ideias e experiencias.
    Cá por casa somos apologistas de não mentir-nem dourar as coisas -isso a juntar ao facto do nosso mais velho(menos de 5anos) ser muito curioso e perspicaz desde cedo...ás vezes preferia que fosse menos um pouco para não sermos apanhados a gaguejar-optamos sempre pela verdade adaptada á idade-ainda não tivemos de lidar com a morte de pessoas -se calhar nesta altura optamos pela estrela...não sei ainda não pensei nisso-Mas acho sempre mais fácil a verdade -do que a mentira-

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  34. Antes de mais, peço desculpa por não ler tudo o que já foi dito para trás.

    Esta é daquelas coisas sobre a qual não te sei dar a minha posição exacta porque para mim, nunca se deve mentir mas sim ajustar a verdade ao seu entendimento nas questões da vida, mas fantasiar sim, e acho até que ajuda a estimular a imaginação, pelo menos até eles espetarem-nos com um "daaaahhh mãe".

    Aqui em casa existe:

    - o Pai Natal, figura que NUNCA se deixa ver e que deixa somente uma pequena lembrança nos sapatinhos das crianças na noite de Natal. Todos os outros pais Natal que se vêem são pessoas mascaradas que ajudam o verdadeiro a recolher os desejos dos meninos. O verdadeiro mora no Pólo Norte, tem mesmo renas a pastar no quintal e só se veste assim para distribuir os presentes. Todos os restantes presentes são dados por família e amigos e são abertos na véspera de Natal.

    - a Fada dos Dentes, existe, tem uma letra bonita e também nunca se deixa ver. As fadas (de qualquer tipo) só existem enquanto os meninos acreditarem que elas existem e se deixarem de acreditar, elas deixam de aparecer. As Winx também existem e vivem lá em cima e são capazes de aparecer em sonhos e de nos levar a Magix se se adormecer a pensar nelas com muita força.

    - os monstros não existem, mas quando eles teimam que sim, então vivem noutro planeta e não entram lá em casa porque têm medo do Rufus e porque também temos umas janelas com um revestimento especial anti-monstros.

    - há fábricas que fazem nuvens. Esta foi ela que descobriu e a ideia ficou. No entretanto, há conhecem o ciclo da água, mas a fábrica das nuvens mantém a produção.

    Fora isso, a morte, o nascimento, o dinheiro, a riqueza, a pobreza e todas as outras questões da vida a sério são sempre tratadas de frente e sem mentiras, dando-lhes apenas a quantidade de informação que eles conseguem processar.

    A única excepção neste caso é quando eles são confrontados com verdades de terceiros que não são as minhas, mas que para mim não justifica que os baralhe com isso (como quando disseram à Joana que a sua avó estava no Céu). Nessa altura eu explico que há quem acredite nessa "verdade" mas que eu acredito em outra e que ambas as verdades podem existir.

    Era isto ou saí do tópico?

    beijos que já me doem a ponta dos dedos :p

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