17.9.14

O meu garoto em Ipanema


Fez seis anos no Brasil. Longe de muitos, perto do seu centro. Do mundo.
O mais entusiasta da tribo, o mais dado a saudades fulgurantes. O meu menino, tão cheio de graça.
Pediu como prenda um castelo de areia gigante. Iniciamos a construção a oito mãos, a alguns quilómetros a sul do Rio, na praia do meio, em Trindade. A meio mudou de ideias, é difícil resistir ao apelo do mar da praia do meio - talvez seja por isso que se chame assim - correram os três para um mergulho eu fiquei a enfeitar o castelo com flores vermelhas, que tinha colhido do chão no caminho da praia. Quero que hoje tudo seja bonito. Se calhar, sou este tipo de fútil.
Já sabe mentir e dizer que ainda tem cinco anos para pagar menos de ingresso, sabe cozinhar a melhor pasta de atum da vossa vida, (mesmo que para isso tenha que, ilicitamente, se provisionar de pacotinhos de ketchup e mayonese nos restaurantes por onde passa), sabe que vai ser mais feliz se partilhar o que tem com a irmã, não hesita em festejar efusivamente o que considera festejável - esteja onde estiver, apresente-se a ocasião que se apresente -  e ainda não esqueceu que um abraço dos pais cura tudo.
Por onde ele passa, tudo fica mais cheio de graça.
Antes de nascer este meu belo filho, o ultimo de uma longa série de dois, pedi, como é costume, que viesse perfeitinho.
Veio muito melhor, com todas as suas imperfeições.

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