Primeiro dia de "volta ao mundo", que se calhar começou anteontem. Ou no dia em que começamos a falar de a fazer. Muito complicado saber quando é que uma ideia começa a deixar a realidade acontecer.
Corremos de um desembarque para um embarque, no aeroporto de Heathrow. As malas não. Estamos vestidos com as roupas de avião, quando lutamos para tirar a foto com o Cristo Redentor. Tudo bom.
Acordei cansada, mas mais cedo do que era preciso. Não sei o que é suposto. Decidiram por mim uma visita ao Corcovado. Não gosto deste Cristo. Ou do que se faz em seu nome. Ou do que se faz apesar dele.
Os portugueses, quando aqui chegaram, chamaram a este monte o Pico da Tentação. Porque se mudou de ideias ?
Mas funciona. Os turistas atiram-se ao chão para tirarem a foto perfeita com a estátua atrás. Todos vão para casa com um penetra involuntário na foto : um japonês, um americano, um francês, um filho meu. Hoje é o dia 2 de Setembro de 2014, estou cansada, com dores de cabeça e estou à espera dos meus filhos num parque em Cosme Velho. Mas é um dia bom. Estão dois tucanos de bico preto em cima das árvores, é estranho não os ver em gaiolas, este é o seu lugar, mas parecem-me irreais, improváveis. A minha forma de olhar o mundo ficou mesmo mundo distorcida com este anos todos. A minha filha não sabia que haviam pássaros assim, tão bonitos como borboletas. Brinca com duas meninas com t-shirts do colégio São Vicente de Paulo. Foi um dia que valeu. Ainda nem sequer fomos roubados.
A fotografia fui eu que a tirei. Existem milhões como esta na net, mas esta fui eu que que captei, que escolhi o enquadramento, carreguei no botãozinho. Não é original, mas arrepiei-me quando a fiz : eu estou aqui. Uma mulher ao meu lado tirou uma parecida, depois aplicou um filtro e enviou para o instagram. Um filtro. A mulher viu o mesmo que eu e achou que a imagem perfeita precisava de uma correcção. A correcção enviada a todo o seu mundo. Deve ter tido muito likes, vivemos num mundo que aprecia a realidade corrigida.
Na praia de Ipanema não há correcção possível. Aquilo é o que é. Sinto um misto de adrenalina e prazer que não estava à espera. Uma praia, não é uma praia, não é uma praia. Gosto de estar aqui. Tenho medo de tirar fotos com a minha maquina, tenho que fotografar tudo mentalmente, os meus filhos a mergulhar na águas que uma carioca me disse estar fria. Esta óptima. Os vendedores de tudo não me incomodam, como me incomodariam noutros lugares. Porque tudo isto é lindo, tudo muito natural. Abro muito os olhos, não quero perder nada. Sinto que um sorriso parvo em permanência, mas quanto a isto não posso fazer nada. Estou aqui. Viver na praia é diferente de ir à praia. A estrada acabou, a calçada portuguesa deu lugar à areia, mas a vida continuou na mesma. Não sei explicar melhor, tudo o que li, não é bem assim. Não vou fazer melhor. Isto foi mesmo uma boa ideia. Preciso de comprar cuecas novas.
Like ;)
ResponderEliminarE cuecas basta lavá-las no lavatório e deixar secar durante a noite. Isto se ligarem o ar condicionado. Se forem puristas do estado do tempo, não secam. Andas à cowboy no dia seguinte.
Qualquer problema que tenha com lingerie e ja sei com quem tenho que falar.
EliminarIsto foi mesmo uma boa ideia! Não parem, estou a gostar muito. :)
ResponderEliminarAinda bem, ainda bem. Estou aqui para servir. :)
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ResponderEliminarCaraca...que post mais legau.... !!!!***
ResponderEliminarOra essa, são seus olhos, viu ?
EliminarHoje de manhã já me tinha lembrado: kapput onde andas tu? Dá notícias....
ResponderEliminarEntão o Rio de Janeiro continua lindo!
Maravilhoso !
EliminarPois foi, pois foi. Uma belíssima ideia. E um belíssimo texto. Aguardo ansiosamente pelos próximos.
ResponderEliminarEstão chegando.
EliminarAndei muito sozinha pelo Rio, inclusive de Onibus, coisa que é considerada de brasileiro pobre e não tive receio nenhum, é mais seguro do que dizem, é preciso o mesmo cuidado que noutras cidades grandes. Vá à praia vermelha, é pequenina e linda, embora bem menos badalada. E não perca as rodas de samba, são o melhor do Rio, na rua, sem pagar nada, com todo o povo dançando e cantando....um dia também quero tirar um ano assim como vocês, com a vossa coaragem....mas ficarei mesmo pela América Latna, só o Brasil é imenso e conheço muito pouco. Cheguei aqui via dois dedos de conversa e gostei muito. Continuarei a ler.
ResponderEliminar~CC~
PS. Quanto às malas já me aconteceu o mesmo...e sim, as cuecas foram o maior problema, o resto aguenta-se :)
Também tinha essa sensação, mas pareceu-me estar acompanhada por muitos tipos de gente. Mas também não sei se sou muito boa a julgar a classe socio-economica das pessoas.
EliminarRodas de samba, ainda não conseguimos, talvez no proximo fim de semana.
Que giro! Estou no Rio também, meio deslocada. É engraçado seguir estes posts de uma realidade que estou a partilhar.
ResponderEliminarEu gostava de fazer uma trilha a pé no Rio, mas dizem que sozinha não dá. Por mim podíamos encontrar-nos todos e ir à Pedra da Gávea. Dizem que tem a melhor vista! Querem?
Agora fomos para Ilha Grande, tanta gente a dizer mal das praias do Rio, deu nisto, quisemos vir conhecer o paraiso. Voltaremos para o Rio no final da semana, se ainda estiveres por ai, diz qualquer coisa.
EliminarEstou cá até Dezembro! Tenho seguido o blogue há um tempo, por isso parece-me que gostariam de dar uma volta assim: pela natureza e com vista. Mas não quero intrometer-me na vossa volta espectacular pelo mundo. Bjs
EliminarAté Dezembro ? Que sorte ! Tens um blogue a contar esta experiência ?
EliminarNão tivémos internet durante uns dias, vamos embora amanhã, agora ando à procura de uma roda de samba para domingo, queres vir sambar conosco?
Olá! Espero que tenhas ido a uma roda de samba. No domingo à noite estive por santa teresa à noite e havia roda no museu do bonde. Lembrei-me de vocês. Boa continuação de viagem! Acho que já gosto mais do Rio pelo que te leio.
Eliminarbjs