24.8.13
Sair do armário
Uma coisa era certa : estávamos outra vez a fugir. Não sabíamos do quê, mas nem sempre se pode controlar motivações, instintos ou vontades de queijo regional. Estávamos com pressa e íamos a uma velocidade que nunca revelarei a quem nos tem vindo a emprestar o carro. Beijinhos, beijinhos. Tínhamos que chegar a tempo.
Juntos, perdemos aviões, carreiras, carteiras, paciências, óperas e outras ninharias, mas desta vez, íamos dar o nosso melhor.
Eram vinte em ponto - para quem tem a generosidade de arredondar a menos de quinze minutos. Havia algo de burguês naquela marcação de mesa, mas tinham-nos assegurado que se não fosse assim, não valeria sequer a pena. Nem só do estômago vivia o homem, a mulher e essa estranha ideia de casal que anda tão em voga desde que nascemos. O pôr do sol mais português de Portugal, foi nosso.
O solo daquela Beira, dos meus pés.
Aquela pedra enorme, infelizmente, da minha cabeça.
Esta escapadela a dois, deve ter salvo o nosso casal - que não sabíamos em apuros, mas todas as revistas de Agosto nos preveniam que sim. Abençoadas. À cautela, escapámos. E fugimos. E escapulimos. Ainda se falou do ridículo de se ter uma vida que precisa de fugas e de como ainda havemos de viver a fugir. Ou fugir a viver. Sonhos. Devaneios. Mas por aquela altura, já não éramos nós que falávamos. O meu avô chama-lhe pomada. Eu digo que faz o seu efeito.
Se, a esta altura, cara leitora, está com uma sensação que este texto não tem nada a ver consigo. Se começou com dúvidas acerca do mesmo. Se não acredita que lhe trará nunca algo de novo. Relaxe. Vai ser pior, daqui em diante.
Por volta do meio do mês de Junho do corrente ano, arrumei o meu armário. Ponto. Parágrafo. Um dia inteiro naquilo. Com muitas interrupções, que tinha descoberto uma nova pastelaria perto de casa e estava no meio de um estudo comparativo rigorosíssimo, sobre onde deveria passar a comprar os meus éclaires au caffé da morte. Lembro-me como se fosse ontem. A Divine Shape achou aquilo suspeito, mas passados dois meses, mais coisa menos coisa, mandou a novidade para o mundo : eu tinha arrumado o armário.
E ela tem provas para o mostrar.
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Tive a sensação, ao ler a entrevista, que és mesmo como te imagino!
ResponderEliminarAi, caraças, espero que não te estejas a referir à parte em que digo que se calhar vou andar nua daqui a uns anos. Juro-te que sou muito compostinha e púdicazinha.
EliminarFugir é bom. Às vezes. E pintar as unhas também pode ser engraçado, ou necessário. Depilar as sobrancelhas, no meu caso, é mesmo uma necessidade :)
ResponderEliminarFugir é um modo de vida como todos os outros.
EliminarQuanto às sobrancelhas, depende, depende. Ainda havemos de ver uma moda em que elas devem ser como as da Frida e depois logo falamos.
Vou ler com atenção.
ResponderEliminarGosto muito dessa tua estratégia de andar em fuga permanente e aproveitar a paisagem, pelo caminho (gosto mesmo).
ResponderEliminarQuanto ao armário, tenho pena que a entrevista não consiga captar como és uma mulher cheia de estilo independentemente do que veste. Devias dar workshops disso. A Calita ia, garantidamente :)
Ahahahaha !
EliminarPois ia, pois ia :D
Eliminareu adoro este blog. gosto, gosto, gosto.
ResponderEliminarOlha, que estou capaz de fazer um bolo de chocolate para agradecer este comentario.
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