Fui apanhada pelo meu filho a roubar-lhe um ovinho de chocolate minúsculo, ficou furioso porque não lho pedi, não faço ideia onde é que foi buscar tanto apego à propriedade privada, ele dá tudo, que dá, mas quer que lhe peçam, é muito procedurial, pedi-lhe desculpa muito contrariada. O meu filho é um cão. Chega à praia começa a correr, entra dentro daquele mar, onde tinha nevado na véspera, ainda com os sapatos e tudo. O ar puro é-lhe prejudicial, enlouquece. Andou de bicicleta, de trotinette, correu, rebolou, jogou futebol, voltou ao princípio da lista e começou tudo de novo. Várias e repetidas vezes. Estavam perto de zero graus, as primaveras estavam em flor, vimos dois burros a festejar a nova estação, eu usei luvas, o meu filho esteve permanentemente transpirado. Tomou tantos banhos como nas férias de Verão. A minha filha. A minha filha comeu o segundo ovo de chocolate que encontrou no jardim da avó, as regras dizem que primeiro apanha-se todos os ovos e depois comem-se. A minha filha está-se nas tintas para as regras. Aliás, esta começa a ser a principal componente da sua personalidade estar-se nas tintas para as regras. Não cria conflitos, não se assume rebelde, não reenvindica uma causa, mas só faz o que lhe apetece. Um espírito livre. Coitada da professora, digo eu em voz alta para afastar a minha sorte e parte da história. O meu namorado. O meu namorado andou a correr atrás do filho, o que muito provavelmente faz dele um cão também. Transpira menos, no entanto, e evita entrar no mar calçado. Detesta cada vez mais as regras e começa lentamente a detestar o final dos fins de semana. Acredito que cada vez deteste mais o trabalho.
Eu ? Eu bebi cidra e vinho, eu comi camembert, eu assisti àquilo tudo e até fui com eles visitar um moinho recentemente reabilitado, coitado, eu li o Verão de 2012 como se não fosse nada comigo e decididamente gostei muito, tirei fotos dos poissons d'avril que foram sobejamente celebrados com regras por todos, excepto pela minha filha, comprei um prato para bolos de Gien de 1890 com defeito, um achado segundo o vendedor, discuti arquitectura e a evolução paisagística da baixa normandia com a mãe do meu namorado, a avo dos meus filhos. Eu sou pelas pedras velhas, é a unica conclusão a que chego.
Este é um texto descritivo. Livro-vos alguns detalhes de algumas horas. Não esperem encontrar aqui ideias tão cedo. A cabeça não está para isso.
oh, queria tanto uma casinha dessas... e ja estava com saudades tuas...
ResponderEliminar:) Os meus filhos adoram, mas serve apenas para guardar as coisas da praia, uma ilusão, uma ilusão. Quando é que "embarcas" para Lisboa ?
Eliminarfim, fim de abril.
Eliminartu chegas antes ou depois do verão oficial?
O que é que é o Verão oficial ? Chegarei no principio de Julho ! :D
Eliminarentao chegas depois do verao oficial (21 junho) :)
EliminarOficialmente, o Verão começa quando eu chego ! ;)
EliminarDia 21, não vai dar, tenho outros planos : le fête de la musique uuhhh-éuuhh !
parece-me que para ti vai ser um verão azul! :)
EliminarPara nós as duas. Vamos alugar umas bicicletas e sair por Lisboa a assobiar ! E depois comparamos os joelhos esfolados na tal esplanada que entretanto escolheste nas paginas da tua colecção das Time Out.
Eliminarque imagem tão bonita!:)
Eliminarcomo escreves bem...ficava a ler os teus detalhes por horas.
ResponderEliminarObrigada e beijos
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A sério ? Estive quase para não publicar este texto, o que pode interessar a alguém um fim de semana passado na casa da sogra ? Mas ainda bem, ainda bem. Posso viver com este mistério.
EliminarEu encontrei várias ideias no texto. Pode não ter sido de propósito, mas tantas ideias que eu encontrei ;)
ResponderEliminarComer e beber ao terrim tim tim ? E o livro ? Muito giro, muito giro veio comigo da ultima vez, mas não o comprei na Ler Devagar (inserir piscadela de olho) para grande pena minha.
EliminarAi, fazem-me tanto bem estas vossas viagens. Mais sff. E nem me constipo nem nada, é perfeito.
ResponderEliminarNesse caso, e apenas por ti, vamos ver o que é que podemos arranjar para as férias da primavera. Eu não queria, nem devia, que tinha contado poupar uns trocos para um grande projecto no futuro, mas... sem presente havera lugar para um futuro ?
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