2.3.13

Não se calem, P.F.

Estava a falar com uma portuguesa que vive em França - e que vai regressar a Portugal em breve, que se lixe a crise - quando soube que em Paris também ia haver uma manifestação. Que estava já a acontecer como em Lisboa, como no Porto, como em Leiria, como em Londres, como em todo o lado.
Fui a correr, como o podem confirmar os radares da estrada que atravessa o bosque de Bolonha, mas cheguei tarde. Uma hora depois desta Grândola que ainda está longe de deixar de me emocionar.
Fiquei frente à porta do Consulado de Portugal no XVII arrondissement a pensar na Grândola, neste atraso e nesta manifestação que perdi.
...
Na verdade houve duas manifestações em Paris, a primeira com megafone e cem pessoas e depois a minha, à frente da porta do Consulado, sem autorização, nem organização, sozinha. Mas igualmente sentida.

Grândola, vila morena
Terra de fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, o cidade


Dentro de ti, o cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina, um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

A sombra de uma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
A sombra de uma azinheira
Que já não sabia a idade.

10 comentários:

  1. Tu cantaste o Grândola sozinha?
    Valente!

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  2. Respostas
    1. Isso é o que eu digo a toda a gente, mas ninguém me liga nenhuma...

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  3. :)

    Eu também cheguei a atirar para o atrasado. Eu, e muitos. Mas desafinou-se o Grândola (e outras novas!) em corrente, do Marquês de Pombal até ao rio. Ah, a minha cidade fica tão linda cheia de gente a caminhar :)

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    1. Se chegas atrasada com muitos é como se tivesses chegado a horas. Gostava mesmo muito de participar numa manifestação destas com muita gente. Mas por outro lado, gostava que deixassemos rapidamente de ter razões para nos manifestarmos...

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  4. ganda gaja! para a próxima aviso-te. pensei que soubesses.

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    1. Por acaso, também senti uma grande vergonha de não me ter passado pela cabeça que em Paris também se poderia fazer alguma coisa. Fiquei-me pelo "ah ! quem me dera estar em Lisboa... "
      Ganda vergonha, isso sim.

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  5. Estás longe mas sentes o teu país. Eu gostava que os que por cá estão também o sentissem e tivessem ido para a rua gritar (como diz outra do Zeca Afonso).
    No Porto muita gente que empunhava cartazes chorava, não gosto quando o meu povo chora.
    Depois há os outros, os do sofá e os que têm medo ...

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    1. Não digas a ninguém mas sempre que canto esta música também me é muito difícil não chorar, mas isso já data de antes desta crise. O Zeca sabia-la toda.
      Não é por medo que ficam no sofá, é porque não acreditam que este tipo de manifestações vá mudar alguma coisa. Mais outra confissão : também eu não acredito, faz-nos bem estar presente, cantar, mostrar o que sentimos, mas é mais uma forma de terapia do que de luta.
      Quando quero mudar alguma coisa na minha vida, até posso começar a cantar e a protestar, mas de seguida meto mãos à obra para que algo realmente mude. Gosto de pensar nestas manifestações como um começo de algo, um ganhar balanço. O que já é importante. Mas não é suficiente.

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