2.10.12

Sensus Capotansus - Ainda têm tempo para ser crianças ?

Partilhar o momento dos trabalhos de casa com os meus filhos, não anda muito longe da experiência de se viver intensamente um ambiente de manifestação. De um sindicato extremista. Felizmente, neste caso trata-se de um par de revoltados pacifistas e até agora ainda não houve confrontos físicos com a autoridade, ou palavras de ordem de faca e liga na algibeira. Querem mais liberdade, querem fazer o que bem les apetece.
"C'est pas juste !", "J'an ai marre ! alors, vraiment marre!", "Comme ça, les petits travaillent plus que les grands !", "Je peux avoir du chocolat?", "Je suis fatigué", "Je suis crevée!"

Mas que moem...
Autoridade justa e magnânime, questiono : Será que têm razão para protestar ?

Ontem tropecei e cai numa realidade que desconhecia e que à primeira vista me assustou a ponto de ter que atacar o frasco de chocolate para barrar o pão, sem o pão : Crianças de primeiro ciclo trabalham mais do que um adultoNão é esta a vida escolar que conheci, nem que conhecem os meus filhos, que aliás passam por uma cambada de preguiçosos mimados em comparação aos alunos portugueses da mesma idade.

Começou no facebook o que gostava de esmiuçar aqui, o que andam a fazer à vida e ao cérebro dos nossos filhos ? Antes de se discutir de começarmos a atirar tomates - amanhã, amanhã - faço a pergunta inaugural deste sensus capotansus 2012 :

Qual é a rotina dos vossos filhos ? Quanto tempo passam a estudar na escola ? O quê ? Quanto tempo em casa ? E a derradeira : conseguem ter tempo para ser crianças ?

A prata da casa :

Tenho uma filha, linda de morrer, que entrou este ano na primeira classe. A turma dela tinha 26 alunos, mas dois já sabiam ler e passaram para o ano a seguir. Segundo os seus cálculos, agora são 24 alunos. Na reunião com a professora estava feliz da vida com a turma, que lhe parecia calma e interessada, nenhuma queixa em relação ao elevado numero de alunos.

Na primeira classe e alguns bons anos a seguir, estas pobres criaturas têm apenas 4 dias de aulas durante a semana, quarta-feira é para descansar e "ver outras coisas", nas palavras do director. Entram às 8 e saem às 16h. No total, por semana, têm 4 horas de leitura, 4 horas de matemática, 2 horas de expressão escrita, 2 horas de ginástica, 1 hora de natação, 1 hora de inglês, 2 horas de artes visuais, 3 horas de descoberta do mundo.
Temos recomendações que o trabalho de casa dure no máximo 20 minutos, serve apenas para que os pais acompanhem os filhos, os ajudem individualmente no caso de dificuldade e criar hábitos de estudo.
Na quarta-feira, receosa de demasiada liberdade, enquadro-a com desporto durante uma parte da manhã e meia hora de descoberta de musica durante a tarde. Depois, que parta a correr pela floresta, se for caso disso.
O modo "Cada um faz o que lhe apetece" dura durante os quatro dias em que têm aulas, 3 horas, e durante a quarta feira, 6 horas. No fim de semana muita coisa é possivel. Para os filhos e, às vezes, até para os pais.

Pede-se aos pais participação na biblioteca da escola, conforme a disponibilidade, eu faço-o uma ou duas vezes por mês. Devemos gerir a biblioteca, incentivar os alunos a escolher um livro, principalmente os que não gostam de ler, ler um ou dois livros que eles escolhem. A professora não participa, fica na classe com metade da turma. Mais coisa, menos coisa, um terço dos pais ou trabalha em casa ou tem um part time, mas mesmo pais quadros superiores tiram uma ou duas tardes para participarem, verdade seja dita.

Durante um mês têm um estágio para explorarem a fundo in loco, no caso desta escola, podem escolher o circo ou o poney.

A escola e o material é gratuito.

Tendo em conta a personalizada anarquista da minha filha, considerei por uns tempos o método Montesorri. Foram tempos curtos, a mensualidade pode ultrapassar os mil euros, existe uma obrigatoriedade de almoçarem na escola (actualmente almoça apenas duas vezes por semana) e seria preciso irmos de carro (a escola onde anda fica a 5 minutos a pé). Como se vê, mesmo quando se prega igualdade, fraternidade e liberdade, uns são sempre mais iguais do que outros. Nada é perfeito e assim, cabe à minha filha encaixar-se num sistema mais rígido do que ela própria gostaria. E eu. Temos pena. Havemos de sobreviver.

Para informação dos mais picuinhas, um link com alguns dados da educação em França. Maternelle é a pré-primaria, CP é a primeira classe.

Sensus capotansus 2012 - Juntos para percebermos o que andamos aqui a fazer

108 comentários:

  1. O meu ainda está no pré-escolar (3/4 anos), por isso não se pode dizer que "trabalhe" muito.
    No entanto, não posso deixar de assinalar que ele passa em média mais 1h na escola do que eu no trabalho... ora eu trabalho 8h com uma para almoço, significa que ele fica na escola em média quase 10h e isso é muito!

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    1. Mas neste caso, talvez possamos separar o tempo que passa na escola : o tempo que é lazer e faz o que quer e o que tem que obedecer a um programa, ler trabalho. Mas não sei se é muito pertinente. Teriamos que lhe perguntar.

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  2. Aqui e diferente porque ha inumeros metodos educativos a escolher, depende do tipo de escola que se escolhe, montsori, jenaplan, catolica, protestante, livre, etc. A minha experiencia nao espelha o pais inteiro mas sim o metodo que escolhemos e achamos mais adequado para o nosso estilo de vida e tipo de crianca que temos. Nos escolhemos uma escola classica, chamada de openbaar ou seja publica. O ensino basico dura 8 anos e e sempre na mesma escola com uma professora (ou duas porque normalmente trabalham em part-time) por grupo. O horario escolar e das 8.30 as 15.00 excepctuando as quartas e sextas onde nao ha aulas a tarde. O programa e definido pela professora nao ha horas fixas de actividades, so tem de seguir o programa das materias e horas estipuladas pelo ministerio. Normalmente nao ha trabalhos de casa, no entanto na nossa escola comecam a ter trabalhos de casa apartir do grupo 5 (que sao mais umas folhas fotocopiadas que trazem para casa de preparacao para testes, 1 por semana) (a nossa antiga terceira classe). Todo o material escolar e gratis, os livros nao vem para casa e no ano a seguir sao reutilizados. A escola tambem e gratuita. A participacao dos pais nas actividades e enorme, porque na Holanda todas as familias, e quando digo todas nao estou a exagererar trabalham part-time. Nao conheco ninguem cujos pais trabalhem os dois 5 dias por semana. Todos os dias fazem-se combinacoes de brincadeiras com amiguinhos para depois das 3, ora em casa de um ora em casa do outro. As quartas e sextas sao os dias das actividaes extra-escolares, a cargo dos pais, as escolas nao tem esse servico porque la esta sao gratuitas e os pais tem tempo para levar as criancinhas ao tenis, hockey, danca, futebol, aulas de musica, etc etc etc.
    Nao sei como e em Portugal porque nunca tive nenhum filho na escola em Portugal e no meu tempo era diferente. Nao digo que aqui e melhor ou pior. Mas digo que gosto que os meus filhos depois da escola passem a tarde toda na rua a brincar, faca chuva, sol, neve ou frio. ;-)

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    1. Todos esses tipos de escola são gratuitos ?
      Não fazia ideia que havia uma percentagem tão grande de part-time.

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  3. Quando digo que não "trabalha muito" digo-o porque ainda está numa fase em que os dias passados na escola consiste em desenhos livres, em ouvir histórias. Não lhe é propriamente exigido TPC ou coisas do género...

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  4. depois de ler o comentário da Sonia até me dá vontade de rir (descl Sonia, sem querer ofender) mas dá vontade de rir porque aqui neste país á beira mar plantado é TAL E QUAL, NOT :)
    nem para os filhos nem para os pais (e ainda dizem que nós por cá temos de trabalhar mais e a ganhar menos???) não percebo!!! enfim, falando dos filhos, os meus estão numa escola Catolica e são assoberbados com trabalho, estão na escola TODOS os dias das 8,20h ás 16,30h tem dias q a mais nova (8anos) ainda tem mais uma hora de sala de estudo, trazem sempre, SEMPRE, trabalho para casa. Eu acho que os miudos, pelo menos os meus, não têm realmente tempo para brincar! no meu tempo :) só tinha aulas ou de manhã ou de tarde e não era por isso q sabiamos mais ou menos, tb acho que eles hoje começam a ter realmente de estudar muito mais cedo, eu não me lembro de estudar a serio antes de chegar ao secundário.....

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    1. O que retiravas para que a carga fosse menor ? Qual é o teu ideal ?
      E às 16:30 eles saiem da escola e são "livres" ou ficam no ATL ?

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  5. Ora bem... Vamos lá a ver se organizo as minhas ideias, de modo a que isto fique claro o suficiente... Para se situarem as crianças têm neste momento 6 (1º ano) e 8 anos (3º ano). Vivendo num país árabe, optámos por colocá-los numa escola com métodos de ensino europeu. A nossa primeira escolha foi para o Colégio Espanhol, pois achávamos que o choque linguístico não iria ser tão grande. Após as entrevistas e as provas, chegámos à conclusão que eram mais racistas que os árabes, e não foram aceites no Colégio. Procurámos depois alternativas que eram ou os Colégios Franceses (em que só aceitam crianças se os pais dominarem perfeitamente o francês), o Colégio Americano (que sim, seria a escolha ideal se me tivesse saído o Euromilhões, pois tem uma mensalidade de cerca de 1000€ por criança, e aumenta consoante o ano frequentado), ou um Colégio Marroquino, onde ao mesmo tempo funciona o programa árabe e o Internacional, com o Programa de Cambridge. Optámos então por este, no que diz respeito À parte Internacional e foi definitivamente a nossa melhor escolha (se bem que ao princípio não estava muito convencida disso). Em termos de organização do Colégio, não... não estou satisfeita pois ainda há muito a melhorar ( a administração é marroquina), mas tivémos a sorte de "calhar" com um Professor com P maiúsculo mesmo... Este ano estão ambos na mesma sala, onde há no total 14 alunos do 1º, 2º e 3º ano.
    As aulas começam às 8h30 e terminam às 14h30 com um intervalo de 30 minutos a meio da manhã e, mais um de 45 minutos para almoçar. Ao longo do dia têm blocos de 40 minutos, de Matemática (4 x por semana), Inglês (6 vezes por semana; há dias que têm de manhã e de tarde), Geografia (1x por semana), Francês (4x por semana), Educação Física (2x por semana), Informática (1x por semana), História (1x por semana), Árabe (4x por semana), Arte (1x por semana), Ciências (1x por semana) e Educação Islâmica (2x por semana). A Educação Islâmica não é obrigatória, mas entre tê-los sozinhos no recreio sem nada para fazer e estarem dentro da sala, optei por deixá-los na sala, e assistem à aula. Nesta fase e como as aulas são dadas em árabe passa-lhes tudo um pouco ao lado e entretêm-se a fazer desenhos ou os trabalhos de casa, mas para mim não é problema que assistam e aprendam o Corão... Quanto a trabalhos de casa, não têm todos os dias, e quando têm são coisas pequenas, que normalmente ou são de inglês, ou de matemática, e a maior parte das vezes fazem-nos com a minha supervisão pois às vezes lá há uma ou outra palavra em inglês que não sabem o que quer dizer.
    Depois de sair do Colégio, a mais velha tem equitação, no verão fez natação e este ano pretende ir para a musica. O mais novo tem futebol e também quer ir para a música. Nos tempos que não estão ou nas actividades ou na escola estão em casa, pois condições para andarem a brincar na rua, aqui não há, pois tem montes de trânsito. Brincam no terraço, assistem televisão, jogam playstation ou computador, mas com horas contadas e sem abusos... Quando está bom por vezes levo-os à pista de patinagem e cansam-se lá um pedaço:) Semanalmente, vamos à Biblioteca do Instituto Espanhol onde temos só o senão de que todos os livros são em espanhol, o que também não é muito grave pois ambos já dominam a lingua, e já entendem bem o que neles está escrito. Aos fins de semana normalmente não estudam, e aproveitamos para sair e passear.

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    1. Resumindo, consideras que têm tempo para brincar à vontade ?
      Mudarias alguma coisa ? Achas que trabalham em demasia ?

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    2. Acredito sinceramente que sim, que têm tempo suficiente para brincarem, quer durante a semana, quer ao fim de semana. Isto porque também tento não os sobrecarregar com actividades extracurriculares, ocupando no máximo um par de horas, duas tardes por semana. É claro que ajuda muito o facto de sairem da escola às 14h30, o que lhes deixa livre praticamente toda a tarde... E relativamente às actividades que têm são eles a escolher o que querem, e não como já li aqui, espelhar neles o que eu gostaria de ter feito, uma vez que tive a sorte de fazer no meu tempo aquilo que quis... Quanto a mudanças, as unicas que faria, nada têm a ver com a qualidade/quantidade de tempo que eles têm fora da escola, mas sim ao nível da organização do Colégio e ao modo de funcionamento.Quanto ao que se passa dentro da sala de aula, estou descansada e já tive oportunidade de verificar que o professor gere muito bem a coisa e não é de opinião que eles tenham muitos trabalhos de casa, não querendo isso dizer que o tempo que passam na escola não tenham que dar o litro... Agora, tenho a plena noção de que eles podem ter este tempo livre porque estou desempregada e, tenho disponibilidade para estar com eles quando saem da escola. E antes de virmos para aqui, eu não tinha esta disponibilidade mas tinha uns avós que davam uma grande ajuda, e nunca tive que os deixar horas infindáveis em ATLs... A minha única preocupação, principalmente com a mais velha é que aos poucos e poucos ela tenha a noção do tempo que precisará dedicar ao estudo e que se vá responsabilizando... E até aqui não tenho forçado muito as horas que dedica ao estudo, para que ela própria se aperceba dos resultados face ao tempo de estudo dedicado. Se eu acho que ela devia trabalhar mais um pouco? Acho! Mas por outro lado, não tem sido necessário, pois o ano passado apesar de não saber uma palavra de inglês quando entrou na escola, acabou o ano, como uma das melhores alunas da sala...

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    3. Estar em casa muda tudo. Infelizmente não pode ser para toda a gente que o quer fazer. E infelizmente mesmo essas pessoas que o querem fazer às vezes também gostavam de querer fazer outras coisas. Falo de mim, que estou em casa, que acho que as vidas dos meus filhos correm bem, porque estou em casa, mas que gostava também de fazer outras coisas, de não ser apenas mãe.
      Conciliação, conciliação.

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    4. Sim é isso mesmo... É uma faca de dois gumes... Ainda ontem comentava com uma amiga, que o ano passado para mim foi uma benção, pois consegui dedicar-me a eles como nunca tinha feito. Ser Formadora Externa em vários Centros de Formação, sendo que o que me ocupava a maior parte da carga horária se situava a 100kms de casa, obrigava-me a sair de casa a maior parte dos dias às 7 da manhã e chegar às 11 da noite, pois também dava muita formação em horário pós-laboral... Durante o dia, era o pai que os deixava no infantário e os is buscar para os deixar nos avós. Depois de ele sair da empresa jantavam todos lá e por volta das 21h30 iam para casa. É claro que quando chegava a casa os miudos já dormiam. A essa hora para mim começava um outro dia. O das tarefas de casa ou de preparação de aulas e correcção de trabalhos, conforme as prioridades. E andava que nem um zombie pois nunca me deitava antes das 2 da manhã. Mas fazia isso com a certeza de que depois no fim de semana não havia roupa para passar, casa para limpar ou tarefas da formação para fazer e podia dedicar-me 100% a eles e ao pai:)
      Agora depois do encantamento do ano passado sinto falta de tempo preenchido. Continuo a dar formação aqui mas só um dia por semana. Felizmente já criei um grupo de amigas que nos vamos juntando de vez em quando e saímos enquanto os miudos estão na escola. Hoje mesmo vou inscrever-me num curso de árabe que me ocupará mais duas manhãs por semana, mas sim... o ideal seria conseguir uma actividade profissional que tivesse exactamente o mesmo horário que eles têm na escola... Mas é complicado...

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    5. Eu sei que é complicado, sinto-no na papel. Espero apenas que não seja impossivel. E que consiga resolver esta situação antes de chegar à idade da reforma.

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    6. O pior é que sinto o tempo a fugir-me e com a certeza de que quanto mais tempo ficar retirada do mundo do trabalho, mais difícil será depois retomar... Por todas as razões...

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    7. Vamos agarrar o tempo ;)
      O que se passa com os filhos e o que se passa no trabalho.

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  6. A minha filha anda no 3º ano. Começou a escolaridade em Lisboa, mas só teve por lá um mês e pouco de aulas, entretanto mudamo-nos para Lugano, na Suíça e é aqui que estuda.
    A carga horária aqui é de 25 horas semanais, entram às 8:30 e saem às 16:15 com duas horas de almoço pelo meio, à 4ª Feira só têm aulas de manhã, até às 11:45. A meio da manhã e a meio da tarde há sempre recreio. Não sei como dividem o tempo entre o italiano, o francês, a matemática e por ai fora, mas no princípio do ano recebemos um horário com as actividades lectivas para além da sala de aula, estas incluem artes criativas, natação, ginástica (2 vezes por semana), canto, uma visita semanal á biblioteca e religião (se os pais quiserem).
    Depois das 16:15 e à 4ª à tarde há muitas actividades que os miúdos podem fazer, há que faça vários desportos, há quem estude música, por ai fora. De qualquer forma há sempre tempo para brincar. É muito comum ficar-se no recreio da escola depois da hora para os miúdos conviverem de forma mais informal e com mais tempo, é normal os miúdos frequentarem as casas dos outros e os pais/mães tratarem-se pelo primeiro nome, porque toda a gente se conhece.
    Quanto aos trabalhos de casa, ainda não consegui encontrar um padrão. Quando fica alguma coisa por acabar ao final do dia é comum eles trazerem para casa para acabar, mas muitas vezes são coisas simples que devem ser terminadas para não ficarem pendentes e prejudicarem o dia seguinte, parece-me. Há alturas em que trazem mais TPC que outras, mas nunca são muitos, uma ficha de matemática, um texto para ler, por ai. Nas férias trazem algumas coisas, mas nada que não se despache em 20/30 minutos por dia, ou numa hora ou duas se for para fazer tudo seguido. Não acho que os TPC que ela traz sejam demasiados e não acho que lhe roubem tempo para brincar, acho até que são bons para nós pais percebermos o que ela já sabe fazer e como está a aprender determinados assuntos, para lhe conhecer os pontos fracos e fortes e ajudar, incentivar onde for preciso.
    Estou muito satisfeita com o ensino aqui, parece-me muito menos formal do que em Portugal, mas no entanto a verdade é que ela lê perfeitamente, escreve impecavelmente (muito melhor do que eu na idade dela, tanto em caligrafia como gramática), faz cálculos mentais rapidamente e acima de tudo, gosta muito de ir para a escola. Ás vezes vejo amigas a comentarem o que os filhos (da idade da minha) estão a aprender e os TPC's que trazem e penso que aqui as coisas devem mesmo ser mais lentas, mas depois percebo que os conhecimentos aqui são explicados de uma forma mais lúdica e as matérias são perfeitamente compreendidas, assimiladas e não empilhadas para serem esquecidas no minuto seguinte.
    Por aqui a escola também é gratuita, os livros e materiais são entregues no princípio do ano e raramente vêm para casa. Não há exigências de lápis assim e réguas assado, é tudo mais simples. Os pais também estão sempre muito presentes, ou porque como mencionaram acima não trabalham full-time ou porque só um dos pais trabalha, como é o caso cá em casa.

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    1. Mas essa percentagem de pais em part-time é grande ?
      Os pais participam na escola ?

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    2. Eu não sei como e nos outros lados e não ando a perguntar a toda a gente o que faz, mas a verdade é que quase todos os miúdos têm pais/mães disponíveis diariamente. Vê-se à porta das escolas todos os dias.
      Aqui não há serviços de ATL com a dimensão do que se faz em Portugal, a própria escola tem um serviço que fica com os miúdos até mais tarde, mas os que o utilizam são meia dúzia comparando com o número de alunos da escola e o horário é no máximo até ás 18:30. Claro que também há pais ocupados a tempo inteiro, tenho aqui em casa um exemplo...
      Quando eu disse lá em cima que aqui em casa só trabalha um, não é bem assim, eu também trabalho, mas não considero o que faço um emprego. Aqui há famílias (como nós) que se disponibilizam a tomar conta dos miúdos de outras famílias quando eles não podem. Por norma são situações que não justificam um infantário (tipo por exemplo, uma mãe que está ocupada às 5ª/6ª mas não nos outros dias) ou então pessoas que não conseguem chegar a horas de ir buscar os miúdos á escola, mas como é um serviço muito flexível, há muitos casos diferentes. Este ano, por acaso, tenho cá dois miúdos em que os pais estão os dois a estudar, a mãe deixa-os cá às 8 e vem busca-los às 17:30, no entretanto eu levo o mais velho á escola e vou buscar, dou lanches, almoços e tal, sempre na minha rotina e nos meus horários.
      Eu não conheço os horários, mas é impossível que as pessoas que encontro todos os dias trabalhem full-time, se estão às 15:30/16:00 sempre disponíveis.
      Os pais não participam na rotina diária da escola, mas nota-se uma interacção muito grande. Quando há actividades toda a gente lá está, toda a gente se conhece. A associação de pais organiza eventos, actividades e cursos para os miúdos, há uma ludoteca (onde também fazem vários workshops criativos) organizada por mães voluntárias e há sempre pais a interagir com os professores e outros elementos da escola, seja por coisas do dia-a-dia ou assuntos como as visitas do dentista, por exemplo.
      Na minha experiência de estudante (e inclui aquilo que via com os meus amigos também) e na minha experiência como mãe, nunca conheci uma realidade em que os pais fossem tão participativos e interactivos na vida escolar como aqui.

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    3. E é fundamental se os pais estão ausentes, por um lado não vão saber o que se passa errado, logo não vão fazer nada para mudar e por outro lado, se a escola quer melhorar algo não o pode fazer porque não vai ter pessoal suficiente para o fazer. Os pais não podem ver a escola com uma atitude de clientelismo, também fazem parte da estrutura, mesmo que pontualmente e também podem fazer parte da solução.
      Aqui o ATL também é muito reduzido em relação ao que vejo em Portugal, e às 18h acaba sem concessões.

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    4. E uma acha para a fogueira: eu, quando era miúda, detestava que os meus pais fossem à reunião de pais. Não era por ser má aluna, era até bastante boa. Não sei o que era, acho que via aquilo com uma invasão da minha privacidade. A escola era minha, era o meu espaço, não deles. Não gostava nada que ficassem a saber as tricas sociais que inivitavelmente saberiam pq eram comentadas na reuniao, tipo A bateu em B, a fulana e sicrana ja não sao amigas, as meninas queixam-se que os rapazes lhes levantam as saias no recreio. Eram os meus problemas. Se eu quisesse contava-lhes. Não queria que eles fossem la meter o bedelho.

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  7. Queria só acrescentar que aqui os livros também são fornecidos pelo colégio, só vêm para casa quando são necessários para os TPC e são reutilizados de ano para ano, e os alunos são sensibilizados a tratá-los convenientemente ao longo do ano, a fim de que possam ser novamente utilizados. Listas de material infindáveis não há, apenas pedem material de escrita... Os primeiros cadernos também são fornecidos pela escola, e os seguintes são comprados na papelaria do colégio a um preço baratíssimo. O colégio é privado, com uma mensalidade para os dois de cerca de 380€.

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  8. Começo pela rotina do meu filho porque foi isso que perguntaste, mas aviso já o texto é longo (mas cheio de conteúdo, claro).

    O meu rapaz de três anos quase quatro passou este ano para um jardim de infância público. A entrada é às 9h e a saída às 15h45/16h, se entrar mais cedo ou sair mais tarde paga (sim, é um estabelecimento de ensino público). Portanto ele chega às 9h e o pai, que está desempregado, vai buscá-lo às 16h. Até agora (desde os 4 meses até junho), ele entrava no infantário privado às 9h30 e saia de lá às 17h30, 18h, 18h30, dependendo das horas a que eu conseguisse sair do trabalho. Depois era chegar a casa, adiantar o jantar, dar banho, jantar, arrumar a cozinha, atirar-me para o sofá extenuada, aturar birras, fazer de conta que brinco aos castelos de legos e esperar pela hora dele ir para a cama para eu desabar em cima da minha. Agora tem mais tempo para brincar. Eu não tenho tanto tempo assim com ele porque ando na fisioterapia e só chego a casa às 18h30/19h. Quando esta saga acabar, sim. Teremos mais tempo para passeios no parque, brincadeiras ao ar livre, corridas, jogos de bola, etc, etc, etc. Ups, desculpa, esqueci-me de que estou em Portugal, no Porto, e que parques e espaços ao ar livre onde estar com as crianças é coisa que escasseia. A não ser que nos queiramos meter no trânsito do fim da tarde e afogar-nos em nervos (anda tudo muito nervoso, por aqui).
    Mas poderemos fazer pinturas e colagens, que ele adora.

    Se ele está hoje uma criança muito diferente do que quando tinha de passar mais horas na escola... não sei, sinceramente acho que não. Se eu prefiro que ele saia da escola mais cedo, prefiro. Se isto é solução no caso do pai arranjar emprego (ah ah ah, empregos, pois sim), não é.

    Quanto ao resto, por aqui, bem sabes, não há dias de folga nem limites horários para o tempo que passam a fazer os trabalhos de casa.

    Quanto ao facto de os alunos portugueses trabalharem mais do que um adulto, a explicação é simples: os pais deixam as crianças nas escolas antes de irem para o trabalho e vão buscá-las depois de sairem do trabalho, a maior parte das vezes tarde e a más horas. Contas feitas: os pais saem mais cedo do trabalho do que os filhos saem da escola. O tempo que eles passam na escola depende, depois, de estarem na escola pública ou na privada. Na escola pública, tanto quanto sei, o "prolongamento" de horário depois das aulas (que pode ou não ter atividades como inglês ou música) só vai até às 18h30. No privado pode ir até às 19h ou 20h, acho eu.

    Há ainda outra questão: a ideia que se foi instalando ao longo dos anos de que os nossos meninos têm de ser muito estimulados, têm de ter muitas atividades, têm de ser os melhores, os mais cultos, etc, etc. Por isso, há muito quem - tendo os filhos na escola pública ou privada - passe o fim da tarde a levá-los e buscá-los ao conservatório de música, à natação, ao ballet, ao judo, ao futebol e sabe-se lá mais o quê. Nada contra. Eu não tive nada disso e gostava de poder oferecer algo mais ao meu filho. Acontece que não posso, não tenho dinheiro. Mas não estou aflita com isso.

    Uma vez falei com o pedopsiquiatra Eduardo Sá que me disse o seguinte: “Trabalho demais faz mal à aprendizagem e recreio de menos também" e "Mais escola não é melhor escola” porque “uma hora de qualidade com os pais é melhor para o crescimento das crianças do que a melhor das escolas”.
    Um especialista em Antropologia da Educação, a disse-me que "para crescer, a criança tem necessidades afetivas, sociais, de valores e de valorização da auto-estima, que “não se encontram na escola, ou nas aulas de música ou natação”. O especialista reprovava mesmo os tradicionais trabalhos de casa, sublinhando que "eles vão ocupar a criança num tempo em que ela devia não ter nada para fazer, para que encontre maneiras de se ocupar e não ter horror ao vazio. Isto será importante pela vida fora. Estes momentos existem e todos temos de ser educados para lidar com isto”.

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    1. Também tendo a acreditar que a aprendizagem não deve passar apenas pelas actividades curriculares e extracurriculares. Acabamos por entrar naquele debate da mãe tigre, mãe urso (eram estes os animais ?).

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  9. A minha mais velha está este ano no 1º ano, anda numa escola católica. Tem 8 horas de lingua portuguesa,8h de matemática e 4h estudo do meio,45m de expressão musical, 45m de expressão dramática, 45m de Expressao fisico-motora e 90 minutos de Expressão pástica e 1h de Religião e moral.Isto semanal.
    Depois tem as actividades extra-curriculares(pagas por fora) onde pode escolher entre: inglês,musica,ginastica,mandarim,judo,danças urbanas.
    A minha filha tem danças urbanas e Inglês,mas 2 horas por semana para cada actividade.
    os TPC existem todos os dias com excepção do fim de semana, e são feitos geralmente na escola enquanto espera por mim(em casa corrigimos ou ajudámos de necessário).
    Como eu trabalho muito cedo as minhas 2 filhas uma no 1º ano e a outra no pré-escolar entram na escola as 8h30 (com o pai) e vou buscá-las ás 18h10 m.
    è muito tempo sim,é muito trabalho e responsabilidades para esta idade. Eu mãe poderia diminuir tirando as actividades,mas ela teria que estar lá na mesma e não ia brincar ia ficar a trabalhar no mesmo. Assim já que tem que estar lá e tem aprende outras valências. Achei a melhor solução,!
    Ás 2ª e 6ª tem ás 18h 30 natação,só chegamos a casa perto das 20h!
    è um corre corre todo o dia que não as deixa ser criança!
    Mas o fim de semana é todo nosso ;) e brincamos muito,gritamos muito também! mas amamo-nos muito!

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    1. Na lingua materna e matematica tem o dobro que as crianças francesas. Como é que possivel uma discrepância assim ?
      E porque é que não poderia brincar se não tivesse essas actividades extra ?
      Aproveitem bem o fim de semana !

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  10. Ok, eu não sei se os meus filhos são um exemplo representativo da maioria dos miúdos aqui em Portugal, acho que não. Tenho o Pedro no 3º ano e o Luis no 1º. Andam ambos na Voz do Operário, uma escola onde se segue a metodologia Escola Moderna. Andam lá por causa disso mesmo, porque fica do outro lado da cidade e não dá jeito nenhum levá-los de manhã.

    Acho que passam lá bastante tempo, por causa do nosso horário. Das 9:00 às 18:00, mais ou menos. A parte que mais me custa, que é mesmo tempo inútil é no final do dia. Eles saem às 16:30, entram na carrinha que os trás ao fim do dia às 17:00 e chegam a casa às 18:10. É o que eles menos gostam e percebo que é uma seca todos os dias percorrer a cidade a despejar miúdos. Eles são os últimos, pois somos os que vivemos mais longe. Às vezes usam esse tempo para ler, fazer desenhos, ou conversar. Mas estão "presos" ali. Isso custa-me.

    Em relação aos trabalhos de casa, o Pedro deve ter trazido trabalhos uma meia dúzia de vezes nestes 2 anos. Às vezes os trabalhos são coisas do género: pesquisar sobre este tema, ler 1 livro (se for nas férias). Portanto acho perfeitamente adequado. Este ano já trás trabalhos de casa mais tradicionais, mas só à terça-feira e tem a semana toda para fazer as 3 ou 4 fichas. Ele faz invariavelmente no Domingo à noite. Não me parece desajustado. E nós não fazemos os trabalhos com ele. Quanto muito esclarecemos alguma dúvida. Ler 1 livro ou pesquisar alguma coisa são trabalhos que o Pedro faz com gosto. Mas fichas (ou seja, trabalho idêntico ao da escola) é uma coisa que o contraria muito. E está sempre a dizer que tem direito ao seu tempo livre, etc. Eu concordo com ele. Neste momento não acho que tenha muita coisa para fazer que justifique eu intrometer-me. E insisto para ele os fazer, mas se não os fizer confesso que não me ralo muito (e acho que a professora também não). Se trouxessem trabalhos todos os dias acho que já tinha ido falar com a escola.

    O Luis (1º ano) ainda não trouxe trabalhos de casa mas a professora disse, na reunião de início de ano, que haveria muito ocasionalmente e que não era para ser fonte de stress. Se não houvesse tempo para fazer, não faziam; se não soubessem resolver alguma coisa não é para os pais explicarem, é para perguntarem no dia seguinte à professora. Portanto também não há stress.

    Para além da escola têm natação 2x por semana, ao final do dia. Por vezes torna esses dias muito cansativos mas achamos ambos importantes a natação como uma competência (para além do factor de saúde/desporto) e é também a altura em que eu e o pai fazemos natação. É também nos balneários que acaba por haver mais conversa entre pai e filhos e que acabamos por ficar a saber muitas das coisas que se passam e que os preocupam. E ficamos com o fim de semana livre.

    No geral, acho que temos uma boa rotina, embora o horário do pai ao final do dia deixe um bocado a desejar. Mas eles têm tempo para brincar. Principalmente um com o outro, tb com a irmã, ou os vizinhos do prédio. acontece muito, ali entre as 18:00 e as 20:00 andarem na casa uns dos outros.

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    1. Não conheço a escola moderna, é possivel explicares em cinco linhas ?
      Qual é a distribuição da carga horaria (português e matematica, por exemplo). E não têm desporto na escola?
      Passam 2 horas no carro, bolas, bolas.

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    2. O movimento escola moderna, acima de tudo respeita a individualidade e os ritmos dos alunos. Não têm que estar todos na mesma fase, aprender a ler todos na mesma semana, etc. Também promove muito a participação democrática. Todas as semana têm um Conselho de Turma à sexta-feira onde se discute a semana, se fala do que correu bem e mal, se procuram soluções em conjunto. É também um momento de auto-avaliação e análise dos miúdos sobre o seu empenho e desempenho durante a semana. Não sei bem como têm a carga horária distribuida pelas disciplinas. Têm ginástica e musica na escola e este ano têm natação, artes dramáticas e artes plásticas (1 destas coisas em cada periodo). Ou seja, neste periodo: ginastica, ed. musical e artes plasticas. Para o próximo trocam as artes plásticas por artes dramáticas, etc. Têm tb um periodo de diário de PIT (plano individual de trabalho) que é o que eles autonomamente se propõe a fazer no inicio de cada semana. Ptto neste periodo uns podem estar a fazer fichas de matematica, outros de portugues, outros desenhos. Como é um periodo de trabalho autonomo é tb uma altura em que a professora presta apoio mais indvidualizado aos alunos (ou a algum grupo q esta a desenvolver um projecto especifico, ou a algum aluno q tenha uma dificuldade especifica...). Eu gosto muito.

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    3. Parece muito bom, de facto. Agora é mudares de casa e tudo fica perfeito.

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    4. Ah, ah, ah :-) Se fosse fácil... Vamos manter assim até ao 4º ano (para os 3 filhos), depois não sei o que vamos fazer. A escola não é ideal, tem problemas. Acho que podia ser mais bem gerida, às vezes sinto um certo grau de desorganização a nivel da secretaria, comunicação entre várias partes da escola. Mas isso é chato para nós, pais, e para os professores. Os alunos não se apercebem. A nível de sala de aula/pedagogia estou contente. E a partir do momento em que a comunicação se faz directamente com o professor (e-mail, normalmente, para mim) resolve-se muitos deste tipo de problemas de organização.

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    5. E depois do 4° ano o que vais fazer ? Vais procurar outro método do tipo ou vão para uma publica/privada com o método mais currente ?

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    6. Não sei. Acho método mais dificil de aplicar quando serão já varios professores e não apenas 1 e algumas disciplinas so terão 1 ou 2x por semana, o que não ajuda a montar toda a estrutura do metodo em separado a cada disciplina.

      Depois, os privados que conheço com 2º e 3º ciclo são todos o género que eu faço questão de não por lá os meus filhos. Com fardas, com missas, com avaliações a tudo e mais alguma coisa (o meu sobrinho, no 1º ano, levou "negativa" na festa de Natal, isto é concebivel? É que nem percebo bem o conceito... Mesmo que seja só uma metafora para ter feito alguma coisa mal na festa - aprentemente informou mal a mãe de qual seria o seu papel, disse q era camelo e afinal era rei mago - era daquelas coisas que me teria feito ir lá rodar a baiana). Ponho como excepção, neste caso, o Colégio Moderno, que me parece bom e não me ofende os principios, mas confesso que não vi a fundo. Para além disso, eu não tenho dinheiro para ter 3 filhos em colégios privados. Como disse, eles andam actualmente em IPSS (os 3) o que é para aí metade do preço de um privado a sério. E mesmo assim é porque de momento sou boseira e isto dá. Para o ano acaba a bolsa e já sera dificil mante-los onde estao (embora eu procure actualmente um emprego activamente, nao sei se nao sera inevitavel o desemprego...).

      Conclusao: é muito provavel que vão para a pública a partir do 5º ano, e na publica nao se escolhe o metodo. Pode é ter-se sorte. Mas sou capaz de andar a ver qual é que mais me agrada, dentro da area de residencia, residencia da avó e local de trabalho do pai (ou meu tb, logo se vera..).

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  11. Ponto prévio: o programa escolar em Portugal mudou bem como os critérios de avaliação (ler x palavras por minuto, por exemplo, passou a ser um critério - e só me dá vontade de rir para não chorar); os exames da 4.ª classe, que se extinguiram há décadas, voltaram, sendo que valem 30% da nota. Os professores ainda não têm noção de como serão os exames – sabem, porém, que não vão ser fáceis. Logo, há um problema estrutural – quem cria estes programas não deve ter sido criança, estou certa – contra o qual os professores pouco podem. Neste momento, podem somente dar o máximo para que as crianças cheguem ao fim do 1.º ciclo preparadas para enfrentar uma prova a nível nacional. Se é bom? Nem por isso. Se há volta a dar: só mesmo com um golpe de Estado e mesmo assim demoraria anos a voltar a reestruturar o sistema. Logo, quem está de momento na primária vai ter mesmo de levar com este filme.

    Miúda, 7 anos, 2.º ano do 1.º Ciclo – entra às 9h na escola. Tem intervalo das 10h00 às 10h30. Almoço das 12h às 13h30. As actividades lectivas terminam às 15h30 – perfaz um total de 4h30m, repartidas sobretudo por Português e Matemática (o Estudo do Meio aparece no horário, se não me engano, uma ou duas horas por semana). Às 15h30, lancham e arrancam as AEC’s. I.e., Actividades Extra Curriculares, não obrigatórias: Ginástica, Dança, Música e Inglês, no caso. Neste espaço, entram ainda horas de Apoio ao Estudo para os meninos que estão com alguma dificuldade (os restantes fazem jogos, brincam, etc.). São duas horas por dia de AEC’s (e, diga-se de passagem, ajudam muito os pais que têm de trabalhar e não têm como pagar ATL’s). Às 17h30, terminam todas as actividades e o ATL entra em funções: durante o período de aulas, brincam ou fazem trabalhos de casa; nos períodos de férias, passeiam, brincam e têm oficinas (teatro, exp. Plástica, etc.)

    Se acho demasiado? Acho um horário normal, sendo que não tem uma grande carga de actividades fora da escola - tem catequese uma hora por semana e surf duas vezes por mês (e neste caso é uma ida à praia).

    Quanto aos trabalhos de casa, que penso serem importantes – para criarem rotinas em casa, para solidificar a matéria dada, para os pais perceberem se estão a par e passo da matéria ou se já se perderam pelo caminho –, tem uma professora com bom senso: são constantes e poucos (uma folha, frente e verso, por dia), dados de 2.ª a 5.ª. À 6.ª só haverá algum trabalho caso o aluno esteja a ter alguma dificuldade. De resto, defende a professora, fim-de-semana é para descansar (já agora, ninguém é obrigado a fazer tpc’s – essa decisão cabe aos pais que, infelizmente, fincam pé mesmo quando os miúdos querem fazer).

    Na escola, quem tem ATL despacha os tpc’s. Mas, confesso que prefiro que os traga para casa e que os faça neste espaço. Stresses já os houve – “que seca”, “o x, y e z não fazem”, “não percebo (nem quero perceber)” – que se resolveram a partir do momento em que encontrei uma coisa que de facto gosta de fazer e fizemos um negócio: eu faço o esforço financeiro e de tempo para ela fazer surf; ela não reclama dos tpc’s. Até ver tem resultado (e como o mar lhe faz bem!).

    Chega a casa entre as 18h e as 19h (depende do meu dia de trabalho) e senta-se a fazer tpc’s. Vou dar uma espreitadela. Isto, aquilo, aqueloutro. Ao fim de 20 minutos no máximo estão feitos – é o tempo dos irmãos tomarem banho e vestirem-se. Há dias em que brincam, outros em que vêem tv, outros em que me azucrinam o juízo. Jantar entre as 20h e as 20h30. Às 21h30 estão a dormir ferrados - entre o jantar e a cama só há uma regra: não há bonecos na tv; de resto podem ainda brincar, fazer um jogo, ler. Mas a maioria das vezes ficamos mesmo à mesa na conversa.

    Com a mesma idade, eu entrava na escola às 09h e saía às 16h ou 17h (vinha almoçar a casa que era mesmo ao lado). Fazia natação e ginástica fora da escola (três vezes por semana, cada) e tinha catequese (1h por semana). Nunca me faltou tempo para brincar. Trazia tpc’s e não me lembro de alguma vez ter sido um stress. Despachava a coisa e brincava até mais não (e se brinquei! :D).

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    1. Não vejo porque dizes que o programa escolar não pode ser mudado. Basta mudar de governo, ou ministro. Tanta coisa que muda tão rapido na educação.
      Portanto, 2 horas de matematica, duas horas de português. Ali em cima disse que era o dobro, mas enganei-me, quarta-feira os franceses não têm aulas. Na pratica da o quê ? Custa-me pensar que os franceses estão tão atras nos conhecimentos. O que se passa no final ? Não que seja apenas os resultados que me interessa, mas se alguém alguma vez comparou o que sabe um aluno português e outro francês no final da primaria gostava muito de saber. E depois ? Onde é que se faz o nivelamento ? Porque é que no final, no ranking as escolas superiores francesas estão em cima das portuguesas ? Confessem que existe aqui um mistério.

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  12. Eu não me importo que os meus filhos tenham trabalhos de casa de vez em quando, como têm. E acho que o bom senso, tanto na quantidade de TPC como na "penalização" caso não sejam feitos é muito importante. Eu tinha TPCs, às vezes esquecia-me de os fazer e nunca me chatearam muito com isso, nem os meus pais, nem os professores. É importante os miúdos aprenderem também a gerir o esforço. E havendo bons resultados com menos esforço, chama-se eficiência. Porquê penalizar a eficiência?

    Mas irrita-me o argumento de que os trabalhos de casa, por principio, existem para se adquirir rotinas e metodos de trabalho. Porque, ainda que seja verdade, não gosto da rotina e do método que impõe. Quando eu ou o meu marido trazemos trabalho para casa, ao fim do dia, ou ao fim de semana, é uma coisa muito excepcional, que nos atrapalha e que nos esforçamos por não fazer. Porque é que haveria de querer "ensinar" o oposto como uma rotina? A rotina que eu gostaria qn eles tivessem em adultos é: trabalho no trabalho, diversão e vida familiar em casa. E trabalho que se traz para casa é só em situações excepcionais. Não é isso que procuramos para nós? Porquê estar a enviar mixed signals? As regras para eles deveriam ser idênticas (ou até mais ligeiras) do que para nós.

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    1. Fizeste-me pensar. Como é que se criam métodos de trabalho sem esta rotina ?
      E no resto da vida académica, universidade, etc... é ou não impossivel não se trabalhar em casa ?

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    2. Métodos de trabalho criam-se trabalhando autonomamente, não necessariamente em casa. É a autonomia e auto-gestão que devem ser promovidas e encorajadas. No resto da vida académica acho que tem que haver trabalho em casa (é inevitável), até porque o horário é reduzido, não estão na escola o dia todo. O horário completa-se com o trabalho desenvolvido em casa. Mas é, nessa altura, um trabalho autonomo e imposto pelo próprio aluno. Eu trabalhei aquilo que achava que tinha que trabalhar para os meus objectivos, não o que me era imposto por TPC. Geria o meu esforço. Houve disciplinas para as quais nunca abri um livro (inglês, por ex), outras que me exigiam um trabalho continuado, outras que eram de estudar antes dos testes. E isto varia de miudo para miudo. Acho importante conhecermo-nos a nós próprios, saber as nossas fraquezas e saber compensá-las. É isso que devemos aprender e ensinar aos alunos (auto-análise, auto-conhecimento, e brio, claro). Não acho que se deva ensinar que é um mérito simplesmente trabalhar MAIS. Acho isso idiota.

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    3. Se falar de mim, vejo claramente que estudava conforme os gostos, mesmo com 12, 13 anos (estou a atirar a idade um bocado à toa), estudava muito mais do que o que vinha nos livros para as disciplinas que me interessavam e quase nada para as que não gostava. Ok, nada, sempre copiei a calculo financeiro.
      Como vou gerir com os meus filhos não sei ainda, mas ja começa a ser muito claro a parte do TPC que até quer continuar para além do que a professora disse, e a outra parte que lhe da uma vontade de fazer xixi/dormir/ver que barulho foi aquele mesmo muito forte.

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    4. Este comentário foi removido pelo autor.

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    5. Eles é que têm que gerir, não somos nós... ver quais são as consequencias de estudar ou não estudar e decidir se estão dispostos a lidar com elas`ou como lidar com elas. É como copiar, precisamente.

      Não sei bem explicar. Eu acho que não estudar repetidamente pode ser sinal de um problema de fundo de um miudo, mas não acho que seja trazer mais TPC ou obrigar a estudar que resolva esse problema de fundo, percebes? Há que incutir/ensinar (como?) o brio no trabalho bem feito e no ser responsavel. É de esperar que um miudo com brio e responsavel faça os TPC e estude o que necessita a maioria das vezes. Mas se não fizer e continuar a ser um miudo com brio e responsavel no trabalho que faz na escola eu ate acho saudavel que se balde ao TPC e a sessoes de estudo so pq sim. Se nao for um miudo com brio e responsavel na escola, entao tb nao acho que seja o TPC/explicações/estudo orientado que resolve, o problema é outro.

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  13. Cá venho participar, este tema interessa-me muito, apesar de não hoje, mas para amanhã.

    O meu filho está quase quase com dois anos, ainda está na creche. A manhã para ele é em geral muito descansada, conforme a minha agenda, pode chegar à escola entre as 8:50 e as 10 horas. Passa lá o tempo que nós trabalhamos e tento ir sempre buscá-lo por volta das 17:30 horas.

    Naturalmente que por enquanto a escolinha só serve para socializar, aprender rotinas em grupo, experimentar materiais e coisas novas que em casa não me atrevo(tintas, misturadas com as mãos, trabalhos manuais... ele tem dois anos, enquanto puder escapar, escapo, ele que faça na escola...).

    Acho importante o tempo que ele passa na creche a fazer estas actividades, desenvolve-se muito e fica muito contente por lá.

    Em princípio irá para a escola pública na primária, com a intenção de não sobrecarregar muito a sua cabecita...

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  14. Carla, obrigada por me chamares a participar, mas não sou a mais indicada. O único filho que temos, ainda nem fez 3 anos e por isso ainda não tivemos que lidar muito com este tipo de questões.

    Como trabalho em casa (desde que ele nasceu), e de momento, trabalho é coisa que não há por aí além, o pequeno tem a sorte de nunca entrar no infantário antes das 9h - 9h30 e nunca (ou quase nunca)sair depois das 17h00. Nesta instituição e nesta faixa etária, um dia por semana tem uma hora de expressão corporal e uma hora de expressão musical incluídas na mensalidade. Trabalhos de casa só os tem esporadicamente e confesso que adoro quando os tem ;-) Todos os restantes dias é rotina perguntar-lhe o que fez, o que almoçou e dessa forma tentar perceber como foi o dia dele e ele perceber que nós nos importámos.

    Espero ter ajudado. Apesar de este post não ser muito direccionado a mim.

    Um grande beijinho
    Cada vez acredito mais que te vou fazer companhia em breve ;-)

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    1. De facto a pré-primaria ainda é outro mundo. Mesmo que haja programas a cumprir.

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  15. Este post é direccionado para toda a gente que se interessa por educação, presente e futuro das crianças e encontrar alternativas ao que se considera estar errado ou menos bom ou com margem de manobra para ficar perfeito.

    Mais achas para a fogueira :

    No youtube, com desenhos e tudo :
    http://www.ted.com/talks/ken_robinson_changing_education_paradigms.html

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  16. A minha rica menina de 4 anos entrou este ano para o Jardim de Infância público e está na escola das 9h às 15.30, com prolongamento até às 18.30 horas se eu quiser - por esse prolongamento, pago 2,5 euros por mês. Há sempre alguém da família que a vai buscar por volta das 16 horas e eu, que tenho folgas à semana, combinei com a professora que nesses dias, ela só fica até às 12 horas. Fica, portanto duas horas e meia a três horas na escola para estar mais tempo comigo porque - e a professora concordou prontamente - precisa mais da mãe do que da escola.

    Tem muito tempo de recreio, porque páram a meio da manhã para lanchar e brincar; brincam a seguir ao almoço e depois brincam pela tarde fora. A escola tem um recreio com parque infantil, balizas, horta, árvores e flores e muito espaço. Os meninos andam cá fora todo o tempo que é possível e isso significa que eu lavo uma bata quase todos os dias e esfrego unhas sujas quase todos os dias.
    Adoro a escola e adoro este princípio.

    É uma escola de aldeia, com uma equipa fabulosa e uma associação de pais muito dinâmica e rigorosa, que me aceitou como membro. A educadora da minha filha conta-nos toda a sua estratégia, convida os pais a participar na escola.

    Se eu acho que ela passa muito tempo na escola, não sei bem. Acho sobretudo que ela passa é menos tempo do que eu queria com os pais, mas isso é da merda de país onde vivemos, onde é muito difícil uma mãe trabalhar em part time e onde as mães que trabalham são, na generalidade, um bocado mais infelizes do que deviam.

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    1. Temos que reatar aquele movimento... Passa muito pela disponibilidade dos pais, sem duvida.

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  17. As minhas filhas tb são muito pequenas ainda para estas coisas dos TPC e tal. Tenho uma de um ano e meio e outra de quatro anos e meio.
    Mas posso falar da minha experiência nestas idades. O ano passado quando a minha filha mais velha mudou de uma creche para a pré-escola quis encontrar um escola boa, que fosse diferente e me oferecesse confiança a longo prazo. Soube de uma escola que tinha tb primária incluída e que fazia parte do MEM, bem como praticava uma metodologia de ensino alternativa, coisa que cá em Portugal não é muito comum. Achei que os métodos educativos e o ambiente proporcionado eram tudo. Enganei-me. Devido à situação financeira de grande parte das famílias a escola tinha poucas crianças e quando dei por ela, a minha filha era a única miúda da idade dela. E pronto, esse facto foi muito relevante. Mais do que métodos e bons profissionais, a determinada altura percebi que a minha filha não se relacionava bem com as outras crianças. Este ano mudei tudo. Procurei outra escola. Agora ambas as miúdas estão numa escola a 5 min de casa, não tem métodos educativos rebuscados, mas tem pessoas. Boas pessoas...e miúdos, muitos. É uma escola normal, mais barata e mais perto de casa. Fica ao lado de uma primária pública e se tudo correr bem será para onde elas vão. Ficam na escola das 9.30 às 16.30 porque eu quero que elas venham cedo para casa. Tenho espaço dentro de fora de casa e por isso, deixo-as fazerem as brincadeiras que lhes apetece, apenas tento controlar a televisão. Não temos qq tipo de jogos electrónicos nem nada de especial, apenas brinquedos, sendo que os preferidos são os da imitação da vida real. De vez em quando vamos brincar ao parque ou à praia, mas é raro. Nós (pais) trabalhamos em casa e geralmente temos de o fazer durante o dia todo, nem sempre dá para grandes passeios. Não fazemos nada de especial com elas, fazemos programas de família, ir uns a casa dos outros, recebemos às vezes amigos cá em casa e é isso. Mais frequentemente são elas que nos acompanham nas coisas que nós temos de fazer do que o contrário. Acho muito importante que as crianças brinquem sozinhas, que sintam o tédio, o não ter nada para fazer e que se desenrasquem. A imaginação é tudo e nós não precisamos de lá estar a comandar brincadeiras para que a criatividade funcione, muito pelo contrário. Na escola há algumas actividades (música, inglês, dança, etc), sendo que acontecem dentro do horário normal, por isso também não preciso de andar a correr com elas de um lado para o outro para que tenham experiências de aprendizagem diferentes. É bom. Funciona bem para mim. Gosto assim, de uma escola que acaba cedo e de um dia com tempo para brincadeiras e alguns tédios. Faz parte. Espero que a escola primária tb vá permitir ter tempo para estas coisas. Mas ainda não chegamos lá:)

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    1. Os métodos são importantes mas não são tudo. Nada é tudo. O que interessa é que no conjunto funcione.
      Os dois pais trabalham em casa ? Vocês são uns sortudos. E ainda por cima moram perto da praia. Não sei se vai ser possivel continuarmos esta relação.

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    2. Sim, não tenho por hábito queixar-me, a minha vida é boa, muito boa. Não me falta nada. Fazem-me falta algumas pessoas que perdi muito cedo, mas quanto a isso nada a fazer. Acho que vivo hoje os melhores tempos da minha vida. Levo uma vida calma, simples e com tempo, perto do mar e com o pai e as crianças em casa, o que posso querer mais? Um computador novo, claro está:D:D mas do essencial da vida não quero mais nada, tenho tudo. Espero que possamos continuar a nossa relação:)

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    3. Continuamos, claro. Preciso de inspiração, é a tua sorte. ;)

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  18. Assobiando para o lado enquanto estão no pré-escolar. E acreditando que serão como os pais e nunca tiveram de os mandar estudar. Tempo para ser crianças é regra de platina - inclusive para os pais.

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    1. O direito a ser criança para os pais também. Ca um bejinho !

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  19. Quando eu tinha seis/sete anos, tinha aulas normais da segunda-classe, durante as manhãs, e, além disso: trabalhos de casa, piano, violino, ballet e francês na Aliança Francesa. Lembro-me de a professora de francês me ter dito que devia brincar menos, e de eu ter desatado a chorar, dizendo "mas eu já não brinco nada!"
    Umas semanas mais tarde, num domingo à tarde, estava na festa de anos de uma amiga a dançar o Kasatchok com os outros numa roda. Às tantas descobri a minha professora de francês sentada num sofá a olhar para mim, e senti-me apanhada em flagrante de me divertir. Era um domingo à tarde, e eu tinha sete anos.
    (Este é o momento em que tu dizes "agora tudo se explica...")

    Os meus filhos não tiveram essa vida. Andaram primeiro numa escola Montessori, sem TPC, e depois numa Jenaplan, onde nem na escola se davam conta de estarem a trabalhar. "J'en ai marre" e "je suis crevée" eram frases que nunca lhes ocorreriam, porque o trabalho era um intenso prazer.

    Lá para o fim do secundário as coisas começam a complicar. Têm cargas horárias semelhantes às dos adultos, com a agravante de andarem ao ritmo dos professores de cada hora - nem sequer são senhores do seu tempo! E claro que têm os TPC, a preparação de trabalhos, as apresentações.
    Confesso que me fazem pena, mas não sei como mudar isso. Nem se eles quereriam mudar isso, e ir para uma escola mais leve, mas que não dá acesso à universidade.

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    1. Tens a certeza que queres entrar por ai ? A maneira como falas, como escreves, como andas, como vives é uma inspiração para muita gente. Dizer que foste educada de uma maneira negativa, não passa. Da-me o contacto dessa professora de francês, por favor.

      Não existem métodos alternativos até ao fim ? Acabam quando e porquê ? Mudar seria interessante se não lhes cortarmos as pernas. Se os métodos alternativos funcionaram até um certo ponto, porque é que não podem ir até ao fim da escolaridade ? Até ao fim da vida ? Até ao fim do mundo ?

      Os meus filhos são uns protestatarios, sempre a resmungar, são uns autênticos parisienses. Não sei se estariam realmente bem todos os dias no céu. Mas essa do trabalho ser um intenso prazer, confesso que gostava que experimentassem. EU gostava de experimentar.

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    2. Foi só nesse ano. Depois os meus pais ganharam juízo... ;-)

      Existem métodos alternativos até ao fim do ensino secundário (essa tal Jenaplan, por exemplo), mas nós mudámos para Berlim num processo relâmpago, depois do início do ano lectivo, e tivemos de encontrar escolas a correr. As que havia e tinham lugar para eles. E depois, o Matthias saiu-se com uma frase bombástica: "já estou farto de experiências pedagógicas, agora quero aprender. Quero ensino frontal, exigência."
      Isto foi depois de eu lhe ter apresentado uma escola onde as aulas de física eram dadas por exemplo na piscina: para eles sentirem as leis da física com o corpo...
      (mas não o deserdei nem nada - embora tivesse sido por pouco)

      Gostei imenso dessa frase: "não sei se estariam realmente bem todos os dias no céu". Às vezes também penso que o céu deve ser um lugar muito chato... ;-)

      E tinhas de ver os miúdos da Jenaplan onde eles andaram. A qualquer hora em que se entrasse naquela escola, sentia-se um ambiente de profunda concentração. Mesmo que eles estivessem a compor um cartaz no chão de um corredor, em grupo. Era impressionante.

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    3. Muita pedagogia, mata a pedagogia ;)
      E agora, que tem o tal ensino frontal, o que é que ele pensa ?
      (esta coisa de se responder directamente ao comentario é gira, como é que não fiz isto antes ?)

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    4. Agora não lhe posso perguntar, porque tem 15 anos e por nada deste mundo estaria disposto a dar razão aos pais...
      ;-)

      O Matthias não é bom exemplo para discutir estas coisas, porque gosta muito de se confrontar com desafios (e ensino frontal é um desafio maior que aulas de física na piscina).
      E depois, há aquela coisa tramada: só podes tomar um dos caminhos da estrada - não há como comparar o que viveste com o que não viveste.

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    5. AHAHAHAHA ! (é assim que se faz ? era uma gargalhada)

      Mas é mesmo verdade que não havia desafios ?

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  20. O meu filho tem 2 anos, anda num infantário privado. Deixo-o, a ele e ao pai, por volta das 8:30; o pai fica com ele mais uns quinze minutos antes de ir para o trabalho, e eu vou buscá-lo às 18:30. Dez longas horas, e isto se tudo correr bem, se não me chamarem para me dar um trabalho ou para uma reunião mesmo antes de sair, se conseguir sair às 18h em ponto. Este ano propõem, na escola, duas actividades extra-curriculares: Expressão Musical e Dança Criativa. Cada uma delas acresce quase 10% na mensalidade. Andamos a pensar na Expressão Musical, devido ao gosto que ele mosra por música. Não é um trabalho extra, não tem stress associado, e sobretudo está dentro do horário da creche. Outra actividade extra recente é a piscina: uma brincadeira de que ele fala toda a semana.
    No próximo ano estamos a pensar ir ver uma escola com um método de ensino especial, que associa a música, a pesquisa, e tem até uma abordagem filosófica de pôr as crianças a pensar). Mas não sabemos preços, nem horários, que são sempre o nosso grande problema. Eu gostaria de trabalhar em part time, mas na empresa onde estou é impossível: ou estou a 100% ou não estou de todo, e isso não é economicamente viável. Não conheço ninguém a trabalhar por conta de outrem que esteja em part-time, e se calhar muita gente, mesmo que tivesse essa opção, não o poderia fazer.
    Quando leio os outros comentários sobre o tempo que as crianças passam na escola, em casa e com os pais... apetece-me emigrar.

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    1. A tua situação parece-me ser a mais representativa. Se bem que conheço muita gente em Portugal para quem sair às 18h é um luxo. Conheço muito bem essa realidade.
      Qual é o método dessa escola ?

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    2. É verdade, sair às 18 horas é um luxo que eu pago entrando sempre antes das 9h e perdendo algumas horas de almoço, e ganhando a reprovação, ainda que silenciosa, dos meus empregadores. Durante algum tempo, depois de me ter sido retirada a redução de horário para amamentação, apesar de legalmente ainda ter direito a ela, tentei negociar a saída uma hora mais cedo, retirando as horas em falta ao meu "banco de horas". Durante dois meses consegui fazê-lo, antes da pressão para voltar ao horário normal ser demasiada. O meu namorado fica a trabalhar quase sempre até mais tarde, mas tenta apesar de tudo sair pelas 18:30, para irmos todos juntos para casa.
      É verdade que, para já, as actividades livres são as que ocupam mais tempo na escola, mas ainda assim são de alguma forma orientadas, o espaço para o aborrecimento (e para imaginar sair dele) é sempre pouco. O tempo com a família, durante a semana, é passado na maioria nas rotinas do banho, jantar e deitar. É muito pouco para que três pessoas se conheçam e saibam viver juntas.

      Deixo um link com uma reportagem sobre a escola de que falo. Interessei-me por ela por deixar alguma liberdade a alunos e professores, por ter na base um projecto que dá mais dimensão à escola do que instrumento para alcançar metas. Ouvi falar dela quando soube que uma colega de faculdade, cujo percurso admiro, tinha andado nessa escola, e depois acabei por descobrir que os mentores iniciais do projecto eram pessoas pelas quais tenho grande respeito e admiração, como o Manuel António Pina. Como disse, ainda não fui visitar a escola (que apenas aceita crianças a partir dos 3 anos) e discuir questões mais pormenorizadas sobre o projecto (e sobre a logística) com os responsáveis; só a partir daí é que tomaremos uma decisão.
      http://www.educare.pt/educare/Atualidade.Noticia.aspx?contentid=7803CC2C160BDB46E0400A0AB8002557&opsel=1&channelid=0

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    3. Escola dos gambozinos, pela noticia parece apetitosa, de facto.

      Durante dois meses conseguiste ter um horario melhor e depois tiveste que desistir... bolas, bolas, bolas.

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  21. Olá! Só posso falar da minha experiencia pessoal, porque ainda nao tenho filhos (tenho 20 anos e estou no 3º ano da faculdade). A semana passada, em conversa com a minha irmã, chegámos à conclusão que deixámos de brincar com bonecas, não porque quiséssemos, mas porque deixámos de ter tempo (com 10 anos!). Sempre andei em escolas públicas. Lembro-me que os meus horários eram muito preenchidos (normalmente, tínhamos aulas das 8.20 às 18.30 com excepção de dois dias por semana, que tinhamos a manhã livre). As minhas memórias mais tenebrosas e stressantes são da professora do 5º e 6º ano que nos mandava fazer os PIT's (plano individual de trabalho) com várias coisas, entre as quais seis textos por semana :S (felizmente, os pais queixaram-se e no 6º ano passou a ser por mês). Fora os trabalhos das outras disciplinas, e o tempo que tínhamos de dedicar ao estudo. No secundário já tive menos aulas (mas muito mais que estudar, e os trabalhos, apresentações etc etc que nem o domingo me deixavam livre), mas também já não era criança... Felizmente, na primária tinha aulas das 8h às 13h e depois de uma hora ou duas de tpc's por dia ficava despachada e podia ir brincar :) Estranhamente, é agora na faculdade que tenho mais tempo livre, não durante a semana, mas a maior parte dos domingos à tarde consigo ter umas horas só para mim. Com os miúdos agora acho que ainda é pior, para além das aulas, que duram o dia todo, ainda têm os tpc's e milhentas actividades para não ficarem sem nada para fazer até os pais os virem buscar. O meu primo fez agora 13 anos (depois das aulas ainda tem explicações e exercícios com uma professora especial porque tem dislexia XD ) e só o vejo brincar nas férias. É triste, mas é como o artigo diz: os miudos agora trabalham mais que os adultos, sem sombra de dúvida.

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    1. Também me têm dito isso, mesmo em França, que uma vez chegados à universidade podem descansar. Mas isso, tem cabimento ? Tanta coisa, tanta coisa e depois relax quase total ?

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    2. Não é relax quase total, mas no meu caso, por exemplo, só temos 5 disciplinas, aulas só durante uma parte do dia (no meu caso à tarde) e nunca mais de três trabalhos+1 exame por disciplina, o é uma grande diferença em comparação com o meu básico e o secundário :P

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    3. Não, não é total, claro, mas em comparação com o que tinhas antes, faz pensar e questionar.

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  22. Primeiro e digo outra vez...adorei o teu Blog :)
    Depois a resposta
    http://blogprofissaomae.blogspot.pt/2012/10/entrevistas-4-criancas-ocupadas.html

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    1. Boa entrevista. E estou completamente de acordo, é preciso equilibrio, algum bom senso e ouvir-se as crianças.

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  23. Ora bem: este ano, está tudo muito simples, e parece o paraíso, comparado com os anos lectivos anteriores.Para mim, os anos medem-se em anos lectivos.
    Moramos num concelho de Porto de Mós, eu trabalho 2 concelhos e 7km à frente em Macxeira, Leiria, e o Marido a 25km, 3 concelhos à frente, na Marinha Grande.
    A Rita e a Inês estudam numa escolinha em Maceira, porque fica perto de casa dos avós maternos, que são "os bombeiros de serviço".

    As miudas, na 2ª e 4ª classe de uma escola pública na aldeia, levantam-se às 7:45h, a toque de caixa, e às 8 estão a tomar o pequeno almoço com os pais. O pai sai logo a seguir, e eu deixo-as na escola às 9, onde ficam até às 17:30, com 5 horas de aulas diversas e intervalo, e 2 horas de aecs ou seja inglês( básico), música ( cantiguinhas), educação física e apoio ao estudo ( que não sei bem para o que é utilizado).
    Três dias por semana, têm 2 horas de patinagem artística. Este ano é à 2, 4 e 6, até às 20h, e conseguimos o sábado livre. Nos outros anos eram 2 vezes por semana, e sábado de manhã. Nestes dias, chegamos entre as 20:30 e as 21 a casa, e com sorte, o marido está a começar o jantar.
    Note-se que, até há 5 anos eu não tinha horário, nem o pai, e elas quase viviam em casa dos avós. Eu criei uma micro empresa para poder ter tempo para elas, mas perdi quase todo o ordenado. Foi o preço a pagar.
    às 3s e 5s, vamos cedo para casa, chegamos por volta das 19, e há tempo para brincarem com as vizinhas dos apartamentos ao lado e por cima. Entretanto as amiguinhas vão para a cama, e as minhas vão jantar...É raro jantarmos antes das 21-21:30h.
    Quase todos os dias há TPCs, mas se elas não refilassem, 10 minutos chegavam. Pelo contrário, teimam em reclamar, e às vezes , 2horas não chegam.
    Entre banhos e mais qualquer coisa, são 23h e elas a irem para a cama. É tarde, eu sei, mas é o tempo que podemos passar com elas, a brincar, a ver televisão, a conversar.
    Ao fim de semana, visitamos os avós paternos, e a única hora fixa é a da catequese e missa, já que este ano conseguimos estar livres da patinagem. Por outro lado, este ano não aceitam meninos de fora da paróquia na catequese, pelo que temos de mudar, não sei bem para onde...
    Ao fim de semana, há sempre almoços e jantares de família, primas para brincar, vizinhos para brincar, e aventuras para fazer, potenciadas pelo geocaching. Adoramos aventuras em família, campismo, passeios...
    No meio disto tudo, fica muita coisa por fazer:JAMAIS arrumar a casa, passar a ferro, aspirar, o que seja é motivo para desperdiçar tempo de família. Fica por fazer, ou faço depois de elas irem dormir.
    As férias, isso é outra coisa: full time em casa dos avós, com quintal, jardim, animais,piscina de plástico e primas, e 1 ou 2 semanas de campismo ou praia com os pais. Reinação total.
    Pior que falta de horas de sono, pior de que muitas horas na escola ou actividades, digo-vos o que as está fazer perder a infância: a crise, o pouco ordenado que entra em casa, e uma forte consciência dos que a crise está a fazer aos que as rodeiam. Isto sim,estar a ser o Fim da meninice, e aos 7 e 9 anos, sinto-as bem mais preocupadas do que eu aos 16 ou 17.
    Culpa nossa, que explicámos e fomos claros de mais.

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    1. 3 vezes por semana a mesma actividade extracurricular ? Caraças, não fazia ideia que fosse possivel fora de circuitos de competição.

      A crise explicada às crianças, ora um outro tema a debater.

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    2. o que é que aconteceu às resposta?
      digo outra vez: elas fazem competição de patinagem, mas é uma abordagem muito ligeira. Por isso vão treinar a 30km de casa. Mais perto, as patinadoras treinam 4 a 5 vezes por semana e têm competições ao fim de semana. As minhas são fazem competição meia dúzia de vezes ao ano, e só agora começaram, 3 anos depois de terem começado a patinar. Neste clube, têm tido o bom senso ( acho eu), de não irem a todas as datas de competição, preparando melhor as atletas, e levando apenas as que se encontram melhor preparadas. Vão poucas vezes, mas quando vão, os resultados são bons, e isso é gratificante e alivia da pressão semanal a que muitas miudas estão sujeitas.

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    3. Vou fazer uma pergunta que pode parecer provocação, mas não é, é pura ignorância de quem não percebe nada disto : Qual é a vantagem de se fazer uma modalidade desportiva de competição ? Esperas que elas sejam profissionais mais tarde, ou existe outra razão ?

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  24. Aqui vai, então, a experiência de uma portuguesa-tipo, neste 2012.
    (Antes vou dizer que sou, por princípio, contra os TPC's. Na minha opinião servem muitas vezes para retirar o prazer de estudar. O pouco tempo que os miúdos passam em casa, neste país, deveria ser aproveitado de outra forma. Depois queixamo-nos todos...)
    Em Janeiro fiquei desempregada e este é o primeiro ano da minha vida em que acompanho os meus filhos quase como deve ser. Sou jornalista, sempre trabalhei até muito tarde, e por isso o João (agora no 8º ano) frequentou o ensino básico numa escola privada, onde fazia os TPc's. Depois, aos 10 anos, foi o choque com a realidade. Entrou para o 5º ano e foi a nossa estreia com o fenómeno "caderneta".Lembrei-me nessa altura vezes sem fim de uma conversa com o pediatra, anos antes: "não faça os tpc's com ele. Os trabalhos são dele, e se em nada vai contribuir para o ajudar se assim fizer. Tire-lhe dúvidas, mas no seu lugar".
    Agora que já está um rapaz ganhou alguma responsabilidade (e sabe que pode haver castigos se a caderneta vier com recados por causa disso...) e por norma faz os Tpc's sem grande stresse. Este ano tem um bom horário: duas tardes livres - em que aproveita para andar de skat, que adora - dois dias a sair às 16h30 e um às 15h10. Como moramos numa cidade pequena, é-lhe fácil (e a nós também) deslocar-se sozinho, nos autocarros que ligam a zona urbana. ÀS vezes fica na biblioteca da escola a fazer trabalhos com colegas, outras vem para casa. Três dias por semana tem treino de andebol, e jogos ao sábado.
    Ela só tem 4 anos, mas desde os dois que frequenta aquele infantário e a educadora é adepta dos "trabalhinhos de casa". Neste caso, costuma ser um prazer para todos, já que a ideia é fazermos coisas em conjunto, a brincar, na prática. Enquanto me mantiver nesta pausa, vou buscá-la cedo, vamos ao parque, damos voltas por aí. No infantário (Casa da Criança, outros tempos da rede Bissaya Barreto, hoje a cargo da Misericórdia local) tem aulas de música e ginástica, incluído na mensalidade. Depois tem aulas de dance fusion duas vezes por semana, numa sociedade filarmónica pertinho de casa.
    A mim, o desemprego trouxe-me isto de bom. Se não precisasse de voltar a trabalhar, podia ficar assim, nessa feliz vida de mãe, que experimentei a chegar aos 40.

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    1. Ai caneco, se outro te ouve ainda vai falar da oportunidade de se ser mãe e de acompanhar as crianças.

      Faz-me muita confusão essa coisa dos TPC's, ouço muitas mães falarem que fazem-nos com os filhos até muito tarde, como é que é possivel ? Assim, a tal autonomia, o método de trabalho que vem da criança nunca começa a dar frutos. Mas o que é facto é que eu ajudou a minha filha, penso que pode ser que ainda é o inicio, mas ... tenho que pensar nisto.

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    2. os tps são um cancro do sistema de ensino! desde o 1º do ensino básico até ao fim da vida escolar!!
      ainda no ano passado a minha filha mais velha (no 7º ano nessa altura) me dizia que eu era uma má mãe porque não lhe fazia os trabalhos! porque as mães dos outros fazem. e comecei a falar e a perguntar e parece ser comum os pais fazerem os trabalhos dos filhos. um dos profs. até manda no enunciado do trabalho "fazer sem apoio parental!"
      e quando recebem os trabalhos - visivelmente feitos pelos pais - dão nota 3. é positiva porque fez o trabalho (fez?) mas só isso.

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    3. Não podia estar mais de acordo, Rosário. E assim sinto-me menos Alien...

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    4. O professora da uma nota aos pais ?
      Não faz sentido nenhum, mas dava um bom filme, ou uma anedota.
      Não é vida, não é forma de se educar.

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    5. os professores dão notas aos pais sim. e nas reuniões chamam sempre a atenção para esta realidade. mas continua tudo na mesma.

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    6. Os filhos que vêem os pais fazerem os seus TPCs e que devem mentir à professora, devem ficar com uma boa ideia do que é a falta de honestidade. E os outros do que é a injustiça. Toda a gente perde. Não me parece que tenham muito a ganhar com a continuação deste sistema, ou a professora marca zero, ou para de mandar TPC ou tem que se procurar outra alternativa. Bolas, que parvoice.

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  25. Faltou-me dizer que fiz várias reportagens (antes e depois de te filhos) sobre essa correria em que vivem as nossas crianças e os pais delas.Cheguei sempre à mesma conclusão: falta-lhes tempo em família. Claro que a culpa não é só dos Tpc's. Não só mas também. Depois há os pais que projectam nos filhos todas as aulas de dança, inglês, violino, pintura e eu sei lá que gostariam de ter feito e não fizeram, mesmo que isso lhes custe uma fatia importante do orçamento. Sim, Carla, tens de armar aqui uma discussão sobre a crise explicada às crianças.

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    1. Falta sem duvida, tempo com a familia (outra vez aquele movimento da conciliação trabalho-familia...)

      As projecções, as projecções, o medo que me fazem as projecções...

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  26. Bem, acabei de ler todos os comentários e fiquei deprimida.
    Deprimida e com uma pontinha de inveja dos horários que vi por aqui (os dos pais, não os dos filhos). Deve ser preciso ter horários muito liberais para poder acompanhar os filhos em todas as horas livres. Os franceses - pais - também não trabalham à 4ªfeira? Como fazem as pessoas que têm horários completos?
    Tenho 2 crianças com 5 e 7 anos. Deixo-os aos dois no infantário/ATL por volta das 8 horas. Ele (5 anos) fica o dia todo e o horário é dividido por muitas actividades diferentes. 2 manhãs por semana (2 horas) fazem as actividades propostas pelo manual adequado à idade. Com 4 anos aprenderam as letras de imprensa e agora estão a aprender as manuscritas. Fizeram um mapa na sala para aprender os países e cada um deles vai ter que fazer em casa com os país um boneco e escrever uma história alusiva ao país que lhe calhou. Tem também 2 manhãs com inglês. O método é diferente do habitual porque o professor passa a manhã inteira com eles e participa em todas as actividades "normais" de sala mas em inglÊs. Não é uma aula propriamente dita. Tem ainda judo, musica, dança criativa e ginástica - 1 hora por semana de cada uma destas actividades mas tudo dentro do infantário. Apesar disto tudo não lhe falta tempo para brincar. O infantário tem também um parque infantil onde brincam ao ar livre.
    Ela (7 anos) passa a manhã no ATL, onde faz os trabalhos de casa (não costuma ter nada que demore mais de 10/20 minutos a fazer. Tem musica e ginástica 1 hora por semana e cerca de 3 horas de inglês. Às 13 horas começa as aulas (a carrinha leva-a à escola publica onde anda) e termina Às 18.15. Pelo meio tem 30 minutos de intervalo e um recreio enorme para brincar e saltar à corda. O tempo de aulas é dividido entre matemática, portugês, estudo do meio e expressões mas com menos carga para estas últimas. Estou à espera que ela tenha vaga para ir para a natação 1 vez por semana depois das aulas. A minha mãe vai buscá-la à escola e logo de seguida vai buscá-lo a ele e fica com as crianças na minha casa até eu chegar do trabalho o que acontece por volta das 19 / 19.30.
    Tenho sempre o jantar pré-preparado (faço comidas em quantidade e depois congelo). Jantamos por volta das 20 e às 21.30 estão a dormir. Eliminei os banhos ao final do dia porque conclui que eram um momento de stress para toda a familia. Acordam 10m mais cedo e tomam banho com o pai; saem do banho e eu visto-os e entretano o pai toma o pequeno almoço com eles enquanto eu tomo banho e me despacho. Funcionamos estilo trabalho em cadeia numa fábrica mas funciona na perfeiçao. Passamos pouco tempo com eles à noite mas acho importante que eles tenham tempo para descansar e logo compensamos o tempo junto ao fim de semana.
    Como é óbvio não seria este o meu ideal de vida mas como eu costumo dizer preciso trabalhar para poder pagar as coisas que gosto de fazer na horas livres - passear ao máximo e viajar muito. Os meus filhos já viajaram por meia europa e gostam de o fazer. Andam km a pé e divertem-se com as pequenas coisas. Odeio quando me dizem que eles daqui a uns anos não se vão lembrar; o que me importa que não se lembrem, o que eu gosto é que eles apreciem o momento as recordações ficam nos albuns fotográficos que faço e que eles passam horas a folhear. Se passam muito tempo na escola? Passam! Se são crianças felizes? São!
    Cláudia, Palhais, Portugal

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    1. Aqui existe actualmente uma lei que obriga os empresarios a aceitarem os pedidos das quartas-feiras dos pais com filhos pequenos. Claro que o salario baixa para os 80%, claro que existem empresas que fazem pressão. Nada é perfeito, mas o facto de haver uma lei facilita a vida de muita gente. Senão, olha, existem as amas e a ocupação dos tempos livres.
      As viagens são essenciais, para quem pode é uma maneira de ouro para abrir-lhes os olhos. Não pode ser tudo teorico.

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  27. Comecemos então pelo princípio (atenção que a história é longa)
    A mais velha tem 13 anos. Foi para o infantário com 12 meses (minha licença de maternidade de 4 meses + avó materna). Deixava-a lá às 8h30 e ía buscá-la às 18h30. Eu trabalhava das 9h às 18h. Esteve neste ritmo até aos 4 anos.
    Nasceu a segunda e eu passei a trabalhar em part-time (5 horas). A segunda foi para o infantário ao fim de 5 meses (a licença de maternidade já tinha aumentado em Portugal e acrescentei-lhe e mais uns dias de férias). Passaram a estar na escola até às 15h
    Quando nasceu o terceiro, a mais velha tinha 8 e a do meio 3 e meio. O mais pequenino ficou comigo até aos 12 meses. Beneficiei da licença de maternidade completa (5 meses), ganhando apenas 80% do meu vencimento. Depois meti licença sem vencimento e consegui assim ficar 1 ano com ele. Mamou em exclusivo até aos 6 meses e durante muito tempo para além disso. Proeza só possível por termos ficado os dois tanto tempo um com o outro.
    Passado 1 ano voltei ao trabalho e estavam os 3 na escola. Nesta altura já eram 2 escolas diferentes: o infantário e a escola primária da mais velha. Morávamos em Lisboa e as escolas eram lá também e o tempo gasto em deslocações e estacionamentos, era o mesmo que levo hoje a fazer os 70km da minha actual casa à capital.
    Quando me lembro do tempo em que ía buscar a mais velha à escola e ela lá estava sentadinha, invariavelmente com uma bolacha na mão e a ver desenhos animados na televisão… consegue-se explicar porque fui gradualmente deixando de trabalhar.
    Bem, nesta altura o tempo em família não era muito, mas ainda não tínhamos tpc. Era vir da escola, tomar banho, fazer o jantar, brincar no sofá, contar uma história e ó-ó. No dia seguinte repetíamos.
    Quando começou a haver tpc tudo se complicou. O 1º ano da mais velha foi particularmente trabalhoso para todos. Horas de tpc todos os dias. Coisas que ela não conseguia mesmo fazer sozinha, trabalhos com indicação expressa para serem feitos com a ajuda dos pais. Um verdadeiro caos.
    Nesta altura, os três filhos andavam em escolas particulares.
    Mesmo estando eu a trabalhar 5 horas por dia, a nossa vida era um caos.
    (continua)

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  28. (continuação)
    Actualmente eles têm 13, 9 e 5 anos. Estão os três no ensino público com o único (?) sistema de ensino vigente nas escolas públicas. Cá não há escolha de método pedagógico quando se fala em ensino público.
    A de 9 anos está no 4º ano e tem aulas das 8h30 às 15h30. Durante a semana tem 2 horas de inglês, 2 horas de (pseudo)música, 1 de natação e 1 de ginástica (que ainda não começou por sinal). Se precisarmos, pode estar na escola até às 17h30 sem pagarmos mais por isso. Este ano não há prolongamento de horário. Até aqui havia até às 18h30 (pago).
    Tem sempre imensos trabalhos de casa, repetitivos, desmotivantes e por isso mesmo altamente conflituosos para a família.
    Estas duas últimas semanas tem estado com uma professora de substituição que tem uma teoria mais simpática: não manda tpc, manda estudar e conversar com os pais. Hoje disse-lhes para falarem com os pais sobre o 5 de Outubro. Isto é bom e pode ser feito em qualquer lado. Amanhã a miúda já vai cheia de ideias para a escola e a querer mostrar as coisas que sabe. Mas nos outros dias, estamos horas a fazer as mesmas coisas de sempre.
    A mais velha entra às 8h30 e sai às 13h30 - excepto 2 dias por semana em que tem aulas à tarde.
    Apesar de eu estar visivelmente descontente com a escolaridade da miúda do meio, temos uma vida muito mais tranquila e pacífica.
    Só a mais velha é que tem actividade física extra curricular e é ao sábado. Onde vivemos a oferta não abunda nem coincide com as preferências dos meus filhos. Optámos por não ter mais horários para além dos da escola.
    Fora da escola, tento deixá-los em paz. Tenho pena que não tenham mais vizinhos para brincar. Temos a possibilidade de sair da escola e ir lanchar à praia, há espaço lá fora para os miúdos correrem e andarem de bicicleta.
    Claro que tudo isto nos leva aos teus outros posts… eu deixei de trabalhar, vim morar para fora de Lisboa e o país mudou de uma maneira que nós não esperávamos (quando me lembro do que pagávamos só para escolas dos miúdos, casa e carro…).
    O resto da história fica para a parte II

    Ainda relativamente ao sistema de ensino, eu sou fortemente contra os trabalhos de casa diários e repetitivos. Aliás, digo-o regularmente nas reuniões de pais.
    A professora da minha filha de 9 anos é de opinião contrária. Sente que os miúdos não aprendem e pede muito a nossa ajuda e colaboração. No final do ano passado deu-nos mesmo instruções para, no final de Agosto, começarmos a trabalhar diariamente com os nossos filhos. Eu já argumentei várias vezes que o nosso trabalho não é esse. O nosso trabalho é tudo o resto, o dela é que é dar a matéria e exercitá-la. Senão porque razão mando a minha filha para a escola? Nós pais, devemos ter tempo útil disponível com os nossos filhos para lhes mostrarmos outras coisas que eles não podem ver na escola. Por tempo útil, quero dizer que os miúdos não devem ficar acordados até às 11h da noite a fazer trabalhos de casa. O que estão eles a aprender nessa altura? Os meus filhos (os dois mais pequenos) deitam-se às 21h. Precisam eles e precisamos nós. Quando os mais pequenos vão dormir, ainda temos um espaço de tempo para conversar e estar só com mais calma com a mais velha e quando ela vai dormir, precisamos nós de alguma tranquilidade também.
    A questão dos trabalhos de casa é tão conflituosa que até a directora do agrupamento já fez uma reunião de pais connosco. Explicou-nos que não são obrigatórios, por lei os pais podem recusar que os seus filhos tenham de os fazer. Agora, numa turma em que a maioria dos pais os quer, a professora é de opinião de que são fundamentais, o que vamos nós fazer? É uma batalha que eu não consigo ganhar.

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    1. No ensino público o professor é livre de escolher o método pedagógico que entender. Só que não escolhes, é o que te calha.

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    2. E mudar os TPCs, em vez de serem repetitivos que sejam como os tais sobre o 5 de Outubro. Que promovam a conversa entre a familia, sempre é uma forma de estar com qualidade e onde acredito que se aprenda mesmo. E sempre abre a escola a novas perspectivas, não se anda sempre ao mesmo. E também se pode mostrar aos miudos outras realidades que a escola nem sempre foca. Concordo contigo quando dizes que os pais deviam mostra o que a escola não mostra. Mas também se pode tentar mostrar novidades que tenham a ver com o programa.

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  29. Somos uma família como tantas outras. Um pai, uma mãe e três lindos rapazes (6 anos, 3 anos e quase 8 meses). A mãe trabalha por turnos, ora de manhã, ora de tarde, trabalha por vezes aos fins-de-semana e por vezes tem folgas a meio da semana. O pai, esteve 10 meses a trabalhar noutra cidade longe e só vinha aos fins-de-semana, mas agora já está em casa. Os rapazes: o mais velho começou este ano a primária numa escola pública, o do meio está na jardim-de-infância e o bebé na creche.
    A nossa rotina: A escola primária começa às 9h (com tolerância de 15 min.) os outros podem entrar até às 9h30. Quando a mãe trabalha de manhã é o pai que vai levar os rapazes à escola e depois vai a mãe à tarde busca-los e vice-versa.
    A rotina do mais velho que começou este ano a primária numa escola pública: entra às 9h. Tem um intervalo de 30min. mais ou menos para um pequeno lanche. A hora do almoço chega às 12h30, durante uma hora. As aulas continuam depois do almoço até às 15h30. Depois deste horário tem as AEC’s (atividades enriquecimento curricular) oferecidas pela CM. As atividades semanais são: 2 horas de capoeira, 2 horas de ginástica / atividade desportiva, 2 horas de inglês, 1 hora de expressão plástica e 1 hora de música. Sai da escola às 17h30. A escola é gratuita, as atividades são gratuitas e os manuais foram também oferecidos pela Câmara Municipal. Para já ainda não há trabalhos de casa. Os livros ficam também na escola.
    Quando chegamos a casa, e agora que o pai está disponível, vão andar um pouco de bicicleta na rua (sem trânsito) enquanto a mãe está com o bebe e a preparar o jantar. Depois vêm para cima e brincam um pouco os mais velhos e depois vão para o banho onde a brincadeira continua, até a casa de banho estar inundada.
    Confesso que gostava que ele tivesse aulas de natação, mas ele diz que não quer. Ao que nós insistimos e tentamos convence-lo mas a que ele continua a dizer não. E depois de ler este post e a notícia do DN vou ponderar a ida dele.
    Para terminar, claro que gostava que ele tivesse mais tempo em casa. Mas na nossa realidade atual é impossível. Como podemos ter mais tempo para as crianças se cada vez exigem mais de nós no trabalho? Das duas uma, ou estamos desempregados e temos todo o tempo do mundo para eles mas depois temos outros problemas (dinheiro) ou então estamos a trabalhar mas temos um horário e uma carga muito grande que nos impede de ter tempo e paciência para os miúdos. Neste momento presente, estou satisfeita com o nosso dia-a-dia em família. Mas daqui a uns tempos tudo pode mudar.

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    1. Cada caso é um caso, é sempre bom ponderar.
      Em relação a não se conseguir fazer mais porque o mundo do trabalho não o permite, é um facto. Podemos fazer pressão para que as coisas mudem, mas não vai ser amanhã num estalar de dedos que esta volta vai ser dada. Lutar pelo que se pode mudar, resignar-se pelo que não se pode. E fazer pelo melhor.

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  30. E metendo o nariz onde não sou chamada, vou dar o exemplo de uma vizinha, que tem de trabalhar muito cedo e sai de casa quase todos os dias antes das galinhas accordarem.
    Os filhos vão para a escola às 8, quando o pai sai para trabalhar, o mais velho ( 13) tem autocarro escolar, a mais nova( 7)fica no ATL até às 9h e depois começa a escola, onde fica até às 17:30 e volta ao ATL até às 18:30.
    A mãe já está em casa, mas só vai buscar no limite da hora, porque tem de descansar, e fazer coisas em casa, ou actividade desportiva. As refeições já ficaram feitas e no frigorífico desde o fim de semana.Os miudos chegam a casa, fazem os TPCs, jantam entre as 19:30 e as 20, e às 21 estão na cama.Podem brincar no quarto ou ver a sua televisão no quarto. Com tudo arrumadíssimo.
    As férias são no ATL e a sorte grande é quando podem ir para casa da avó.
    Ao fim de semana, os horários de deitar são não são os mesmos porque as minhas os desencaminham, e eles adoram ficar lá por casa, brincar, comer "porcarias".
    Mimo a mais estraga-os. Os pais precisam de descansar. São os lemas daquela casa.

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    1. Nunca se sabe realmente o que se passa na casa dos vizinhos, às vezes mesmo na nossa é o que é...

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  31. Iiiiiii.... que isto está longo e eu não sei se vou acrescentar muito, porque a minha forte constipação não me deixou ainda ter tempo (nem vista) para ler todos os comentários de cima, mas aqui vai...

    Cá em casa são 4 crianças: uma com 10 (dele), outra com 11(minha), outra com 14(minha) e um rapaz também com 14(dele). Como somos uma patchwork family e, não me refiro só aos tecidos das colchas, houve alturas em que os 4 estavam em 4 escolas diferentes, neste momento, estão distribuídas apenas por duas escolas - todas ensino público.
    Já estão numa fase diferente do ensino básico, já têm menos períodos letivos, mas quando os mais velhos foram para o 1º ano, as escolas terminavam às 3h30, onde tinham um 'recreio' de 30 minutos e de seguida atividades do excelente ATL que a escola possuía, quase gratuito (20€/mês) onde aprendiam várias habilidades desde o barro aos textéis, passando por desenho, contos, inglês, etc... mas tudo numa forma ligeira, só pelo prazer da brincadeira. Eu ia buscá-la por volta das 6h e por vezes era preciso ficar à espera que ela quisesse vir.
    Quando foi a vez da mais nova já não era assim tão 'leve' - as aulas passaram a terminar às 17h30, pelo que escapei-me ao ATL, que entretanto foi forçado a mudar de moldes, passando a ser um 'mero depositório' de crianças.
    E sim, as brincadeiras diminuíram, e passaram a concentrar-se quase só no fim de semana.
    Claro que agora é diferente, eles terminam as aulas e vêm para casa, uns sozinhos (de autocarro), outros de carrinha, porque é mais longe e são mais novas, e nalguns dias vêm comigo.
    Aqui em casa, têm período de estudo e período de brincadeira (loucura) coletiva e acho que este ano eles estão muito mais alegres, por poder apreciar mais a companhia uns dos outros.

    Deixa-me só dizer-te que a escola onde 'as minhas' andam, apesar de pública e grande, resolve que os alunos de 7º e 8º anos (logo com 12 e 13 anos) têm sempre aulas à tarde, o que implicou durante uns anos, que a miúda terminasse as aulas quase às 7h (da noite), o que nos impediu de ter vida familiar durante essa altura... foi um caos! (E vai-se repetir no próximo ano...)

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  32. Tive contacto no passado com uma equipa que estava encarregue de fazer os horarios de uma grande escola (primaria, ciclo e secundaria) e um dos pontos fundamentais, baseado em varios estudos universitarios, era que as crianças aprendiam melhor de manhã, que a tarde devia ser preenchida com actividades mais ludicas e que a partir de certa hora, esquece. Entretanto, nem sempre tudo era perfeito, porque havia muitos factores a conciliar, mas havia esta linha a seguir que parece-me que, entretanto, se perdeu algures e é pena, porque ao que sei ainda não saiu nenhum estudo a contrapor estas conclusões.
    Espero que consigas dar a volta a este caos. Muito jogo de cintura, muito jogo de cintura.

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  33. não consegui ainda ler tudo mas a sensação que tenho (em portugal era quase uma outsider saía de casa às 8:30 o de 4 entrava às 9 e deixava o de 1 na avó - às 15:30 estava a começar a "recolhe-los" o horário de amamentação mo permitia e o facto de estar na função pública sem constragimentos de o usufruir!!! em portugal às vezes parece que estamos a usufruir de uma coisa a que não deveríamos ter direito! diz que a estimativa é que em 2030 existirão neste país tantos idosos como crianças sem contar com a curva descendente na natalidade e com a saída de 30 casais com filhos por dia!!! - este À parte já vai longo!!!) dizia eu que a sensação que tenho é que os pais chegam muito tarde a casa e saem muito cedo e as crianças passam horas demais a cargo de outros a "trabalhar" na escola ou não ( quem tem sorte, não acho que sejam tantos como desejaríamos , tem avós disponíveis). este tema da escola está agarrado a tantas outras coisas que fica um novelo com muitas pontas....flexibilidade, flexibilidade...em portugal parece que estará cada vez mais longe, na suiça parece que é muito comum trabalhar-se 60%, 80% o que se quiser, aí em parís não?

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    1. Aqui existe mais flexibilidade do que em Portugal, principalmente, a tal hipotese de não se trabalhar às quartas-feiras. Mas depende muito de onde se trabalha, se for no Estado, o direito é teu e ai de quem disser o que quer que seja. No privado depende de muita coisa, existe a lei de um lado, mas também existe pressão do outro. Não é assim tão linear como possa parecer. Ainda existe uma boa margem de manobra para se melhorar aqui esse aspecto tão importante da flexibilização. Tão importante, tão vital.

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  34. Já vou tarde? Posso pôr pé na porta? É que estou em pulgas para participar!
    Finalmente alguém diz o que eu penso, uff!

    (será por ter crescido um bocadinho noutro país? será por optar não trabalhar, ie, remuneradamente?)

    Estamos em Pt e a minha miúda começou o 1º ano... em ensino doméstico. Na verdade, assim mais pro flexischool ;)

    É que tal como tu eu tb me revolto, e mto, com o estado da escola pública.
    Pronto, há as honrosas exceções do género a escola da ponte- uma pública fantástica da qual nunca se fala (não convém? funciona há +20 anos...). Ou as MEM. Ou mesmo outras, privadas e caríssimas, é certo.
    Mas mm nessas 90% dos pais exigem + TPC's (aka casa verdes anos, waldorf pre escolar, MEM primária).

    Bem, isto tudo pra dizer que andei anos para decidir ou sim ou sopas, e finalmente tive tomates pra dizer NÃO! Não quero a miúda sem brincar, sem calma, sem sonhar, enfiada numa escola o dia inteiro, e em casa com TPCs... Ainda pra mais já sabe ler e escrever, a matemática tb, enfim, o que iria ela fazer pro 1º ano?

    Assim fica em casa, vai à biblioteca, museus, jardins, onde quisermos, estamos com amigos tb em ED, etc., e à tarde vai às AECs à escola, e dp às atividades que escolheu (ballet, piano, judo). E que pode ir por estar fresquinha e não estoirada de um dia a toque de caixa na escola.

    Pronto, não me quero alongar mto (mais), mas dp de me desiludir imenso com o JI público em que andou, e com as escolas da zona... Arrisquei.
    Amanhã posso arrepender-me, mas estes tempos em que ela pode ser criança por mais uns meses? anos? são preciosos de mais para a deixar num sistema podre.
    Os próprios prof. não acreditam na escola de hoje, como ela está. A prof da turma da minha (está inserida numa turma, pra efeitos práticos) confidenciou-me que adoraria poder fazer ED com os seus próprios filhos. Acho que está tudo dito.

    Respeito todos os caminhos, mas temos de tomar um, e por agora este é o nosso.
    Tb tentei mudar/colaborar com a escola... E descobri que não gostam de assistentes/testemunhas. A participação nunca foi encorajada no JI público, sobrelotado e com poucas auxiliares (3 adultos à hora de almoço, 75 crianças!).
    Mas uma coisa é o JI, que dá pra driblar. O 1º ciclo já não, e optei mm pelo ED para ter a tal flexibilidade (até pq o pai trabalha em Paris, e qd vem n temos de nos preocuparmos com faltar à escola, ou aos TPCs, ou assim).

    Pronto, venham daí os tomates atirados, que as pessoas acham que somos irremediavelmente egoístas, lunáticos, e que coitadinhas das criancinhas não convivem com as outras, todo o dia fechadas em casa com as doidas das mães :D

    bjnhs,
    Catarina, Coimbra

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  35. Respondi-te no post ali em cima.

    Escreves dessa tua experiência em algum lado ? Tens um blogue ?
    Talvez se houvesse mais pessoas a falar sobre esta hipotese, poderia entrar em linha de consideração para outras familias em busca de soluções alternativas.

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    1. Oi! Não tenho um blog, mas há anos que estou pra 'arranjar' um ;) ai, procrastinação, a quanto obrigas...

      Catarina

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  36. Tarde e a más horas mas ainda meto o bedelho (não tenho é coragem para ler os 100 comentários anteriores).

    A crise entrou nesta casa há cerca de 1 ano e meio. e perguntas-me tu: mas o que tem isso a ver com as crianças? Pois que tem tudo...tenho vindo a aperceber-me que os meus filhos têm mais tempo para serem crianças agora do que quando tínhamos o dobro do dinheiro! Até ao último ano lectivo, andavam numa escola particular de onde saíam todos os dias pelas 17h30 (18h15 2xsemana); só havia TPCs ao fim de semana. Este ano não houve dinheiro para particulares e, estando eu em casa, optámos pelo ensino público. Resultado: saem 3 vezes por semana às 13h, pelas 15h/15h30 (dependendo do grau de converseta pelo meio) têm os trabalhos despachados e brincam o resto da tarde. 2 dias por semana têm actividades de tarde e saem pelas 17h25 já com os TPCs feitos.

    É perfeito? não é porque ainda não aprendemos a esticar o dinheiro e um salário não nos chega...se eles ficaram a ganhar? começo a acreditar que sim!

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  37. Acredito mesmo que tens razão e que eles ficam a ganhar.
    Ouvimos por todo o lado conversas politicamente correctas de quem diz que as crianças precisam de amor e não de dinheiro, e depois continua-se a trabalhar até à noite, a deixar os filhos na escola ou sozinhos quando são mais crescidos e a dar-se montes de brinquedos, roupas de marca, etc para compensar. Como se fosse essa a unica alternativa. Não é. Ou pelo menos nem sempre é. Claro que era bom ter mais dinheiro, mas o principal, afinal, o principal não é nele que nos deviamos concentrar ?
    Fico feliz pelos teus filhos e por ti, por teres a atitude certa em relação à tua vida actual. Beijinhos InesN.

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  38. venho tardíssimo e fora do contexto... a minha mais velha iniciou agora o infantário...
    não li os comentários mas fiz scroll um bocadinho para cima e vi o testemunho do homescooling - eh pá acho LINDO!
    pensar na escola primária de certo modo faz-me tremer, sinceramente não acredito que as opções que tenho aqui na terrinha sejam más, porém, só de pensar que posso receber em casa um recado de uma professora com erros gramaticais já me provoca náuseas, tipo faze-mos!!!! HELP!!!!! já dei por mim muitas vezes a pensar se o ensino doméstico não seria uma boa opção sendo partilhado com atividades fora de casa como a natação, teatro, oficinas várias, you name it... uma utopia, talvez, mas pelos vistos já há casos de potencial sucesso!!!

    voltando ao nosso caso
    da creche para o infantário notei já uma grande diferença, a minha filha quase pode ter uma agenda porque tem tido tanta atividade e eventos escolares que já quase me falha o neurónio para acompanhar o ritmo e decorar tudo. indo para a primária creio que a coisa vai intensificar-se à conta dos trabalhos de casa. olho para os manuais acho-os tão ridiculamente infantis que até dói, vazios de conteúdos, agora aquela palermice dos livros do Plano Nacional de Leitura hahaaaa tenho muito receio daquilo que para aí vem, mas acredito também que ainda hajam professores com coluna vertebral, que saibam exatamente aquilo que estão a fazer. só espero que tenhamos a sorte de um dia nos calhar um desses...

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    1. Eu estive com os meus filhos a tempo inteiro até terem 3 anos, mas a partir dessa idade gostei muito que fossem para a escola. Para mim o ensino doméstico faz sentido apenas se a escola que tiver ao pé for disfuncional, como plano B. E não sei se todas as familias conseguem ter sucesso, rotinas, etc. Não sei se a minha iria conseguir, por exemplo.

      Porque é que dizes que o Plano Nacional de Leitura é uma palermice ?

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    2. então não soubeste da vergonha do livro da Alice Vieira, que é de poesia para adultos, que foi incluído no plano. do género Alice Vieira = livros infantis, logo não é preciso abrir o livro para verificar o contrário...

      http://www.publico.pt/Educação/alice-vieira-protesta-porque-livro-que-escreveu-para-adultos-ser-aconselhado-a-criancas-de-7-anos--1566553

      mas fora este "drama" já por outras vezes me questionei se não haveria por ali livros pouco adequados aos miúdos, com pouco texto por exemplo... digo eu

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    3. Não, não sabia.
      "Será que pensam que são histórias de pintainhos?” AHAHAHAHAHAHAHA !

      Ora bolas...

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  39. pois mas no meio de tanta coisa esqueci-me de reflectir sobre "ter ou nao ter tempo para brincar". de uma forma muito rápida e concisa, até nos ser possível ela fará as suas atividades curriculares e extra-curriculares sempre aos dias úteis, tentaremos que o fds seja sempre "tempo sabático" onde andaremos ao sabor do vento.

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