10.2.11

Trau !

Em 2031 terei mais tempo disponibilidade para pensar, para resolver traumas do passado e irei a um psi. Na posição fetal falar-lhe-ei de uma tarde de Verão, eu gravidíssima, muito calor, cansada, num qualquer sítio turístico parisiense, um minúsculo, que não vou revelar o nome para precaver a sua identidade (não estou a gozar), com a birra, não, com A birra e eu trau ! uma palmada na fralda, à frente dos meus pais, de toda uma excursão de japoneses e com certeza alguns americanos, há sempre americanos. Um olhar reprovador e fulminante da ala progenitora co-mo-é-que-fos-te-ca-paz ?? E um poço sem fim que aparece no chão e eu a descer, a descer Nãããoooooooo !!!!

1 ano antes na frescura de um apartamento demasiado pequeno para a família que se adivinhava, folheio livros e artigos mais ou menos científicos de pedopsicologia, navego em foruns feminino/maternais sem muito interesse, discuto com o pai dos meus filhos to be. A conclusão é clara : We should not beat !

Não o faço mais, apetece-me muitas vezes, mas não o faço, a voz de gerações anteriores aos meus pais dizem que o que faz falta, minha gente, o que faz falta é uma boa palmada. O que me faz falta a mim, às vezes, muitas vezes, é arranjar a solução certa para que eles parem, reparem, para que eu não me fique por uma mãe laxista, entre a vontade de não fazer o que não quer e de não os deixar fazer tudo o que querem.

PS para fingir que somos sérios e civilizados : Em 2008, o Conselho Europeu sugeriu aos Estados membros a adopção de uma lei que proibiria todos os castigos infantis corporais, incluindo a palmada, pretendia-se que a "Europa fosse um continente onde o castigo corporal não existisse". O Slogan - ah ! são muito bons estes publicitários - "As mãos devem proteger, não bater ... Levantem a mão contra a palmada".

To beat, or not to beat, that is the question

33 comentários:

  1. Ontem vi este tema na Tira Banks. Que sim, que vejo estas coisas quando me apetece:)
    E tu que não sabes quem é que não tens televisão.

    Não devemos confundir, ninguém deve ou pode confundir bater com espancar ou surrar. bater ou passar o pó pelo rabiosque.

    Se faz falta? Muitas vezes não. Bom, a maioria das vezes não. Se tem mais a ver com a nossa capacidade de auto-controle e com a nossa criatividade? Sem dúvida. Criatividade? Sim. Muitas vezes é preciso ser criativo para saber explicar, para castigar sem bater. criatividade e paciência, note-se.

    Se já o fiz? Já. Se concordo? Nem por isso. O que é que isto diz de mim, hein??

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  2. E sim, que conheço a Tyra, e que não, não vamos confundir. Aqui nem me interessa falar de "espancar", acredito que não haja polémicas neste campo.
    Estou mesmo a falar mesmo das "palmadas".
    Da eficacia. Das razões. Das consequências a curto e a médio prazo.
    E então, o que é que diz de ti ?

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  3. Há momentos em que não me ocorre mais nada sem ser a palmada no rabo(shame on me!). Quando ocorrem, são sempre impulsivas, nunca pensadas. E isso chateia-me mais ainda porque parece que está qualquer coisa enraizado dentro de mim para agir assim.

    No outro dia, o mais velho bateu no mais novo. Foi sem pensar (lá está!), zás, no rabiosque. Fiquei a remoer naquilo e cheguei à conclusão que tive uma atitude estúpida. A ideia que passei foi "Tu não podes bater, mas eu posso!" What the...?! Confundo a criança que não percebe se pode ou não, etc.
    A Mme Pirulitos tem razão: é tudo uma questão de criatividade.

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  4. eheheheh
    para mim uma palmada é um acto de estupidez.
    E às vezes sou estúpida, por acaso a palmada não me sai, mas as bocas parvas sim... mais vezes do que gostaria.
    E depois olha, peço desculpa.
    Explico que os crescidos nem sempre são perfeitos e que cometem erros. E que é importante pedir desculpa e saber perdoar. Dos dois lados. Porque somos todos pessoas (curtas ou compridas), porque nos amamos imenso.
    Levantar a mão contra a estupidez parece-me uma posição super-sensata! ;)

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  5. Infelizmente, às vezes escapa-me uma palmada. Mas arrependo-me muito mais das vezes em que me escapam gritos ou impaciência completamente despropositada. Num mundo perfeito, os pais não dariam nem uma palmada. Não é preciso começar a dar exemplos de como o mundo não é perfeito e de como ser pai/mãe é difícil como o caraças, pois não?

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  6. Eu já dei palmadas e não queria! Foi num acto impulsivo e é daquelas coisas que eu queria muito poder mudar. Voltar lá, ao momento da fúria, ou da impaciência, da falta de criatividade e não dar a palmada! Mas não posso!!! Não foram muitas, mas doeram-me mais a mim, isso, de certeza! E foi sempre porque eu estava impaciente, ou chateada com alguma coisa, nunca por nada de muito grave que eles fizessem! Por isso mudei e já não há palmadas há meses...

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  7. O ideal seria conseguir ser sempre criativa e ter cabeça fria para resolver tudo sem me sair a palmada. Inicio a resolução do conflito com base na explicação, mais ou menos elaborada, mas tem alturas em que me sinto incapaz de manter a tranquilidade necessária... Não gosto de perder a calma e o controlo da situação e imagino sempre que um dia eles serão adultos (e mais fortes fisicamente que eu) e é um mau exemplo como forma de resolver conflitos. Após as nossas desavenças e quando tudo está mais calmo, falo sempre com eles sobre o que originou a situação e fazemos as pazes :)

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  8. Tella - Pois é, não são pensadas, foi isso que me irritou e irrita, parece que é mais para descarregarmos uma frustação do que para educar...

    Ana Mota - Pois é, às vezes substituimos por outras coisas (piores?). Não quero aqui ser perfeita, mas acredito que pensar e tomar decisões prévias também possa fazer parte de ser mãe. Oh, agora lembrei-me de um momento de um filme maravilhoso o "Away we go", onde os futuros pais estão deitados no jardim à noite a dizer como é que vão ser...
    Oh !

    Gralha - Não, não é. Mas sera uma boa desculpa para sermos tão permissivas connosco ?

    Silvia - Essa foi mesmo à mãe : doeram-me mais a mim, do que a eles. Hé!hé!hé! Mas mudaste. Conseguiste. A mim so me falta a impaciência, o sangue frio, o auto controlo e a criatividade, de resto, sou perfeita ! ;)

    amora - Serão adultos e ja são cianças, no recreio é vê-los a resolver as resoluções.

    (suspiro) Ai, que falta aqui a minha avozinha para meter um bocadinho de polémica à séria nesta conversa ...

    Vou tentar assim : Palavras da ministra da familia farncesa, Nadine Moreno (hei-de convida-la um dia para ser minha amiga no Facebook) : "Acho interessante a ideia de promover uma educação positiva, mas esta fora de questão proibir a palmada (...) Quanto mais evitamos o castigo corporal, melhor é, mas como mãe, ja dei umas palmadas, e recebi outras enquanto filha, e acredito que isso estruture".

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  9. Ainda queria dizer que concordo a 100% com a Gralha quando diz que "arrependo-me muito mais das vezes em que me escapam gritos ou impaciência completamente despropositada".
    Muito, muito mais.

    As palavras ferem muito mais do que os actos. Ficam mais tempo lá dentro, são muito mais corrosivas.

    Outra coisa má é ignorar as crianças, não porque estamos a seguir a velha máxima do "vou ignorar para mostrar que este comportamento é despropositado e não tem valor", mas quando ignoramos por ignorar, porque naquele momento deixámos de sentir. Muitas vezes seguidas é de uma crueldade atroz. A palmada significa "não gosto do que tu fazes mas estou aqui". O ignorar significa "tu não existes para mim" (é muito comum nas relações de casal).

    Tenho que voltar a escrever sobre isto.

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  10. acima de tudo depende de nós e só de nós -é um acto estúpido e por vezes sou estúpida a este ponto--sinto-me muito pior por gritar - é ou não outra forma de palmada? eu acho que sim -ás vezes consigo ter a cpacidade de pensar antes-mas não sempre.....assim como hoje -deixei-o a fazer a birra porque queria vestir a roupa do irmão e fui á minha vidinha -passado 5minutos estava ele ao pé de mim pronto para vestir a sua roupa-e senti como "um ponto a favor do estar bem comigo"-mas há os outros dias em que a cois anão corre assim ...ser mãe/pai não é facil e engane-se quem acha que os livros ensinam tudo ....

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  11. tenho ainda pouca experiência neste campo, mas a minha cria cada dia ganha mais técnicas de persistência e teimosia, nessas alturas o que faço eu?:

    - repreendo-a firme e verbalmente
    - abro-lhe os meus olhos e espremo os lábios
    (nesta fase já ela fica em sentido)

    se ela torna à carga leva uma palmada, tal como o nome indica, na palma da mão. tem que levar, mas é o último recurso.
    se me sinto mal, pois tá claro, mas ficaria pior se ela percebesse que o mundo pode ser uma anarquia que ela poderia andar aos gritos e atirar tudo pelos ares.
    eu tb levei umas boas estaladas, mas confesso que na face NUNCA DAREI.

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  12. Madame Pirulitos - Impaciência é basicamente tudo, não é ? Depois pode-se revelar em palmadas, gritos, etc. Confesso que também não grito muito... antes que pensem que eu sou a madre Teresa das mães, confesso que a minha impaciência também se manifesta muitas vezes, e sempre estupidamente, às vezes, agarro-os ao colo para irmos mais depressa, quando não ha mal em ir lentamente, não temos horas para chegar, ou, deixo-os dormir na cama dos grandes porque não tenho paciência para os levar para a cama deles e ficar la um bocadinho, ou, imito um Tigre quando estou zangada (isto é bem capaz de ser traumatizante, mas duvido que haja estudos sobre este tipo de comportamento, pelo que não tenho consciência do mal que estou a fazer, pelo menos é o que conto dizer em tribunal). E sim, ignorar é pior. Claro que é.

    Sonia - Não, não é facil, nos livros não vem tudo. Mas podemos decidir que medidas, comportamentos, educação vamos dar, mesmo que às vezes, não consigamos fazer exactamente tudo como queriamos.

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  13. Sof* - A tal palmada na mão. E do outro lado a anarquia. (Gosto tanto desta palavra "anarquia", acho que fica ao lado do chocolate, mas isto não vem muito ao caso).

    Mas, mas... então, ok sentem-se mal, mas são a favor. Agora friamente, sem ninguém a atirar massa para o chão aos gritos, enquanto bate com a colher na mesa, vocês podem dizer que são a favor de uma palmada.

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  14. Eu levei várias palmadas e não me fez mal nenhum. E às vezes com cada estaladão que até via estrelas. Na altura fiquei muito zangada com a minha mãe mas hoje vejo o quão parva eu era e o quanto a minha mãe deseperava. Digamos que em 80% das vezes ela tinha razão. O meu irmão, por sua vez, devia ter levado mais,ahah.

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  15. Leididi - Are you sure, não te fez mal nenhum ? Olha que a julgar pelo teu blogue ... kidding ! Opa, não me digas que bates no cão ???

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  16. Eu vivo num país em que as palmadas são proibidas por lei. E agora há debates, artigos, sessões de apoio e sei lá mais o quê para tentar anular o efeito da "criança rei" (palavras deles não minhas). Se acho que as palmadas ajudam alguma coisa? Não, de todo, no meu caso são sempre fruto do cansaço, da falta de paciência, da falta de controle...mas na verdade também me sinto muito pior depois de gritar de forma descontrolada. Acho que mais do proibir as palmadas falta ajudar os pais a encontrarem estratégias de educação e de disciplina, criar melhores ligações sociais de apoio aos pais muitas vezes isolados no seu papel.

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  17. Mafalda - A luz ! A luz !
    Começou quando sai da maternidade, continuou com as piadas "quem é que roubou o telecomando ?" e continua até este blogue, capotado, completamente carente de um MBA (Management Baby Affair).

    Onde vives Mafalda ?

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  18. Não estou a dizer que devemos minimizar os taus que nos escapam mas também apanhei alguns e não me fizeram mal, essa e' que e' essa. E e' bom que a Leididi assente umas no Ramone quando for preciso, e' um cão, não e' um pássaro recem-nascido.

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  19. Eu levei muito poucas palmadas. Da minha mãe, deverão ter sido duas ou três. E, de cada vez, lembro-me de ir encontrá-la a chorar mais tarde, quando eu já me tinha esquecido da questão...
    Claro que seria preferível nunca bater, nunca gritar, mas também não sei como se faz. Ultimamente uso um truque: digo à criança para desaparecer rapidamente da minha vista. Quando a volto a encontrar, a cabeça esfriou e já podemos esclarecer a questão mais calmamente.
    Mas também acho que é importante que fique claro quando fizeram algo que não está bem, e se explicarmos tudo sempre como a mãe do Ruca, sem mudar de tom de voz, não sei até que ponto é que eles vão perceber.
    (Uma vez, na Alemanha, também dei uma palmada no rabo do filhote em público. Foi o choque, o horror. Esperei a qualquer momento ver a comissão de protecção de menores a virar a esquina com um colete de forças a correr na minha direcção. Confesso que me choca mais este ponto de vista do que o tão português "uma palmada no momento certo só faz é bem".)

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  20. Confesso que dei algumas palmadas, na fase desconcertante dos 3, 4 anos.
    Nunca a quente, das poucas vezes que me arrependi pedi-lhes desculpa a seguir, e as palmadas doeram-lhes seguramente mais a eles do que a mim!
    Eles faziam asneira. Eu pedia-lhes para pararem, ou para pedirem desculpa, ou apanharem o que estava desarrumado, e dizia-lhes que ía contar até 3, e se não obedecessem apanhavam a dita palmada no rabo. E contava. Às vezes dois, dois e meio, dois e três quartos...mas quando prometia e eles não obedeciam cumpria sempre. E era justa. E quando eles obedeciam valorizava sempre.
    E correu muito bem. São miúdos impecáveis.
    Também eu acho que os gritos e as palavras perdidas são muito mais agressivas que uma palmada dada com responsabilidade e coerência.

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  21. Beeeem, estou aqui a pensar se chovo um bocadinho no molhado...
    Algumas ideias mais ou menos soltas:

    - De onde vimos? Para onde vamos? No entretanto, que andamos cá a fazer? Concretamente: qual é o papel dos pais?
    Eu acredito que seja transformar os polimorfos perversos (como dizia a outra) em seres humanos. A palavra chave é: seres humanos. Não é "bem educados", muito menos "domados" ou "bem dominados". E a melhor estratégia não passa por gritos nem palmadas - que, segundo me disseram, já nem sequer são métodos modernos para educar cães, quanto mais pessoas.

    - Se os gritos e as palmadas que levei em miúda fizeram mal ou bem? Acho que fizeram mal, eu é que não reparo porque sou muito minha amiga. Não é maneira de tratar um ser humano, simplesmente. Deixa mazelas na auto-estima, na consciência da sua própria dignidade. E deixaram-me vícios para o futuro, para a minha maneira de ser mãe.
    Ter começado a ser mãe na Alemanha, bem longe da minha família, teve a vantagem de me obrigar a inventar-me nesse papel. Mas lembro-me bem do malfadado dia em que ouvi um irmão meu tratar os filhos como nós fomos tratados, e de como isso abriu uma comporta que eu tinha bem fechada, fazendo com que às vezes passasse a ter reacções que copiavam as dos meus pais - e confesso que não foi uma mudança para melhor. Foi muito estranho: a partir desse momento permiti-me "escorreganços" que até então não tinham sido necessários.

    - Entre gritos e palmadas, mal por mal prefiro gritos - porque os filhos também sabem gritar, digamos que é um escorreganço mais democrático. Mas são escorreganços, não são métodos.

    - Amigos meus têm um filho com deficiência mental. Por sorte os pais nunca se lembraram de usar a força com ele - foi educado apenas com palavras. Palavras pacientes, palavras firmes. O rapaz já tem 14 anos, é enorme e cheio de força, e às vezes muito teimoso. Se os pais lhe tivessem ensinado que bater é uma solução, agora estavam completamente desarmados perante o filho.

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  22. Fazer o quê quando eles chateiam, provocam, têm birras, etc.?
    Algumas pistas, e cada um que invente as suas:
    - O fenónemo "time out", que vi em algumas famílias americanas, é incrível: os pais diziam ao miúdo que se estava a portar mal que precisava de fazer um "time out", e o miúdo ia para o quarto e ficava lá até lhe passar a vontade de se portar mal. Juro que não percebo, mas é uma pista a explorar.
    - Uma mãe que admiro imenso despistava o filho fazendo-lhe cócegas. Ele começava a implicar, e ela, zumbas, enchia-o de cócegas até ele se esquecer do que estava a fazer. Ou então ia correr com ele para a rua, até ele gastar a energia suplementar. Nos tínhamos um pequeno trampolim em casa e punhamos os miúdos a saltar cinquenta vezes ou as que fosse preciso (pobres vizinhos, reconheço).
    - Não deixar a situação escalar. A criança está a fazer um barulho irritante com um objecto. "Desculpa, vamos ter de pôr esse objecto aqui, porque eu estou a tentar concentrar-me neste trabalho e isso está-me a irritar muito".
    - Explicar antes que as coisas comecem a descarrilar: "hoje estou muito cansada e sem paciência. Podes ficar a brincar no teu quarto sem fazer barulho, para eu descansar?"
    - A linguagem não violenta: a menina deita o copo de água ao chão. A mãe levanta-se da mesa e começa a limpar, dizendo "estou furiosa com isto. Tenho fome, quero comer, e em vez disso tenho de limpar o que deixaste cair".
    - A linguagem como chave para a criança se entender: "porque é que estás a fazer isso? Será que (hipótese 1)? Ou será que (hipótese 2)? Eu não sei o que se passa contigo mas talvez me possas ajudar a encontrar as palavras certas.
    Pronto, podem rir à vontade. Mas:
    1. tem a vantagem de tornar a criança consciente de a solução estar dentro de si
    2. resulta! (até com bebés alheios - a quantidade de bebés que já pararam de chorar só porque eu pegava neles e começava a dizer em voz de lamento: "eu tenho fome e a minha mãe não está aqui..." "eu quero muito que a minha mãe, eu queria tanto estar agora com a minha mãe..." e coisas assim. Parece milagre.)

    Uma última história: com pouco mais de um ano a minha filha passou um fim-de-semana a fazer greve da fome. Bebia o biberão de leite, mas sopinhas e frutinhas, nada. Foi a nossa primeira grande crise, a primeira vez que usei força para a obrigar a fazer o que ela não queria. Ainda agora tenho vergonha dos olhos dela a perguntar cheios de espanto o que é que eu estava a fazer. Finalmente, disse-lhe (a uma miúda de pouco mais de um ano, note-se): "O que te fiz não foi correcto, peço-te desculpa. Não sei porque é que tu não queres comer, mas prometo que nunca mais te obrigo a comer o que não queres."
    A greve da fome acabou ali mesmo, e ela nunca mais teve problemas com comidas.

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  23. O meu filho mais velho também tem um diagnóstico específico dentro do espectro do Autismo. Também tem 14 anos, também é enorme, também foi educado com palavras firmes, pacientes, com explicações, com justiça. Sem gritos. Com muitas cócegas e piadas quando a eu percebia que ele estava a ficar tenso, aínda hoje resulta. E com algumas palmadas na fase desconcertante dos 3, 4 anos. E é um miudo impecável. E feliz. Cada caso é um caso, não consigo generalizar, apenas partilhar as escolhas que fiz.

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  24. Gralha - Bolas, começo a pensar que pertenço a alguma seita indiana, mas mesmo uma palmadita nos animais me estremelica. Ja não me lembro que técnicas utilizei para educar os meus gatos, mas nunca lhe bati... agora que penso, não tenho bem a certeza se os cheguei a educar...

    C - é incrivel a importância que a mãe do Ruca tem nas nossas vidas. Aquilo cheira-me a esturro, todas as familias perfeitas têm algo a esconder... Olha como é que eu faço a imitação perfeita : "Então, querida, porque que razão estas a tentar atirar o teu irmãozinho pela janela?" em simultâneo acaricio-lhe os cabelos.
    Então, não fui perfeita ? Talentos se perdem, ouçam o que vos digo...

    Patty - Porque é que nunca ninguém me disse que a fase dos 3, 4 anos é desconcertante ? De repente, acho a minha vida muito mais normal. Alguém tem algo a dizer sobre os 1 e 2 anos ? Acho que palmadas, gritos, palavras podem todos fazer danos. Porque é que os gritos são sempre descritos como descontrolados e as palmadas não ?

    Helena - é realmente diferente ser mãe perto ou longe da familia. Longe, precisei dos tais livros, dos tais brainstormings que me permitiram friamente estabelecer as minhas proprias regras. Criança nunca ouvi um grito da minha mãe/pai, mas levei umas palmadas (apesar do processo actual de negação por parte da minha mãe). Custa-me acreditar que não haja um método mais eficaz.
    Uso o processo "time out", como tu lhe chamas, com birras do mais novo, não tenho muita escolha, ele não ouve e acredito (porque quero) que esteja a aprender algures a auto-controlar-se.
    As soluções do lamento funcionam com a minuscula (4 anos, ou mais sensivel), mas o minus (2 anos, mais bruta montes, nem ouve). E as cocegas apenas se estivermos num inicio de birra muito leve, muito, muito leve, se não, ainda piora para o meu lado. Que chato, que chatos...

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  25. Ai, a fase desconcertante dos 3, 4 anos!
    Ai, aqueles momentos em que eu tentava tudo para não bater, e parecia que o meu filho só "ia ficar satisfeito" se levasse uma palmada!
    Ai, aqueles meus lamentos: "ó rapaz! tu queres apanhar mas eu não te quero bater!"
    Ai, aquelas cenas ridículas de calcular a pressão exacta para ele sentir que tinha levado uma palmada sem eu sentir que tinha batido...
    1-0, ganhava ele, e eu ficava chateada comigo própria, a tentar perceber porque é que ele queria levar uma palmada.

    É como diz a Patty: cada caso é um caso.

    O que me lembra uma prima da minha mãe, que ao primeiro sinal de birra no filho mais velho largou um "BIRRAS É QUE NÃO!!!" de tal modo decidido que pelos vistos chegou para esse e os dois seguintes. É o que ela conta, mas, como se sabe, só pescadores de domingo conseguem contar histórias mais fantasiosas que as mães... ;-)

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  26. Só pescadores de domingo conseguem contar histórias mais fantasiosas que as mães.

    Oh ! Faz um someecard com esta frase !!!

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  27. vá: eu dou o texto, tu tratas da composição, dividimos os lucros (que lucros?) a meias.
    Bora lá?

    Não sei quem é a mãe do Ruca, mas a tua caricatura lembrou-me uma vizinha que tive, que era incrivelmente paciente com as filhas. sempre queridinha, sempre amorzinho, sempre sem alterar a voz para qualquer coisa que não fosse delicodoce e calma. E à noite, quando as filhas estavam na cama, despejava o lixo todo do dia no marido. Que se refugiava na cave a fazer brinquedos de madeira para as filhas, para os sobrinhos, ou para a escola vender. Passava o serão na cave a fazer brinquedos de madeira, porque lhe era ainda mais insuportável passar o serão em casa a fazer de caixote para o lixo que a mulher acumulara durante o dia enquanto se controlava perante as filhas.
    Moral da história: de uma maneira ou de outra, fazemos sempre tudo mal... ;-)

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  28. It's a deal ! Topas 60%-40% ?

    "Il faut savoir allier le pessimisme de l´intelligence à l´optimisme de la volonté." Romain Rolland

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  29. Boa, exactamente !
    70% para mim, 30% para ti.
    Assina aqui em baixo.
    Bitte.

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  30. Ahem, pronto, está bem. Afinal a ideia foi tua. Mas vamos pedir o dobro por cada cartão, assim o meu 30% é como se fosse 60%.

    Aqui vai a assinatura:

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  31. Oh! Será que a família do Ruca foi vizinha da Helena? Será que a mãe do Ruca afinal tem um lado menos perfeito que só vem ao de cima depois de o Ruca e a Rosita irem para a cama e o episódio acabar? Hmmmmmmmmmm...
    (Helena, na Alemanha o Ruca mantém o seu nome original, Caillou, e a canção é assim: ich bin schon groß und vier, komm doch und spiel mit mir, ich lad dich ein, ich bin Caaaillou.... :) Temos alguns episódios em dvd em alemão, o que, confesso, confundiu um bocado as minhas crianças. Então afinal o menino careca chama-se Ruca ou Caillou?? Também podemos ter 2 nomes??)

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  32. Olhem o que eu descobri :
    http://www.jn.pt/blogs/emletramiuda/archive/2011/01/10/quot-time-out-quot-e-quot-1-2-3-quot-duas-t-233-cnicas-para-lidar-com-as-birras-do-seu-filho.aspx

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Pessoas

Nomadas e sedentarios