11.2.11

Avoir du recul*

Quando era adolescente era porque nunca mais podia viajar sozinha, à vontade, fazer o que queria, nunca mais filmava a porcaria da curta metragem que nunca foi tão curta. Nunca mais era dia.
Adulta, nunca mais tinha dinheiro/coragem suficiente para largar tudo e dar a volta ao mundo (entaladíssima na garganta,entaladíssima).
Em Paris, nunca mais me sentia realmente parisiense, seja lá o que isso for, nunca mais falava sem sotaque (oh, mas é tão charmoso!), nunca mais tinha amigas à séria (mas eram queridas, que sim, que até eram), nunca mais, nunca mais, nunca mais
Grávida, nunca mais se notava a barriga, a barriga agora está muito grande, não consigo dormir bem, e que nunca mais nasce.
Nascidos, recém nascidos, nunca mais param as cólicas, nunca mais sossegam, nunca mais dormem a noite toda (ups), e nunca mais e nunca mais.
Agora, nunca mais, nunca mais dormem à noite (e sim, e sim), nunca mais paro de ser apenas mãe e faço-me à vida, assim de repente, via-me a trabalhar feliz da vida em perfeito malabarismo com a palavra "mãe"...
* Alguém me pode fazer uma boa proposição de tradução para isto, por favor, que estou com tanta vergonha de ser emigrante neste momento... Relativizar ?

E patati, e patata.

8 comentários:

  1. como concordo.... somos todos um bocado assim-sempre a sonhar com o amanhã e nem nos apercebemos do agora -mas tenho-me esforçado por valorizar cada momento vivido e aproveitá-lo-menos a parte de viajar que quero tantooo e vejo cada vez mais dificil com 3-vou ali amuar e já volto

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  2. Nunca (ou quase) estamos satisfeitos..
    Há sempre qualquer coisita que npodia ser diferente!

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  3. Arrisco apostar que pelo menos 72,6 porcento dos teus leitores podiam ter escrito este post... Sera' que e' esta impaciência que nos faz capotar? Agora já comecei a fantasiar com a reforma, quando farei só o que me apetecer...

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  4. Oh ! Eu eu que pensava que era original ...

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  5. A gralha antecipou-se, eu ia dizer algo parecido. Acho que o ser humano é um eterno insatisfeito.
    Bjs

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  6. Por acaso com o tempo foi passando, faço por me lembrar e aproveitar melhor o momento. E reparo em muita coisa que antes não reparava com a mania do tomara já isto, tomara já aquilo. Ainda assim tem dias em que lá me salta um tomara já qualquer coisa.. É tudo normal :)

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  7. E o segredo para ser menos "tomara já isto", alguém conhece? É que para mim isto é uma verdadeira agonia: dou por mim a pensar (a torturar-me) com problemas que só hão-de surgir daqui a uns valentes anos, se é que realmente surgirão. E depois esbofeteio-me mentalmente: rapariga, pára com isto, já tens tanto com o que te ocupar, para que é que está a pensar naquilo que nem sabes se pode acontecer? Curiosamente, tive um interregno nesta minha maneira de ser quando o miúdo era mais pequeno e eu estava em privação de sono. Andava tão cansada e com o cérebro tão moído que só conseguia pensar no dia em que estava a viver (basicamente só pensava no momento em que ia poder deitar-me na cama e rezar para conseguir dormir algumas horas seguidas). Agora que as coisas estão a voltar ao normal, voltei a esta anormalidade...

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