23.1.13

A contra cultura do L e do XL

Aldous Huxley, no Admirável Mundo Novo fala-nos do desejo por mulheres pneumáticas, Rubens e os seus amigos italianos pintavam, com mestria, mulheres com tudo em cima e com eles ficámos a saber que já existia celulite bonita no século XVII. Karl Lagerfeld diz que a cantora Adele tem um rosto bonito mas é demasiado gorda e Howard Stern utiliza o mesmo adjectivo para a actriz Lena Dunhman.
A beleza é relativa.
A liberdade aconteceria se cada um tivesse o seu conceito pessoal e vivesse acima de outros julgamentos. Mas somos (demasiado) influenciados pela cultura onde estamos inseridos, pela época em que vivemos, pelos líderes de opinião, que nem sempre escolhemos. Somos mesmo influenciados pelo receio do olhar de terceiros, que muitas vezes moram apenas dentro da nossa cabeça.
Nascemos com um cérebro incorporado, pessoal e intransmissivel, não faz sentido seguirmos o que nos dizem os outros, por muita martelada que levemos em cima. Por muitas capas de revistas femininas mês sim, mês não com a dieta milagrosa, por muitas celebridades cheias de photoshop ou restrições bem reais ou por muita colega do lado, que passa o dia a beber uma garrafa com um líquido castanho esverdeado, nada justifica este dogma da beleza magra em que nadamos.
...
O ano passado, uma marca, que muito infelizmente não me paga para fazer esta publicidade, fez correr muita tinta na imprensa e muito post na blogosfera francesa, com este anúncio :



Clémentine Desseaux, a modelo tamanho 44 da publicidade, desliza frases a quem a quer entrevistar que podem ajudar a fazer uma pequena revolução, não tão insignificante como pode parecer à primeira vista: "Dantes, as mulheres plus size vestiam-se para camuflar. Isto faz parte do passado. Agora, assumimo-nos, mostramo-nos".

Mesmo a Vogue anda atenta a esta nova vaga e criou a rubrica Vogue Curvy, apesar de dizer explicita ou implicitamente o seu contrário, na versão para as restantes e comuns das mortais. Cada um compra o que quer - estamos num mundo que se quer livre. A cada um as revistas, as ideias, as paranoias que desejar e o modo de vida que julgar mais adequado.
Depois é viver.
De preferência, engolindo apenas o que escolhemos, sabendo abrir os olhos e pensar além dos anúncios das marcas de luxo, do que os orgãos de comunicação social nos impingem e do que as montras das cadeias de lojas supostamente para "toda a gente" nos querem vender. "Toda a gente" que couber num 38, mas tiver corpo de 36 ou 34. Excepções a essas lojas de requintes sádicos, existem felizmente. Até porque existe mercado para isso, e estão na sua maioria on-line, por exemplo aqui : Forever21, Asos e HeM.

Menos por causa das criticas à anorexia, do que a exploração do mercado das mulheres "reais", já se assiste a uma mudança de mentalidade salutar, que implica amor próprio para todas e a quebra da ditadura da magreza. Mas quando vai chegar à nossa cabeça, às revistas que lemos, às ruas do nosso velho continente ?
Por mim, não vou esperar mais, vou dar um chuto a este preconceito que me diz que apenas se for magra vou ser bonita, a este preconceito que nem eu sabia que tinha. Mas que vou fazer por deixar de ter. Porque esta não é a minha cultura e porque me quero sentir bem na minha pele, tal como ela é, a envolver todo este corpo que é o meu.
Posso dizer alto e a bom som que com os outros, posso eu bem - é verdade. Mas com o que no passado me deixei incutir, é mais complicado.
Hoje, a Barbie vai desaparecer daqui para fora. E a mousse de chocolate, idem, mas daqui para dentro.

Sem complexos, nem dietas, vou encher este post de fotos inspiradoras de corpos de mulheres. Para mim, por mim e para mais quem quiser. Outra fonte de inspiração, pode ser este blogue.





Os louros das fotos a quem são devidos : Adele pela Out Magazine,  Marilyn Monroe por Sam Shaw, Tara Lynn na revista ELLE francesa (Março 2010), Fluvia Lacerda por Vinicius Cardoso na revista Criativa brasileira (Maio 2010), Beth Ditto por Abaca, e em breve, quando estiver para ir à procura de fotos com resolução, fotos também de Clementine Desseaux,, Tara Banks ...

37 comentários:

  1. Só desabafo porque sou XXL....Não gosto de ser gorda, não me sinto bem por ter excesso de peso e não suporto ver no espelho um corpo que nada tem a ver com o que está lá dentro. Depois, é claro que me sinto péssima quando aquela peça de roupa não me cabe ou pior, assenta-me mal. Dos outros só esperava que me puxassem mais vezes as orelhas e me dessem força para conseguir voltar a ser mais saudável e feliz. Porque não, estes excessos moles e pesados e desajeitados não são mesmo nada bonitos...

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    1. Uma pergunta de cada vez :
      1 - Não te sentes bem porquê ? Porque não és linda realmente ou porque a cultura em que vives te devolve uma imagem negativa de ti ? E se vivessemos numa época em que "gordura é formosura ? Em que todas as capas de revista feminina fossem com mulheres tamanho XL ?
      2 - Porque é que insistes nas roupas que te assentam bem, porque não olhar para as que favorizam ?
      3 - Quem é que te diz que não és saudavel ? A tua médica ou o teu espelho ?
      4 - Quanto à ultima frase, tudo é muito, muito relativo.
      ...
      Acho que vou mostrar aqui mais links de quem é tamanho XL e é lindo e vive bem na sua pele...

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    2. Não me consigo projectar num outra época...olho para o espelho e não gosto do que vejo, porque sei que já fui muito mais bonita quando pesava menos 20 kgs. sei porque o sentia na minha pele e não pela forma como os outros me olham ou olhavam. Quem me diz que não sou saudável são as minhas análises...estou gorda porque cometo uma série de disparates na alimentação.Sou gorda porque encontro na comida um escape e um consolo que deixei de encontrar noutros detalhes da minha vida. Sou gorda porque exagero na minha gula. Por fim, acho que ninguém é gordo porque gosta...

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    3. Eu gosto muito de comer e beber e de tudo o que pode dar prazer, mas acho que percebo o que queres dizer. Tive uma fase (que falei aqui no blogue ha pouco tempo), em que estive mais em baixo e em que também usei a comida, nem sem bem para quê. Comia, porque estava angustiada. Mas não tinha qualquer tipo de prazer a comer. Isso é diferente. E dessa fase não gostei. Comer porque se gosta, sim. Comer, para se fugir de alguma coisa, não. Porque não se foge de nada e entra-se em automatismos sem nenhum prazer. Se sabes o que fazes mal, e se ainda por cima, fazes mal à tua saude, espero que consigas parar e mudar.
      O meu objectivo é que toda a gente se sinta bem na sua pele, que não se sinta obrigado a sofrer para estar dentro dos standards. Não é que se entre numa espiral, onde não se encontra prazer, nem se gosta do que se é.
      O que fiz foi parar e pensar.
      E durante uns tempos questionei-me porque é que estava a comer. Porque queria. Porque estava a gostar. Ou apenas porque sim. Não foi preciso comprar balanças ou andar a contar calorias, nem fazer menus especiais, nem dietas a comer coisas de que não gosto e privar-me do que gosto.
      Para mim, bastou-me questionar o que andava a fazer e fazer apenas o que me apetecia. E não o que fazia sem sequer pensar. E depois, claro, parar de fugir do problema e começar a resolvê-lo. :)

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  2. Foi gorda durante muito tempo. Desde que me lembro, aliás, e esse talvez tenha sido o problema. Teria eu seis ou sete anos (talvez um pouco mais, mas não muito) e andava a comprimidos e sopas receitados pelo pediatra. Os meus fizeram o que ele disse, claro. Eu senti-me horrenda. E demorei muito tempo a deixar de me sentir assim. A vida toda, praticamente. Pela primeira vez na vida estou a vestir 38/36 e não me sinto magra. Na minha cabeça vou ser sempre gorda, como se fosse uma doença, como se fosse um vício, como se fosse uma droga, como se fosse uma toxicodependente que se "limpou", uma fumadora que deixou de fumar, um alcoólico em recuperação. Não é uma questão de peso. É uma questão mental. E o que posso dizer é que depois de anos e anos (décadas, vá) a fazer dietas malucas, cheguei a este tamanho precisamente quando não estava a fazer absolutamente nada para isso. Não estou a fazer a apologia da magreza. Estou a dizer que quanto mais nos angustiamos com o excesso de peso, mais difícil é perdê-lo - para quem o quer fazer. Quem não quiser, pois que tem todo o direito a ser feliz e a sentir-se bem consigo próprias. A serem felizes, como todos queremos ser. O resto é treta.

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    1. A questão do peso das crianças aflige-me particularmente, por um lado, por causa do problema de saude fisica que isso acarreta, mas também pelo que diz às crianças de si mesmas, pode alterar personalidades e vidas, na maior parte das vezes pela negativa. Gosto de pensar que actualmente os pediatras ja tenham mais cuidado e que saibam passar a mensagem sem fazer a criança sofrer.
      Depois, quando crescemos ainda temos que levar com essas dietas malucas.

      Ha quem va ser gorda sempre, ha quem apenas com muito sofrimento va conseguir emagrecer e ha quem não precise de emagrecer por motivos de saude, mas apenas por questões de moda e desta ditadura absurda - todas, TODAS, merecem sentir-se bem, seja em que processo estiverem. Todas merecem conseguir tirar o melhor delas proprias e sentirem-se bonitas. Sim, sim, a beleza interior é muito importante. Mas toda a gente tem o direito e pode ser bonita. Achar-se bonita e sê-lo.

      Divine Shape e nunca pensaste fazer um post sobre roupa size plus ?

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  3. Como S que passou a XXL devido a muitas contigências hormonais, concepcionais, de trabalho, e como é óbvio, boca aberta, aprendi que há algo mais do que os kg que a minha balança indica.
    J´tentei tanta dieta médica que me cansei: perdi toda a força que me movia quando achava que com 62kg era gorda, e onde uma migalha a menos me deixava outra vez nos 50 e poucos. Hoje, com quase o dobro, sou mais inteligente, mais atrevida, e encanto quem me ama com outras artes.
    Custa-me o cansaço e perda de agilidade. Mas acima de tudo, cansa-me a busca por roupas que eu possa pagar, e que me sirvam. Estou tão saturada de C&A e H&M, sempre as mesmas camisas, as mesmas camisolas, e ainda mais das lojas que vendem XL que são pouco maiores que a roupa de 10 anos que a minha filha mais velha veste. Curiosamente, nos dias de festa , posso arrasar com roupa maravilhosa que a minha mãe faz, à minha medida.
    O facto de os relógios e pulseiras me apertarem, de os anéis terem deixado de servir, entristece-me. Não encontrar lingerie ( era perdida por lingerie) para o meu par 115D enfurece-me. O volume a mais na barriga, coxas, queixo, deixam-me doida. Na foto do Cartão de cidadão pareço o Shrek. Mas a partir do momento que saio de casa, e deixo para trás o último espelho, esqueço-me ( até ao próximo provador de roupas, sítio que evito frequentar, é claro).
    E quando me deito ao lado do homem que amo, ele também me faz esquecer. Mesmo com a luz acesa.
    Ser gorda, acima de tudo, tornou-se um obstáculo a ter filhos: um círculo vicioso de ovários poliquisticos, obesidade, insulinoresistência, infertilidade...sempre, sempre, e as filhotas custaram-me muitos euros e furos na nádega...coisas que, actualmente não consigo pagar de novo para o príncipe que ainda me falta.E isto custa muito mais do que qualquer calça apertada.

    ACho que só conseguia ter forças para voltar a mais uma dieta( todas têm sido seguidas de ganho de peso em dobro ao perdido, em poucos dias, após desistir, e todas têm sido medicamente assistidas) se o meu marido olhasse para mim e me pedisse, explicitamente e com todas as letras.

    Até lá, tenho a agradecer aos srs da Calcedónia terem feito um biquini à minha medida. Sim, este verão atrevi-me a usar biquini. Quem não gostar, olhe para outro lado. Era o que mais faltava, ter só meia dúzia de dias de férias na praia e não os usar, ou ficar cheia de manchas bronzeadas no corpo branco de baleiazinha



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    1. E, porque não sentires-te bem também quando te olhas no espelho ? Porque não encontrares outras lojas ? Se existe uma com o biquini certo, deve haver outras com o resto adequado. Porque é que temos obrigatoriamente que esquecer, que camuflar ? Porque é que não se pode assumir e mostrar e gostar ?

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  4. Como rapariga que veste o 38-40 e que se sente todos os dias gorda e, menos frequente mas ainda assim acontece, um bocadinho feia; e como rapariga que passou a infância a ouvir dizer a avó que se não fosse magra ninguém ia gostar de mim; e amigas de namorados que diziam ao namorado para me deixar porque era gorda demais, só tenho uma coisa a dizer: Estou contigo!
    Tenho cuidado com a alimentação sem abdicar dos meus pequenos prazeres e faço 5 h de ginásio por semana, mas já não é para emagrecer porque duvido muito que algum dia me sinta magra, por mais magra que fique, mas sim porque gosto e para me manter saudável (há todo um historial familiar de hipertensão, colesterol e diabetes, bem como enfartes e AVC's...)
    Venham de lá essas fotos para me levantar a moral :) (A Marilyn tem de entrar!)
    Beijinhos e obrigada pela coragem de um post assim.

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  5. Eu acho que a sensualidade está muito mais ligada à carne que aos ossos. Tanto mulheres como homens, acho-os mais interessantes quando com aquela camada alegre de quem come e tem prazer.
    Mas espero que não seja só de peso que se venha aqui a falar. :) Como diz acima a Anouska, aquilo que nos dizem em crianças marca-nos para sempre e leva uma vida a largar. É aí que me encontro.

    Deixo aqui uma imagem de uma mulher bonita, ainda que nem se veja o rosto (espero que o link chegue lá): http://pinterest.com/pin/416864509228255835/

    E Carla, muito obrigada pelo elogio mas... acho que todas o somos!

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    1. Não sou tão radical, acho que a sensualidade vem de dentro, não tem a ver com o peso. Tanto um/uma magricela ou um/uma gorducha podem ser sexy. O problema para mim é que temos tendência a ver beleza apenas numa parte da população, quando ela pode estar na sua totalidade. Depois, claro que se não correspondes ao standard instituido vais receber mensagens negativas e vai acabar por não acreditar em ti. Exemplos não faltam de pessoas que começaram a ouvir em crianças que apenas se forem magras é que são bonitas ou que estão bem.

      No proximo post falamos desta loucura pela juventude a todo o custo, de não se assumir cabelos brancos, rugas, etc. Fica descansada ;)

      Todas podemos ser, temos é que acreditar nisso.

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  6. Bravo! é isso mesmo. Nunca fui gorda, em criança era magricelas até, mas com a aproximção dos 40 o número de roupa também não quis ficar atrás e dos 34-36 dos vintes...estou neste momento num 38 a atirar para o 40 (é para fazer pendant com a idade :)). Com a minha baixa estatura tenho uns 7 ou 8 kgs a mais. Sim, martirizei-me um bocado, ainda fiz uma dieta em que perdi 7 kgs. Recuperei tudo e estou igual, com mais um ou dois kgs por cima. Mas, curiosamente, há uns meses deixei-me disso. Assumi dentro de mim que me sinto bonita tal qual estou e que, enquanto a saúde não se ressentir, não vou ser escrava do espelho e de uma imagem plástica que a moda e os media nos tentam impingir. De há uns meses para cá cheguei ao ponto exacto onde te encontras agora, aqui neste post. E assim é que deve ser!

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    1. Esta atitude não é de hoje, a ultima vez que fiz uma dieta foi em 2001, se a memoria não me falha.
      Mas agora faço desporto, coisa que era impensavel naquela altura. São compensações da vida...

      O facto é que me sinto normalmente muito bem comigo, mas depois dão-me parabéns e não percebo muito bem porquê, depois explicam-me que três é uma boa conta e eu tenho que lhes dizer que não, não senhora, não estou gravida... huuummmm, esta parte é mais complicada.
      Eu sou linda e cruvilinea, bolas !
      Mas ninguém me lê este blogue ??
      ;)

      Trata-se de um peso pesado toda esta pressão da sociedade, isto é que é. Quando estamos bem connosco, passamos por cima disto tudo. Mas quando não é o caso, junta-se mais uma camada pesada.

      Concluindo : Quando se sabe quem se é, e quando se sabe o que se quer, a pressão dos outros ou da sociedade abstrata em geral é muito menor.

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    2. Já perdi a conta às vezes que fui tratada por grávida, em que perguntaram, em que deram os Parabéns na certeza absoluta do facto.

      Acho que foi isso...no dia em que me encontrei, isso deixou de ter qualquer importância.

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    3. Não tem nenhuma importância, realmente, mas preferia que não acontecesse. Ok, pronto, no metro se me derem lugar ainda pode ser. ;)

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    4. Confesso que até me divirto ao ver a cara das pessoas quando respondo rapidamente: não estou grávida, estou só gorda. :) ficam tão atrapalhadas... ;)

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  7. Vou sugerir uma coisa se me permitires; que tal publicar também, fotos de mulheres famosas que tinham generosas curvas e eram lindíssimas, e que rendidas a essa ditadura das dietas, se transformaram em algo parecido com sombras fluídas daquilo que já foram em tempos. Existem vários exemplos, alguns bastante chocantes. Talvez ao ver no que se transformam as prisioneiras da alface e do chá de sene, já não achem que ser magro é idela de beleza.

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    1. Excelente ideia !
      Em quem é que estás a pensar ? Ai, a minha cultura de celebridades anda pela rua da amargura ...
      E também pensei em dar um caso português, mas quem ?

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Adoro a Beth Ditto. Adoro. É linda. Eu conheço pessoalmente algumas gordas lindas e muito,muito sensuais. Eu só não percebo porque quero ser magra. Há uns anos estive muito magra (desgosto de amor, nada emagrece mais que um desgosto de amor) e até nem me sentia assim tão bem quanto isso com a magreza. Doía-me o rabo quando me sentava e tudo, por ter mais ossos que carne. Mas acho que nessa altura era mais "apreciada" (seria por estar solteira?) e se calhar é esse conjunto de associações que temos dentro de nós que nos impele para esta escravidão da busca pela perfeição.
    Mas o problema é que é mesmo uma coisa nossa (pelos vistos de muitas, muitas, muitas, pessoas), porque nunca ouvi um homem dizer que prefere uma mulher magra, por exemplo. Com mulheres que gostam de mulheres nunca conversei sobre isso...

    25 de Janeiro de 2013 à0 11:09

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    1. A Beth Ditto é qualquer coisa, vi os Gossip, acho que fui em 2010, em palco e não imaginas a força, a energia que ela tem e transmite. Fenomenal.

      Quer-se ser magra por causa desta ditadura, vem das revistas que lemos quando eramos jovens, das conversas com outras raparigas também elas influenciada e aquilo entrou-nos na cabeça. E agora tirar ?
      Nunca ouvi nenhum namorado meu, ou das minhas amigas falar sobre isso, ninguém compreende esta moda das dietas. Depois dizem-me que não interessa o que os homens, pois não, mas interessa o que as revistas de moda dizem ?
      Mesmo quando dizes "a busca da perfeição" acho suspeito, porque é que a perfeição se encontra na magreza ?

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  10. Há aqui mais uma questão que só foi levantada ao de leve: a proporção. É muito sexy ser curvilínea quando se tem 1,70m. Com 1,50m a coisa já pia mais fininho.

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    1. Mais um preconceito, trau ! Esta é uma contra-cultura que não mais tem fim.

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  11. Mais uma para o grupo. Sempre fui gorda (passei tempos bastantes maus na escola à conta disso, tinha alcunha e tudo...) e alta e com os pés grandes. Nunca me dei bem com o meu corpo e sempre me doeu muito não puder vestir o que toda a gente vestia e calçar o que todas as outras meninas calçavam. Passei muitos anos com roupas largas e a suspirar por sapatos de menina.
    Vivi a minha vida descontente com o que tinha e precisei passar por muito até chegar onde estou hoje. Tenho 1,76m e ando à volta dos 72 kg. Na minha cabeça continuo gorda e acho que nunca vou deixar de me ver assim, mas já fiz as pazes com o espelho. Uso roupa mais ao meu tamanho, uso bikini, saias curtas e vestidos e tenho dias que me sinto mesmo muito bem. Claro que fiz muitas dietas, andei no nutricionista e só perdi peso depois de ter a minha filha e passar por um muito mau momento pessoal. Aí perdi peso, ânimo e tudo o mais. Depois descobri uma outra maneira de viver. Sei que vai parecer propaganda, mas li um livro sobre alimentação primal, experimentei e já levo dois anos neste estilo de vida e dou-me muitíssimo bem. Como bem, sinto-me bem e sou mais feliz. Acho que a questão da gordura está muito na nossa cabeça, mas a alimentação que fazemos tem muita culpa. E por vezes é um conforto que acaba por nos fazer mais mal que bem.
    É uma questão muito complicada esta...

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    1. Se sempre foste gorda, agora não o és de certeza. Tens praticamente o mesmo tamanho e peso do que eu : estamos muito bem. Principalmente porque nos sentimos bem e felizes.
      Deve ser isso o principal, não ?
      A complicação existe mas vem quase sempre de fora, desta cultura chata e monocordica que impera. Que te tivessem deixado em paz e valorizado na escola e terias sido muito mais feliz, e isso sim, seria algo importante, não o que te dizia a balança.

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    2. Sim, eu sei que sou gorda apenas na minha cabeça! :)
      Não sei, acho que é uma mistura de tudo. Já tive quase 90kg e era um horror ir às compras. Não encontrar roupa que me servisse, ser jovem e querer roupa a minha idade e ter que ir à secção de senhora, não encontrar o meu tamanho nas lojas... Agora estou bem comigo mesma, visto o 38/40, posso ia a uma loja e encontrar o meu tamanho (se bem que encontrar uma marca que satisfaça uma jovem de 30 anos com um estilo fora do mainstream não é assim tão fácil, mas isso é outra questão), incluindo os malditos sapatos de senhora tamanho 42 que me assombraram tantos anos.
      E sim, a temporada na escola foi complicada, os miúdos conseguem ser muito cruéis.
      Acho que é um problema que vem de todos os lados, vivemos bombardeadas com marcas com tamanhos quase impossíveis, imagens de magreza anoréctica (há uns tempos dei-me ao trabalho de reparar nas capas da Happy e aquilo era um horror de gente esquelética...) e uma maneira de comer que ajuda ao aumento de peso. Passámos da bela dieta mediterrânica para a cultura do fast-food hiper-calórico e nada saudável. Não é fácil fugir disto tudo. Falo por mim, precisei muitos anos para o conseguir! :)

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    3. Exacto, somos bombardeados com imagens de mulheres ideias, que não têm nada a ver com a média das mulheres "reais". Entra no subconsciente, no inconsciente, no consciente, em todo o lado.
      Quanto à dieta do fast food confesso que nunca me convenceu, em gosto de comer coisas boas ! :D

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    4. Como mousse de chocolate e um belo hamburguer do H3? :D

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    5. Mousse de chocolate feita em casa, sem dúvida. Já o H3 não sei do que é que falas...

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    6. Com chocolate preto bem amargo, sim! :)
      Pois, esqueci-me que não estás aqui... O melhor hambúrguer que já comi fora de casa: http://www.h3.com.pt/pt.html

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    7. Obrigada. Fica a morada, para verificar da próxima vez que for à terrinha.

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  12. Adorei a Gabifresh!!!
    De uma "L" que demorou algum tempo (anos) a adaptar-se à ideia que tinha passado a ser uma "L" gostei muito de ler este texto.
    Viva a mousse de chocolate!!! :) :)

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  13. Viva !!
    Viva gostarmos de mousse e do que vêmos no espelho. :D

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  14. Viva a mousse e autora deste texto. Sou uma XL assumidíssima, feliz e sexy (porque não dize-lo).

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