15.10.12

Coitado do Anatole


Doze. Doze foi uma má ideia. Não sei de quem foi a culpa, mas também já é tarde para se averiguar responsabilidades. Doze foi muito, é capaz mesmo de ter sido demais. Os limites que se passaram...
Chegam tímidos, chegam sempre sossegados. Calados. Eles sabem ao que vêm. Ao princípio ficam por ali, com o por favor, com o posso fazer isto ? E nós, mãos largas, claro, claro - à vontade, à vontadinha. Depois começam a ser mais. Fui eu que vi primeiro. Dá cá isso. Por fim chegam todos.
Não se mede temperaturas. Ainda nos atiram com o termómetro.
Chega o momento em que não se fazem perguntas. Diz-se o que é que vão fazer a seguir. Com entusiasmo e certeza. E funciona. Funciona sempre. Um quase antes do sempre, seria necessário, se a verdade fosse uma virtude desejada. Não deixa de ser uma sensação estranha, esta de se acabar com o caos.
Lá fora a chover.
Sentados na mesa, riem-se com a boca aberta, atiram a cabeça para trás, atiram todos, riem-se todos, abrem todos a boca. Sabem divertir-se. Lá isso...
O humor escatológico continua a ter um sucesso avassalador. Para eles, para o humor, para nós.
Dançam muito, fazem caretas, saltam em cima dos sofás que não vão ser trocados tão cedo, cantam as músicas que pensam conhecer. As dos espectáculos da escola do ano passado. Um êxito.
Ainda não foi desta vez que a casa foi abaixo. Construção sólida. Um bom investimento.
O peixe chama-se Anatole. Tem olhos de gente inteligente. Ninguém quer saber. Paulada forte e feia. O Anatole para ali a baloiçar. Coitado. Entretanto, começou por perder um olho. O esquerdo. Sem culpa nenhuma. O nosso Anatole. O meu Anatole. Nunca mais faço uma piñata. Uma pessoa afeiçoa-se e depois custa.
Quando os pais chegam, parecem atarentados, propoem ajuda para arrumar, aquilo faz-lhes uma certa confusão. Gosto de confusão. Mais tarde, gosto quando vão todos dormir. Rever as fotos. As serpentinas ainda no chão. Os gritos, dispensava. Mas uma boa confusão. Ah !
Hoje está sol.
A semana passada, entre os preparativos e os convites, parecendo que não, a vida passou.
Esta semana é minha, meus caros, esta semana é minha.
Seja lá o que isso for.

5 comentários:

  1. Como é que uma mulher brilhante como tu não se lembrou, neste período tão belo da História de Portugal, de fazer antes uma piñata em forma de coelho? :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não decido nada nesta historia, minha cara. Apenas executo. Queres que te faça uma assim para os teus anos ? Ou posso fazer um tutorial por facebook como as americanas. Pa, diz-me o que te convem.

      Eliminar

Pessoas

Nomadas e sedentarios