3.10.12

Atirem-me tomates ! Tempo para ser criança

Falar-se dos filhos e da sua vida é sempre muito emotivo e todos os pais têm a sua visão. E depois a sua vida. Que nem sempre cola na perfeição com a visão.
A perfeição não existe. Pena seria, se saíssemos daqui deprimidos por causa de coisas impossíveis. Mas existe a possibilidade de se trocar e mudar de ideias e de se procurar melhorar.
Que a tempestade cerebral comece.

Introdução-choque : Tenho receio da palavra excelência.
Se por acaso encontrar algo excelente feito pelos meus filhos, seja com que idade for, vou desconfiar e vou descansar apenas quando tiver a certeza que houve prazer. Vou querer saber da história toda, porque normalmente se fala do resultado e não dos meios. Quando ouço um muito bom pianista jovem, no final tenho que ir falar com ele, vai falar-me de esforço com certeza, mas vai ter que ter um brilho nos olhos, caso contrário, vou sair dali a chamar nomes aos responsáveis. A perfeição não cai do céu. E neste momento, deste lado do teclado, as crianças portuguesas do primeiro ciclo parecem-me estar sujeitas ao mesmo tratamento do que aquelas contorcionistas de 4 anos, que muitas vezes são aplaudidas no circo do Mónaco. E nem sequer sabemos quem é que os vai aplaudir no final.

Encaremos as coisas como adultos. Uma criança que não tem tempo para brincar, que está a estudar o dia inteiro aos 6 anos, que chances tem de não estar farta quando chegar aos 15 anos ? Como é que não vai estar obrigatoriamente pelos cabelos pela palavra esforço ? Uma criança que passou a vida a respeitar regras, mesmo que sejam extra curriculares, como é que depois vai livrar-se delas quando estas estiverem a sufocar-lhe a vida ? Uma criança que não experimentou a liberdade no dia a dia, como é que vai saber onde a ir buscar quando for adulto ? Uma criança que não fez o que lhe apeteceu na real gana, como é que vai ser uma pessoa equilibrada ?
Queres ver que aquela história dos direitos das crianças, era mesmo para ser levada a sério ?

Para que eles sejam crianças,  lembro-me de quando eu mesma era criança. Costumamos dizer que o que queríamos é que eles fossem felizes. Acredito que seja esta a via e não estou a falar de unicórnios cor de rosa. De estudarem com gosto para aprenderem mais. Melhor. De não andarem a fazer esforços sem perceberem para onde estão a ir. Estou a falar de serem felizes, para também poderem ter sucesso escolar. E se me apetecesse podia estar a falar de produtividade individual e de PIB. Mas não me apetece.

Para que eles vivam como crianças, tenho que ser adulta. Temos que lutar para que a escola os respeite, que os deixe crescer e experimentar, que não os castre, pelo menos antes do tempo. Temos, ou pelo menos convinha muito, que lutássemos para que a sociedade nos respeitasse a nós e à nossa ideia de família, temos que nos respeitar de preferência sem ter que lutar muito.
Podemos começar com grandes revoluções ou por uma conversa informal com a professora, para que alivie nos TPCs.
Não acredito que a escola possa evoluir muito enquanto os pais se mantiverem ausentes. Vejo muitas vezes uma atitude clientelista, de mero deposito de crianças e de exigências. Os pais podem e devem fazer parte da solução.

Enquanto pais, temos a obrigação de ser adultos. Pelo menos de vez em quando. De pensar e questionar e debater o que pode ser melhor para eles. E depois lutar por isso. Para que mude a escola, para que mude a nossa vida, para que mude tudo. Para que não se mexa muito nas crianças.

E agora, para rematar em beleza, parece que estou a cumprir uma agenda e não consigo descalçar a bota, nem sequer ser subtil. Juro que não vou fechar este post como estava à espera quando o comecei, mas acho cada vez mais que passa muito pelos pais e pela sua disponibilidade. Não podemos entregar os filhos a uma escola, mesmo que nos pareça perfeita e ir trabalhar o dia todo, todos os dias, todos os meses. Não vai ser amanhã que os part-times vão começar a chover, mas começar a fazer pressão para uma melhoria de horários não é cedo, nem tem que se esperar que seja a melhor altura. Já se começou a perceber que ela não vai chegar tão cedo. E os miúdos crescem num instantinho. Alguém que queira fazer renascer este movimento ?

Ainda bem que temos tempo livre para discutirmos do que julgamos ser importante.

66 comentários:

  1. Atirar tomates, não é bem comigo, mas flexibilizar está dentro do meu leque de aptidões.
    Não está ao alcance de todos, e por estes dias, muito menos.
    Flexibilizar também não é uma coisa de mães, ou de mulheres, é uma opção de familia, onde existe alguém com características e actívidades mais propícias a que isso possa acontecer, em compromisso. Exige algum rigor e algum esforço.
    Exige ainda algum estômago, para o factor inveja...

    Eu estou aqui.

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    1. Não podia estar mais de acordo contigo, e vou mais longe é uma questão não apenas da familia, mas de toda a sociedade.

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  2. Há uns anos atrás, ainda não tinha filhos, li uma entrevista de um pedagogo, ou psicólogo ou professor (já não sei) que dizia uma coisa que nunca mais me saiu da cabeça: Temos que perceber que escola é que nós temos, que pega numa criança curiosa, que tem vontade de aprender e de conhecer, e a transforma num adolescente desinteressado". Enfim, alguma coisa poderá ter a ver também com a adolescência em si, e não só com a escola. Mas é mais ou menos o que perguntas quando dizes que uma criança que começa aos 6 anos com uma carga de tal forma brutal de trabalho acaba por estar farta de trabalhar e estudar aos 15...

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    1. Tem a ver com muita coisa, com a carga horaria, com os programas, com os métodos, com o que se pede, com os objectivos. Mas o Sir Ken Robinson explica tudo melhor do que eu :

      http://www.ted.com/talks/ken_robinson_says_schools_kill_creativity.html

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    2. (eu hoje não saio do teu blog...)
      não é preciso chegar à adolescência para ter um miúdo desinteressado. eu notei na minha filha do meio, começou o 1º ano com toda a força, com mochila nova, lápisa, canetas cadernos e manuais... e muita mas muita vontade de aprender e no final do ano já achava tudo uma seca.
      não notei isto na mais velha não e espero não notar no mais novo.
      estou mais dura e impiedosa, já não vou em cantigas nem em segundas oportunidades para uma escola destas

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    3. E o que é não ir em cantigas nem em segundas oportunidades? O que é quefazes/ podes fazer? (É mesmo uma pergunta, não é um comentário.)

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    4. explico melhor: quando esta minha filha entrou para o 1º ano eu vi logo que a coisa não estava a correr bem. vi que estava a ficar desmotivada muito rapidamente, vi que o método era demasiado desinteressante para ela. vi e senti muita coisa e nada fiz. apesar de tudo, a miúda gosta da professora e isso deviar ser um factor importante. o segundo ano passou e nada mudou.
      no 3º tivemos vários problemas. 4 pais mudaram os filhos para outra escola (particular) por não estarem satisfeitos com o nível de aprendizagem dos miudos. eu não mudei a minha.
      neste momento não tenho possibilidade de a mudar para a tal escola particular e mudar para outra escola pública do mesmo agrupamento também não foi possível.
      as cantigas e segundas oportunidades são para o terceiro filho.
      para o ano vai para o 1º ano, ou seja começar com esta professora da irmã (que entretanto termina o 4º ano) mas eu não vou querer. vai ter de ir para outra escola, mais longe de casa e separar-se dos colegas de sempre. mas não vamos andar nisto mais 4 anos das nossas vidas.

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    5. Não quero estar sempre a dizer que aqui é que é bom e tal. Mas ... os alunos mudam de professor todos os anos e começam na pré-primaria a ter um professor novo por ano. Evita muitos problemas. Tudo corre bem se a professora for a tal, mas e se não for ? 4 anos a não funcionar é muito pesado. E mesmo... os meus filhos ja têm apanhado professores mesmo muito bons e depois mudam e têm que se adaptar e adaptam. Acaba pot ser sempre positivo. "Sempre" é talvez uma palavra demasiado grande. Mas se a professora é que era o problema uma associação de pais não poderia fazer alguma coisa ? Denunciar, pedir uma alteração, falar com ela para que mudasse. Quando o prblema é de muita gente, a solução é mais facil de se encontrar, não é ?

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    6. parece que aqui entra outro factor em conta.
      a escola dos meus filhos, é uma escola pequena. uma casinha daquelas à estado novo. tem uma sala para cada ano da instrução primária, quer dizer tem 1 sala para o 1º ano, outra para o 2º e os meninos do 3º e do 4º estão cada qual em seu contentor (sim, contentores) que foram colocados no espaço que fazia parte do jardim circundante. tem também uma casinha ao lado, onde está a sala do jardim de infância.
      a escola não tem direcção, reporta directamente ao (mega)agrupamento que fica a 15kms daqui. pelo que temos então 4 professoras, 1 educadora e respectivo quadro auxiliar.
      assim funcionam todas as escolas das freguesias deste concelho de Torres Vedras.
      a coisa é pequena portanto. o meio é pequeno.
      no ano passado, quando nós pais começamos a trocar impressões uns com os outros, comecei a aperceber-me de que as pessoas nunca falavam com as professoras sobre os motivos que as preocupavam. aliás, nas reuniões de pais só eu é que fazia perguntas directas e oferecia sugestões e a minha visão. sempre tudo caiu em saco roto e nunca ninguém aproveitou a deixa para falar.
      cá fora, já depois da reunião, chegaram a vir falar comigo e a dizer que eu tinha razão, mas as coisas são assim e nem vale a pena dizer nada porque quem leva por tabela são os miudos.
      os pais das crianças que mudaram, nunca disseram nada nas reuniões!
      eu não sei se o problema é de muita gente. é meu, isso é certo. outros pais já me disseram que é só mais um ano e depois acaba.
      associação de pais não existe nem vontade para a criar.
      a mim faltou-me a coragem para mais uma mudança, porque a mudá-la a ela mudava o irmão também. não quero que os meus filhos levem por tabela como diz a outra.
      hoje já aqui disse muita coisa, muita dela de uma forma muito emotiva pois este é um assunto delicado para mim. talvez nem todas as coisas tenham sido ditas da melhor forma.

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    7. Eu sabia que ia ser emotivo. E mais tarde talvez também va ler tudo o que andei para aqui a escrever, alguma parvoice deverei encontrar.
      Vou contar apenas mais uma experiência, desta vez foi uma escola pré primaria. Numa cidade-sububio ao sul de Paris, havia uma pré com horarios que não convinham a alguns pais. Esses pais, eram 5 pais, para 8 crianças, juntaram-se, contrataram uma educadora e fizeram um horario para que estivesse sempre um pai presente. A experiência foi linda de ir às lagrimas.
      O que me contas dos pais entristece-me imenso, porque com atitudes assim, realmente muito pouco podes fazer sozinha. Faz-me pensar em quase tudo o que se passa actualmente, fala-se muito nas redes sociais, muito no café, mas depois não se faz nada para mudar seja o que for. Por isso, fiquei felicissima com esta onda de indignação e espero que não pare antes do tempo.
      Precisas de ajuda e eram os outros pais que ta podiam e deviam dar.

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    8. Ser Torres Vedras, ou Maceira,em Leiria, é igual. Eu sou a mãe "pica-miolos", e isso não é bom para as filhas. Pouco a pouco, vou ganhando "sócias".
      Mas tudo tem de ser ponderado, porque as senhoras vingam-se nos garotos, se lhes pisam os calos. Literalmente.
      Nas reuniões, uma mãe exemplar nunca põe problemas, entraves, nem reclama. E ainda levam o saquinho com as couves, as alfaces, o coelho ou a galinha depenada.
      Se calhar, é o que me faz falta...

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    9. Tudo deve ser ponderado, não é negativo ponderar, nem sempre temos razão, nem sempre vemos tudo bem à primeira. E depois deve haver argumentos e formas de se apresentar esses argumentos mais eficazes do que outros.

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  3. Já escrevi, já apaguei e já escrevi outra vez e depois apaguei (no post anterior). É um tema difícil.
    Aqui vai um tomate: a escola não é só para os nossos filhos, meninos e meninas da classe média (chamemos-lhe assim). A escola, mesmo com horas a mais, é o recreio de muitas crianças. É o sítio onde estão com outras crianças, onde podem comer alguma coisa, onde podem aprender que a vida não é só a miséria a que assistem todos os dias em casa.

    [Tenho saudades do Leandro, o menino da turma da Beatriz, que viveu em Tires com a mãe, na cadeia, portanto, e que jantava em nossa casa às quartas-feiras. O tio avô, com quem ele vivia no segundo ano da escola primária, foi preso e o Leandro foi entregue não se sabe a quem. Ele queria ser cozinheiro.]

    E não queremos dividir as escolas, pois não? Quer dizer, aqui em Lisboa estão bem divididas: os desgraçados vão para as públicas. Os não desgraçados para as privadas. Há algumas públicas para não desgraçados, mas não sei como é que isso funciona (parece que há cunhas).

    A Beatriz ficava na escola (pública, sem cunhas) até às 18h00, mas quando deixei o emprego (outra vez) passei a ir buscá-la às 15h30 e a levá-la eu à piscina, ao jardim, à música, às compras...e a trazer o Leandro às quartas-feiras.
    Não sei, se conseguíssemos todos fazer isso pelos nossos filhos e mais uma criança, salvávamos um monte de gente, não era? Mas não temos tempo.

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    1. Exemplo da divisão: a minha cunhada teve o filho numa escola pública no Algarve durante dois anos. Ao fim de dois anos, ele ainda lia quase a soletrar. Resultado: passou para uma escola privada. Pode dizer-se que tudo depende das metas que são impostas, mas é aceitável que ao fim de dois anos num currículo em que impera o português e a matemática mal se saiba ler ao fim de dois anos? Talvez seja, se o objectivo for o percurso (o processo) e não o resultado. E ainda assim, eu também teria as minhas dúvidas...
      O resto, sim, é uma questão do tempo que nos falta. Para os filhos e para nós.

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    2. Nunca digo nunca, mas espero nunca ter que colocar um filho meu na escola privada, por tudo isso que contaste e por tudo o resto. A escola é de todos. Deve ser de todos. E todos deviamos ter a responsabilidade de fazer por que as coisas resultassem. Para todos.
      Ter um filho na privada para mim significa que me estou a borrifar para o resto do mundo. Não sei se conseguiria dormir. Toda a gente diz que quer o melhor para os seus filhos. Para mim o melhor para os meus filhos, não pode nunca passar pelo pior dos filhos dos outros. E o melhor para os meus filhos é verem que as coisas podem mudar, que se quisermos poder fazer para melhorar.
      Se calhar falo sem saber do que é que estou a falar,pode ser. Mas o principio é mesmo este. Os meus filhos estão na escola publica, ela funciona, não sendo perfeita, vou contribuir para que seja melhor. Nem que seja tão somente na biblioteca a incentivar todos os miudos a gostar de ler. Tudo conta.
      Não gosto de criticar facilmente os outros, principalmente quando não estão aqui, por isso, vamos dizer que se um pai A vê que o filho não progride como é suposto, antes de o tirar de onde o tirou, não tem que compreender primeiro porque é que as coisas são assim ? Se é a professora que é incompetente ? Se é competente mas não tem as condições necessarias para trabalhar ? E organizar-se para que se tente mudar o que não corre bem ? Na teoria é assim, na pratica, era bom que ao menos se tentasse.

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    3. Há muitas razões para pôr as crianças numa escola privada: elitismo, problemas na escola pública (esta é a razão mais vezes apontada, e os problemas invocados tanto podem ser de segurança/insegurança como de falta de progressão), horários (oura razão), oferta curricular/extra-curricular...
      Neste momento ainda não estou confrontada com isso, mas em breve estarei, e se para mim sinónimo de escola sempre foi escola pública (assim como saúde sempre foi saúde pública) quando chegar à altura de optar há muitos factores a ter em conta. O que me choca mais na escola privada é precisamente o elitismo e guethização (diz-se assim?), a falta de convivência com mundos e pessoas diferentes. Na escola pública, custa-me a standartização e o ensino para a meta (para o exame).
      E há alguma scoisas que podemos fazer para melhorar a escola, seja ela qual for, nem que seja, como dizes, dinamizar a biblioteca. Mas para isso é preciso (mais uma vez) o tal tempo que escasseia.

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    4. e se a professora for incompetente? tem as habilitações necessárias mas ainda assim é incompetente?
      eu sei, eu sei... já estou a dar um ar de neurótica.
      e posso sempre mudar de escola podes dizer-me. mas não, mudar de escola não é assim tão fácil. pelo menos aqui, que não há mais.

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    5. Isso é tudo muito relativo.
      Eu quando era miúda andei até à 2.ª classe num externato privado e a única coisa que aprendi foi a escrever correctamente. Ao nível da matemática e geografia nada sabia, além do que a minha mãe (interessada no meu futuro) me ensinava. Foi preciso ir para a 3.ª classe na escola pública para aprender a fazer contas de multiplicar e dividir como deve ser!

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    6. No meu tempo os externatos e colégios tinham má fama. Mesmo má, dizia-se que só ia para o privado quem não conseguia passar (ou tirar boas notas) no público.
      Faz-me confusão que agora o discurso seja ao contrário..

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    7. Realmente parece mesmo que assim é...
      No entanto, pretendo ter o mesmo papel na educação do meu filho que a minha mãe teve na minha: acompanhar sempre, mas sem pressões. Por exemplo, se ainda hoje sei a tabuada foi graças à minha mãe, que ma ensinou. Foi ela que me ensinou a usar correctamente um dicionário. Quando lhe perguntava o significado de uma palavra nova para mim, ela respondia-me invariavelmente que fosse ver ao dicionário.
      Foi com ela que aprendi a fazer regras 3 simples e a tirar a prova dos nove.
      Isto tudo para dizer que creio que os pais não podem exigir que a escola ensine tudo aos seus filhos, porque também os pais são fontes inesgotáveis de conhecimento. Devem estar atentos a possíveis lacunas que os filhos sintam na escola. É isso que pretendo fazer!

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    8. Existem professores competentes e incompetentes em todos os casos, sejam escolas publicas ou privadas. Existem professores em escolas privadas de renome que não podem trabalhar para o estado porque não têm diploma, ou não conseguiram colocação.
      O que me incomoda é que um professor que seja considerado incompetente por toda a gente, continue a dar aulas. Assim como me incomoda que pais se demitam e deixem professores competentes à nora com miudos que destabilizam a classe toda. Sabemos que não ha muito pessoal na escola, mais uma razão para ajudar. Bolas, afinal queremos e é do nosso principal interesse que tudo corra bem. Para os nossos filhos e para os dos outros.

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    9. Bom, eu sempre fui pela escola pública e depois acabei por enfiar os meus filhos na privada. Era um factor de clivagem entre mim e o meu marido, aqui em casa. Fizemos este compromisso: optamos pela privada (que é IPSS, não bem o género "colégio") desde que sentissemos os dois que estavamos a pagar realmente por uma mais valia. No meu caso, senti que o facto de seguir o MEM era uma mais valia, e ele também. Nunca concordaria em coloca-los em colegios tradicionais, de farda, etc. Aliás, acho que pagava para não os colocar lá.

      De qualquer forma, estou a meter o bedelho aqui porque acho que isto do publico vs. privado é um problema das cidades. Só senti isso quando vivi em Lisboa. Mas Lisboa, ou o Porto, ou Coimbra, não são representativos do resto do pais. Eu vivi até ao 7º ano em Lisboa e andei, na maioria do tempo, na escola pública. Mas porque houve essa decisão lá em casa. Depois os meus pais mudaram-se para Mirandela e aí só há uma escola, é pública, gostes ou não gostes, tenhas dinheiro ou não tenhas. E esta ainda é a realidade da maioria do país. No fundo, acho que isto do publico vs. privado é um falso problema por essa razão.

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    10. Privado vs publico é uma questão que me interessa, porque acredito no Estado social. Mas tendo em conta o que estamos a discutir, talvez tenhas razão, talvez o cerne da questão não esteja aqui.

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  4. Na minha opinão, não podemos isolar critérios ou opções. Na sociedade tudo está interligado e a qualidade de vida de cada criança está dependente nada mais nada menos da família em que está inserida. Claro que uma vida financeira mais desafogada permite uma maior disponibilidade por parte dos pais/mães que lhes podem dedicar mais tempo, e não obriga as crianças a estarem tanto tempo em entidades como escola, atl, etc, porque se não estiverem aí... não têm outro sítio para estar...
    Se estão sobrecarregados de trabalho, há sempre as duas faces... Há os pais que acham sempre que os professores são incompetentes porque as crianças nunca têm trabalhos de casa, sem no entanto se inteirarem muito dos trabalhos desenvolvidos em sala, e os que acham que os professores os sobrecarregam com trabalhos, sendo que se calhar muitas vezes isso acontece por terem havido reclamações de pais que achavam que os meninos tinham pouco trabalho... Acima de tudo o que é mais valioso é que os pais tirem tempo para eles, para os filhos e para os professores, pois quantas reuniões eu não fui em que os pais presentes eram sempre os mesmos, e as queixas eram sempre dos que não estavam, em forma de "recadinhos escritos" enviados pelos filhos?

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    1. Os pais são muito responsaveis pelo estado a que se chegou, disso não tenho duvidas. Não é possivel tê-las.

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    2. Aqui está o problema de tratar a turma como se fossem todos iguais. Pode-se enviar TPC para uns e não enviar para outros (de preferência de acordo com as necessidades e/ou vontades das crianças). Por exemplo, na turma do meu filho há pais que pedem TPC para o fim de semana, porque os miudos querem, gostam de os fazer. Esses levam. Os outros não.

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    3. Concordo e não concordo. Não acho que se deva tratar todos da mesma maneira, por de facto são todos diferentes, mas gostava que o respeito pela diferença se referisse aos alunos e não aos pais. Quem quer os TPCs são mesmo os miudos ou são os pais ?

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    4. Sim, o respeito pelos miudos, claro. Na turma do meu filho alguns miudos (mais as miudas... :-) querem TPC ao final da semana. Discutem isso no Conselho de Turma, o Pedro fica sempre muito "agitado" quando isso está na agenda da reunião e começa a fazer campanha contra. Eu acho que alguns levam coisas para fazer (estou a referir-me ao ano passado).

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  5. então eu vou atirar o primeiro tomate
    por outro lado - daquilo que já aqui escrevi em vários sitios - noto que a minha filha mais velha, aquela que fez quase toda a instrução primária numa escola particular, e que tinha o seu horário muito mais preenchido, tem melhores hábitos de trabalho do que a do meio. é mais autonoma no estudo e melhor organizada de uma forma geral. claro que os miudos são todos diferentes e não os podemos comparar.
    mas, se olharmos à nossa volta... reparemos nas pessoas que consideramos bem sucedidas na vida. aquelas que achamos bem formadas e actualmente a desempenhar uma função válida (seja ela qual for). que tipo de formação tiveram? que ensino frequentaram? tinham muitas actividades formativas? tinham tempo para brincar?
    o que é que achas?

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    1. Posso falar apenas por aquilo que conheço. Para ja é dificil definir o que se entende por sucesso na vida. Um adulto de sucesso é aquele que se questiona e faz o que lhe apetece ou é aquele que ganha mais dinheiro ?
      Mas fingir que somos todos economistas e estamos a ver apenas a parte do salario, quem eu conheço que ganha mais dinheiro estudou no publico e consegui ir para universidades publicas. A grande diferença que noto é mesmo nos pais, espero estar a ser honesta, mas se olhar para a minha volta os filhos que têm maior sucesso (médicos, directores de marketing de multinacionais e engenheiros) tiveram pais professores (pode ser coicindência) que os acompanharam, que os levaram a viajar, que os levaram a museus, que controlavam a TV, que lhes indicavam livros para ler e que os faziam pensar por eles.
      A escola é importante, claro que é, mas não acho mesmo que seja essencial.

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    2. não falo de dinheiro claro. quer dizer não falo apenas de dinheiro. falo de dinheiro suficiente para se poder ter uma vida com flexibilidade suficiente para sermos felizes. responde à tua dúvida?
      ou os pais que os levaram a viajar eram adultos que apenas faziam o que lhes apetecia? ´
      não me leves a mal. eu sou a favor da escola pública, mas só a vejo resultar muito bem para esses poucos que têm a possibilidade de a complementar com viagens, idas a museus (por favor não me digas que ir a um museu não custa dinheiro, porque eu digo-te quanto custa sair de casa com 3 filhos) e boas indicações para leituras. mas portugal não é assim.
      é claro que há muitas e boas excepções e eu espero conseguir ser uma delas, mesmo sem o dinheiro para as viagens e outros luxos a que já nos tinhamos habituado.

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    3. Volto a dizer o que já escrevi em cima: No meu tempo (tenho 37 anos) as melhjores escolas eram as públicas, só ia para o privado quem não passava no público... Pelo menos era essa a ideia que eu tinha, e acho que em geral era assim. Por isso não sei se vale a pena comparar com as pessoas que mais sucesso têm agora (sucesso entendido como se quiser, seja pela realização profissional, pessoal, ou financeira...)
      Ainda a propósito disso, lembro-me de quando a minha sobrinha (hoje com 14 anos) andava no 1º ciclo, numa escola semi-pública com ensino integrado de Música (a Gulbenkian de Braga) ter tido, a certa altura, um coleguinha novo, que vinha de uma escola pública. Era dos melhores alunos, mas teve dificuldades a adaptar-se. "Não sabe o que é um ábaco", dizia a minha sobrinha.
      Esta escola não tinha propinas (pois tinha um acordo com o Estado), mas tinha numerus clausus, e as crianças faziam uma prova de aptidão ou vocação musical para seleccionar a entrada. E acabavam por ser os filhos dos lcenciados, professores, etc, que conseguiam entrar, não porque tinham mais dinheiro, mas porque os pais lhes tinham proporcionado, desde os primeiros anos de vida, a oportunidade de ouvir música, contactar com livros, ir a museus...

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    4. Eu também acho que a definição de sucesso é questionável. Mas se o definirmos como sucesso académico, acho que os alunos de maior sucesso são os que têm pais com maior grau de diferenciação (é este o termo técnico, não é?), não necessariamente a escola em que andaram. Também já li um estudo que diz isto mesmo. O que acontece é que um determinado tipo de pais põe os filhso num determinado tipo de escolas (em Lisboa... reitero que não é a realidade do país).

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    5. Agora gostava de ter a certeza deste teu ultimo paragrafo. Conheço pais lisboetas com o tal maior grau de diferenciação que continuam a confiar na escola publica, agora se fazem parte de uma pequena minoria, isso talvez seja verdade. Não sei.

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    6. Sim, mas não tens o contrário porque, infelizmente, não podem.

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  6. Os pais dessas crianças que hoje são adultos de sucesso profissional eram professores do secundario na sua grande maioria, ou exerciam profissões do género que lhes pemitia ter um certo nivel financeiro, cultura, ter tempo e ao mesmo tempo saber o que é a escola no dia a dia.
    Viagens podem ser feitas ao outro lado do mundo ou a um castelo vizinho, os museus, ainda os ha gratuitos ao domingo, se fores desempregada existem alguns que são gratuitos e depois ha os que são gratuitos sempre, livros pode-se ir buscar à biblioteca, não sei se é preciso haver assim tanto dinheiro. Este Verão fiz imensa coisa, assisti a imensos concertos, fui guiada por guias, fui ao cinema ao ar livre, tudo de borla.

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    1. Não estou a dizer que é a mesma coisa se houver dinheiro a rodos, mas se um pai for interessado e procurar acredito que possa fazer MESMO a diferença.

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    2. Partilho da tua opinião Carla... Há imensa coisa grátis... Dá trabalho procurar, ficamos mais limitados em termos de dias e prazos, pois às vezes só em determinados dias assim é gratuito, mas pode-se fazer montes de coisas com eles... Assim queiramos, ou... lá voltamos nós ao mesmo... tenhamos tempo...

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    3. eu tenho 37 anos. Andei num infantário particular, numa primária pública, num colégio particular do 5º ao 9º, e fiz o secundário e a universidade no público.
      O colégio veio em boa hora, porque nos deu hábitos e ritmos impossíveis numa escola pública, na idade em que se tem menos juízo.
      As minhas andam na escola pública. Não tenho dinheiro para colégios, e mesmo assim, aqui perto não existe nada de TÃO BOM que justifique mudá-las, mesmo fazendo um sacrifício suplementar em termos monetários.
      A escola pública falha, a começar pelo poleiro certo que alguns professores têm, inabalável qualquer que seja a sua qualidade ou aptidão. Mas é inclusiva, aceita todos sem distinção ( embora o director do agrupamento esteja sempre a apontar isso como problema grave, sem resolução à vista), e é isso que eu quero para as minhas filhas.
      Lamento muito, mas mesmo muito, que o nível cultural lá da escola, a mesmo onde eu andei seja baixo. Já na altura o era, e os filhos não estão diferentes dos pais que conheci há muitos anos.
      Optei por estar activa, e acompanhar tudo. TUDO. Diariamente. Fui para a ssociação de pais. Fui para o conselho de escolas. Fui para a Componente de apoio à família. Organizo os pais em actividades extra, como teatros, trabalhos.
      Custou-me uma carreira digamos "proveitosa" na engenharia. E umas boas centenas de euros mensais.
      Se a escola não melhorar, pelo menos tentei. Não fui indiferente. O que lhes falta, dou eu, o marido, as tias e tio, fazemos coisas que lhes competiam, mostramos lugares, gentes, pesquisamos com elas nos livros, na internet, fazemos experiências, conhecemos lugares, pessoas, realidades. Simulamos.Ensaiamos. Aguentamos.
      Tive a sorte de ter pais com instrução acima da média, lá na aldeia. Tive enciclopédias, livros, e de vez em quando, iamos aqui ou acolá, a Lisboa, Porto, Coimbra, e os meus ais levavam-nos aos museus, ao planetário, à Gulbenkian. Nós, miudas da aldeia, a ir a sitios onde as professoras não iam.Era um luxo, e para os meus pais, sei que era um sacrifício bem oneroso. mas que funcionou.
      Nunca fui a melhor aluna, mas todos os 4 irmãos nos safámos, com notas razoáveis. Fui a primeira a ir para a Universidade, e a sair dela, lá da aldeia.
      Por saber o que sei, e pela experiência que tive, tento fazer isso com as filhas. Já não é preciso fazer 200km para ir a um museu, podemos fazê-lo a poucos km de casa, e levamos as miudas lá. Os amigos vão ao baile nos bombeiros. Vamos ao cinema, quando o rei faz anos. Os amigos vão ao baile da colectividade. Vamos passear às pegadas dos dinossauros, às arribas da praia, ao leito do glaciar, à floresta, ao castelo. Os amigos vão à concentração de motos e tuning. Vamos à queijaria tradicional, à estufa dos legumes, à oficina dos teares. Os amigos vão beber café com os pais.
      Nós moramos num pequeno apartamento. TODOS os amigos têm uma moradia. Nós também gostavamos de ter. Mas o dinheiro escapa-se em coisas mais importantes.

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    4. O dinheiro acaba por ser uma falsa questão. Os parques infantis são de borla e todas as terrinhas têm um. Fazer um pic-nic no jardim ao lado de casa não custa dinheiro, é basicamente fazer um bolo, levar uns pacotinhos de leite ou sumos e temos logo uma tarde diferente e bem passada.
      Apanhar folhas e fazer um herbário não custa nada. Os miúdos divertem-se e nós também.
      As hipóteses são infindáveis mas a conversa tipica acaba sempre a de que não se faz porque agora ganhamos menos. Eu diria que parte do que não se faz é porque não nos queremos dar a esse trabalho.
      Cláudia

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    5. Parques infantis, contacto com a natureza e herbarios são importantes, mas se tivérmos que nos limitar a isso, vai ser triste. Eu disse e repito que existem actividades gratuitas. Mas compreendo perfeitamente o que diz a Rosario.
      Se por um lado existe algo a fazer, por outro, também existe muito que podia ser mais barato ou mais acessivel. Sou emigrante e como muitos emigrantes, aproveito as férias grandes para mostrar as nossas riquezas às crianças, não me limitei ao que era gratuito, e a factura no final teve que ser paga. E é com muita pena minha que vi muito museu completamente deserto. Talvez fosse porque estavam todos na praia, mas também havera em alguns casos o factor financeiro a pesar. E agora ? Entre ter um museu vazio a 7 euros o bilhete e outro cheio a 2 euros, o que escolheriam ?

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  7. Eu cá acho que para tudo tem de haver bom senso. Excesso e falta não são coisas boas, no meio é que está a virtude.
    Aqui os pais só vão formalmente à escola falar com o professor, duas vezes por ano, mais ou menos no início para apresentar o programa e depois em Janeiro, para nos porem a par de como os miúdos vão. Se chamam mais vezes é porque a coisa não anda a correr bem. Acho também que temos de confiar no professor e salvo o caso de incompetência, devemos dar-lhe espaço para desenvolver o seu trabalho, afinal de contas, ele é que é o professor, nós somos os pais, cada um tem a sua função. Por norma, na escola da minha filha os miúdos ficam dois anos com o mesmo professor, este ano ficaram com o mesmo pelo terceiro ano, o que não é muito comum. Mas de alguma forma fiquei satisfeita, porque acho-o bastante competente e afinal de contas foi ele que a ensinou a ler, escrever e a pôs a falar italiano em dois meses!
    Quanto à exigência, acho que devemos sempre dar o nosso melhor. Acho que se deve ensinar que as coisas só se fazem com esforço e que o trabalho alheio deve ser valorizado e respeitado. Não penso que se deve exigir mundos e fundos, mas acho que aquilo que os miúdos já sabem fazer, devem fazer o melhor possível, sem se porem a aldrabar para andar mais depressa ou coisa do género.

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    1. Percebo o que queres dizer e nunca iria contra o bom senso, mas se formos à escola apenas quando formos chamados, essas tais duas vezes, como poderemos contribuir para uma escola melhor ? E sem contribuir, não perdemos um pouco a força nas nossas exigências ?
      Também existe a contribuição fundamental de mandar para a escola crianças que respeitem os outros. Também aqui existe margem de manobra.
      Se dermos sempre o nosso melhor vamos fazer muito pouco, se calhar vamos fazer apenas o melhor que a escola exige, devemos escolher onde é que vamos dar o nosso melhor. Não é assim na vida ?

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  8. A escola não é a culpada dos males do mundo.
    Não é só deixar lá os miudos e dizer agora ensinem-lhes.
    Dou como exemplo a turma de 2º ano da minha filha. É uma turma de 85% de alunos excelentes e 15% com algumas dificuldades de apredizagem e concentração.Quando as aulas começaram, alguns alunos não tinham o material necessário (cadernos, livros, etc).Adivinhem que alunos eram esses? Pois, justamente os que tem mais dificuldades. a minha filha é uma aluna extremamente interessada e que adora aprender, o meu papel é proporcionar-lhe tudo o que for possível para ela continuar interessada e a gostar da escola. Ora, se ela tivesse dificuldades em aprender a atitude lógica seria fazer ainda mais tentara ajudar. Ter o material escolar quando se começa as aulas parece-me o minimo exigido. Mas pelos vistos nem toda a gente pensa da mesma forma "estranha" que eu penso.
    Em resumo, os professores, o estado, os ministros, por outras palavras "os outros" não são os maus e nós os bons. Toda a gente tem responsabilidades e toda a gente deve fazer a sua parte. Só depois se pode exigir dos outros.
    Cláudia

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    1. Porque é que não tinham o material ? Ouvi dizer que anda por ai uma crise e às vezes o dinheiro dos agregados familiares não estica...

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    2. Não digo que alguns não tivessem o material por falta de dinheiro, mas não me parece que a questão principal fosse essa. Por exemplo uma das mães dizia que tinha encomendado os livros no dia anterior e estava à espera que chegassem. Ora se a lista de livros está afixada desde Junho não vejo nenhum motivo para só serem encomendados em Setembro. Se for por uma questão financeira até podem ser comprados uns em cada mês. Tudo isto para dizer que por vezes as crianças não têm bons resultados porque os pais não se dão ao trabalho de lhes proporcionar as condições necessárias. Se um dos teus filhos tiver alguma dificuldade de aprendizagem não vais tentar ajudar ao máximo? Aqui o inicio da ajuda devia começar por o criança ter o livro e começar a acompanhar as aulas ao mesmo tempo que os colegas.
      Cláudia
      Sociologicamente falando, não deixa de ser interessante que as crianças que no ano anterior tiveram mais dificuldade sejam as que começam o ano sem as coisas essenciais.

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    3. Não falando mais sobre este caso pontual que desconheço, acredito que as crianças que têm mais dificuldades normalmente não é porque são mais burras do que as outras. O factor familia joga muito, não apenas a nivel de material escolar, mas essencialmente de dinâmica, uma criança que passa o tempo todo a jogar futebol na playstation, não pode ter a mesma preparação que outra criança a quem lhe é mostrado o mundo.

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  9. Carla, fugindo um pouco ao assunto tenho que fazer uma chamada de atenção para um livro que saiu agora em Portugal.
    É um GUIA PARA FAZER O CURSO NA MAIOR:
    http://visao.sapo.pt/a-biblia-dos-cabulas=f688662

    O livro foi escrito por um professor universitário. É certo que duma privada mas ainda assim uma universidade.

    Fazendo uma análise rápida à questão diria que o país está da forma que está também por este tipo de pensamento. Basicamente este senhor está a ensinar como se ser um Miguel Relvas. O que importa não é o que se estuda mas sim os contactos que se faz.
    Não acho normal!!!!
    Cláudia

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    1. Não conheço o livro, não posso comentar.
      Posso apenas dizer que em muitas areas os contactos são fundamentais. Eu quando fui universitaria era completamente toto, pensava que era tudo uma questão de notas. E não é. E não é.
      Soube ha pouco tempo do que é as escolas superiores fazem (aqui em França, começo sinceramente a ficar com vergonha desta comparação que me vem sempre à cabeça) em relação aos contactos e parece-me que se abriu um novo mundo. Os antigos alunos que estão bem colocados no mercado de trabalho têm, mesmo passado décadas depois de se terem formado, o cuidado de ajudarem recém diplomados a fazerem escolhas de carreiras, a conhecerem as pessoas certas, a conseguirem empregos, a orientar carreiras. Isto não é fazer batota, isto é estratégia. Mas estou a falar de uma experiência que conheço, e não do livro, que nunca li, atenção.

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  10. e agora baralhando a discussão toda....oops que a nossa vida anda por aqui às voltas....nós por cá andamos a esbarrar com fazer escola em casa...bem é certo que o menino maior está perto dos 5 anos, ainda não será escola enquadrada nos planos curriculares e etc mas será uma à nossa maneira. mudamos de país depois de amanhã (é para o que este país - portugal- nos empurra) e enquanto não inscrevemos o maior na escola faremos em casa. a coisa vai mudar toda e em vez de estar sentada em frente ao computador já tenho um caderno cheio de apontamentos com o "esboço do nosso programa curricular". a ex - escola está a colaborar imenso ( era uma ipss) e tem um outro caso de sucesso ( www.pikitim.com ) praticamente não levamos brinquedos ( ufa menos plástico nas nossas vidas) vão ser muitos desafios ao mesmo tempo e por isso andamos a saltitar e a absorver todas as informações (www.aprendersemescola.blogspot.pt).
    e pronto já nos alongamos...era só para baralhar mais um bocadinho o assunto porque quando se fala em fazer "escola em casa" ui ai às vezes saltam muitos tomates ( às vezes só nas expressões faciais) :)

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    1. Gosto sempre muito de conhecer alternativas. Não conheço ninguém que escolheu este método, apenas casos que me dizem que correu bem ou mal, mas gostava mesmo muito de seguir o dia a dia de uma familia que escolheu um caminho diferente da maioria. Ponderaras escrever essa parte do vosso quotidiano no blogue ? Se aceitas posts pedidos, aqui vai o primeiro. Por favor !
      Existe um blogue, lindissimo diga-se de passagem, que às vezes relata esta experiência, mas não é português :
      Conhecias ?

      http://bleubirdvintage.typepad.com/blog/homeschool/

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    2. nao....entre malas e despedidas e investigar um pouco sobre o assunto ( vamos para basel e enquanto não resolver a escola decidi fazer alguma coisa em casa pelo menos ate dezembro) temos no entretanto a casa para encher :) com o minimo mas sim conto falar alguma coisa sobre isso no blogue

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    3. Vou estar atenta. Boa viagem e melhor instalação.

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  11. Nem sei por onde começar... a matéria é tanta e tão interessante, 'Stora :)

    Ora bem - público vs privado
    Tenho 40 anos e fora o facto de ter frequentado um infantário privado, andei sempre em escolas públicas.
    Comecei pela 2ªclasse, era muito espertinha, aprendi a lêr e a fazer cálculos antes de entrar na escola (seria por estar num infantário privado, ou por ter uma Mãe professora do ensino secundário, ou ainda um Pai bancário?!, não sei, provavelmente apenas por ser curiosa), fiz o ensino primário, o ciclo e o secundário sempre na pública, brincava à tarde na rua com as amigas, as primas e as vizinhas, e visitar os Avós e os Padrinhos, via costurar, crochetar, tricotar, cozinhar, tagarelar, rezar e outras tantas actividades sem parar.
    Era Portimão - anos 70/80, só tivemos telefone em casa em 1986, quando eu tinha 16 anos, não era por falta de dinheiro, simplesmente não se sentia a falta dele. Por vezes chegava a casa tarde e acreditavam em mim, quando eu dizia que tinha ficado a tagarelar em casa de uma amiga - e estava! Era recebida com um 'ralhete/sorridente' ora bem, maior fora o dia, maior a romaria!
    Tive boas notas, não as excelentes, oscilava entre os 14 e os 17!
    Permitiram-me entrar na Universidade pública (a UNL - FCSH) em Lisboa. Licenciei-me em Germânicas, Ramo de Tradução e nunca fiz nada - mesmo nada, relacionado com o meu curso - estou na Banca desde 1994, quando terminei o curso com 23 anos! Sucesso?! Pouco, ou nenhum. Não ganho mal, considerando o País que temos, os salários médios, mas não tenho nenhum cargo de destaque e até aqui tenho sido senhora de escolher a área que mais gosto de trabalhar.
    As minhas filhas e os meus enteados - elas fizeram o 1º Ciclo (antiga Primária) no público, eles no privado. Semelhanças - o mesmo tipo de ensino, os mesmos níveis de conhecimentos adquiridos
    Diferenças - elas não tiveram problemas de adaptação à mudança de escola quando entraram no 2º ciclo (antigo Ciclo), eles estranharam - ansiedade, medos...

    Participação dos Pais nas Escolas Públicas
    Não posso comparar com o meu tempo de estudante, pois sendo a minha Mãe professora na escola onde nós estudávamos, tínhamos relatórios à hora do almoço com - passaste a aula de Português toda na conversa com a tua amiga Guida, não foi? Já sei!
    A semana passada fui à Assembleia Geral da Associação de Pais, uma escola pública com cerca de 800 alunos, divididos entre o 5º e o 12º ano, sabem quantos pais lá estavam? Entre 20 a 25!
    E porquê? Eu até posso atirar uns tomates e dizer que não se preocupam, não querem saber, etc...
    Mas a verdade é que realmente há esses casos, mas também há aqueles que trabalham até às 7h e às 8h, e as reuniões marcam-se para horas impossíveis para alguns desses pais. O que quero dizer com isto é que acho que o problema é muito maior e já foi apontado por ti noutros posts do ano passado - com o Flexibilizar para Conciliar - nós pais, portugueses, com emprego full-time, trabalhamos demasiado! Nós pais, portugueses, precisávamos de ter empregos part-time para acompanhar os nossos filhos no seu crescimento, caso contrário rapidamente eles serão meras visitas da nossa casa - saem de manhã após o pequeno-almoço e regressam ao final do dia para tomar banho, jantar, enfiarem-se no quarto e xi-xi - cama.
    E os fins de semana são, por vezes, passados entre as compras da despensa, o atestar do carro, as compras das roupas e sapatos que estão a deixar de servir, as festas de aniversários dos amigos e... olha já é Domingo à noite e nada fizeste, porque andas tão cansado, que ficaste a dormir até mais tarde e o tempo passou a correr. (isto acontece em muitos lares lisboetas, garanto-te! bem sei que noutros locais deste nosso País pequeno, mas tão diverso conforme as regiões, a realidade é muito diferente, muito mesmo!)

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    1. Por causa dessas e de outras as reuniões para a turma toda são feitas aos sabados às 8:30. Doi ? Doi. ;) Mas todos os pais estão presentes.

      Penso muitas vezes na continuidade, se protegemos muito uma criança aos 6 anos e depois mudamos radicalmente de sistema, ela não se vai sentir largada às feras ? E por outro lado, a mudança é positiva, sempre permite viver outras emoções. Nada é perfeito.
      Em relação ao pouco tempo que se passa com os filhos, bem sabes as dores de cabeça que me tem dado, ando com muita vontade de trabalhar, a ideia de part time não correu bem para mim. Trabalhar a tempo inteiro parece-me a solução mais facil para entrar no mercado de trabalho a fazer o que eu escolhi. Mas, claro, a mais dificil para continuar a ser o tipo de mãe que eu quero ser.

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  12. Cara Carla,
    não li os 46 comentários acima, por isso não sei se já alguém falou no ensino doméstico. Eu tenho a minha filha no primeiro ano e por enquanto gosto da escola e não tenho nada de que me queixar. Não gostaria de ser eu a ensiná-la: preciso de ter tempo em que estou sem ela e ela gosta mesmo de estar com outras pessoas.
    De qualquer forma acho que o ensino doméstico é muito bom para quem está para aí virado, para quem tem essa disponibilidade e vontade de estar e ensinar os filhos. Deixo aqui um link para um testemunho desse esforço/ensino que está a ser feito por um casal amigo e com uma filosofia de vida que eu própria gostaria de seguir (mas não o faço porque sou preguiçosa). O link: http://colherdemae.blogspot.pt/search/label/ensino%20dom%C3%A9stico%20%2F%20homeschooling . Marta

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    1. Uns dois ou três comentarios falaram sobre a escola em casa. Obrigada pela dica do blogue que não conhecia.

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  13. Percebo tudo o que têm escrito aqui, mas tenho mais uma coisa a acrescentar. Tive a sorte de andar sempre em escolas públicas, na província, que eram muito boas. Haviam bons e maus alunos, havia gente com dinheiro e gente que ía sem o pequeno almoço para a escola. Foi bom, todos convivemos e aprendemos que o mundo é assim. Injusto.

    Só que o curso que eu queria só existia em 1 universidade pública e, apesar do curso ser da área de letras, pediam disciplinas de outras áreas para entrarmos. Mais uma incongruência do ensino em Portugal. Ainda tentei fazer essas disciplinas mas a escola não podia resolver o problema. Então fui para uma Universidade privada.

    Actualmente, porque vivo em Lisboa, tenho as minhas filhas numa escola privada, onde no primeiro ano nem há TPC porque a escola defende que as crianças têm de ter tempo para brincar. E confesso que neste momento sinto muito medo da escola pública, nas grandes cidades, porque há muitas lacunas. Mas não tería problemas em tirá-las, caso achasse que não estava a funcionar para elas.

    Acho que esta questão das privadas e públicas depende muito do sítio onde vivemos, da possibilidade que temos ou não de os colocar lá e principalmente, das crianças também. As escolas estão formatadas, pouco criativas e nem todas as crianças se adaptam a isso. Devemos escolher, dentro do possível, em função dos nossos filhos.

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  14. A minha opção pelo ensino público é antes de mais ideológica, acredito que todas as crianças devem ter direito à educação, à boa educação. Mais, acredito que se os pais que se preocupam com a educação dos filhos, colocarem os filhos na privada, isso vai levar a uma degradação da escola pública, onde apenas irão os filhos dos pais que não se irão implicar nem na postura dos filhos dentro da classe, nem em eventuais melhorias. Mas, isso sou eu, que tenho a sorte de viver perto de escolas publicas que funcionam.
    Se ao pé de mim houvessem apenas escolas com professores incompetentes ou com alunos com armas de fogo, pensaria seguramente duas vezes.
    Mas, também tenho que acrescentar que conheço bons professores da primaria da publica em Lisboa, que trabalham em escolas que funcionam e estão pelos cabelos (com razão) com estes preconceitos. Assim como conheço escolas privadas que nem que me pagassem metia lá os meus filhos.
    Não sou fundamentalista, mas é verdade tendo para o ensino publico.

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  15. ora bem vou dar a minha singela opinião em relação á escola publica do meu filho...no ano passado passou do infantário para a pré na escola publica -ao 3º dia fui chamada á escola um menino afogou-o e ninguem viu....passado 2 semanas levou com um baloiço e minguém viu....falei com a cordenadora nicles...organizei uma reunião de pais em que convidamos presidente de junta e professores da escola...redigimos um documento que foi entregue em mão á cordenadora de nucleo numa reunião que demorou 3horas...todos os dias sentia o coração nas mãos e ia vijia-lo á hora de almoço ...conseguimos ainda assim mais uma auxiliar...mas para mim não era suficiente-este ano começou o primeiro ano numa nova escola-publica na mesma pois não tenho condições para ter 3 filhos na privada e sou da opinião que as escolas publicas têm bons profissionais mas são precisas as condições para termos os nossos filhos em segurança-para já estou satisfeita....mas se não estiver vou lutar por mudar...acho que parte da culpa é nossa que nos acomudamos Com o "são só 4anos" ...

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    1. Conseguiram outra auxiliar, o que ja é positivo. E mudaste de uma escola publica para outra, o que quer dizer que continuas a confiar na escola publica, apenas tiveste azar com a escola que te calhou na rifa.
      São 4 anos muito importantes. Não sei se são os mais importantes, mas podem desmotivar um aluno que entrou na escola sem preconceitos negativos.

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  16. Já vou tarde? Posso pôr pé na porta? É que estou em pulgas para participar!
    Finalmente alguém diz o que eu penso, uff!

    (será por ter crescido um bocadinho noutro país? será por optar não trabalhar, ie, remuneradamente?)

    Estamos em Pt e a minha miúda começou o 1º ano... em ensino doméstico. Na verdade, assim mais pro flexischool ;)

    É que tal como tu eu tb me revolto, e mto, com o estado da escola pública.
    Pronto, há as honrosas exceções do género a escola da ponte- uma pública fantástica da qual nunca se fala (não convém? funciona há +20 anos...). Ou as MEM. Ou mesmo outras, privadas e caríssimas, é certo.
    Mas mm nessas 90% dos pais exigem + TPC's (aka casa verdes anos, waldorf pre escolar, MEM primária).

    Bem, isto tudo pra dizer que andei anos para decidir ou sim ou sopas, e finalmente tive tomates pra dizer NÃO! Não quero a miúda sem brincar, sem calma, sem sonhar, enfiada numa escola o dia inteiro, e em casa com TPCs... Ainda pra mais já sabe ler e escrever, a matemática tb, enfim, o que iria ela fazer pro 1º ano?

    Assim fica em casa, vai à biblioteca, museus, jardins, onde quisermos, estamos com amigos tb em ED, etc., e à tarde vai às AECs à escola, e dp às atividades que escolheu (ballet, piano, judo). E que pode ir por estar fresquinha e não estoirada de um dia a toque de caixa na escola.

    Pronto, não me quero alongar mto (mais), mas dp de me desiludir imenso com o JI público em que andou, e com as escolas da zona... Arrisquei.
    Amanhã posso arrepender-me, mas estes tempos em que ela pode ser criança por mais uns meses? anos? são preciosos de mais para a deixar num sistema podre.
    Os próprios prof. não acreditam na escola de hoje, como ela está. A prof da turma da minha (está inserida numa turma, pra efeitos práticos) confidenciou-me que adoraria poder fazer ED com os seus próprios filhos. Acho que está tudo dito.

    Respeito todos os caminhos, mas temos de tomar um, e por agora este é o nosso.
    Tb tentei mudar/colaborar com a escola... E descobri que não gostam de assistentes/testemunhas. A participação nunca foi encorajada no JI público, sobrelotado e com poucas auxiliares (3 adultos à hora de almoço, 75 crianças!).
    Mas uma coisa é o JI, que dá pra driblar. O 1º ciclo já não, e optei mm pelo ED para ter a tal flexibilidade (até pq o pai trabalha em Paris, e qd vem n temos de nos preocuparmos com faltar à escola, ou aos TPCs, ou assim).

    Pronto, venham daí os tomates atirados, que as pessoas acham que somos irremediavelmente egoístas, lunáticos, e que coitadinhas das criancinhas não convivem com as outras, todo o dia fechadas em casa com as doidas das mães :D

    bjnhs,
    Catarina, Coimbra

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    1. E como é que as mães sobrevivem ? Fechadas em casa o dia todo com as doidas das criancinhas ? Eu ia dando em maluca.

      Acho essa alternativa fascinante, mas considero-a como um desafio que não se encontra ao alcance de todos. Tentei ensinar inglês aos meus filhos, comprei um método adaptado à idade, com desenhos e musiquinhas, mas de vez em quando fica para ali abandonado durante semanas, porque não lhes apetece ou porque não me apetece a mim e nem sequer proponho, claro, que não é uma disciplina inserida num programa, que foi minha iniciativa e não sinto pressão nenhuma para a cumprir. Mas não deixou de me mostrar que não é assim tão facil. Olha, vou tentar de novo...

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    2. Ora bem, tinha escrito uma resposta mto inteligente, tão inteligente que quem a escreveu não contou com chiliques internéticos e macquianos :P

      Assim mto resumidamente:

      - Há mtas maneiras de 'ensinar' em casa, incluindo o 'não ensino' ;) Depende evidentemente dos miúdos e dos pais, mas p. ex. cá em casa tb não ensino formalmente nada, não fazemos a escola em casa. Fazemos projetos (da conceção dela), e espero que a autonomia dela cresça pra minha participação ser cada x menor nos ditos (sou preguiçosa, sim senhora!).

      Acho que esperar-se pelo timing deles é crucial, e poupa mtas chatices. Lá está, só posso falar da minha experiência, mas a miúda aprendeu a escrever/ler/contar/etc. qd quis, sozinha, e estamos portanto mto relaxadas neste 1º ano. Já cumpriu com todas as metas curriculares e ainda nem estamos no 2º período ehehe

      Também n teria paciência pra andar atrás dela a ensinar inglês/qq outra coisa se ela não estivesse realmente motivada para isso.

      Acho que temos de dar mais crédito aos miúdos, e confiar que eles, num ambiente rico em estímulos e com pais interessados envolvidos em trabalhos/hobbies/etc. prossigam naturalmente o seu instinto de aprender, experimentar, querer saber. Um miúdo saudável quer isso tudo, é o inverso da apatia, da desinquietação mental, da curiosidade inata pelo mundo e o desejo de imitar os mais crescidos...
      Acredito que não temos de abrir a cabeça dos garotos e despejar conteúdos. Acho que qd é assim, nos meses de verão a coisa vai-se...

      - Em relação a estar fechada em casa com a miúda, no way!!

      Para já, há que apurar os recursos- família alargada, escolas abertas ao flexischool, criar cooperativas de pais, arranjar mais amigos, etc etc.
      No nosso caso, a miúda vai às AECs 4x semana, à tarde (na escola pública do bairro, onde pode estar no recreio e a ter inglês, arte, ginástica, música, etc.). Depois vai pras outras atividades pagas. No total, são cerca de 3h de atividades que não teria oportunidade de freq se andasse na escola a tempo inteiro (pois n teria tempo para brincar, entre as horas letivas e os TPCs, deslocações, etc.).

      Também fica com a bisavó frequentemente.

      E temos um grupo de miúdos em ED (ensino doméstico) que se junta 2x por semana, para ir pro campo, pra serra, pra workshops, etc. Miúdos multiculturais- pt, alemães, ingleses...

      Como se costuma dizer, é preciso uma aldeia pra criar uma criança ;) No meu caso, tenho de a 'construir', mas por enquanto vai valendo a pena.
      Não é perfeito, mas podemos sp melhorar. Gostava de um dia formar uma coop de pais, com espaço próprio. Quem sabe um dia...

      Claro que ainda estou mto tempo com ela, mas tb só tem 6 anos. Julgo que daqui a 3 anitos seja mto mais autónoma. E obviamente, se quiser ir pra escola full time, cá estou pra a apoiar.

      Falat-me a parte do emprego remunerado (que outros já tenho, os voluntários). Mas com sorte, tv consiga um part time a partir de casa. Seria ouro sobre azul!).

      Beijinhos,
      Catarina (a desmistificar o ensino domºéstico desde 2012 ;)


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  17. Eu andei sempre em escola pública. Em Portugal e depois na adolescência quando vim para a Alemanha. Nos 3 anos que estive a viver em Portugal (2008-2011) a minha filha entrou para a 1ª classe para uma escola pública. A escola tem muito boa fama e não achamos necessário ir para privada, ela era a melhor aluna da sala (palavras da professora). Não posso dizer como seria no futuro porque regressámos à Alemanha mas penso que em Portugal tudo o que é privado e que custe muito dinheiro é sinónimo de ser bom e melhor. É mais chique dizer que o/a filho/a anda no colégio do que dizer que anda numa escola pública, infelizmente. Talvez no privado seja mais selectivo porque só está quem pode pagar e no público tem de todos os ramos sociais. As minhas sobrinhas andam no colégio alemão e às vezes pergunto-me se estarão preparadas para o mundo "la fora". Não sei. Nos 3 anos que aí estive notei que as pessoas são muito comodistas, se vens com uma ideia diferente ou sugeres algo diferente a resporta era : "aqui é assim (PONTO)". É verdade que as mães trabalham demais, eu também trabalhava todo o dia e os meus filhotes estavam 11 horas na escola e infantário. O que em Portugal é normal, para mim era uma grande dor de cabeça - não era eu a educar os meus filhos! Foi um dos pontos que me fez regressar. Neste momento estou à procura de um part-time e ás vezes até fico frustrada por ainda não estar a trabalhar (se fosse full-time já estava) mas depois penso que estou com eles e eles crescem tão depressa. Aqui para já (3ªclasse) só têm escola de manha e de tarde há tempo para brincarem e serem crianças. Quando regressámos de Portugal eu às vezes dizia se não conseguisse part-time que ía trabalhar o dia todo, bem a minha filha desatava a chorar! Apesar de só terem escola meio dia a pressão também é muita, claro, não é só brincadeira mas sempre estão em casa de tarde.
    Acho que não são as escolas as culpadas de tudo e mais alguma coisa do que se passa com as crianças em Portugal, muito é culpa da educação dos pais que talvez por trabalharem tanto tempo não conseguem dizer não aos filhos. Não têm horários para nada mesmo durante a semana, etc. E até mesmo os pais que estão em casa não se importam nada de os ter todo o dia no infantário (tantas vezes ouvia as educadoras dizerem que eram os que estavam mais tempo no infantário) ou a verem tv..........
    Por agora fico por aqui :o) atirem-me lá os tomates
    Beijinhos,
    Sandra

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  18. Conheço muitas motivações para se optar pelo privado, existe a procura por métodos alternativos, que se adaptem mais à criança, as actividades extra curriculares, o transporte para casa assegurado.
    Mas também existem essas razões, a de não se misturar classes sociais. Essa é uma bolha que não me interessa nada. Mesmo nada. De que vale falar-se a um filho sobre o mundo la fora, se depois o colocamos numa escola privada ? Uns de um lado, outros de outro ?
    Parece-me uma grande incoerência. Uma perigosa incoerência.

    Quanto aos pais que não têm tempo para passar com os filhos, essa ja é uma conversa muito mais complicada. Onde eu mesma estou embrulhada, sem saber muito bem para onde cair. Mudar o sistema. Sei onde devo cair, em cima do sistema actual.

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