19.6.12

Culpa por ser gente

Quando fui mãe, logo na primeira noite senti culpa. Culpa por estar cansada, culpa por não entregar a bebé à enfermeira como seria suposto, culpa por não conseguir acalmar a minha filha, culpa por querer dormir, culpa. Culpa. Culpa.
Durante meses senti culpa de algo que não estava a correr como devia, ou achava que não se estava a passar como queria. Culpa pelas cólicas, culpa pelas noites mal dormidas, culpa por me zangar com o pai por isto ou por aquilo, culpa por ter pensado que se calhar aquilo tudo não tinha sido boa ideia, culpa por querer sair, culpa por trabalhar, culpa por querer namorar. Cheguei a sentir culpa por não estar sol.
Hoje a minha maternidade não é assim. Faço o que posso, erro, mas não sinto culpa. Dou o meu melhor quase sempre, nem sequer me apetece ser perfeita. E sinto-me uma boa mãe. Não digo que não a uma boa ideia, estou atenta e mudo de comportamento se achar que o devo fazer. Mas nunca mais senti culpa.
Esta ultima frase foi rápida demais - sinto culpa.
Imensa culpa. Mas não por ser mãe. Por ser gente.
Sinto culpa por não estar a saber tomar conta de mim. E ter noção não é meio caminho andado, não senhora.


9 comentários:

  1. Ai, ó mulher, isto qualquer dia dá em casamento! :))

    Beijos! :)

    ResponderEliminar
  2. Mas haverá alguém que saiba tomar verdadeiramente conta de si?

    ResponderEliminar
  3. Só uma pessoa inconsciente é que não sente culpa de nada, todos já sentimos culpa de alguma coisa de uma forma ou outra.

    ResponderEliminar
  4. Lia, podemos antes passar logo para a lua de mel, essas coisas das alianças e dos compromissos não me inspiram, sabes ? Diz que sim, diz que sim.

    Maria Fonseca, essa é a questão. Também duvido que sim, mas na falta de melhor temos que tentar. A outra questão, a deste post é que às vezes até disso me esqueço. Vês como sou calimero ?

    Full time mom, a culpa não é obrigatoriamente omnipresente, não tive uma educação judaico cristã e, talvez por isso, vivi muitos anos sem a sentir no quotidiano. Com a maternidade sentia-a quando estava no inicio, com a responsabilidade a pesar mais do que a minha confiança em mim mesma, agora vivo-a sem grandes culpas e aceito os erros, corrijo-os se consigo e a vida corre. A nova tarefa é comigo mesma, não gosto de sentimentos de culpas e preciso de me livrar deles, preciso de tomar conta de mim sem stresses e a assumir o que sou, o que a minha vida agora é e, o mais importante, o que quero que ela venha a ser.

    ResponderEliminar
  5. sorte a tua, que vives com a culpa há menos anos do que eu (eu tive uma educação judaico cristã), por isso aceita um conselho desta tua querida amiga: ser egoísta não é necessariamente mau.

    ResponderEliminar
  6. Minha querida amiga, não me equeci deste teu sábio conselho. O que me apoquenta neste momento é a justa medida, não tenho nada contra o egoismo, mas onde colocar o limite entre o meu egoismo de mãe e o meu egoismo de ser gente ?

    ResponderEliminar
  7. Vou começar imediatamente a tratar do itinerario e das marcações. Espero apresentar-te a minha primeira proposta ainda esta semana.

    ResponderEliminar

Pessoas

Nomadas e sedentarios