Realmente Sexy

E a voz masculina e envolvente avançava que Degas pintava mulheres nuas reais, na intimidade dos quartos ou das casas de passe. Mulheres que não se sabiam observadas.
As salas são escuras nesta parte do Musée d'Orsay e a voz incitava a olhar mais perto, espreitar pelo buraco da fechadura.

A voz ía até muito bem. Até se entusiasmar. Até acrescentar que as mulheres reais de Degas não eram sexy. Não eram sexy porque não eram coquettes, vaidosas, porque não posavam para o pintor. Para nós. Para mim.
Não eram sexy porque eram reais.
Que diabo. As mulheres reais são as únicas que são sexy. Mais do que as coquettes, as vaidosas, as idealizadas por outros. Para os outros. Pelos outros.
Mulheres reais, com corpos verdadeiros, sem toques, nem retoques, fascinam. Mulheres que se lavam, mulheres que se secam, mulheres que se penteiam, mulheres que vivem, interessam. Mulheres com anca larga, mulheres que tiveram filhos e prazeres, entusiasmam.
Mulheres que viveram são sexy. Mulheres que não existem para o agradar, insisti.
Eu ouço vozes, respondo e faço posts acerca do que elas me dizem. Eu vejo mulheres sexy.
Estranhamente não me cruzo nunca com o Bruce Willis.
Não faço ideia do que se passava na cabeça de Degas. Por que é que pintava 10 vezes, se fosse preciso, a mesma mulher a sair da banheira. Parece-me fascínio, cheira-me a atracção. Não vou na conversa do senhor e da sua voz, bastam-me os quadros e o que sinto. E o que sinto é sexy.
Vivam os pneus das mulheres reais. Vivam.
Abaixo as idealizações e os photoshops.
Raio de moda que não passa.

Nota : Este post não teve absolutamente nada. Nada. Nada a ver com a minha maratona por lojas de biquinis à procura do "tal" que não me desse vontade de começar uma dieta ou um desporto sério e forçosamente chato. Que ideia esta de colocarem espelhos deformantes nas cabines.