18.11.11

Circo sem piada

Nunca gostei de ir ao circo. Podia ser que fosse porque os palhaços não tinham piada. Não tinham. Não têm. Mas compreendi aos 6 anos que o que me incomodava no circo era que a plateia risse da não piada dos palhaços. Se a bancada continuava a rir, os palhaços continuavam a tropeçar nos sapatos demasiado longos e a a maquilhar-se com um gosto duvidoso.
Alguém tinha que parar de rir. Em algum momento. Ou porque se foi longe demais. Ou porque sabemos que se pode fazer melhor. Ou porque já nos rimos imenso fora dali. Ou porque, simplesmente não tem piada.
A Rita já explicou ontem ponto por ponto, para não nos perdermos, porque é que isto não tem piada.

O que, com este post, sugiro é que párem com o número dos palhaços. Rimos noutro sítio, de outras coisas. Coisas com piada por exemplo.
E que o jornalismo assuma o seu papel. Que nos informe. Que denuncie. Que nos agite.
Não vai ser neste post que vão ler que os jornalistas são todos isto ou aquilo. Não ía ter piada fazer generalizações de graça. Ia ser sem graça.
Giro, giro era que da próxima vez que nos chegar um artigo sem piada, não nos rissemos como se Pavlov tivesse sempre razão.
Questionemos e denunciemos.
Indignação tem ação (ou acção se preferirem o vintage, mas não funciona tão bem).
Não é bom esquecer que um dos grandes problemas do estado actual das coisas é o circo em que se tornou o terceiro poder.

3 comentários:

  1. Obrigada Carla, por este magnífico post. Foi no que deu enchermos as redacções de iluminados que pagam para trabalhar, e que - aposto eu - também não sabem a maioria das respostas.

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  2. eu também odeio que me façam rir com cenas deprimentes, tanto os palhaços do circo como os outros a quem te referes.
    bom post!

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