15.9.11

Quatro dias por semana

Tenho ido a entrevistas de trabalho, tenho visitado open spaces com fotos de crianças sorridentes coladas ao lado de monitores LCD, tenho elogiado desenhos abstractos ultracoloridos assinados com letras maiúsculas e tortas colados a fita cola atrás de cadeiras giratórias pretas. Tenho estado atenta à nova moda dos post-its nas janelas dos escritórios. Tenho falado da minha opção de vida. Tenho ouvido falar de trabalho a 80%. Quatro dias úteis - não trabalhar às quartas - como as crianças.
Tenho-os ido buscar à hora do almoço e depois à tarde assim que as portas da escola se abrem. Andam contentes. Andamos felizes. Só tenho a certeza que eles tocam o chão, pela quantidade de areia que lhes sai dos sapatos quando os descalçam no meio da sala, ou em cima da minha cama. Temos aproveitado para andar de bicicleta, jogar à apanhada, apanhar borboletas sem sucesso, saltar quase até às nuvens, fazer moches, ter ideias, ver dragões.
Temos visto crianças chegarem com os pais da escola quando já estamos estafados e sujos. Algumas vêm felizes, outras com a birra.
20 por cento. Será suficiente para se conseguir conciliar

9 comentários:

  1. Eu acho que sim, mas não posso deixar de perguntar: Nos quatro dias em que têm aulas ficam até depois das portas se abrirem, certo?

    Para mim, conseguir ir buscar os miúdos ao infantário (sublinho infantário, pré-escolar, portanto) às 17h30 e ter um dia livre por semana é perfeito. É conseguir o melhor dos dois mundos. É, basicamente, aquilo a que qualquer mãe deveria ter acesso.

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  2. Não Calita, o que me têm proposto é trabalhar a tempo inteiro nos quatro dias, por isso a duvida... Também para mim o ideal seria ir busca-los quando acaba a escola e não os deixar na ocupação dos tempos livres, mas ainda não encontrei esta opção no mercado de trabalho daqui da zona. Não sei ainda que tipo de compromisso (o que eu queria mesmo era trabalhar a 50% e ganhar 50% do que ganhava antes) sera preciso fazer-se para conseguir o que quero. E confesso esta procura não é apenas para os proximos tempos,não acho que de repente, quando entram na primaria deixam de precisar de estar connosco. Ora bolas, quem é que eu quero enganar, eu também preciso deles todos os dias e não apenas duas horas ao final do dia entre banhos e jantares e cansaço e stress acumulados de um dia de trabalho a tempo inteiro.

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  3. é isso: eu também preciso deles todos os dias e não apenas duas horas ao final do dia entre banhos e jantares e cansaço e stress acumulados de um dia de trabalho a tempo inteiro.

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  4. Daí a minha pergunta na relva do CCB, será mesmo possível ter-se uma carreira, trabalhar num cargo de direcção, e ser mãe ou pai (não estou a dizer ter filhos) ao mesmo tempo?
    Trabalhar e ser mãe é óbvio que é possível, eu já o fiz e muita gente faz, mas ser reconhecido profissionalmente, progredir na carreira etc. etc. será possível?

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  5. Pois é Jotaxis, parece que é cada vez mais claro que não é apenas por eles que queremos conciliar.

    Acho, Calita, que a questão é exactamente onde colocar a barra do compromisso. Antes de parar de trabalhar, tinha uma colega de trabalho qua quando teve filhos passou a este regime de 80% (não trabalhava às 4as feiras, mas dava o litro a sério nos restantes dias) e me dizia que se sentia "enganada" porque parecia que trabalhava o mesmo que antes mas tudo condensado em quatro dias e com 20% do salario, mas que era o "preço" que estava disposta a pagar para ter um dia a mais para estar com os filhos e mesmo assim ter uma carreira "à séria". E é verdade que para muitas profissões os tais 50% de que falava não parecem possiveis.
    Agora, sera que ter um dia por semana a mais para estar com eles é o suficiente ? Esta para mim é a questão.

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  6. Acho que, comigo, esse dia se eclipsava no meio da vontade de fazer tudo e tratar de tudo num único dia... Mas isso sou eu. Concordo que, para quem queira mesmo conciliar o trabalho com uma maternidade de grande presença, o 50/50 é que faz sentido. Mas aí duvido que possa haver a tal "carreira". O meu comentário não serviu, portanto, para nada. Olha, apaga :)

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  7. O tempo "inteiro" que te propõem nos outros dias é o quê, ou seja, é trabalhar até que horas? É que eu lamento dizer, calita, mas eu trabalho até às 17h (a maior parte dos dias - ontem, por exemplo, sai já depois das 18h) e sinto, todos os dias, que preciso dele não apenas três ou quatro horas ao final do dia entre banhos e jantares e cansaço e stress acumulados de um dia de trabalho a tempo inteiro. (no meu caso não são duas horas, são mais, mas o resultado é o mesmo, se calhar é culpa minha, não sei) E o que eu sinto, mesmo trabalhando a tempo inteiro todos os dias, mesmo fazendo a ginástica de entrar um ou outro dia mais cedo, de sair uma ou outra vez mais tarde, é que realmente é muito dificil ter a carreira de que falas, calita. Para fazer carreira é preciso estar disponível o tempo todo, a todas as horas...

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  8. Parece mesmo que não ha muito espaço para grandes carreiradas num 50/50, Gralha, mas para a semana podera fazer-se luz... ja ca volto.

    Charlotte, o que me é proposto é fazer o mesmo que fazia antes desta aventura de filhos e coiso e tal, mas durante 4 dias uteis (é a flexibilidade possivel se quiser continuar no mesmo ramo, a fazer a mesma coisa, pelos vistos), em vez de 5, ou seja, não ha horarios, ha objectivos e reuniões e clientes com outros horarios, pelo que às vezes poderei sair cedo, outras vezes nem por isso, desta forma ha carreira, mas nem sempre ha muito espaço para se ser mãe durante 4 dias por semana...

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  9. Se queres voltar mesmo a trabalhar, esse compromisso não é muito mau. Mas também não é muito bom. Eu adorava ter mais um dia por semana com a minha filha, mas se calhar preferia trabalhar menos horas todos os dias, trabalhar metade do tempo, como pretendes.
    Conciliar é difícil e eu já percebi que depende sobretudo dos nossos chefes. Quanto mais chefias com filhos pequenos há, mais fácil é não trabalhar horas a mais, sair a meio do dia para atender a febres súbitas ou mandar trabalho de casa. Esta luta, para mim, é sobretudo de mentalidades.

    Dora

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