25.3.11

Educação à portuguesa ?

O post e a discussão que estava a faltar à compreensão geo-educacional dos nossos minusculos povos. Nome de código desta operação : "De pequenino é que se torce o pepino" - até porque uma diversidade de legumes é recomendado pelo Ministério da Saúde.

Em Portugal é-me difícil ver, acredito mesmo que sofra de uma galopante miopia, vim de lá, ali cresci e virei airosa e menina, por isso, a mim os tomates, que a objectividade é capaz de escassear.
Faço uma pequena introdução por uma tendência em direcção à criança-rei. Colo aqui uma imagem de uma fila enorme num parque infantil, à espera de vez para andar no baloiço. Quantas vezes ouvi "Ele gosta muito, não quer sair, o que é que eu posso fazer?". De seguida saliento uma desculpabilização absurda do excesso de prendas materias (esta parte do excesso encontra-se em vários paises, a desculpa é que é original), quantas vezes ouvi o número de isto ou aquilo que ele tem "é uma loucura, mas ele gosta, o que é que eu vou fazer ?" e continuo numa infantilização da criança até ao limite, comida na boca até aos 5 anos, vestir a roupa dele até aos 7 anos, nunca deixá-lo a brincar na rua sem supervisão, cuidado excessivo com os paus e as pedras e qualquer outro material sem o ISO de segurança da CE. E depois, não posso não acrescentar* a demonstração de afecto, da mãe, do pai, do resto do avô, do tio, do piriquito " Vá, dá cá beijinho" enquanto despenteamos o cabelo, para podermos depois pentear e esticar um bocadinho mais o doce momento roubado.
Vamos explorar esta especificidade para uma maior compreensão da nossa "originalidade", nada como uma boa metodização para lançar e/ou baralhar um excelente final de semana solarento.

Sem pausa para céfé (isso ainda se usa ?) avanço pela especificidade francesa adentro. Se é para encontrar as 3 grandes especificidades da educação destes loucos gauleses, é fácil, salta à vista, temos a obsessão pelas regras da boa educação, não se fica pelo por favor, obrigado. Para se pedir ao menino que está em baixo do escorrega para sair diz-se perdão, todos, sem excepção. Bonjour Monsieur, Bonsoir Madame está dominadíssimo pelos minúsculos franciús, para se ir buscar a bola que ficou atrás do banco onde estamos um "desculpe de a incomodar senhora, importa-se que vá buscar a bola ?" é moeda corrente. Não estou a exagerar. A seguir vem a concorrência escolar. Performance. Resultados. Futuro, todos os pais que conhecemos se envolvem imenso na escolha da área, universidade, cadeiras. E por fim, a mítica autonimização precoce, é o ir à escola sozinho cedo, é o ir comprar pão, é o ficar na rua a brincar sem supervisão (aqui eles estão "atrasados" uma geração).

Enviadas especiais internacionais, contributos ?

*Acréscimo justamente exigido na caixinha dos comentários. Obrigada.

23 comentários:

  1. Eu não tenho mentalidade portuguesa e para quem conhece o meu blog ( sao poucos) sabe ke é verdade..
    claro ke toda a blogosfera diria-te ke n faz tudo, mas a comparar os blogs com o ke comentam nota-se perfeitamente ke so mentem mentem mentem ..lolol

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  2. Qual é o teu blogue ? Quero ver isso à lupa. A tal educação à portuguesa (talvez esteja a exagerar e com certeza estou a omitir a parte positiva - a que se liga à demonstração de afecto, por exemplo, agora não tenho tempo, vai vou em breve rectificar esta lacuna) também me atinge a mim, principalmente no ultimo ponto, mas juro que este fim de semana eles largam os biberons !

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  3. Que visão tão negativa da educação portuguesa (ainda que seja uma caricatura) e que visão tão edílica da educação francesa.
    Eu estou a educar os meus filhos entre duas culturas (o pai não é português) em Portugal. E o que sinto que mais caracteriza a educação portuguesa, no meio que me rodeia, é o “amor”(que pode ser excessivo e nocivo e levar à incapacidade de dar asas às crias).
    Creio que também tem muita importância o papel da família alargada. Os avós são, em Portugal, estruturantes na educação da maioria das crianças, desde logo, por haver pouca mobilidade, o que leva a que, muitas vezes, avós, pais e filhos morem na mesma cidade e até no mesmo prédio! São também importantes os tios e os primos e daí que as festas de anos das crianças, para além de estarem inundadas de prendas, tenham “presentes” inúmeros membros da família, de diferentes gerações.
    Finalmente, quando em Portugal se passeia com uma criança na rua há imensa gente a interagir com ela. Se chora, perguntam-lhe se está com fome ou com soninho. Elogiam a esperteza, agilidade ou beleza. Fazem festinhas no cabelo e soltam um “benza Deus”. Pela minha experiência, tal interacção não é tão comum nos países da Europa central. Os meus cunhados, na primeira vez que estiveram em Portugal, ficaram entre o surpreendido e o horrorizado quando as suas crianças lourinhas eram constantemente alvos de comentários, atenção e “mimos” vindos de perfeitos desconhecidos.

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  4. Em Angola a criançada brinca por todo o lado, os carrinho de lata são para estimar, os bebés passam os dias nas costas das mães (acho que não é muito estimulante mas pelo menos não são abandonados numa ama qualquer). O resultado? Ainda não sei. A geração que já pensa cresceu em guerra, com os pais mortos. Os de hoje vão à escola (valoriza-se a escola por aqui) e vejo-os a sair da escola com as suas batas brancas. Quando se vai para o campo, vêm-se as crianças a caminho de casa com o seu banquinho de plástico (muitas escolas não têm bancos). Vêm-se com facilidade a dançar ao som de uma música inexistente e a jogar às apanhadas. Dentro do género, não me parece mal! mas não sei o que comem (e muitos devem comer pouco que o dinheiro não abunda) e não sei qual é o rendimento escolar.

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  5. A minha experiência é apenas nacional, mas aqui vai a minha opinião.
    Eu também gostava que a minha, a mais velha de 5 anos, fosse assim tão educadinha. Atenção, ela não é mal educada, mas é criança...
    Mas seria tão feliz? Claro que não sou contra a educação e boas maneiras, aliás, acho-as essenciais. Mas as crianças são e têm que ser espontâneas. Ou não seriam crianças mas mini adultos.
    Agora a falta de tomates (e já que falamos de vegetais e legumes) dos pais é que me tira do sério. Afinal quem manda, quem é o adulto, quem dita as regras?
    Mas concordo com o comentário anterior, nós somos muito mais emotivos, às vezes até demais é certo. Muitas vezes detesto que desconhecidos toquem nas minhas filhas, lhes afaguem o cabelo ou metam conversa com elas. Mas outras vezes sabe bem ver o carinho que despertam nas pessoas. Acho que a frieza nesses países me iria incomodar mais...

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  6. Hmmm, eu gosto de generalizações e adoro esterótipos, porque facilitam as coisas. Nunca vivi fora de Portugal, mas aqui, na capital do império luso, vivem muitos estrangeiros e, confesso, adoro os seus pequenos. As principais diferenças que noto, além das que apontas, é que eles andam sujos como os meus portuguesinhos da silva. Os outros pequenos portugueses NUNCA estão sujos, andam sempre vestidos como se fossem a caminho da missa, não têm ranho no nariz, nódoas nas camisolas do iogurte, ou da pêra, e eu nunca percebi como conseguem.
    De resto, os mercis e pardons acho bonito, acho bem, mas dispenso. Já a autonomia parece-me a melhor coisa que lhe podemos dar, sem perdermos esta nossa coisa do meu rico menino anda cá dar-me um beijinho.

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  7. Anonimo N#2 - Todas as visões são deturpadas, até porque são feitas de acordo com a experiência de cada um e dificilmente se vai chegar a uma verdade absoluta neste post. A familia alargada e o "amor" ou melhor, a demonstração de amor (que amor acredito que haja em todos os paises) é realmente algo que também eu presencio quando vou a Portugal (ja la fui alterar o post, obrigada).
    Ja as demonstrações por parte de terceiros, por terras francesas sinto a mesma coisa, não me parece ser algo apenas nosso. Bom o primeiro ponto de que falamos também não, mas vamos fechar os olhos um bocadinho, se não, não chegamos a lado nenhum. Mas olha, que em Paris é muito frequente observar-se o que eu escrevi, claro que ha excepções, mas a regra acredito que seja esta. Ensinei aos meus filhos o "Bom dia", mas a parte do "senhor/senhora" foi mesmo a sociedade.

    Mau feitio - O pior é que a maioria das crianças em Angola não têem o essencial, por mais libertador que seja brincar sem restrinções e muita imaginação, quando falta, por exemplo, comida fica mais complicado ver-se resultados positivos no futuro. Sorte, espero que tenham muita sorte.

    Marta - Nem sequer faço questão de muitas etiquetas, para mim o essencial, principalmente quando são pequeninos (2 e 4 anos) basta, mas é um mecanismo, eles dizem perdão, como poderiam dizer "olha la, pa, sai dai !", não são menos ou mais crianças por isso, se a seguir tiverem que fazer uma grande asneira, podes ter a certeza que não se vão fazer de rogados.

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  8. Calita - Não digas a ninguém, que eu detesto generalizações, às vezes dou por mim a ter um pensamento "são todos a mesma coisa" e desato num processo de auto flagelação, este post é violento para mim, mas é um caminho que comecei, a ver se o acabo e aprendo alguma coisa no final do dia.
    Agora que falas nisso, é verdade que os meus filhos parecem menos sujos aqui do que em Portugal, e eu a pensar que eram eles que tinham maneiras diferentes de brincar.

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  9. eu acho que não é bem a educação, acho que é mais as mentalidades dos dias de hoje que fazem com que as nossas crianças cresçam como cresçem, e se alguém não tem a mentalidade e vive á parte do vulgar é apelidado de " você está a privar as suas filhas de.....e de....e de...."e se a criança é mais calada ou menos ativa pq acha uma tontice o que as outras crianças fazem é já para consultar um psicologo (isto á cada uma, a minha mais velha 11 anos está no 6 ano uma turma mto energetica, ela que não entra nos disparates e fica á parte.... ts ts ts é caso para consultar um psicologo?)

    não sei se sou antiquada mas reparo como a minha geração foi educada ( 36 anos) e somos como somos como serão as gerações que estamos a educar?

    quanto aos avós, o que me irrita ver aqueles avós que dão tudo aos netos, tudo o que não derão aos filhos, e depois ainda se gabam " aii o meu netinho tem pq fui EU que dei/comprei/pago", sorte que aqui os avós tb vivem num mundo á parte do que se vive.

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  10. Hiiii, tanto pano para mangas!
    Uns amigos meus, franceses/portugueses que moraram na Alemanha, comentaram que em França os pais dão regras aos filhos e confiam que estes as respeitam, enquanto os pais alemães estão sempre presentes e a controlar. Numa festa de rua, os alemães ficavam loucos com os miúdos franceses, que eram largados à solta, enquanto os alemães arranjavam maneira de estar sempre perto dos seus filhos.
    Gosto mais da versão francesa. Mas depois vinha a minha irmã portuguesa perguntar "e não tens medo de que te raptem os filhos?" - até à história da Maddie, não tinha.

    Quando a turma da minha filha começou a fazer programas de intercâmbio com escolas francesas, vinham de França sempre muito mal impressionados: os miúdos franceses ficam na escola até às seis da tarde, comem na cantina uma comida muito pouco saudável (eh, lá! a comida deve ser realmente má para os miúdos se queixarem assim...) e mal chegam a casa põem-se à frente da tv ou do pc. "Depois do jantar, os pais não fazem jogos com os filhos!", dizia uma alemãzita de 12 anos, muito chocada.

    O que mais custou aos meus filhos quando chegaram aos EUA foi aquela fixação nas cuecas. Ai que horror deixar ver as cuecas! Para alemães de 3 e 5 anos, esta era uma preocupação absurda, que lhes pesava imenso. Passavam o dia no infantário tão presos dessa camisa de sete varas, que mal chegavam a casa tiravam a roupa toda e punham-se a brincar nus (algo que nunca tinham feito na Alemanha). Eu fechava as cortinas, o meu marido telefonava a avisar quando trazia alguém a casa depois do trabalho.
    Outra diferença era a questão dos elogios: na Alemanha não se fazem elogios, nos EUA faz-se imenso. Os americanozinhos sabem que têm de dizer "thank you" quando recebem um elogio, a minha pobre filhas respondeu "I know" quando lhe disseram que tinha uma voz muito bonita... (a senhora ficou tão chocada que me veio contar a rir, ahem, a rir...)

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  11. A educação nos EUA pode reduzir-se à expressão "esquizofrenia bem-intencionada". Tão depressa se lembram de proibir coisas que, para nós, são inócuas, como são incrivelmente permissivos com outras. Ninguém se zanga com uma criança. Ninguém obriga uma criança a fazer nada. Ninguém trata uma criança por tu, o máximo de repreensão que se ouve é: that's not nice, we don't do that. Como disse a Helena, elogiam por tudo e por nada. Um bebé faz um cocó (bowel movement, o eufemismo devido!) e ganha logo um 'good job!'. E, claro, também há a paranóia da performance. Criancinha que não saiba ler aos 4 anos deve ter ADD. Alguém me diga qual é o país em que se valoriza as boas maneiras e se deixa espaço à criança para crescer ao seu ritmo, respeitando os outros, e eu mudo-me para lá.

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  12. mais um pequeno comentário, mas desta vez em forma de post:
    http://conversa2.blogspot.com/2011/03/mais-um-choque-cultural.html

    gralha,
    pois é! quanto vale um "good job"? nada.
    E aquela maneira tão simpática de ser, a minha filha convidava amigas para virem brincar na nossa casa, e elas logo "oh, it would be wonderfuuuuuul" mas depois nunca tinham tempo.
    Uma vez aconteceu uma coisa ainda mais estranha: eu telefonei a uma mãe para combinar que a filha dela vinha para nossa casa depois da escola, e a mãe perguntou quanto dinheiro eu queria por esse serviço.

    E na Holanda? Os miúdos (um pouco mais velhos) têm todos maneira de ganhar dinheiro - cortar a relva do vizinho, distribuir publicidade, lavar as janelas da vizinha, etc.
    Por um lado é bom, porque ficam a saber o que a vida custa. Por outro lado é péssimo, porque perdem a noção da gratuidade. Ninguém ajuda velhinhas a levar as compras para casa sem pedir dinheiro no fim.

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  13. Pois é, akombi, todas as crianças têem que se formatadas, seguir todas o mesmo caminho, senão ha um problema. Que treta, confesso que tinha entrado nesse espiral, aqui em França temos acesso a um psicologo gratuito, basta solicitar, e eu solicitava, de cada vez que tinha uma duvida, de cada vez que um minusculo saia um bocadinho das normas, até que percebi que as normas podem servir como ajuda para mães capotadas e ansiosas (como eu ja fui muito e sou cada vez menos), mas se as tomarmos demasiado à linha são altamente castradoras para as crianças e destabilizadoras para os pais. Felizmente essa fase passou, relaxei e agora deixo-os crescer. E até agora temos conseguido evitar os senhores da camisa branca. I'm free !!

    Helena - Pois deixam à solta, confirmo. Portuguesinha eu ando sempre ali por perto, discretamente, a fingir que não é nada comigo, com a desculpa que o mais novo ainda é pequenino e tal. Não estou a vigiar ninguém, uma coincidência, estamos sempre no mesmo sitio, à mesma hora. Pelo sim, pelo não prevejo roupas camufladas e binoculos para o futuro.
    Em relação ao quem é educado os teus filhos os os portugueses - Que engraçada esta questão e este timming. Ainda ha bem pouco tempo dei por mim a pensar no que seria realmente esta coisa da educação o "obrigada", o "com licença", tão faceis de dizer e fazer, ou o cuidado com o outro. Afinal esses termos servem para quê ? Dizer o que é para ser dito apenas, um tique, ou para fazer o outro sentir-se bem ? Devemos parar nessas regrinhas ou devemos pensar mais largo ? Toda a gente fala de "respeito", e a seguir trufas ! Atacam com uma falta de respeito enorme, que fazem o outro sentir-se péssimo, humilhado, apenas para mostrar a toda a gente que eles sim têem valores e conhecem a etiqueta e as regras. As palavrinhas magicas são apenas o inicio, mas o essencial passa por aquilo que fazemos o outro sentir. Também reparei que este tipo de situação acontece muito quando ha muita gente a assistir.

    Quanto aos States, Gralha e Helena, alguém sabe se foi sempre assim tão leve, superficial e cor de rosinha ? E também deve haver estereotipos em relação aos diferentes Estados, ou não ? Ficamos pelos europeus assim, norte-americanos assado ? Ou vamos escaranfunchar um pouco mais ?

    Quanto ao teu exemplo da Holanda, não posso comentar - o meu tabu que ainda não exorcizei. Tenho muito, muito medo da falta da solidariedade, da troca por troca, das piadinhas que envolvem mesada em troca de beijinhos. Não sabia que era assim na Holanda, vem de onde este habito ?

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  14. Eu vivo na Holanda há ano e meio. A coisa que mais me chocou inicialmente foi a dita total liberdade das crianças em todas as circunstâncias: no parque todos os miúdos andam à solta e os pais ficam à conversa ao longe. As crianças saltam, pulam, empurram-se e lutam pelo lugar no baloiço sem ninguém intervir. Chocava-me(e ainda choca) imenso não haver aquele cuidado dos adultos tugas: pede se podes andar, olha que ele é mais pequenino etc. Mas a verdade é que os miúdos acabam por aprender a organizar-se e a defender-se (very lord of the flies) e não há nada com ver a rua cheia de miudagem à solta a fazer corridas e a pintarem os passeios com giz. Principalmente depois de umas férias de Natal em Portugal onde todos os parques estão cheios de criançinhas aprumadinhas e engomadas com as mães a avisarem "ai cuidado, ai não mexas, ai que te aleijas, pede com linçenca, se faz favor e obrigado".
    Mafalda

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  15. de onde vem o hábito não sei - mas tenho medo que venha para aqui!
    (hihihi)

    Também não vi com estes que a terra há-de comer. Foram primos meus que moram lá que contaram.

    Olha, estou mortinha que os teus filhos cresçam para trocar figurinhas sobre a mesada. Os meus filhos recebem uma mesada de fome que não lhes chega para fazer vida de café muitos dias por semana, digamos assim. Eles queixam-se. Nós respondemos que nós também não temos dinheiro para nos irmos encontrar com os amigos no café e no restaurante.
    A vizinha do rés-do-chão vem em defesa deles, que os tempos são outros, que a juventude é assim. Ora então: alguém acha bem que dar praí 70 ou 80 euros por mês aos adolescentes para eles gastarem em cinema e cafés?
    A minha vizinha dá 200 euros por mês, mas também têm de comprar roupa e prendas para os amigos. Excepto casacos e sapatos.
    200 euros por mês????

    Comiadizendo: estou mortinha que os teus filhos cresçam, para que me digas o que devo fazer.

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  16. Mafalda - Na Holanda os pais metem-se de menos, em Portugal de mais, vou ver o mapa com uma régua, algures no meio deve estar a virtude. Vais ver, que com a nossa sorte, é no meio do mar ...

    Helena - A teoria eu sei, não vai haver mesada para ninguém (é tabu para mim, lembras-te ?), mas é algo que tenho a consciência que pode muito bem mudar. Eu nunca tive mesada, nem roupa de marca e convivia com quem tivesse, lembro-me de negociar com a minha mãe, perdia sempre quando ela me vinha com a conversa do rebanho e das ovelhas, és diferente, não és como os outros, se são teus amigos, vão continuar a sê-lo. Tive sorte com os amigos, e se não tivesse ? Se calhar teria insistido mais e a esta hora tinha fotos de adolescente cheia de patrocinadores (como a minha irmã teve, por exemplo). Eu lutava por outras coisas, por não ter hora para entrar em casa, isso é que não suportava. Agora que penso nisso, acho que é bastante pior.

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  17. Tu não tinhas mesada?!!! E como aprendeste a governar o dinheiro?
    (não me digas que me têm andado a enganar...)

    Eu não tive mesada, e foi asneira: aprendi tarde e a más horas, e passei algumas vergonhas porque já não tinha idade para fazer aqueles disparates.

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  18. Não tenho bem a certeza que tenha algo a dizer à blogosfera sobre este assunto. E é bem verdade que não sei muito bem como é que esta parte da educação se deu. Tinha dinheiro que recebia nos anos desde que comecei a ser adolescente, mas metia-o em certificados de Aforro, que nessa altura ainda serviam para alguma coisa. Os meus pais têem formação em economia e sempre se falou em investimento (bolsa, fundos) e em poupança, eu é que escolhia os certificados depois de ouvir uma explicação do meus pai a tudo o que podia fazer com o dinheiro. Basicamente poupança e investimento eram referidos com olhos a brilhar e consumismo como algo que se esfumaçaria, no melhor dos casos, algo positivo depois de uma poupança. Ainda fiz (via meu pai) aplicações na bolsa em acções que escolhi e devia acompanhar (deu errado e acabei por culpar o meu pai por mau aconselhamento e revi o dinheiro - nunca mais me meti nestas andanças). Outra coisa que acontecia em casa era a discussão democratica dos gastos maiores da familia tipo viagens, carros, mobilias, esta parte adorava fazer, mesmo se os meus pais possuissem direito de veto.
    Resultado sou uma catastrofe a consumir, não tenho prazer em comprar roupa, por exemplo, acho tudo caro ou sem interesse, na minha cabeça existe um permanente racio prazer-custo, é cansativo e acaba por ir tudo para a poupança, para as viagens e para a musica - conheces algo mais esfumaçante que isto ?
    Va la, deves ter um método pedagogico escondido na manga, vou la espreitar no 2 dedos...

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  19. Precisas de um tratamento homeopático.
    Começas lenta mas progressivamente: entras numa loja cinco minutos com a obrigação de gastar 5 euros. A pouco e pouco vais subindo o tempo e o montante.
    Andas pela loja e repetes: "isto é para salvar a economia nacional" (os teus pais devem ter um livro do Keynes onde isso vem explicado).
    E depois compras uma porcaria qualquer, e pensas na pessoa que a fez, e na que lhe pôs a etiqueta, e na que a embrulhou, e na que a transportou, e até na pessoa da caixa a sorrir para ti, e sentes-te em comunhão e paz com o mundo inteiro.
    Não é bonito?

    ;-)

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  20. Olha que lindo comentario para fingir que não li ! Ainda acabo a noite a pesquisar tudo sobre Milton Friedman e não tenho bem a certeza se vou conseguir dar a volta à questão e transformar este comentario de forma a ser util num mommyblog.
    ...
    Ups, se calhar é exactamente isso que este blogue precisa neste momento. Aarrghhh !! Se disseres alguma coisa acerca deste ultimo comentario ao meu pai, juro que te bloqueio definitivamente. Ainda me lembro de um sabado ao final do dia, depois de uma explicação massiva e entusiasmada do meu pai (secante, secantisima para mim) ter gritado "Detesto economia!!! Eu quero entrar no conservatorio de teatro e cinema". Não vou contar o resto da conversa, ja ha demasiado horror neste doce mundo cruel...

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  21. hihihi

    Nunca gostei de Friedman. Para ser sincera, nunca gostei muito de economia, apesar de ter feito esse curso. Os modelos pareciam-me demasiado simplistas. Por exemplo: em 1980 ainda se falava da procura e da oferta como se fossem forças independentes uma da outra, como se não existisse uma potentíssima máquina de publicidade!

    Mas, voltando à vaca fria (mommyblog): cá por estas minhas terras a mesada faz parte da educação (tão necessária como aprender a ler e a escrever) e critica-se muito que os pais castiguem os filhos com cortes na mesada. Inventem outros castigos, dizem eles. Que cortar a mesada é um bocadinho como proibir os filhos de ler à noite na cama, acrescento eu.

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  22. Porque é que é assim tão importante a mesada ? Todos os meus amigos que tinham, sempre se habituaram a comprar coisas demasiado facilmente, nunca tiveram que merecer a tal mesada. Agora, com 30 e muitos, são esses mesmos amigos que estão mais atolados em dividas. Chapa ganha, chapa gasta.
    Acredito que a teoria seja importante. A minha mãe disse-me que antigamente havia uma disciplina chamada economia doméstica, acho que seria muito mais importante, do que dar dinheiro para ser gasto em gomas, roupa de marca e cafés.
    Olha, outra coisa que contribuiu para a minha educação monetaria, e nem sequer foi ideia parental. (Nota : não sou assim tão forreta, também eu simplifiquei demasiado. Estudei e sempre trabalhei em publicidade e sempre vi como se manipulam as mentes, talvez por isso, esteja mais atenta às mensagens de marketing) (este argumento deve ser uma treta, todos os meus colegas eram hiper consumistas) foi ter vendido na feira da ladra. Quando era adolescente e queria ir a um concerto, agarrava em coisas que os meus pais não queriam e ia com uns amigos às 6h de sabado vender (acho que agora é ilegal), mesmo que fosse tudo uma brincadeira, mesmo que os pulls do meu pai que vendia tivessem buracos, ficava horas a negociar ao cêntimo, cada escudo era um escudo.

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  23. Bom, vou começar agora a fazer pesquisa e a pensar como é que descalçarei esta bota, porque realmente as coisas estão diferentes, ha muito mais pressão, muito mais apelo ao consumismo. Mas gostava tanto, tanto, que os minusculos pensassem por eles, que questionassem, que se desenrascassem...

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