Flashback. 6 anos atrás, uma festa regada a Moët & Chandon bebido pelo gargalo, com Gorillaz aos berros, num apartamento haussmaniano a abarrotar, para os lados da Sorbonne. Conversa pepsodente na minúscula varanda. Um ano depois de chegar a Paris, eu tinha acabado de encontrar um emprego ao nível do meu diploma, apesar do meu forte sotaque latino, tinha a cidade luz a descobrir e conquistar. 30 anos e sentia-me como se tivesse 17 e o mundo ainda havia de ser meu.
...
Ontem o pai dos meus filhos recebe um telefonema para jantarmos todos e não, não anda à procura de emprego. Não, sim, está em casa com os minúsculos. Sim, pois, depois logo se vê.
E é sempre assim, já sei que vou ter que reponder a uma inquisição do que eu estou a fazer à minha vida, se não quero voltar a trabalhar, que planos tenho para o meu futuro.
Não me interpretem mal, eu adoro esse meus amigos. Mas por muito que goste deste meu periodo indeterminado de mãe a tempo inteiro, por muito que sinta que é assim que eu quero educar os meus filhos, por muito que saiba que estou a seguir o meu instinto e os nossos planos ...
Bolas, a verdade é que não me consigo impedir de gaguejar nestas conversas.
Gaguejas porque sentes pressão, não porque não aches que estás a fazer a coisa certa. Comigo é assim. Beijo
ResponderEliminarMuita pressão. Mas às vezes essa pressão também vem de dentro ... bolas, fui educada para estudar e trabalhar, sinto-me a desbravar caminhos em zonas virgens.
ResponderEliminarBem me parecia que iria ser compreendida por mães a tempo inteiro.
É assim para todas, seja qual for o tipo de "justificação" a dar. Já percebi que a pressão chega sempre de alguma forma. Espero ganhar calo... E estar sempre a tempo de mudar de ideias!
ResponderEliminarO pior é não conhecer muito a fronteira entra a pressão externa e a interna, às vezes a pressão dos outros até pode ajudar a que andamos a esconder, voluntaria ou involuntariamente, a dar-se a conhecer.
ResponderEliminarSempre a tempo, sempre a tempo. Sempre.
E a linha é mesmo ténue, entre uma e outra. por mais que digamos que não há uma forte componente de desejabilidade social em cada um de nós.
ResponderEliminarmas tu gaguejas por isto, eu gaguejo quando algumas pessoas acham que eu não deveria trabalhar, quando outras me perguntam se vou ficar por aqui, quando me pedem (exigem) coisas como se eu não tivesse um filho, quanto mais três.
A mudança na tua vida não vai acontecer de ânimo leve. E se tiver mesmo de ser o clic vai chegar.
E acredita que, como tu e eu sabemos tão bem (tu e eu e todas as outras mulheres), e culpa será sempre ou quase sempre o nosso nome do meio.
Culpa !
ResponderEliminarOh, fatalidade !
Oh, herançazinha socio-burgueso-catolica !
Oh !
Eu arranjei um trabalheco cá, para passar o tempo, mas estou de licença desde que a cria nasceu... Estou em casa há 7 meses e no início até estava a gostar. Mas agora começo a sentir pressão para voltar à actividade, mesmo que não seja nada de jeito e mal paga. A pressão é só interior, que o que não falta por estas bandas são mamãs em casa a vida toda, com uma ama para cada filho (!!) e com as quais não me identifico nada, antes pelo contrário.
ResponderEliminarNão sei que faça. Eu tinha uma carreira prometedora antes! :(
Eu ando a pensar criar uma empresa para trabalhar em casa e gerir os meus horarios (eu sei que me vai continuar a fazer falta o contacto com um equipa, mas ...), mas o minus ainda não me deixa fazer o que eu quero quando quero. Para o ano, talvez....
ResponderEliminarAqui estou rodeada de mães em casa, sem empregas, e quase todas tb tinham carreiras prometedoras, mas todas parecem estar na boa. Parecem.
E a vida em Dakar não é muito dura ? conheço o Senegal de férias, adorei tudo, menos ... Dakar...
Pressão, pressão, pressão! Se, por outro lado, tivesses um emprego com horários malucos sentias-te pressionada porque nunca tinhas tempo para estar com os minúsculos e faziam-te sentir um péssima mãe porque os teus horários nem ao menos te permitem ir buscá-los ao infantário... Ser mãe é ser-se continuamente apontada por tudo, presa por ter cão e por não ter... Não é fácil. Não gaguejes, força!
ResponderEliminarObrigada.
ResponderEliminarCaneco...se te sentires bem com a situaçâo, entâo força. Filhos sâo felizes se as mês op forem, nâo??
ResponderEliminarOs meus sao felizes porque a mae trabalha. Se tivesse em casa a tempo inteiro pirava completamente! Dai ter a necessidade de trabalhar. Mas hà muitas maes infelizes de terem de ir, que preferiam estra com as crias em casa. Sâo opçoes que se têm de assumir.
E de resto o que têm os outros a ver com atua vida?? Os miudos nao estao felizes e saos? Nao fazes do teu melhor com e como podes?
Isso é que interessa!
Sonia - Mas a felicidade pode estar em tantos lugares ... e os outros podem sempre fazer-nos pensar.
ResponderEliminarClaro que sim!!Ä felicidade para mim ...com um projecto in the air ...até pode estar em Cabo Verde...quem sabe se nâo pego neles e vou para là, andar meia nua ao sol com menos coisas, mas rica por outras...sim quem sabe?
ResponderEliminarSabe bem sonhar, tento alcançar alguns sonhos ...mas sei que nem todos se irao realizar, dai ter que aprender a VIVER do melhor que posso com o que tenho . Sabes que às vezes, deixamo-nos também manipular pelo o que os outros pensam. Pensamos "podia ser feliz assim", mas no fundo analizando o que temos mesmo , serà que nao o somos jà neste momento? E que a nossa felicidade nao incomoda mas é?
beijinhos
Sonia - "Manipular" pelo que os outros pensam, pelo que os outros parecem, pelos filmes, pelas fotos, e finalmente, pelo nosso cérebro.
ResponderEliminarOh, pobres de mim e de ti de delas !
"de delas" foi bonito
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