26.8.10

Negação ou as vantagens da inconsciência

Daqui a uns dias vou estar num avião sozinha com 2 minúsculos a fazer experiências com os limites da paciência dos restantes passageiros.
Tendo em conta a ausência quase total de horários e regras, a cedência, não tão pontual assim, a muitos caprichos e a televisão toda do mundo a que têm tido acesso nestas férias, é fácil prever o período de inferno e loucura que poderá me levar a um estado de demência avançado e irreversível difícil que vamos passar quando chegarmos à dura realidade ao lar doce lar.
Devia estar a arrancar cabelos.
Mas estou numa doce e suave fase de negação açucarada sem calorias a escrever posts sem interesse, enquanto ouço sons de festivais passados, bebo o cappuccino que alguém me fez (obrigada shlup ahh!) e continuo a aceitar todos os convites de esplanada, sombra, ar fresco e dolce faire niente.

Se fosse mais cívica utilizava este blogue para emitir informações de utilidade pública e indicava o voo exacto a evitar. Se fosse, mas não sou.
Banda sonora : Saint Vicent e the National com Sleep all summer, mas poderia perfeitamente também ser Paris is burning numa antevisão do que me espera.

23.8.10

Post A2

Partimos rumo ao SE, a dois. Na bagagem pouca roupa, o Suburbs dos Arcade Fire, uma reserva em turismo rural, uma atitude hedonista que nem Epicuro poderia igualar, e pouca coisa para fazer.
No jardim identifiquei onde é que Minusculos ausentes poderiam cair. Ao pé das flores, as abelhas e vespas que poderiam picar braços pequenos e distantes. No pequeno-almoço, copos e porcelanas que poderiam ser partidas por quem lá não estava. Nas vilas anotei muralhas sem segurança para pés menos experientes, praças sem sombras para cabeças de diâmetro minúsculo sem chapéu.

Alguém precisa de um técnico de qualidade e segurança infantil ISO qualquer coisa ?

10.8.10

Ela queria ser um porta-chaves

Há blogues que mostram filhos sorridentes na praia a fazer castelos de areia, este post pretende passar a um outro nível.
Apresento-vos a minha filha, a Minúscula, 3 anos, o seu mais intímo interior e a chave que foi lá parar.
Durante 3 dias houve uma mala que não pode ser aberta, uma mão numa luva de plástico a procurar algo menos mediático que os vestígios da tumba de Ramsés II e planos de viagens aéreas suspensos.

5.8.10

SW 10

Na praia a sorrir a um minúsculo que faz pensar no Minúsculo que conta para este blogue. No recinto da Herdade mais famosa do sudoeste, a lembrar a Minúscula que manda neste espaço, ao som de Prodigy que ela dança com mais energia que todos os festivaleiros.
A mamã já volta, mas parece que vos levou com ela.
Para espreitarem venham aqui.
Beijinhos até já !

2.8.10

Tudo isto é lindo, tudo isto é fado

Há uns 7 anos fui viver para Paris, convencida que Lisboa era a aldeia da roupa branca onde nada se passava a não ser alguns prédios a ruir e onde tinha vergonha de responder à pergunta Where´s downtown ?
Agora, os prédios ainda parecem ameaçadores, o sentimento ao dar a resposta à dita pergunta tem dias, mas duvido que haja muitas aldeias por este mundo fora com tanta coisa para fazer, ver ou ouvir.

Agora das três, duas ou uma :
1 - Lisboa tem mais cultura (alguém tem estatísticas pessoais e parciais?)
2 - Eu virei open minded e arrisco finalmente a sair dos 3 bares, sempre os mesmos, do Bairro Alto e do cinema, o King, o único possível antes de emigrar
3 - Ser emigrante (glup, porque é que esta plavra não me entra ?) ajuda a dar valor ao que não se tem todos os dias ?

Ontem na intimista Praça do Município, e só para para quem soube lá estar, ouviu-se várias vezes "Ah, grande fadista" vindas da meia multidinha (multidão pequenina). Mafalda Arnauth, à frente de uma câmara de uma capital europeia iluminada com imagens do fundo do mar, fez-nos pôr a mão à cintura com o Fado da Mariquinhas e no encore veio com a marcha do Centenário. Não estávamos na avenida, mas não estávamos nada mal, estávamos mesmo muito bem.

Vá, todos juntos :
Dizem que a velha sou eu

Há oito séculos nascida
Nessa é que eu não vou, por mim não passou
Nem a morte nem a vida

E esta noite, querendo os minúsculos fazer o favor de irem cedo para a cama, já sei para onde ir.