O meu primeiro impulso para a palavra "pulso" é a música. Claro. Evidente. Aquele beat. Aquele ritmo. Aquele som sintonizado como na barriga da mãe.
Boom boom Boom boom.
A Vida. A vida dos nossos filhos quando ainda fazem parte de nós. A primeira mini ecografia, antes da verdadeira. Aquela onde sabemos que eles existem. Que estão mesmo lá. Mesmo aqui, em nós. Que temos dois corações a bater dentro de nós. Quando sabemos. Quando sentimos. Sabemos antes. Mas é ali que sentimos. E saber e sentir, que diferença tão grande que é. Sabemos ali que saber não é nada, é só ilusão. Ilusão concreta. Mas ilusão. Irei sempre denegrir a razão, afinal, é o que nos separa dos animais e eu sempre me senti e quis e fui e soube-me tão próxima deles.
Boom boom Boom boom.
Mas pode ser outra coisa. Podia ser tanta coisa. Podia ser quase tudo.
Pode ser longe de mim, pode ser algo tão afastado da natureza humana, que só mesmo humanos poderiam imaginar e, como eles dizem, "implementar".
O PULSE, pasmo. Espasmo. O Pulse parece que é também o nome de um software ou de um sistema que "ajuda" a sistematizar e medir acções concretas para se atingir objectivos comerciais. Um amaranhado para se ser produtivo, para organizar o doce caos onde devíamos banhar. Para domesticar o que é a "vida" e alcançar as metas de outros, quase tornam nossas no assalariado. Para se ganhar dinheiro. Para se ganhar a "vidinha" como se diz nas escolas de arte. Aspas em todo o lado na frase "ganhar a vidinha" para que não se perceba o engodo que é passar tanto tempo para depois, mais tarde, cada vez mais tarde, e já sem muito jeito, ânimo ou porquê, um dia se vir a poder viver a Vida.
Como caímos todos nesta esparrela?
Quando tudo começa na essência
Boom boom Boom boom
Mede-se o pulso esta semana no colectivo Largo, já há textos aqui:
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