13.7.25

Terapia

Há 19 anos comecou uma tradição familiar de uma fora insuspeita, como deviam começar todas as tradições. Uma vez por mês passamos, a minha grande família e eu, uma semana no sul. Três gerações, a minha no meio, entre cuidar e ser cuidada. Não tenho jeito para nenhuma, mas faço o que posso, como a grande maioria de nós. Nāo nos equeçamos disto.

Uma semana de auto conhecimento, na verdade. Dias intensos de confusão e calma. De entendimentos e conversas ao lado. De crenças e contra crenças. A família, esse grande pilar, essa gigante desconstrução. Essa maravilha da natureza, esse monstro da psicanálise.
Em 2025, como se tudo o mais não bastasse, decidimos não levar telemóveis. Ou vai ou racha. E foi. Por vezes, rachou. Férias como devem ter tido os meus amigos com famílias que iam para o sul ou para a  terrinha nos anos noventa. Férias normais que não tivemos em tempo normal. O que é normal? E temos agora e tudo me parece extraordinário. Os que gostam de cozinhar, os que gostam de comer e agora eu, que não quero nem cozinhar nem comer. Os que preferem a praia, ou que preferem a piscina e agora eu, que prefiro ficar à sombra a dormir ou a ler e a fotografar esta efémera passagem pelo sul, estas pessoas que também sou eu, estes corpos que nasceram entretanto, outros que cresceram, outros que envelheceram.
O tempo a passar com a pressa que lhe apetece e nós sem os écrans para nos distrair do que realmente precisamos ver.


Todas as sextas-feiras um grupo de escritoras publica um texto sobre o mesmo tema,  a hora é aleatória, a assiduidade é a possível. 


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