Vale sem retorno

Esta semana, retornei uma mão cheia de vezes, às linhas dos livros que li entre os 14 e 17 anos. Tardes inteiras, deitada de barriga para baixo, em cima da minha cama, até ter dores na parte de cima das costas, nos ombros, no pescoço, nos braços.
No final dos anos 80, costumava deixar-me subornar pela minha mãe, que queria companhia para as compras semanais, e em troca, ganhava livros do supermercado. Era um negócio sujo, nem sempre muito proveitoso para mim. Mas um dia, dei com os livros de Marion Zimmer Bradley e passei a gostar de bróculos e espinafres. Tudo valia, para nos apressar em direcção ao hipermercado mais próximo.
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Quando fazemos este percurso saltimbanco, entre a Normadia e o sul da Bretanha, entre uma casa de um amigo e outra de um familiar, costumamos atravessar a 110 quilometros à hora, a floresta de Broceliande. Desta vez, decidimos ganhar o nosso tempo de outra forma.
Andamos precisados de algo.
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O brilho dos olhos da minha filha ao ouvir a contadora de contos a falar da árvore de ouro, do espelho das fadas, do vale sem retorno, da fada Morgana, do poder de Merlin. Os meus olhos não deviam estar diferentes. O meu filho interessou-se na parte dos dragões e das guerras entre cavaleiros. E das escaladas. O namorado, mais terra a terra, interessou-se por nós e pelos nossos interesses, pela floresta e pelos costumes dos bretões desta zona. Todos saimos a ganhar. Largamente.
E com muita vontade de voltar. E fazer os percursos mais longos, que certas pernas ainda não suportam.
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Não fazia ideia do quanto estava necessitada de magia.
Quem disse que não se pode voltar aos dezasseis anos ?