Nunca me disseste que estava bonita. Não que nunca tivesse reparado, mas tinha sempre outra coisa a dizer ou a fazer. Era a preferida para me divertir, para confiar, para passar o tempo. Eu não podia saber se o vestido era novo ou se o cabelo estava esticado. Mesmo ao lado, estavam as minhas confidências, a nossa cumplicidade.
Culpo as revistas femininas, os comentários das amigas da minha mãe, quando me passeava de mãos dadas para não me perder que bonita, que olhos. Tinha que sorrir, sorria. Detestava-as, vou agora ser honesta. Tinha que sorrir. Sorria.
E depois aquela discussão sem gritos, nem zangas, que mudou tudo. Porque se deu um tilt. E eu na altura já conhecia a importância dos tilts. As pessoas são aquilo que vestem.
Uma boa dose de futilidade não faz mal a ninguém. Mas eu ainda não sou ninguém.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário