24.9.14

Confusa em Paracas


De repente ficamos rodeados de descendentes de incas por todo o lado. Não é difícil imaginar aquele senhor que passou por nós a comer gelado, com um fato de 1500, que vimos no museu antropologico de Lima. 
As pessoas com que nos cruzamos no Peru. As crianças vestidas de fato de treino igual à saida da escola. As famílias aos domingos nas Praças de Armas, a tirar fotos ao pé da fonte. Os condutores que não param nos sinais vermelhos. O senhor que me quer dar chocolate para os meus filhos. As senhoras que se viram para trás, para os verem mais uns segundos. Trocamos sorrisos.

Escolhas draconianas levaram-nos ao deserto do sul. Hasta luego, a tudo o que não vamos ver para o Norte. Mais fácil escrever do que decidir. Paramos em Paracas. Não existem vestígios desta importante civilização aqui - todo se queda en Lima, dizem-nos entredentes. 
Visitamos o deserto, na reserva natural de Paracas. Areia. Pelicanos, a melhor cheviche do Peru, fosseis, dois leões marinhos mortos na praia vermelha à espera de serem comidos pelos abutres ou pelas raposas, a estrada de sal, que a minha filha quer provar. E prova, quando viramos costas, existem estradas de açucar ?

No dia a seguir, temos o melhor dia do mundo. Pelos vistos é uma viagem de barco pelo Pacifico, às ilhas Ballestas. No caminho cruzamos um golfinho a saltar e alguns leões marinhos em contra mão. Nas ilhas são às centenas, deitados na praia, os machos enormes, rodeados de fémeas, algumas crias. Ou empoleirados em cima de rochas. Penso nos documentários que vi na televisão, é estranho estar aqui. Como se o real dos zoos ou dos écrans, fosse mais real do que o que o habitat natural. Do que a vida real. Preciso de um pisco sour.

A imagem do candelabro desenhada na areia. Os pinguins de Humboldt. Não tenho a certeza de ter percebido bem, à noite fico a olhar para as fotos, devia ter voltado no dia a seguir para que se tornasse mais verdadeiro
Os meus filhos fazem desenhos do que viram. Nas paredes colam-se cartazes para proteger o "pinguim peruano" em vias de extinção, mostram fotos de captura, de pinguins em gaiolas, pinguins em quintais ao pé de cães. Na praia do porto, o meu filho aproxima-se o mais que pode de um pelicano, volta a correr depois de um movimento brusco de um bico demasiado grande.
Estou mesmo aqui ? Há quantos dias não vejo o sol ?

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