Nas grandes lojas parisienses, as vitrines de brinquedos foram trocadas por cenários com marionetas e produtos de luxo. Mais rentável. Pais desprevenidos ficam a olhar para os filhos, a olhar para as malas LV. Luzinhas para amenizar os sapatos sem sal e as malas com logotipos, que irão assegurar aos novos ricos ansiosos pelo futuro, ou aos antigos pobres com pressa de largar o passado, o lugar ao pé das senhoras simpáticas do chá das cinco.
Desejos aburguesados que teimam a passar de moda. Detalhes em dourado, brilhantes discretos conjugados com castanho liberal. Bling bling para dar e comprar.
No chão, um sem abrigo sentado ao pé do seu enorme cão, tenta um chapéu de pai natal com luzinhas para chamar a atenção e a vontade de nos desprendermos de alguns trocos.
Devia ter-lhe dado o valor do presente que ía comprar. Afinal, era para a minha sogra. Ela compreenderia.
Imagino que em Paris o contraste ainda seja mais sentido e mais evidente que aqui em Lisboa. Por aqui vê-se algo que antes não se via: pessoas de idade a pedir esmola quando paramos num sinal de trânsito. E isto faz-me tanta confusão ...
ResponderEliminarEstas desigualdades chocam sempre. Choca-me o luxo vs. miséria, também me choca ver sem abrigos a dormir à noite na praça do Vaticano, ironia das ironias. Choca-me pensar que é tudo uma questão de distribuição, que não é uma fatalidade, isto não tem que ser assim. Não é uma realidade fatal, estamos a viver uma realidade escolhida, que é imposta.
EliminarQuem tem muito, não quer perder nada. Doa a quem doer.
Para te dizer a verdade, choca-me mais o que se vê em Portugal.
Aqui existe muito dinheiro e esbarra-se em grandes demonstrações de riqueza na rua, é verdade, mas existe mais protecção aos mais desfavorecidos. Pelo menos, aos que estão inseridos no sistema, com papeis em dia...
Andei pela baixa de Lisboa o fim de semana passado e não contei quantas pessoas vieram pedir-me dinheiro, mas foram algumas. Demasiadas. Sente-se a pobreza a crescer.