23.7.12

Vestir

Estou farta de roupa. Farta de prêt à porter, de alfaiates, de desfiles Haute couture no canal não sei quê, de padrões, de riscas, de tecidos. Farta de comprar, de trocar, de escolher, de devolver, de guardar, de lavar, de secar, de vestir. Até estou farta de despir. Não aguento nem mais uma tendência, uma moda, uma originalidade têxtil. Farta dos saldos, das promoções, do preço completo. Das montras, dos cabides, dos armários, dos modelos, das capas de revistas, das contracapas, das produções de moda, das fotos na rua, das fotos nos estúdios, dos profissionais, dos amadores. Estou farta do negociozinho, do negociozão. Estou farta do photoshop, da luz natural. Estou farta deste post. Pelos cabelos pelas opiniões de moda, pelos falsos negligés. Se pudesse emigrava para um acampamento naturista e já vos deixava em paz. Ficava tranquila e ao léu. Logo eu, que gostava tanto do quentinho das pantufas de lãs vermelhas tricotadas pela minha avó.

A culpa deste post é da São João. Por muito que venha a fazer-se de desentendida.

6 comentários:

  1. Ahaha muito bom. É esse o espírito :)

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  2. Bom, espero que não estejas farta de mim :), eu que ando para aqui armada em entendedora de moda mas também tenho dias assim como os teus, em que fico farta de tudo - precisamente de tudo o que dizes.

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  3. Não estou nada farta de ti.
    Tenho um problema apenas quando algo que devia ser simples e acessorio torna-se demasiado importante.
    Isto relaciona-se também com o post anterior, quando o parecer se torna mais importante do que o que se é (ou o que os outros são).
    Tem a ver com prioridades trocadas. E com excessos que se banalizaram e se transformaram em epidemias. Gosto de coisas bonitas, dou valor ao que o que os olhos vêem, mas sei que também tenho outros sentidos e outras sensibilidades.
    E gosto particularmente da ambiguidade da tua ultima frase.

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  4. Num acampamento naturista, à noite deve-se usar pantufas, talvez vermelhas, e de preferência tricotadas pela avó.

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