Segundo aquela figura de estilo gasta mas eficaz da vida e do livros e das páginas - papel do acordo ortográfico nesta metáfora a investigar à posteriori - estou prestes a começar uma folha branca e, porque nem sempre uso impulse para tomar decisões, mergulhei numa introspecção algo húmida para ver melhor por onde me deveria aventurar. Fiz uma séria psicanálise caseira, à base de ervas aromáticas e cheguei à adolescência, depois à infância, segui direitinha mas com algum receio para o meu nascimento, passei pela história dos meus avós, bisavós, quando dei por mim estava a 20.000 anos do presente. Não sei se vos acontece sempre isto, mas é-me frequente ultrapassar em muito os meus objectivos. Tanto, que acabo por os perder de vista. Acredito que seja um dom.
20.000 anos before present. Se vissem como é que que anda o meu cabelo depois de tanta praia, compreenderiam facilmente a associação entre a minha pessoa e os homo sapiens sapiens. O que vos estou a tentar dizer é que vi a luz em Foz Côa. E nem sequer me estou a referir à lâmpada avariada da nossa guia das visitas nocturnas daquelas gravuras tão fascinantes como misteriosas. Refiro-me, tão somente, à luz que anda a fazer as vezes de um fio condutor de uma nova fase da minha vida e muito possivelmente deste blogue. Um regresso ao essencial, com o aproveitamento racional do erro de ter nascido 20.000 anos depois do meu tempo. Felizmente já tinham descoberto o fogo, detesto sushi. Vou portanto embarcar numa saga arriscada de procura e comunhão com valores primários onde tentarei estar mais em contacto com o instinto, a natureza e o computador paleolítico da casa dos meus pais de onde tentarei vos relatar possíveis evoluções desta nova fase. Estejam alerta, consigo perceber perfeitamente a vossa excitação a seguir de perto este blogue.
PS : Admito, no entanto, estar feliz de ter neste momento a fase explusatória da procriação por trás das costas, paleolíticos, paleolíticos, mas há limites para tudo. A antiguidade bastou-me. Agradecida.
Foz Côa tem destes poderes!!! Cá estaremos, mais ou menos sintonizados :DD
ResponderEliminaraguardo, então, novidades. (se eu soubesse tinha ido ver as gravuras quando fui a Foz Côa)
ResponderEliminarFoz Côa ao vivo e à noite tem mesmo muito poder. (Mesmo se durante o dia o museu é muito bom, principalmente se conseguirmos infiltrar-nos numa visita guiada).
ResponderEliminarQuanto às novidades, já as vamos tendo, mas deparei-me, entretanto, com um candidato a guro, o hic é o que ele disse sobre quem decide ter filhos : ou se é inconsciente ou se tem a noção que se vai dedicar a vida inteira ao bem estar de outrém. Glup. Estou a falar de um tal de Michel Onfray, mas deixem-me acabar um ou dois livros sobre hedonismo antes do próximo post para ter a certeza de onde me estou a meter...
Quando, na adolescência, tive o Dalai Lama durante 2 semanas como guro, foi muito mais simples, bolas.
Fico à espera, curiosíssima (uma vez tentei ir ver as gravuras, mas não consegui - demorei demasiado tempo a lá chegar, não conseguia encontrar as gravuras em lado nenhum, os locais olhavam para nós com um sorriso maldoso de quem pensa "olha, mais uns que vieram ao engano" e acho que as coisas não estavam tão organizadas como estão agora - bolas! Mas agora é que estou mesmo a precisar, se calhar ainda dou lá um salto, achas mesmo que resulta?)
ResponderEliminarE se resulta !!
ResponderEliminarMas tem que ser à noite para se ver melhor e de preferência com um guia (e um jipe).