Actualmente telefonista-coordenadora de uma revolução que vai mudar a cara do mundo do trabalho, tornando-o mais flexível e realista, preparo-me a dar um valente pontapé da saída numa situação retrógada e demasiado pesada para correr bem.
Sendo o meu maior desejo o de avançar e fazer avançar o universo em geral, e a sua empresa em particular, para um nível superior de qualidade, competividade e ousadia, apresento-lhe a minha candidatura à função apaixonante que disponibiliza.
Tenho a formação e a experiência de que precisa para ir mais longe, e, em forma de bónus ofereço-lhe a minha fome de conquista, a minha visão global da sociedade e o meu projecto-solução.
Realisticamente falando, senhor empregador, tem andado à procura da performance de um corredor de 300 metros, com a resistência de um maratonista. Tem andado a fingir que acredita nas promessas de princípio de contrato que lhe fazem os seus trabalhadores que "apenas existem para trabalhar", que "não têm familias, nem pensam vir a ter", que "não têm obrigações e objectivos compatíveis com um trabalho sem hora de saída e às vezes sem fim de semana", acredita, porque é o que quer ouvir - é normal - quem não faria o mesmo. E depois, calham-lhe duques e suspira.
Senhor empregador, o tempo da revolução industrial parece distante, fizeram-se progressos gigantescos, falta apenas o último passo, o passo em direcção à simbiose, a uma associação próxima e durável. Ando há que anos à procura de uma oportunidade como esta, acredito que juntos iremos longe, ultrapassaremos barreiras e conquistaremos novos mercados.
Juntos avançaremos, com a consciência do outro. Estamos quase a dar as mãos e a partir a caminhar por uma praia com a luz do pôr do sol, vai ser lindo. O sr. empregador com o gráfico dos lucros a subir, a senhora trabalhadora motivada e realizada, com a consciência que vai conseguir estar presente nas outras áreas da sua vida, sem precisar de jogos de cintura, atestados ou baixas. O melhor dos mundos.
Do meu lado, estarei atenta às exigências dos tempos actuais, darei tudo por tudo por tudo para que atinja os seus mais loucos sonhos capitalistas, para que vingue nestes tempos de vacas
Do seu lado, espero realismo - Nem sequer peço o impossivel, como da última vez. A palavra passe do dia é flexibilidade. Adaptemo-nos mutuamente. Negociemos. Flexibilizemo-nos. Parece um grande esforço - esta é a época de grandes esforços. Um part-time lover motivado, um corredor de alta competição, pronto ao tudo por tudo.
Interessam-lhe medalhas de ouro, senhor empregador ?
Sou a pérola rara de que precisa, esqueça a pilha de CVs que não deixa entrar o sol no seu escritorio e contacte-me imediatamente, sem olhar para trás.
Motivada e flexibilizadamente,
Sua Ernestina, 100% a meio tempo
PS : A Revolução continua ! 29 de Abril também serve para mudar o mundo, continuem a postar, a linkar e a facebookarem-se todas.
este post, que é o The Real Deal ninguém comenta, ai ai ai
ResponderEliminartambém "sofro" do mesmo mal, salvo raríssimas excepções...
A-Mei a cartinha de apresentação. É que nem mandes CV, não é preciso, tens tudo o que é preciso para receber o bónus de produtividade ao fim do ano e quiçá uma medalha ao fim de 5 anos de part-time.
se um dia precisar, venho aqui copiar-te à descarada estas sábias e motivadoras frases.
é assim mesmo!
Nem me digas nada, agora sou a Ernestina telefonista, que serve para passar chamadas e trazer cafézinhos. Ja ninguém quer saber do que eu tenho para dizer ... Valha-me ao menos o champagne...
ResponderEliminarParabéns Ernestina! Os maufeitios deste mundo estão contigo!
ResponderEliminar...porque ainda não comentei O post: adorei o "100% a meio tempo". É uma expressão à qual as empresas deviam estar mais atentas!
ResponderEliminarBJS
Concordo! No estrangeiro é habitual os part-time, conheci uma holandesa que trabalhava 6 meses por ano (sempre na mesma empresa, com contrato). Se cá houvesse essa flexibilidade eu era das que preferia trabalhar meio-dia e dedicar-me à família e aos hobbies no tempo restante.
ResponderEliminarPosso pôr no meu blog? Posso?
ResponderEliminarAdorei! Cheguei aqui hoje por acaso e deparei-me logo com esta carta. :-)
ResponderEliminarÉ como a Sofia diz... nem mandes CV.
Já fiz recrutamento e, se me aparecesse esta carta, punha-a logo no topo da lista a dar ao meu chefe!
E agora a sério, bem que gostava de trabalhar em part-time... mas mesmo numa multinacional com muitas chefias estrangeiras, o meu chefe português diria logo que nem pensar.
Bjs
MauFeitio - Obrigada, sabia que podia contar convosco !
ResponderEliminarTella - ;) Beijinhos
Rita - Havemos de chegar ai. Stay tuned.
Melissinha - Oh ! Por quem sois. Depois envia-me a resposta do sr. empregador, ok ? Caso passe pelo teu blogue...
Susana - Não envio, não ... quanto mais não seja pela parte do "mãos dadas" era capaz de me trazer confusões...