Tenho uma amiga inteligente, tão inteligente que tem filhos que estão neste momento a entrar sozinhos na idade adulta. Foi ela que me disse que os livros sobre crianças eram bons para forrar o chão quando pintei as paredes da sala. Também me disse que havia vida sem uma tábua de passar a ferro, culpabilizações e noites sem dormir e até me disse como fazê-lo. Nem sempre ouço essa amiga. Até agora, sempre me arrependi. Posso dizê-lo abertamente porque ela não percebe português. Quando argumento contra uma opinião dela, ela sorri e diz "talvez", exactamente como aquelas pessoas que dizem "depois falamos". Agora que penso nisso, acho que nem sempre gosto muito dessa minha amiga.
Essa amiga compra apenas comida biológica, já viajou por meio mundo, planeia viajar pela outra metade e consegue sempre encantar-se, gosta da jogar a jogos de sociedade com os filhos, de ouvir as suas histórias, de os ver partir pelo mundo, de os ouvir a discordar dela. Essa minha amiga nem sempre os deixou fazer tudo o que queriam, mas acho que eles nem sequer perceberam. Os filhos dessa minha amiga não são perfeitos mas são inteligentes, espertos, cultos, lutadores, criativos, têem estilo e trazem sempre algo doce para oferecer quando vêem cá a casa. E ajudam a lavar a loiça e a entreter os minúsculos. Agora que penso nisso, acho que os adoro incondicionalmente. Estava prestes a fazer tudo o que a minha amiga me dissesse, com o objectivo de educar as minhas crianças para acabarem assim. A semana passada, a propósito de não sei do quê sobre espiríto crítico, perguntei-lhes que críticas tinham a fazer à educação que receberam. Sim, às vezes procuro a porcaria. Desta vez encontrei. Disseram-me que não tinham nada a apontar. Rien.
Começo a pensar que este post vai acabar comigo a colar uns livros velhos e cheios de tinta.
Guarda essa amiga (e os conselhos dela) no coração :)
ResponderEliminarquero uma amiga assim....
ResponderEliminarEssa parte de "sem culpabilizações e sem noites sem dormir" interessa-me. A tua amiga deve ser muito interessante. Mas... nada? Mesmo nada? Deveras estranho.
ResponderEliminarEssa perfeição toda não pode existir, há sempre qualquer coisa. Mas ainda bem que não o sentem!
ResponderEliminarNão me queres dar o nr da tua amiga?!
Bjs
A tua amiga não quer escrever um livro? Pelo sim pelo não...
ResponderEliminarNão sei se percebi: a quuem é que perguntaste se tinha alguma coisa a apontar? Aos teus filhos ou da tua amiga?
ResponderEliminarÉ que, pela tua última frase, achei que tinha sido aos minúsculos, mas eles são um bocadinho novos demais para responder a esse tipo de questões...
Mas, pelos comentários, vejo que o resto do pessoal percebeu que tinha sido aos filhos da tua amiga e fiquei confundida... Help!
A tua amiga não dá consultas? Coaching por correspondência? Inscrevia-me já!
ResponderEliminarDorushka, sim, perguntei aos filhos dela.
ResponderEliminarMais tarde, contei à minha amiga, a resposta dos filhos. Primeiro ela sorriu "eu sou perfeita!", mas logo a seguir, ficou preocupada, não faz parte do desenvolvimento de toda a criança questionar os pais ?
*suspiro* Eu acredito que ainda posso lá chegar com os pequenos (nem que seja com o que está para nascer), mas viajar pelo mundo todo é que já não devo ir a tempo...e isso é tramado!
ResponderEliminarhummmm esta mulher existe mesmo....é que parece perfeita demais ehehehe-numa coisa concordo e aprendi logo que o mais velho nasceu....os livros ensinam muito poucooooooo!!!
ResponderEliminaresta parte do "sem culpas " interessa-me muitooooo
Ummm... não há formulas secretas e achamos sempre que a galinha da vizinha é sempre melhor que a minha!
ResponderEliminarNão conheço os teus minúsculos, mas preocuparmo-nos com a educação deles faz parte do nosso quotidiano e do crescimento normal deles também. Talvez não devamos ser é tão preocupados com tudo e aligeirar um pouco mais. Ela, pelos vistos, foi o que fez! Deu-lhes o espaço que eles precisam e ensinou-os a crescer :)
Yes, you can!
eu gostava de ser como a tua amiga, e vais ver que todo/as temos uma faceta mais descontraída. na minha experiência ainda não tive grandes episódios de culpabilização, no entanto por vezes quando não me apetece trocar-lhe o body húmido com a desculpa de "isto daqui a bocado à absorvido pelas meias", a culpa bate um bocadinho. mas é só um bocadinho ;))
ResponderEliminarCalita - Ser perfeita ? Continua a cheirar-me a esturro. Uma coisinha que seja devia haver para apontar. Podes sempre fazer uma volta ao mundo e recuperas o atraso, é assim, que planeio chegar à meta.
ResponderEliminarSonia, acredita que existe e mais haveria para contar, é mesmo inspiradora. Nem sempre percebo como é que ela chega onde chega, mas o que é facto é que ela consegue, aparentemente sem esforços.
SofiAlgarvia, talvez consiga, consigamos e é verdade que ha varias maneiras de conseguir, mas não deixa de ser interessante ter um modelo interessante ao lado.
**Sofia** - Enquanto for apenas um bocadinho, acredito que estejas safa!
Sorte a tua: inspira-te!
ResponderEliminarCada um vai fazendo como pode, mas há quem tenha a sorte de ir às apalpadelas vendo uma luzinha ao fundo do túnel que indica a direcção.
Onde é para assinar a petição para ela escrever um livrinho?
Ah, ela acha que livrinhos não prestam para nada.
Então: onde é a petição para se fazer um documentário sobre ela?
Opa, oh, Helena, até tu achas normal que os filhos não tenham nada, NADA, a apontar ? Não quero deitar o nome da minha amiga na lama, mas alguma coisa ela deve ter feito mal, bolas. Da proxima vez que os filhos dela vierem, vou testar o espirito critico deles em relação a eles mesmo... e ao pai (que é um amor de pessoa). Depois venho aqui dizer as respostas em codigo.
ResponderEliminarTalvez os filhos não queiram dizer mal da mãe em público? Talvez estejam contentes com o conjunto e não precisem de discutir detalhes contigo?
ResponderEliminarE qual é o filho que diz mal dos seus próprios pais aos amigos destes?
E se virasses a pergunta, e lhes perguntasses tipo assim: "o que é que vocês iam repetir na educação dos vossos próprios filhos? o que é que talvez fizessem de modo diferente?"
Mae que caputou,
ResponderEliminarolha que eu sou pós-graduada em Resoluçao de Conflitos, quero eu dizer que tenho a teoria, mas digo-te tanto eu como o meu filho temos dias... Até já consegui que a ira dele falasse assim: "Quero outra mãe!"
Não sou perfeita, nem quero ser. Sou mãe! É assim mesmo! As mães servem para ser retaliadas...e amadas, claro.
Esse "nada" não quero para mim.
Sem culpabilizaçao e noites sem dormir? Essa é boa! A noite passada dormi 1 hora, por causa da febre dele, mas por ele.
Perfeiçao não é comigo.
Helena - Vou virar a pergunta. You're evil !!
ResponderEliminarDadinha - Detesto a palavra perfeição, detesto. Mas neste caso, abro uma excepção, porque nem sequer foi procurado, foi tudo tão cool, tão natural, tão "sem esforço" que é realmente inspirador.
Todas as mães respondem isso. O pior é que só sabemos dos nossos falhanços quando já é demasiado tarde. Olho para o meu marido, que tem 33 anos, e vejo que só agora (com ajuda profissional) está a perceber onde é que a sua mãe falhou rotundamente. E falhou tanto que até arrepia, mas ele nunca se tinha apercebido.
ResponderEliminarPois é, toda a gente erra. Neste caso, penso que deva ter havido pequenos erros, sem grande historia.
ResponderEliminarMas conheço muita gente, que so muito mais tarde se deu conta dos erros dos pais (que entretanto, idolatravam) e erros esses, que, claro, estavam a "atrapalhar" a vida de adultos dos filhos.
Ai, que este brincadeira de se ser mãe é muito mais complicada do que pode parecer a uma 4a ou 5a vista ...