12.12.10

Uma noite sem eles

Começamos pelo engarrafamento nos Champs Elysées iluminados. Todo o Paris saíu à rua, convidado por uns amenos 6°. Passamos pela roda na Place da Concórdia, rumo a Saint Germain. Pode-se tocar o ambiente de festa de que falava Hemingway, de tão presente e gritante. Estudantes marcam rendez-vous ao pé do metro de Odeon, casais com bébés saiem cedo dos restaurantes, fashionistas apressam-se para tirar fotos para o facebook em mais uma festa privada e eu convenço o pai dos meus filhos a ter paciência e esperar na bicha de um restaurante cobiçado há muito, e que não aceita reservas. O meu parisiense rosna ao ouvir o sotaque americano que ocupa três mesas. A comida é divinal. Começamos por falar português para que ninguém nos perceba, mas o bom vinho faz-nos esquecer rapidamente esta astúcia. Sinto-me leve, jovem e feliz, quase como se estivesse num anúncio da Evax.
Corremos para ver todas as iluminações, sugar todo este espirito, imortalizar estas imagens.
No chão, ao pé do Hotel de Ville duas pessoas tentam dormir. Nem sequer têm sacos cama.

Como é que acaba um post assim ?

13 comentários:

  1. acaba assim:

    onde estao os minusculos?

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  2. Em casa a dormir com a avo, que esta de visita. Mas sinto, que estamo-nos a afastar do essencial...

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  3. Adoro St. Germain!

    Como acaba? Infelizmente acho que nunca vai acabar! Pior mesmo é pensar que daqui até lá vai um passinho...

    Bjocas

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  4. acaba tal como a vida é. uns com muito, uns achar que têm muito mas não têm talvez o principal, uns que têm, outros com pouco e outros com nada.

    a questão é: quando é que acaba esta indiferença?

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  5. Com esta indiferença e com esta diferença. Bolas, ha dinheiro com fartura nesta cidade.

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  6. Vi numa reportagem que fizeram muito recentemente por aqui que há uma grande percentagem de pessoas que vive na rua por opção. Já ouvi falar de situações em que os tentam levar para casas e que são os próprios a recusar. Como é que se acaba assim?... perde-se o tino ou o dinheiro?... Se calhar as duas coisas...

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  7. ao ler o post achei que isto dava um filme daqueles de sábado ou domingo confortável.

    a última linha transformou-o num filme da vida real.


    junto ao meu ex-escritório havia uma delegação dos jogos santa casa, onde tb dormia um tipo num cartão. é do camandro.

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  8. Mamã do Principe Pipoca - Deve haver quem viva assim por opção, deve haver quem viva assim porque não quer/pode ir para albergues onde ainda vive pior por outras razões e deve haver muito boa gente que aceitaria de bom grado toda a ajuda que vier.

    *Sofia * - é do camandro !

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  9. Adorei, adorei, e até o fim achei muito estético (sim, sou um cubinho de gelo estético).

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  10. Bem que me pareceu que eras muito film noir.

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  11. Como começou? Basta perder o emprego (um choc!)e não pagar uns meses de renda para os porem no olho da rua, inclusive criança! Na rua, perde-se a higiene, o que torna impossivel ir a entrevistas para arranjar emprego!

    Perde-se casa, amigos, dinheiro, familia. Perde-se dignidade e respeito. O que impossibilita aceitar ajuda, porque se tem vergonha.

    Perde-se é fé.

    E como continuar? Não sei! Onde arranjam eles a força?
    Sei que a ccoisa que me chocou mais, quando fui a Paris pela primeira vez, foi ver pessoas a mendigarem no metro, e pior , e no entanto compreensivel,a indiferença dos passageiros (porque quem trabalha também nao pode estar sempre a dar!a vida nao tà para tamanha generosidade!).

    Chocante mesmo :(

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  12. Pode acontecer a qualquer um(a) mas andamos todos a fingir que não é nada conosco ...

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