Conversas surreais ao cair da noite

Sim, sim, eu sei que é tarefa dos pais explicar o mundo aos filhos e torná-lo mais compreensível. E patati e patata. Mas (às vezes) eu estou-me nas tintas para isso. Uma das razões para se ter filhos não é para se poder rir mais ? Já  me explicaram a diferença entre "rir de" e "rir com", mas eu estou sempre a perder esta noção ...
... deve ser demasiado abstracto para o meu martirizado cérebrozinho de "doméstica" (não é que no outro dia para preencher um formulário que nunca será tratado com certeza, uma sinhôra, queria, porque queria, escrever "doméstica" no campo destinado à minha profissão. Eu, que nem sequer passo a ferro !) ???
Mas isso ainda vai dar num post exclusivo. Adiante ...

... E da última vez que me estive nas tintas para o esclarecimento do meio à Minúscula :
Estavamos na rua, depois da sesta e do lanche e de tudo o que implica sair de casa (até a escrever isto canso-me), e já estava a lua lá em cima. Eu, cá em baixo, tinha prometido uma volta no carrosel ao pé do supermercado.
Minúscula em delírio calmo - Olha mamã, é a lua ! Está a seguir-nos! Achas que também vai ao carrossel? ... A lua é a mamã e a estrelas são os bébés.
Eu - Uh-huuumm ...
Minúscula em carência afectiva - Acho que gosta de mim, está sempre a querer ficar ao pé de mim
Eu - Yes, yes, whatever ...
Fomos então ao que íamos ... e na volta ...
Minúscula (contra-ataca) - ... e esperou por mim e tudo, nem sequer andou no carrossel, se calhar teve medo. Ela pode vir lá para casa ?
Eu - Claro !

André Breton deve estar a dar voltas lá em baixo, ou lá em cima ... se isto não é deixar-se levar pelo pensamento, sem controlo da razão...

E hoje vou almoçar sozinha com a Minuscula. O Minusculo foi sujar o chão noutras paragens. Mal posso esperar pelas conversas que ela vai trazer para a mesa desta vez. Qualquer dia tenho ler o Manifesto do Surrealismo para estar à altura da situação.