A árvore mágica

Não tenho nenhum brinquedo guardado da minha infância, era uma destroyer, segundo as péssimas linguas. Bonecos sem olhos, cabelos cortados, cara riscada, carros sem tecto, nem rodas, nem volantes, casas sem janelas, livros revistos ... Consta que cheguei a comer parte do salão de cabeleireiros da Tuxa.
O pai dos meus filhos nem por isso. Está tudo guardado no sotão da casa do pai. Numa incursão rápida encontrámos a árvore mágica, ainda dentro da caixa e tudo... e brincava ele horas e horas a fio com este brinquedo.
Afinal é mesmo verdade que os opostos se atraem.

Eu adoro brincar com a árvore, às vezes empresto à minha filha.

Adoro a decoração kitsch, o elevador, o baloiço, os bigodes do pai, a casa do cão, o tecto que abre e fecha. Esta casa fez-me muita falta na minha infância.
A minha filha gosta quase tanto dela como eu e passa tempos imensos a brincar com os homenzinhos. Bom, tempos imensos, considerando que é uma criança de 3 anos,o que relativiza muito certas noções.

E é verdade que é um brinquedo muito práctico, quando o irmão se aproxima com uma mão menos delicada, ela zás ! fecha a casa, entala-lhe a mão, ele chora, afasta-se e durante a tarde inteira ela pode brincar tranquila.

Eles pensavam em tudo nos anos 80 !