26.4.13

Quantos escravos trabalham para ti ?

Primeiro foi a péssima qualidade, as roupas aparentemente bonitas afinal não assentavam assim tão bem e não tinham um bom toque, eram ásperas, pareciam feitas de plástico. Depois foi ver o mesmo vestido por todo o lado. Mundialização. Copy Paste. Tu és apenas uma entre muitas outras.
Decidi comprar tecido e fazer o meu próprio vestido, à minha medida, único e original. Ainda não me tinha sentado à frente da máquina de costura e já era mais caro do que em qualquer uma daquelas lojas dos centros comerciais. Pensei na qualidade do tecido, na capacidade de negociação de quem compra em quantidade.
A seguir conheci a miséria que as raparigas do shopping ganham, comparado com quem ocupa o terceiro lugar na classificação da Forbes.
Tudo isso já era suficiente para mudar de maneira de consumir roupa.
Mas tinha que haver mais uma revelação para passar a sentir verdadeira vergonha em vestir-me assim.
Não foi esta noticia que me alertou para o que anda mal no mundo do têxtil, já andava desconfiada que este era um mercado pouco recomendável. Mas desta vez foi tão enorme que as minhas roupas da Zara, da Mango, da Massimo Duty, da Primak da Bershka, da Pull and Bear me pesam nos ombros. A lista está longe de ser exaustiva, adeus GAP, bye bye Nike e Adidas, até nunca C&A. Muito provavelmente existem mais marcas a fazer o mesmo e não denuncio aqui. Muito provavelmente até estou a fazer uma injustiça em nomear estas e não outras. Conheço injustiças piores.
Quando visto estas roupas sinto-me aquelas senhoras que se passeiam com casacos de animais mortos pelas ruas. Aquela roupa faz-me mal, tornou-me cúmplice. Aquela roupa suja-me.
Agora de cada vez que abro o armário vejo ateliers de confecção sem condições, trabalho escravo, crianças sem infância, vidas sem importância e agora mais recentemente mortes.
Não há volta a dar este é um processo irreversível, agora acordei, não vou conseguir ter sono tão cedo. Nunca mais me vai dar para aquilo.
Continuar a comprar marcas sem os mesmos valores que eu é ser cúmplice de tudo o que possa acontecer durante o seu processo. Porque é por causa de mim que tudo acontece. Porque sou eu que escolho se continuo ou não a alimentar este ciclo.
Eu não compro
Tu não compras
Ela deixa de comprar e apregoar
Nós dizemos chega
Vós dizeis basta
e eles param. Que escolha vão ter senão parar ?

38 comentários:

  1. E alternativas, senhora? Alternativas...? Eu até podia fazer de conta que posso passar a usar só vestidos vintage. E as crianças? E os meus novos Nike que me fizeram baixar em 5 minutos o meu tempo aos 10 Km?

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    1. Caraças, mas temos que estar sempre a comprar roupa? E digo isto assumindo toda a minha ganância, eu sou totalmente culpada e frívola e vou demorar anos até conseguir gastar toda a roupa que tenho.
      Primeiro, paramos de comprar porque sim.
      Depois, começamos a pensar duas vezes. E há alternativas. Podem ser mais caras mas, meus amigos, antigamente não havia globalização e que eu me lembre todos tínhamos roupa na mesma. Menos, muito menos, e de melhor qualidade.

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    2. Mesmo que não existissem alternativas, não compraria mais roupa que mata outros seres humanos ou destroi outras vidas.

      Mas existem várias alternativas : comprar menos é uma delas, que é difícil ter-se sempre a certeza que estamos a comprar certo e assim ao menos minimizamos desgraças, as denuncias nem sempre estão actualizadas. Outra passa por partilharmos as denuncias de mas politicas a este nivel. Se formos muitos e motivados fazer pressão directamente. Senão ao menos partilharmos e alertarmos mais consciências. A lei do mercado estaria do nosso lado. Esta é a ideia de luta.

      Mas o ideal seria coordenar esta pressão e identificar empresas com boas praticas. Nos States existe este projecto, por exemplo, que nos simplificaria muito a nossa vida :
      http://vimeo.com/60202296

      Estou certa que em Portugal existem marcas que nos podem garantir responsabilidade social. Podem ser mais caras, é o custo de mão de obra livre e qualificada.

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    3. Dora, acredita que eu tenho pouquíssima roupa. Mas onde compro um soutien que não venha de uma fábrica destas? Não sei se podemos dar a volta à coisa evitando estas marcas, mas parte da solução pode estar em dar mais visibilidade ao valor económico da produção socialmente responsável. Só que não chega...

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    4. Realmente é dificil escapar a estes mercados, mas existem esforços que podemos fazer. As cuecas e os sutiens são dificeis de se fazer em casa (mas não impossiveis :p)
      Existem contudo pequenos esforços que podemos fazer. Como comprar artigos 100% portugueses onde não só garantimos que não são feitos por crianças (por enquanto!) e onde incentivamos as fábricas portuguesas.
      Eu só uso saias e por vezes isso facilita a confecção do artigo, mas com 1m de tecido jersey ou chiffon ou algoão (entre 6 e 10€/m) e com um pedaçõ de elástico para cós (1,20€/m) faço uma saia igual às que estão na moda na zara e que lá custam 40/50€. Este é um exemplo onde sai bem mais barato fazer do que comprar.
      No que toca às peças com boas lãs, com bons linhos e algodões então sim os preços são muito superiores aos da lojas, mas podemos escolher o modelo que queremos fazer e a durabilidade do artigo é cem vezes superiores.
      Diria que 80% da minha roupa é feita por mim e pela minha avó. Tenho a sorte de ela ser costureira e de eu ter seguido o mesmo caminho. Mas existem costureiras e modistas por aí, e com alguma paciência também nós podemos aprender.
      A roupa para criança nas lojas é inacreditavelmente cara, é talvez um dos exemplos que se formos nós a fazer sai mais barata. Para as crianças há ainda a vantagem de se adaptar a camisa do pai, que está estragada no colarinho, ou tem um buraquinho, e com o mesmo tecido faz-se uma camisa para rapaz.
      Há um mundo de possibilidades, não é perfeito! É uma escolha... Dificil de fazer mas possivel.

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    5. A questão do dinheiro e do preço existe, mas também existe um maior consumismo do que o que é preciso, as crianças não precisam de muita roupa, nem que seja muito cara.
      Basta uma pesquisa rapida e encontra-se varias marcas que se dizem éticas - as marcas portuguesas ganhavam se seguissem a mesma via.
      Assim de repente, encontrei a Serendipity (http://serendipity-organics.com/shop/frontpage.html), ou esta aqui (http://www.falby.net/epages/eb4059.sf/fr_FR/?ObjectPath=/Shops/eb4059/Categories/Enfant) muitas mais existem de certeza. Procuremos e exigemos.

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  2. Insisto que não é só uma questão de preço. Apresentem-me um par de bons ténis de corrida que garantam todas as boas práticas e eu compro. Não há.

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    1. Tem que haver. Acredito que seja uma questão de se procurar.

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    2. Encontrei ténis de comércio justo, foi a Max Havelar que disse : a marca brasileira Veja.

      Contam tudo em francês : http://www.lequitable.fr/equitable-cest-quoi/les-produits-equitables/vetement/

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    3. São giros. São mais baratos que os ténis das marcas mais conhecidas. Olho para eles e vejo logo que não são ténis de corrida eficientes. Eu não preciso de ténis de corrida espectacularmente eficientes mas não vamos convencer o mundo de que isso é dispensável, tal como não convencemos o mundo a deixar de consumir carne de vaca (que, por sinal, era uma mudança com muito mais impacte).
      As grandes marcas é que têm de mudar de atitude, não são os pequenos consumidores.

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    4. São os pequenos consumidores que vão fazer as marcas mudarem de atitude, se não comprarem e disserem que exigem uma atitude mais responsavel, duvidas que mudem ?

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    5. Gralha, não existe um mundo perfeito há nossa volta. Não existem soluções no mercado para tudo...
      Talvez no caso dos ténis de corrida, em vez de comprar um modelo mais barato e com menos duração da Nike, então compre um par que seja FANTASTICO ainda que mais caro. Assim, em vez de ter que comprar vários ténis ao longo dos tempos, compra só um par.
      Já viu que a questão em que se está a focar é que a sua corrida com os ténis perfeitos são mais importante que a vida de milhares de homens e mulheres e crianças escravos em vários lugares do mundo.
      E é assim que todos nós [não] pensamos milhares de vezes quando compramos em certas lojas.

      Mas em breve vamos começar a sentir isto na nossa pele, quando Portugal se tornar novamente no local para onde as fábricas vêm produzir a baixo custo. Quando o preço do petróleo for tão alto que não compensará aos países da Europa do Norte produzir em fábricas longinquas.

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    6. Infelizmente, parece-me que Portugal já está a esse nível...

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    7. Sofia, a questão dos ténis é meramente ilustrativa, como pensei que os meus comentários demonstrassem. E espero que, se algum dia me conhecer um bocadinho que seja, possa perceber que nunca colocaria a corrida à frente da vida de ninguém.

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    8. O meu comentario não quis ofende-la e sinceramente longe de mim julgar alguem apenas por uma conversa por comentarios num blog (bem isso poderia acontecer se as suas opiniões fossem outras).

      O que digo é que nós fazemos isso todos os dias... Eu trabalhei na India 2 meses como professora no meu 2º ano de faculdade. Vi situações miseráveis, inacreditáveis, inaceitáveis.
      Mas, mesmo assim, mesmo tendo visto trabalho escravo, quantas vezes não vou à H&M e penso "poxa eu não dou 10€ por esta camisolinha"...
      Todos nós fechamos os olhos a isso... É assim mesmo, também não somos super-homens e super-mulheres.
      Se vivessemos na India podiamos fazer como o Gandhi, aqui infelizmente não dá...

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  3. Carla, haver, deve haver. Eu, pelo menos, acredito que haja. Mas o custo elevado, também conta. Também percebo que a produção socialmente responsável, custe mais. Mas e se eu não puder pagar mais, como faço? O problema da internacionalização que começou há anos, tem destas coisas. Compramos barato, a custos caros para outros mundos. Uma crise, chamo-lhe eu. Mas soluções efectivas, parecem-me difíceis. Comprar menos, sim, pode ser uma opção. Mas não vejo mesmo muitas mais... E também não sei se chega. Nem se é viável...

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    1. Comprar menos, comprar mais caro se tivermos a certeza que provém de comércio justo, que os ténis Nike, por exemplo, não são propriamente ao preço da chuva e são produzidos da maneira vergonhosa que se sabe. O dinheiro não é o unico problema. O problema é a falta de informação, de regulamentação e de consciência.

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    2. CF, não é só comprar menos mas também não querer tudo para o agora. O recurso ao crédito nas ultimas décadas ensinou-nos que mesmo que não tenhamos agora podemos comprar e adquirir o produto quando o queremos. Talvez tenhamos que passar alguma tempo mais a por dinheiro de parte para um certo tipo de investimentos.
      Uma outra solução que o Brasil utilizou desde de o 1º mandato do Lula, foi o pagamento parcelado. No Brasil pode-se comprar TUDO em parcelas, inclusive ténis (conheço uma rapariga cujos ténis lhe foram roubados antes de ela os ter acabado de pagar). Esta foi uma forma de incentivo à economia que talvez pudesse ser utilizada em Portugal.
      Acho que a manufactura pode ter uma importancia enorme, cada vez há mais pessoas a fazerem as suas próprias roupas e, se uma pessoa não for muito esquisita com os tecidos, pode até comprar tecidos baratinhos e que na verdade têm a mesma qualidade que os da Zara e H&M. A feira dos tecidos adquire tecidos portugueses e já tem havido colecções em que têm exactamente o mesmo tecido que encontram nessas lojas.
      Outra solução é a roupa em 2ª mão. Trocar roupas com amigas, na internet, etc. Tenho imensa roupa que me foi dada e lembro-me de nop secundário mais que uma vez achei roupa na rua muito porreira.

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    3. Atenção que os tecidos também podem esconder trabalho precario, escravo, etc... também neste campo se deve perguntar (quando possivel) de onde vêem e que garantias nos podem dar.
      A roupa em segunda mão é sem duvida uma excelente ideia, mas não me parece suficiente (posso estar errada).

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    4. Exacto. Acho que a obrigação dos consumidores é agirem com o máximo de informação disponível, com sentido crítico e com a noção de que a informação é sempre limitada. Os produtores só mudarão de atitude quando isso for economicamente favorável. As inditexes deste mundo existem para ganhar dinheiro, não é para salvar o planeta se isso ficar feio nos gráficos dos accionistas.

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    5. Sempre limitada, naquele relatorio da Max Havelar eles não se comprometem nunca, pode a parte da criação e da costura estar impecavel, mas a matéria prima (tecidos, etc) vir de trabalho infantil. Temos que denunciar o que formos sabendo e não por as mãos no fogo por nenhuma marca.
      Mas "salvar o planeta" pode dar dinheiro, ja existe um grupo cada vez maior de consumidores conscientes que compram apenas no comércio justo. Não comunicar a este grupo é perder esta fatia de mercado. Se a fatia de mercado aumentar, a atitude das marcas muda de seguida. Money is money sujo ou limpo, então, que seja limpo.

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    6. E opa Carla o pior é quem nem nas lojas "fair trade" se pode realmente acreditar... Isto para mostrar como somos ainda mais impotentes do que o que pensamos. É alucinante...
      Mas existem vários documentários que mostram como muitas marcas que dizem que são fair trade na verdade não conseguem garantir que a origem dos seus produtos não advém de trabalho escravo ou infantil porque o produto é revendido inúmeras vezes...
      Enfim... fazemos o que podemos.

      PS: tecidos sem dúvida que é preciso perguntar sobre a origem. Lê sobre as Khadi shops aqui http://en.wikipedia.org/wiki/Kh%C4%81d%C4%AB são lojas que o Ghandi começou na India e que vendem produtos manufacturados por indianos, pobres com certeza, mas onde não existe um grande lucro na sua venda e permite empregar de forma digna quem faz os tecidos. Assim, quem trabalha ao tear não é escravo e vende o seu tecido por um preço considerado justo na região e, quem também não tem muito dinheiro, tem o suficiente para fazer compras nas Khadi shops. É um projecto interessante, não uma solução perfeita

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  4. Um olhar interessante sobre esta nova moda já com mais de uma década: http://www.economist.com/node/2369912.

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    1. Quando se começa a falar de algo parece que é o inicio de uma grande alteração, descobre-se o problema, vislumbra-se tendência, mas uma ou duas décadas depois, tudo na mesma...

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  5. Eu coloco a questão de outra forma e perco o sono: se o ocidente não comprar os têxteis a essas empresas localizadas em países miseráveis, não aumentarão a miséria? É que estamos a falar de uma realidade muito diferente da nossa em que ter trabalho de 14 horas numa fábrica sem condições é escapar à fome.
    Preocupa-me se, de repente, essas fábricas deixam de ter encomendas. Parece-me que a solução de deixar de comprar radicalmente também pode ser má e nos deixa um pouco com as mãos atadas. Seria melhor, talvez, tentar fazer compreender aos CEO's dessas grandes marcas que se derem melhores condições aos empregados, eles trabalharão ainda mais e melhor. Mas como fazer isso é que me parece difícil e não sei como se poderia fazer.

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    1. Não percas o sono por esta razão, que ninguém lucra com insomnias. Seria preciso uma grande dose de hipocrisia da nossa parte, se dissermos que compramos para sermos caridosos (para que crianças possam trabalhar nas fabricas).
      Os CEO's não vão fazer nunca atenção aos direitos humanos se tal não lhes der dinheiro, senão teriam começado logo desde o principio com esse cuidado. Podemos escrever-lhes cartas a explicar que eles têm que ter cuidado com a sua ganancia, pois provoca dificuldades aos seus trabalhadores, e à nossa consciência, claro que sim. Até dormiriamos melhor e tudo.
      Mas se queremos mesmo alterar a cabeça dos tais CEO's temos que lhes mexer nos bolsos. No dia em que virem os seus graficos de vendas baixarem, porque não estão a respeitar os direitos humanos, nesse dia vão virar almas caridosas.

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    2. Realmente tem que haver trabalho em várias frentes... É um pouco o que a Amnistia Internacional faz escrevendo cartas e pressionando. Ao nível dos Estados e das organizações internacionais podem haver pressões políticas, sanções e boicotes a países que não respeitam os Direitos Humanos e os Direitos das Crianças. Com certeza que esse lado da diplomacia também é importante.

      A questão que colocas é pertinente, mas não acredito que vá gerar mais miséria nesse sentido.
      Em termos históricos podemos ver que no fim do século XIX e com as primeiras lutas organizadas dos operários na Europa, as suas reivindicações não levaram a mais miséria do que a que já havia. Progressivamente levou a uma melhoria das condições de trabalho e de vida.
      Nestes países recém industrializados existe a vantagem de hoje já haver experiências sindicalistas em muitos outros países que podem agir como força externa. Mas, não dúvido, que para haver realmente uma mudança, seja também preciso haver pressão interna dos trabalhadores e sociedade onde estas estão inseridas.

      Acho que no fim o importante é que estejamos conscientes ao máximo e façamos o melhor que podemos deste lado. E, neste momento, temos também muito que lutar no nosso país...

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    3. Antes de falarmos de consumo responsável, esta era precisamente a questão que eu gostava de ver respondida. De que forma melhorará a vida das pessoas que dependem dessas fábricas para viver? É que eu posso deixar de comprar tudo, tudo o que seja fabricado na Ásia, ou noutros continentes, com trabalho escravo e viver muito bem com a minha consciência, mas e depois? Essas pessoas que nós salvamos vão viver melhor?

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    4. Por acaso conheço alguns engenheiros da area da certificação e qualidade que vivem na pele esta realidade, devem ir a paises onde são fabricadas quase tudo o que consumimos e garantir que as coisas se passam de uma maneira humana. O que acontece não é simples de explicar, muito menos de compreender e envolve muita hipocrisia, mas vou tentar :
      Imagina uma grande marca que por razões de mercado e pressão de accionistas tem que garantir que repeita boas praticas de comércio justo. Essa marca vai contratar auditores ocidentais e do proprio pais onde é fabrica trabalha para se verificar que tudo se passa como deve ser. Claro que se verifica que tal não é o caso, essa marca é grande e explica à fabrica que se não fizer x e deixar de fazer y vai perder um bom negocio e a marca vai procurar outro fornecedor. Um meio ano depois, faz-se nova auditoria e a fabrica fez algumas modificações significativas. O auditor fica satisfeito, as condições de trabalho mudaram e os trabalhadores ganharam esperança de vida, pois o que devia ser modificado era nocivo para a saude. Isto é real.
      Depois também é real, que na mesma fabrica, existem outros locais que são uma miséria, mas que não trabalham para esta marca, mas sim para uma outra marca cujos consumidores e accionistas se estão nas tintas.
      Outro ponto, vou procurar um documentario onde se prova que a mundalização deu muito trabalho a muita gente, verdade, mas prejudicou brutalmente a vida da população onde se inseriu que se vê agora forçada a trabalhar nessas fabricas, porque com a poluição e pressão que a fabrica fez deixou de se conseguir sustentar como fazia até ai. Esta é uma questão muito complexa, diferente de pais para pais, de fabrica para fabrica, mas uma coisa é certa, continuar a consumir como se faz até aqui - muito e mal - anda a dar cabo da vida de muita gente, assim como do planeta.

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  6. Entao nos computadores que se usam para escrever composicoes.... e' melhor nem pensar.

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    1. pxt não vamos falar disso.... eu estou a escrever de um Mac....

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    2. Porque é que não falamos nisso ? A tecnologia também é um cancro enorme, precisamos realmente de ter sempre o ultimo grito, de comprar imediatamente o novo Iphone e adquirir sem pensar a nova playstation ?
      Acaba por ser exactamente o mesmo raciocinio.

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  7. Carla, li este artigo e é impossível ficarmos insensíveis de facto ao que se passa e não fazer nada. Normalmente tento comprar roupa portuguesa mas nem sempre é possível. Fazer está fora de questão principalmente quando se tem 3 crianças em casa cuja roupa deixa de servir de estação para estação.
    Este problema já me tinha ocorrido com a produção de tecidos, nem imagino como serão as condições de produção em determinadas fábricas para poderem praticar os preços de venda que praticam.
    Não tinha consciência que tantas destas marcas recorriam a estas fábricas, a comunicação que fazem não tem nada a ver com isto.
    Tenho impressão que este vai ser um dos grandes problemas difíceis de atacar ...

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    1. Fazer pode-se fazer uma ou duas coisas, mas realmente não é possivel fazer para toda a familia, principalmente quando existem crianças que nos obrigam a refazer o guarda roupa a cada ano que passa (às vezes a cada 6 meses). Mas existe a hipotese da segunda mão (que nunca explorei no universo infantil) e comprar-se - claro a principal alternativa - apenas o minimo indispensavel, que às vezes existe a tentação de comprar mais do que se precisa.
      Existem associações como a clean cloth, por exemplo, que fazem pressão para melhorar as condições de trabalho na industria têxtil . Mas a partir de agora vou tentar comprar roupa feita com o minimo de respeito pelos direitos humanos e o codigo de trabalho (e os meus proprios valores). Ja pesquisei algumas marcas e assim que precisar de novas peças de roupa vou começar a experimentar esta via.

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  8. Deixo aqui o que o meu irmão faz: só compra roupas em segunda mão. SÓ. Não usa nada novo, só sapatos e que sejam portugueses. As roupas podem ter sido feitas a sangue, mas pelo menos não são feitas duas vezes.

    Ele não concebe viver de outra forma. Eu ralho-lhe, chamo-lhe radical e blablablás mas sei que ele está certo.

    (Claro que a roupa é só um exemplo como seria outro qualquer, até mesmo coisas que julgamos boas - o mania mundial por quinoa e o seu inflacionamento (??) estão a fazer com que os bolivianos passem a comer carne enlatada por não terem dinheiro para a sua proteína mais básica. Enfim, acho que sim, há que desmantelar o monstro em vez de o alimentar. Cada família que escolha um bracinho ou uma perninha, encontramo-nos no meio, um dia (espero que ainda no meu tempo de vida).

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    1. Segunda mão, consumir menos, consumir novo certo (esta é a parte mais dificil de controlar).
      Por um lado ando satisfeita que esteja um frio nesta primavera, que quando chegar o Verão vou ter que vestir os meus filhos que, entretanto, cresceram e a maior parte da roupa de calor do ano passado ficou pequena e eu, que ja não gosto de fazer compras, agora ainda vou ter mais este imbroglio, como vestir a criançada e dormir descansada ? Segunda mão na sua maioria, com certeza, agora é arranjar maneira de ter paciência de andar à procura.

      E pára de ralhar com o teu irmão !!

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